sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

FELIZ 2022!


Nilson Dalledone
Doutorado em História Econômica/USP;
Professor de cursos para professores, diretores, 
supervisores e secretários de Educação;
Jornalista.
nilsondalledone@gmail.com


Últimas horas de um ano de terrores no Brasil e no mundo, mas também de boas notícias, ainda que entremeio a muita destruição, a muito sangue derramado, a muito suor de trabalhadores drenado por exploradores que não param de acumular riquezas, enquanto bilhões de seres humanos são atirados na pobreza extrema.


No plano dos embates geopolíticos globais, o principal acontecimento foi a derrota completa do Império norte-americano no Afeganistão e sua expulsão da Ásia Central, região estratégica com acesso ao coração da Rússia, à China Popular e ao Irã e a imensas quantidades de petróleo e gás.


Os imperialistas norte-americanos não construíram no Afeganistão, nos 20 anos de ocupação, nenhuma obra de infraestrutura e o povo afegão mergulhou na fome, como nunca se viu antes. O único ganhador foi o complexo industrial-militar que faturou trilhões, vendendo armamento obsoleto, mas que, para os EUA, são a última palavra em sofisticação militar.


O Império, em meio à crise profunda, continua imprimindo trilhões de dólares sem qualquer lastro, dinheiro apropriado pelo sistema financeiro, enquanto 38 milhões de norte-americanos passam fome e são lançados à sarjeta. A dívida dos EUA chegou a 30 trilhões de dólares, simplesmente, impagável, e, apesar da situação desastrosa do país, a alta burguesia neoconservadora iniciou confronto em larga escala em duas frentes, simultaneamente, contra a Rússia, primeira potência militar do mundo, detentora das armas mais avançadas, e contra a China Popular, cuja economia continua crescendo em disparada e que já propiciou a seu povo elevado padrão de vida. 


Os Estados Unidos estão politicamente paralisados. Confrontam-se o complexo industrial-militar e o grupo de Joe Biden. 


Mas a OTAN - Organização do Tratamento do Atlântico Norte - prossegue nas provocações na Ucrânia, na tentativa demente de atrair a Rússia para uma armadilha, usando governos submissos. Também, não cessam as provocações contra a China Popular, em torno da questão de Taiwan, cujos "governantes" são traidores do povo chinês. No Oriente Médio, os sionistas israelenses provocam e agridem a Síria e o Irã, enquanto a Turquia, afundada em violenta crise econômica, tenta implementar políticas expansionistas, na vã ilusão de que poderá recriar o Império Otomano. Entretanto, todas as provocações tendem ao fracasso e se levadas adiante implicarão derrotas ao Império.


Na América Latina, o Império norte-americano sofre derrotas seguidas... Todas as tentativas de sufocar a Revolução Cubana fracassaram em 2021 e foi o povo cubano que produziu três vacinas contra a Covid-19, mesmo enfrentando terrível bloqueio, em contrapartida a nenhuma produzida pelos demais países da América Latina. No Chile, no Peru, na Argentina, em Honduras, forças democráticas derrotaram a extrema direita, representante dos setores mais retrógrados da alta burguesia local. 


Venezuela e Nicarágua, apesar de dificuldades imensas, barraram todas as agressões do imperalismo norte-americano, com ajuda da Rússia, China,  Irã, Cuba, dentre outros países. 


No Brasil, toda a estratégia do imperialismo norte-americano que implantou no governo brasileiro fascistas e nazistas, tende ao fracasso, ainda que, com certeza, tentarão reverter a provável derrota eleitoral de seus títeres, como o genocida Jair Bolsonaro e Sérgio Moro, quem implementou a Operação Lava-Jato, idealizada pelos serviços de inteligência norte-americanos em conluio com setores da alta burguesia local, estratégia usada, também, contra outros povos. Em consequência, mais da metade da população brasileira vive situação de insegurança alimentar, falta de assistência médica e perda generalizada de direitos, tropeçando em 618 mil cadáveres, vítimas de Covid-19.


Aguardo sua avaliação do ano de 2021 e prognósticos para 2022, ano em que ocorrerão muitas barbáries, certamente, já que o Império não sucumbirá sem resistir...


Grande abraço e feliz ano novo para você e sua família. Nunca desanime! O povo trabalhador vencerá. Superaremos todos os sofrimentos, custe o que custe...


quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Presente de Ano Novo


Eu queria terminar o ano sem falar mal de ninguém.  Sem destilar veneno.  Sem me aborrecer.

Mas como posso isso diante de tanta coisa complicada? Não para nunca.  

Primeiro o monstro foi incapaz de visitar hospitais ou de deixar palavras de conforto aos familiares das muitas vítimas da COVID. Depois sequer foi solidário com o povo da Bahia diante da catástrofe que os acometeu.

Mas o que? Não bastasse tudo, absolutamente tudo o que esse governo (de cabo a rabo) faz ou deixa de fazer, e ainda temos que lidar com alguns reflexos de sua nociva existência.

A última ficou evidente pela contrariedade do presidente e seus asseclas à vacinação de crianças que culminou com a liberação dos nomes dos técnicos da ANVISA, responsáveis  pela aprovação da vacinação dos pequeninos, com único objetivo de serem atacados pelas mentes doentias que seguem cegamente o maldito cujo.

