segunda-feira, 20 de setembro de 2021

O medo em essência

 



Gabriel Gouvêa Gomes

Estudante de Filosofia



        O medo é algo fundamental na vida humana. Presente em todas as espécies que habitam este grandioso planeta desde o princípio. Ele pode ser algo real, irreal, concreto ou abstrato. Um sentimento tão peculiar e temido, uma sensação única que provém da angústia e pavor. E mesmo assim, um sentimento tão pouco compreendido e valorizado, muitas vezes até difamado. Entretanto, o medo, tem uma função extremamente importante na evolução das espécies, consequentemente, humanos.
        Primordialmente, o medo foi essencial para a sobrevivência humana, pois ele é uma sensação. Essa sensação está ligada a um estado em que o organismo se coloca em alerta, diante de algo que se acredita ser uma ameaça. O medo é um estado de alerta extremamente importante para a sobrevivência humana. O mecanismo mental em situações de pânico é relativamente simples. Assim, quando o cérebro identifica um perigo ocorre uma reação e cria-se a emoção do medo. Ou seja, o medo é um alerta para que o organismo fique atento a qualquer tipo de perigo, fazendo com que as espécies prosperassem. Porém, ele ultimamente vem sendo atrelado a certos receios da modernidade, como por exemplo: solidão, tristeza, etc. Ele é tirado de sua função primária e realocado a dilemas pouco debatidos e que causam espanto. O diminuindo a um sentimento simplesmente negativo e sem importância nos tempos atuais.
         Além disso, na sociedade contemporânea muito se atrela ao medo a questões que são um mistério, como por exemplo, a morte. É muito comum ver alguém que afirma ter medo da morte, mas como se tem medo de algo que não se conhece?
        “Não temo a morte. Já estive morto por bilhões e bilhões de anos, antes de nascer, e isso não me causou o menor incômodo.” Essa frase do escritor Mark Twain mostra que a morte já foi algo que “ocorreu” de uma certa maneira e que isso nunca causou incômodo. O fato é que a mente humana não suporta o mistério, por isso é tão fácil sentir receio pela morte. Muitas vezes o medo da morte está ligado ao ceticismo, entretanto é possível encarar o medo da morte com ceticismo. Tanto a ciência como a filosofia sugerem maneiras de aceitar a morte com serenidade. Existencialismo e niilismo, por exemplo, são filosofias que nos encorajam a aproveitar o máximo da vida, uma vez que, para os pensadores céticos, não existe nada depois do fim - e tudo bem. Temer o desconhecido é comum, entretanto meio irônico, não acha? É preciso lidar com certos mistérios de uma maneira menos pessimista, pois a morte independe de sua vontade. Albert Camus, dizia que devemos abraçar nossos abismos, ou seja, enfrentar nosso vazio e aprender a lidar com ele.
         Portanto, o medo existe desde os princípios da vida, se estabeleceu como uma das emoções mais básicas e importantes para a sobrevivência de qualquer ser vivo. Foi explorado diversas vezes pela arte, com o romantismo gótico, expressionismo alemão, etc sempre buscando as mais profundas sensações. O medo é uma sensação e emoção como qualquer outra, ele é necessário e importante, mas claro, não se pode ser exagerado. Em uma atualidade onde momentos tensos e aterrorizantes são extremamente comuns, é compreensível sentir medo. Todavia, é necessário se entender a importância, mas também garantir um pensamento saudável. As emoções, sensações muitas vezes acabam se transformando em gatilhos, em algumas circunstâncias positivas ou negativas. Basta, tentar ao máximo compreender os sentimentos e emoções e trabalhar em conjunto para que não se sai do controle.

Um comentário:

  1. Li e gostei muito do conteúdo. Isso me faz lembrar alguns conceitos de meus pais, do tipo: Só morre afogado quem não tem medo de água. O medo é aquilo que nos faz pensar antes de agir, aquele que não sabe nada, e tem medo de água, jamais irá se aventurar em uma travessia se jogando no lago. Muito bom esse artigo, li e recomendo.

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