Não escapa um desse governo.  Do mais baixo escalão até as altas cortes são odiosos, perversos, ruins.  Um verdadeiro chorume em forma de gente. Todos os ministérios, secretarias, autarquias... tudo está  completamente tomado de gente cruel, ignorante, limitada e sobretudo mal intencionada. Só que pra piorar, simpatizantes de fora do governo que justamente por isso sequer ganham qualquer coisa com suas ardorosas defesas, chegam a cúmulos ainda mais absurdos.

Hoje eu soube de um e-mail enviado por apoiadores do presidente para técnicos da ANVISA contendo ameaças e um vídeo de um cachorro sendo morto. Gente é a gota, né?  Não é mais possível ou aceitável.

Esses malucos falam e fazem o que querem como arautos da "luz". Se julgam justiceiros "do inferno".  Se arrogam no direito de impregnar o mundo com desmedido e inexplicável rancor. Será que se ouvem?  Será que se olham no espelho?  Será que percebem que estão completamente loucos?

Enquanto isso aquele que deveria acalmar esses insanos está passeando, que é tudo o que sabe fazer, no gozo de férias eternas de mais de 30 anos nas costas do dinheiro público, da carreira política de quinta categoria que exerceu ao lado dos seus.

Sério que temos mais um ano disso pela frente?  O país vai aguentar?

Meu Deus, o que podemos querer mais de presente de ano novo que não o fim dessa angústia interminável que se abateu sobre o nosso Brasil?

Estou realmente cansado, desolado, triste, enraivecido e tomado dos piores sentimentos. Já ouvi sermão de familiares e amigos, parceiros de negócios e até clientes para deixar isso pra lá.  Mas não consigo. Esse é o meu lar.  Minha gente.  Minha pátria.  Poxa, é assim que me sinto como cidadão, como contribuinte, como trabalhador, como pai de família e como Cristão. Aviltado, destruído, pisoteado dia após dia.  Já não há mais amor próprio, nem sentimentos nobres.

Com que espírito vou romper o ano?  Desolação.  Esse é o resumo.

Fico a pensar como é possível que os defensores e seguidores dessa ameba consigam dormir em paz sabendo o quanto de mal fizeram, direta ou indiretamente por aqui e a tantos de nós.

Termino desejando estar em dezembro de 2022 afim de despedir-me desse pesadelo.

Que Deus nos ajude.  Que assim seja.


segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Por favor, olhe pra cima.

Longe de mim posar como crítico de cinema.  O caso não é esse.

Mas ao me deparar com o realismo e proximidade do que temos vivido no Brasil e no mundo, com o enredo do filme Não Olhe pra Cima da Netflix, percebi que talvez essa forma de transmitir a mensagem seja mesmo a ideal. E assim sendo, tenho o dever de replicar e de sugerir que todos o façam.

Quando diante dos "fatos" representados pelas muitas cenas que dizem respeito ao nosso cotidiano, muitos de nós irão se encontrar em um dos lados da história.  Eu diria até que as representações são tão fortes que dá a impressão que o filme se baseou no Brasil de Bolsonaro.

Tudo lembra nosso governo. Desde a forma desdenhosa da presidente em tratar os riscos eminentes, até os desmandos e boçalidade de um filho seu comandando seus assessores e tendo acesso livre na Casa Branca.  Também fica aparente o desprezo dos "lambe-botas" que integram seu gabinete (leia-se ministros para identificar melhor conosco), conivente com toda a palhaçada e nitidamente composto por gente mal intencionada. Soma-se ainda o negacionismo e o desprezo à ciência de quem devia tomar atitudes no início do problema.

Por fim, o filme mostra a mídia e o uso inconsequente que ela faz das situações em prol de sua sobrevivência, até perceber que foi longe demais.  Está presente a influência da internet mal utilizada na manipulação da população e por fim a interferência poderosa do financiador de campanha.

A população dividida, acha seus culpados no marxismo, comunismo, e outros inimigos imaginários.  

Tudo tão "nós" e "agora" que assusta.

Só espero que a mensagem seja recebida, digerida e por fim, surta efeito, antes é claro do fim.

Recomendo o filme e mais ainda que seja divulgado amplamente por todos.

Bem estrelado e dirigido, foi uma grata surpresa e um belo presente de natal.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Celebrando com Picolé

 


A escolha por Geraldo Alckimin, ex-governador de São Paulo, para uma possível dobradinha com Lula, deixou muita gente preocupada. 

Como governador, o apelidado “picolé de chuchu” não foi muito amigo de professores e outros servidores públicos.  Nunca teve uma visão de extremado humanista e pouco se preocupou com as classes menos favorecidos.  Ainda, fez perpetuar uma administração de amigos que por quase uma década comandam São Paulo dividindo entre si cargos, prefeituras e outras fontes de manutenção de poder.

Mas, como todos sabemos, no universo político não há vestais e nem santos.  Quando honestos (o mínimo que se pode esperar de membros da classe política), são vaidosos.  E Alckimin não foge à regra. 

Vale lembrar, no entanto, que nada se pode imputar a ele de corrupção direta, de roubalheira ou atos de desonestidade.  Prestigiar poderosos e apaniguados é algo corriqueiro entre os que militam na direita ou centro.  Se para realizar uma aliança ampla e palatável a certos setores da Economia é preciso que Lula de fato faça um acordo com essa ala, Geraldo é sem dúvidas a melhor escolha.

Não há no momento outro José Alencar que soube ser leal ao presidente sem trair “sua classe".  Mas traição também não é o que se espera do mais novo “namoradinho” de Lula.  Não está no perfil dele, pelo menos até agora.

Assim, o que tenho a manifestar a amigos, companheiros e camaradas da militância, nada mais é do que minha plena aceitação desse fato e meu total apoio à decisão do PT e de seu candidato.

Indiscutível que o crescimento dessa aliança passará, num segundo turno, pela adesão responsável de Ciro, Boulos, Manuela e outros que fortalecerão os propósitos e propostas da chapa que derrotará e soterrará o fascismo no Brasil.

É fundamental essa compreensão e a partir de agora, a adesão de todos os que desejam um Brasil retomando seu rumo e sua pujança.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Será que tudo girava em torno disso?

Me defendo de todas as possíveis críticas, ou do julgamento alheio que possa sofrer pelas imensas contradições que carrego.  Tanto me defendo que o tempo todo as exponho pra quem quer que seja.  

No fundo sei que ninguém sequer se importa com o que eu penso ou deixo de pensar. É a tal mania de se achar muito importante.  É como escrever aqui nesse blog, quase que certo de que ninguém há de ler.  Mas, vá lá.

Empresário filiado a partido comunista.  Católico convicto ardorosamente na reencarnação e que crê piamente na manifestação dos espíritos. Respeitador profundo das ciências, com viés de criacionista e apaixonado por ufologia.  Dentre outras incoerências, esse sou eu.

Acho que tem sentido quando avalio minha criação.  Sou o fruto de uma mistura que vai além da étnica ou genética.  Sangue italiano, espanhol, predominantemente português e até com pitadas distantes de chinês, assim fui composto.  Por isso, portanto, brasileiro ao extremo.

Não foi e não é fácil construir uma estrutura ideológica com formação tão pífia como a que tive. Me formei em Administração Pública com o sonho recolhido de ter feito jornalismo.  

Trabalho desde cedo com objetivo claro de ter uma boa vida. De uma situação para outra, sem qualquer dúvida ou temor, acabei por aprender de tudo.  A ser empregado e patrão, empreender e profissional liberal. Até desocupado já me vi, graças a Deus por pouco tempo.

Leio de tudo.  De auto ajuda a história, de filosofia a livros espíritas, biografias é o assunto que mais gosto, seja de gente como Madre Teresa ou de monstros, como Napoleão.

Gosto do termo "buscador".  Esse é o título de quem, como eu, pertenceu ou pertence a uma ordem iniciática.  Pois é.  Mais contradição.  De professor de catequese e militante de esquerda, também fui DeMolay, Maçom e Rosacruz.

Esse balaio de fé e visão política, gera em mim a triste sensação de nunca poder discorrer nada com profundidade. É por isso, talvez, que uso tanto as redes sociais, onde não se há a exigência do academicismo e a superficialidade das opiniões favorece.

De vez em quando, no entanto, tenho a vontade muito grande de partilhar descobertas pessoais.

Nas minhas leituras, vídeos, palestras, estudos que faço ou dos quais participo, vou encontrando pedaços que depois monto e estruturo meus pensamentos.

Eu penso mesmo que exista um segredo que diferencia nossa vida concreta, daquela existência que imaginamos ser real. Até porque não sou só eu quem cria confusão.  Físicos discordam entre si, sobretudo quando o tema é a quântica.

A proposta de teorias a se confirmar, utilizadas vastamente para explicar coisas ainda dúbias, mostra que há muito a descobrir.  

Nas palavras de Newton: "O que sabemos é uma gota, o que não sabemos, um oceano".

Mas então que segredo seria esse?

Leio de Fernando Pessoa a Bob Proctor.  De Marx a Kardec.  De Galeano a Monsenhor Escrivá. Prática pretensiosa para quem sabe esbarrar em algo que me toque fundo n'alma.

Leitor questionador da Bíblia, sempre relevei aquilo que julgava figurativo.  Tiro proveito maior, sempre, dos Evangelhos.

Nessa terça, diante de uma dúvida pessoal atroz, com relação a uma decisão que eu precisava tomar no dia seguinte, fui me aconselhar em oração e fazer minha súplica diária.

Ao folhear o livro de Mateus, fixei o dedo, de modo displicente, no versículo 27 do capítulo 9.

Não é incomum que quando faça isso acabe por reler textos já "pisados".  E ao começar a leitura, julguei logo que seria apenas uma releitura como acontece às vezes.  Contudo, embalado pela emoção da oração, deparei-me com algo que nunca antes havia notado.

Ao sair de um determinado lugar, Jesus é seguido por dois cegos a clamarem por ele.  Queriam ter suas vistas curadas.  Jesus então se detém e pergunta a eles: "Creem mesmo que eu possa curá-los"? Ao que eles confirmam. Jesus então coloca as mãos sobre eles e diz: "Seja feito segundo a sua fé".  E na mesma hora, eles passam a ver.

Se você está pensando que já leu sobre esse e outros milagres várias vezes, está apenas pensando como eu sempre pensava. Veja: há um sinal aí.  Talvez o segredo de tudo.

"Seja feito segundo a sua fé".

Jesus não disse para serem curados ou salvos como está narrado em outros episódios semelhantes.  Talvez por descuido dos evangelistas, esse tipo de afirmação fora substituído pelo resultado prático e imediato do milagre em si.

Aqui contudo, fica bem claro.  Se os cegos acreditam são curados, se não, Jesus nada pode fazer.

Fiquei matutando uma noite inteira.  Será que esse é o grande mistério da nossa existência? Tudo aquilo em que crermos, podemos tornar real?

Parece louco, né?  Meio improvável que tudo fosse simples assim.  Mas aquele que professa o cristianismo deve se lembrar de frases como: " Se crês, tudo é possível aquele que crê".  Ou então: "Se tens fé, ainda que diminuta como um grão de mostarda, podes ordenar a esse monte que se mova para o mar e ele o fará".

Também dá pra lembrar de Pedro afundando nas águas ao vacilar e da repreensão de Jesus aos apóstolos após ser despertado durante a tormenta na barca. E outros tantos momentos nos quais se evidencia a necessidade do crer. "Homens de pouca fé.  Até quando tenho que estar com vocês"?

Os céticos depositam suas certezas na ciência apenas.  Pois físicos tem falado sobre multiversos.  Várias realidades possíveis.  Futuros prováveis que poderíamos acessar a partir de nosso comportamento de agora.  E se de fato for assim e há algum desses futuros com outras perspectivas nas quais possamos viver? Não seria a crença ou fé, a chave? Jesus talvez soubesse disso afinal.

O mestre falou de forma simples.  Simples até demais.  Mas como gostamos de complicar, frases como: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará", ganham contorno de enigma, pois como anunciou, veio para confundir os sábios.

É... Quem tem ouvidos, ouça.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Monte Carlo

Vermelhos, azuis, amarelos, verdes e com sons variados são os sanhaços, corruíras, canários, maritacas e até tucanos que diariamente cantam ou fazem imenso barulho na janela da gente.

Frutas se pode colher do pé, nas árvores das calçadas ou no interior das propriedades, sempre abertas aos amigos.  Mangas, jabuticabas, amoras, limões, laranjas, pitangas, tamarindos e várias outras.

Flores não dá nem pra comentar.  Tem as de primavera, as de verão e até as de inverno com tons que variam do roxo mais perfeito ao prata.  Acredite.  

As árvores são belas, fazem sombra e garantem o clima ameno, cerca de 1 ou 2 graus a menos que na cidade mais próxima.

Saguis, teiús, jabutis, gambás e uma série de outros bichos legais, invadem a casa da gente sem qualquer cerimônia, o que também o fazem outros animais nem um tanto apreciáveis como sapos, pernilongos e besouros.

Borboletas eu acho sensacionais, não fosse pelo fato de suas larvas atacarem a couve das nossas hortas.  Mas a beleza de asas multicores compensa.

Esse é o lugar em que alguns de nós escolhemos para morar.  Um oásis no meio das cidades com direito a céu estrelado, cheiro de terra e até os requintes de um condomínio.

Lamentavelmente, no entanto, ano após ano, pessoas que não apreciam esse ar de natureza, migram de suas casas e centros urbanos, para aqui chegarem devastando plantas, erguendo muros e construindo suas casas/mansões que divergem da tranquilidade e sensibilidade com as quais nossos lares convivem tão bem.

Já que gostam de chão de cimento, grades e outros divisores, por que não permanecem onde estão vindo limitar nossa vista, os lugares de pouso das aves e mesmo comprometer o bucolismo que elegemos desfrutar?

Essa briga não é de agora.  Já a vimos antes e muito do que era, já não é mais.  Me resta lamentar já que bom senso e senso crítico, só os tem quem foi presenteado pela Graça.  

Cada vez que uma máquina entra em um terreno, muitas vezes até para demolir antigas construções, dói fundo imaginar que havendo tantas alternativas cidades afora, é diminuir nosso paraíso que se escolhe.


domingo, 21 de novembro de 2021

Redes sociais - desafios para não perder pessoas

Há praticamente dois anos, após uma pesada crise de proporções inesperadas, estou trabalhando para reconstruir uma porção de coisas em minha vida. Dentre elas, meus negócios.
São 35 anos de experiência no Mercado de Seguros, algo nada desprezível e expertise no ramo de franquias desde 1999. Uma junção maravilhosa e que já me rendeu muitas glórias.
Mas os louros do passado não garantem sucesso no presente. Para isso é preciso ter foco, garra, dedicação, atualização constante e sobretudo, agradar ao público que consumirá produtos e serviços oferecidos por mim.
Um dos maiores instrumentos que utilizei na criação e início do auge da marca Maria Brasileira, que fundei com amigos preciosos e que até hoje a administram e muito bem por sinal, foi a internet.  Em especial, o Facebook.
Sim essa rede social ajudou a impulsionar quando tudo era ainda apenas uma ideia. Postagens permanentes atraiam interessados, curiosos, investidores e até concorrentes. Descobri nisso uma prática que me ajudaria por um bom tempo, como mais tarde na expansão da San Martin Corretora de Seguros que atingiu o pico de 330 unidades espalhadas por todo o Brasil.
Nunca abri mão então dessa ferramenta, mais tarde complementada pelo Instagram e Linkedin e recentemente, embora ainda aprendendo, pelo Twitter.
Foi nas redes sociais que também exerci minha militância política com mais contundência, já que o tempo de participar nas ruas e nas reuniões contínuas dos partidos e grupos, ficou escasso e impedido ainda pela pandemia.
Não posso deixar de mencionar que essa plataforma de relacionamento me ajudou a reencontrar amigos e familiares que há muito tempo não via ou dos quais não tinha notícias.
Incorporado nesse hábito diário, consegui desabafar, exercitar a crítica, fazer autocrítica e inclusive aprender coisas novas.  
Postar, repostar, corrigir postagens e comentar em grupos, virou exercício prazeroso, mas também me  custou algumas perdas.
Sim.  O embate político direto em um momento histórico de extremada emoção e dualidade de visões, me faria romper com gente que faz falta e pra piorar, a perder clientes e parceiros de negócios.
Essa é sem dúvidas mais uma lição que ganhei na internet.  
Por isso, me preparando para grandes ações já no início do próximo ano, estou reorganizando já agora, os espaços para expor minha opinião, dividindo minhas falas e posicionamentos em grupos específicos dos quais participam apenas aqueles que comungam dos mesmos ideais.
De longe, isso não quer dizer que mudarei minha forma de ver as coisas sobre um governo acéfalo, corrupto e que está destruindo o Brasil  Menos ainda que deixarei de seguir minhas crenças voltadas a um espiritualismo cada vez mais amplo do que a religião em si.  Continuarei a estudar ufologia, parabsicologia e Marx na minha contraditória busca pelo entendimento das coisas. Serei afetuoso aos queridos e queridas, mesmo quando esses defenderem o indefensável.  Embora não possa prometer que deixarei de dar minhas agulhadas.
Talvez por criação, algum tipo de "gene" de caráter, não consigo ficar omisso.  Me corrói saber que há um abismo ali na frente e alguém possa cair se eu não "gritar".  Mas hoje compreendo que algumas pessoas têm o direito de se jogar de pontes.  Então vou buscar apenas separar uma coisa de outra coisa.
Se vou conseguir, ainda não sei.  Mas vou tentar.
Nos perfis pessoais, divulgar meu trabalho, coisas bonitas, matar saudades, fazer debates amenos acerca da vida. Num grupo político, destilar toda minha fúria quando o tema for sobre um ex-juiz parcial e vendido que provocou a derrocada da empresa e do emprego no país por sua gana de visibilidade e poder. Lá também darei um jeito de carcomer projetos de esvaziamento do Estado defendidos pela direita e combater com todas as forças o fascismo e o terror de suas defesas.
Feita essa divisão, quem sabe assim perca menos amigos, me distancie com segurança dos inimigos e sobretudo reconstrua minha carreira enquanto ainda tenho força e determinação para mostrar o que sei e do que sou capaz.
Esse blog? Bem, aqui continuarei com um pouco de tudo, afinal alguém para perder seu tempo e visitar um lugar tão particular, só pode ter um interesse desmedido em mim e no que penso e portanto, sem filtros.  Do contrário, não se daria ao trabalho.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Quero ver você não chorar, não olhar pra trás e nem se arrepender do que faz.


Eu nunca deixei de me emocionar quando chega essa época do ano.

Minha militância política e minha história de vida, muitas vezes me deixam em maus lençóis com relação a certas defesas que faço. Defender os festejos de Natal e as celebrações de final de ano, para alguns de meus mais próximos companheiros é um crime sem perdão. Uma violação ao bom senso e à realidade histórica a que estamos mergulhados. E deixa eu dizer uma coisa. Minhas contradições vão muito além disso.

Só pra ilustrar, desde sempre, no dia 15 de novembro, primeiro na casa de minha avó, depois de minha mãe e então na minha, montamos a árvore de natal e o presépio a anunciar esse tempo.

Já estou maduro. São 53 anos de vida. Mas sim, o espírito de criança às vezes dá sinal de sua presença. E eu acho muito bom. Afinal, perder a infância é distanciar-se do amor e da paternidade de Deus. Quem sendo cristão não se lembra da máxima em que Jesus alerta:

"Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus."

Ao celebrarmos o tempo do Natal, independente das incongruências que o cercam, seja pelas datas incertas do possível nascimento de Jesus, seja por conta das alegorias misturadas à crenças pagãs, nos dispomos a comemorar um sopro de esperança na dura realidade da Terra.

Em suma, um Criador Supremo de todas as coisas, por amor à sua obra, teria enviado seu filho para que a organizasse e redimisse, deixando ensinamentos e mensagens de união, paz, concórdia e salvação.

O que há de ruim nisso? Aliás é tão bom que povos não cristãos, em muitos lugares e casas acabam por sucumbir, entrando no clima das canções e decorações natalinas.

Claro que sabemos que o Natal traz consigo diversas contradições. A dureza do sustento diário, se torna ainda mais cruel quando um pai ou mãe não consegue presentear um filho. Quando alguém distante de quem ama, não será capaz de visitar ou abraçar seu querido ou querida e inclusive quando a ceia for substituída pelo trabalho forçado atrás de horas extras, ou minimamente reforço do orçamento doméstico. Nem falemos aqui dos desempregados e famélicos.

Por outro lado alguns de nós têm o privilégio de reviver nessa fase do ano, momentos inesquecíveis da infância quando as casas se alegravam com parentes distantes reunidos, cheiro de pernil e alecrim e orações antes do jantar em altas horas.

Minha infância foi assim. O tempo de natal significava férias, chegada dos primos, reunir-se na avó e depois de casado, na casa da mamãe, para orarmos, cantarmos e jantarmos em fraterno laço de família. Morador do interior, vivia a novidade do comércio aberto durante a noite, da cidade enfeitada de luzes e estrelas e dos muitos corais e madrigais espalhados por toda parte. Eventos de caridade e confraternizações eram constantes, como diários eram os cartões de natal a bater às portas de casa com lindas poesias. Abrir o cartão a noite, era compromisso de todos na sala. Ainda, propagandas comoventes, que até hoje ressoam em nossa mente, favoreciam o espírito de um tempo mágico, pelo menos para os alienados que não conheciam as agruras da miséria.

Para aqueles, sobravam as cestas de natal, os panetones e vinhos, presenteados por patrões e outros, como a pedir desculpas pelo ano todo de abandono e exploração.

Mas eu pergunto. O que se ganha se então dissermos que devido a esse contraditório, deixaremos também nós de enfeitarmos as casas, enviarmos mensagens ou participarmos de confraternizações?

Claro que entendo a necessidade de alterarmos as rotas de tudo isso. Defendo enfeitar as casas de sorrisos e abraços, antes mesmo de guirlandas e piscas. Defendo aumentar os lugares à mesa, antes mesmo da quantidade dos sabores nos pratos. Defendo o respeito mútuo e permanente, antes das saudações passageiras do final do ano. Defendo trocar o personagem da Coca-Cola pelo verdadeiro aniversariante.

Contudo, desapegar-se de memórias e não transmitir aos novinhos de hoje as práticas de bom convívio dos bons tempos de nossa infância ou mocidade, não trará nenhum resultado prático.

A prática da concórdia, do perdão, da fraternidade e do amor incondicional, pressupõe sentimentos alimentados pelo espectro de nossa própria vida em família.

Por isso, e não por outro motivo, minha casa continuará a receber familiares e amigos nesta data, abrindo-se para um abraço fraterno e também boas mensagens. E a decoração, em que pese sua aparência nada situacional, me ajuda como incentivo ao retorno de um instante da existência em que, como criança, a sórdida realidade tinha dificuldades em estragar os momentos felizes.

E então, vá lá você também e tire da caixa suas bolas coloridas. Lembre-se da sua infância e se ela não tiver sido como a que ilustrei, dê um jeito para que a de seus filhos, netos ou sobrinhos possam servir-lhes, no futuro, de alento e saudade.

Papai Noel vestido de casaco e botas, pinheiros nativos do hemisfério norte, neve, renas e sinos, distantes de nossa realidade, são menores do que a festa, do que os reais propósitos dela. Mas se você os tiver em casa, use-os. A pandemia, a má política e as mazelas da vida são feias de mais para assumirem o lugar da decoração.

Comemore o natal. Já perdemos infância demais.






domingo, 14 de novembro de 2021

E o que é viver afinal?

 


Quando se é criança, brincar com os amigos é o que há de melhor.  Seja na rua, na casa da gente, em uma praça, na escola ou em qualquer lugar que seja.  Por isso fico tão preocupado com as consequências no emocional da criançada por conta do isolamento necessário vivido nos últimos tempos. Vi de perto meu filho mais novo, minha enteada e sobrinha, sem a saudável convivência com outros de sua idade a não ser pelo celular ou computador.  E foram meses intermináveis. Quase dois anos, até.

Frequentando uma escola virtual que, se por um lado oferece conforto e a alegria de estar em casa (nós bem que gostaríamos de ter passado por isso), por outro privando-os de colocar o “papo em dia”, das brincadeiras no pátio e mesmo do necessário contágio de pequenas doenças a fortalecer nosso sistema imunológico.

Há que se ponderar o que é pior.  O risco de contrair a COVID, que pode causar essa doença grave e até morte, ou as mazelas permanentes que ficarão acumuladas em meninos e meninas afastados de seus coleguinhas.

E vai além.  Adolescentes e jovens, também privados do encontro com a “galera”, sofreram bons bocados.  Meu filho do meio completou seus 18 anos sozinho com a família.  Passado o susto inicial e aliviada pela vacinação, agora essa turma quer tirar o atraso de uma só vez, sem se quer considerar que “o mar ainda não está pra peixe”.  Afinal, a Europa recomeça a viver com medo nesse exato momento.

Ontem eu me encontrei com amigos que já não via há um bom tempo.  Casais e seus filhos, que sempre me divertiram, animaram e despejaram seu carinho.  Que saudades!  Como foi boa e agradável essa noite.  O sentimento de acolhimento, as risadas, piadas, fofocas e abraços fraternos são fundamentais para uma boa saúde, tanto quanto o é a preservação da mesma pelas medidas de segurança orientadas.

É daí que veio esse meu pensamento.  Será que aquelas pessoas que obedeceram a rigor todo o protocolo de afastamento, de algum modo também não acabaram com algum prejuízo grave? E se sim, qual a profundidade dessa perda?

Bem, poderíamos dizer que a diferença consiste em estar ou não vivos.  Só que vivos estamos nós aqui e agora. Eu que estou escrevendo, você quem está lendo e outros.  Mas quanto, em si, perdemos de vida, posto que a vida é um conjunto de momentos?

Veja, por favor, em nenhum momento eu torno não perigosa a pandemia.  Também não descreio da ciência e das importantes recomendações para o uso do álcool em gel, máscaras e distanciamento.  Não sou negacionista.  Mas reflito se agora, com a vacinação, já não é mesmo o momento de se permitir que as pessoas se encontrem, vivam e respirem juntas. Que as crianças não possam voltar às escolas, aos clubes e a brincar na rua.

Penso sim naqueles pequenos, no auge de sua infância, deixando de criar brincadeiras, viver fantasias, trocar impressões e sorrisos e isso me dói pois vivi uma infância invejável.  Aquela de chegar em casa tarde e com o pescoço marcado de terra.  Tomar banho e voltar a brincar na rua para ter que lavar os pés antes de dormir.

E ontem, ao me reencontrar com amigos, me senti uma verdadeira criança, a rir até doer a bochecha. Isso também é vida.  Aliás, isso é vida. E privar-se disso para garantir a vida (sem isso), faz uma confusão danada na cabeça da gente.

Que droga de vírus, de pandemia, de medo da morte.  Que droga de perdas tão grandes e que todos sofremos direta ou indiretamente.  Foram dias das mães, sem mães com as mães ainda vivas.  Dias de Natal com ceia vazia e trabalho remoto, sem o intervalo do cafezinho que garantia falar mal do patrão.

Sinceramente espero que esteja no fim.  Que o ano que vem nos traga a libertação para que possamos, em nome da vida, voltar a viver.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Penso, logo existo.

 


“Não tenho casa, não tenho sapatos

Não tenho dinheiro, não tenho classe

Não tenho saias, não tenho nenhuma camisola

Não tenho perfume, não tenho cama

Não tenho homem”...




 

Essa é a primeira estrofe da música Ain't Got No / I Got Life da inesquecível Nina Simone.

 

Aprecio demais tanto a música, quanto sua autora.  Ativista anti racismo, ela canta aqui sobre tudo aquilo de que é despojada pela sua condição. Adiante na letra inspiradora, ela virá exclamar porquê de estar viva, já que não tem nada, até que começa a discorrer sobre aquilo que ninguém lhe pode tirar. Seu cabelo, seus olhos, seu sexo etc.

 

A música parece perfeita, mas há uma correção a se fazer. 

 

O cabelo pode lhe ser raspado.  Sua liberdade tolhida, seus olhos arrancados e sua boca costurada. Basta que seja atacada, agredida, violada ou torturada.

 

Há, no entanto, apenas algo que lhe pertence de fato e pelo que ela pode ter controle absoluto e em nada depender de ninguém: Ela, eu e você temos o nosso pensamento. Individual, próprio, pessoal.

 

É disso que quero tratar. 

 

Nada é totalmente meu de verdade além do meu pensamento.  Eu posso controla-lo, dividi-lo ou deixa-lo oculto.  Modificá-lo, recusá-lo ou transmuta-lo.  O resto está à mercê de quem é mais forte que eu, de quem tem algum tipo de ascendência sobre mim ou ainda, depende de condições externas de meu íntimo.

 

O pensamento não.  Eu posso cria-lo e trocá-lo ao bel prazer ou simplesmente decidindo fazê-lo. 

 

Sendo assim eu pergunto: por que “diabos” eu penso o que não desejo e me martirizo por alguns desses pensamentos? Por que penso que vou me atrasar enquanto caminho para um compromisso?  Ou por que penso que algum acidente pode ter acontecido com aquele amigo que ainda não chegou para o encontro que tínhamos?  Por que penso que meu empreendimento vai dar errado, que a TV nova vai quebrar ao ser tirada da caixa ou que meu filho vai abalroar o carro que começou a dirigir?

 

Sem dúvidas não são pensamentos que eu queira ter.  Então como estão lá na minha cabeça?

 

Bem, há uma distância entre pensar e ter pensamentos.  Quando digo que o pensamento me pertence, falo sobre aquele que eu crio, não o que surge. O que aparece na mente de repente, a me assustar, desmotivar, preocupar, entristecer, não nasceu da mim.  E por isso pode ser rejeitado, expulso, apagado imediatamente ao surgir.

 

Sua origem é um mistério.  Pode ser uma certa memória de algo ruim que ocorreu comigo ou com alguém e que eu tenha sabido.  Uma sementinha que estava lá no subconsciente só esperando a oportunidade de aflorar. Quem sabe até e de modo extraordinário, ser algo imposto por uma espécie de mente coletiva? Uma informação etérea captada pelo nosso receptor cerebral.

 

Pensamentos ruins quando mostram sua “cara”, meio que a dominar o que sentimos, devem ser combatidos com fogo mortal.  E só há um meio de fazê-lo com eficiência.  Substituindo-os por outros bons, construtivos, diferentes e felizes.

 

Ah, é muito melhor se sentir bem do que mal.  Estar alegre do que abatido.  Então por que dar vazão a esses sintomas por permitir que pensamentos implantados, pelo sabe-se lá o que, perdurem mais que um segundo fazendo seu estrago?

 

Dias atrás aguardava meu filho chegar em casa e comecei a me preocupar com a chuva forte.  Logo veio o pensamento de uma possível derrapagem.  Mas antes mesmo que a imagem se formasse em meu cérebro, substituí isso por: “Ele gosta de coxinha.  Vou fritar algumas para que chegue com essa surpresa boa”.  E na mesma hora imaginei sua felicidade refastelando-se num prato de salgados.

 

Exercícios como esses tenho repetido sempre que a oportunidade se apresenta.  E sabe de uma coisa?  Os pensamentos ruins têm diminuído. Meu humor tem melhorado muito e parece até que as coisas começam a ser melhores.

 

Eu poderia fazer aqui a defesa do pensamento positivo, promissor, edificador que tudo muda e cria ou atrai de bom.  Só que não é isso.  Faço a defesa do não sofrimento à toa, desnecessário.

 

Se posso conceber coisas boas no meu ideário, por que permitirei as ruins ocuparem todo o espaço? E se isso servir para melhorar meu astral ou até quem sabe, promover coisas boas, que mal tem?

 

Estou praticando e melhorando a cada nova tentativa.  Acho que vou ficar bom nisso.  Quem sabe, de fato, alguma lição maior nasça?

domingo, 7 de novembro de 2021

Pra ninguém botar defeito.

 

Os funcionários da São Paulo Railway, empresa que cuidava da estrada de ferro, queriam fundar um clube em São Paulo no bairro do Bom Retiro. Nisso, eram apoiados por diversos, pra não dizer todos os moradores daquela região.

Certa feita, conta-se, cinco deles foram assistir a um jogo do time inglês Corinthian Team que venceu a partida.  Esses cabras então voltaram felizes e decididos a que o clube a ser fundado no Bom Retiro seria um time de futebol.

O ano era 1910 e mais oito pessoas se juntaram aos malucos fundando, sob a luz de um lampião, na rua José Paulino, o Sport Corinthians Paulista em homenagem ao time inglês que não tinha o s no nome.  As outras alternativas de nomes apresentadas e vencidas na votação dos treze foram Santos Dumont e Carlos Gomes. (Já pensou eu ser xará do meu time?)

A fundação ocorreu na residência de Miguel Bataglia, mas o início do sonho nasceu no salão de barbeiro de seu Salvador, o irmão de Miguel.  E foram lá, no salão, as primeiras reuniões do time.

O primeiro jogo do timão se deu no dia 10 de setembro daquele ano contra o União da Lapa que já era conhecido na várzea da cidade.  E esse primeiro jogo do clube recém fundado ficou marcado pela derrota de um a zero.

A partida marcante do início do Corinthians ocorreu em 1917 já com uma plateia de dez mil torcedores e a fama do clube como time operário.

Seu hino, como conhecemos hoje, só surgiu em 1950.

Suas conquistas, torcedores ilustres e grandes dramas, estão presentes em diversas obras literárias e até filmes.  A maior torcida do Estado de São Paulo e a segunda maior do Brasil é apaixonada pelo seu clube e sua origem, reunida às grandes lutas abraçadas pelo Corinthians fora do campo, me fazem ter o orgulho e a honra de ser seu torcedor.

Ganhando ou perdendo, vai Corinthians!!!

Cante com os anjos, pois tenho certeza, também eles apreciam sua música.

 

Meu estilo musical predileto é o rock. Mas como sou bastante eclético, não abro mão de MPB, música clássica e boas trilhas sonoras tidas por inesquecíveis.

Em meu pendrive de músicas, ou em minhas playlists, trago até mesmo canções antigas, algumas das quais até de propagandas de TV.

De minhas práticas esotéricas, autores como Kitaro, Vangelis e Jarre encontram lugar nos meus álbuns.

Canto gregoriano e música sacra são ouvidas em casa nas tardes solitárias para embalar-me na oração.

Por fim, nada mais adequado que um churrasco ao som de sertanejo raiz, tendo por isso músicas como Tristeza do Jeca, Riozinho Amigo e o que o valha.

Mas o chamado sertanejo universitário ou sofrência, como dizem, jamais me agradou.  Questão de gosto, de preferência, sei lá.

Nunca me deixei levar pelo apelo comercial das gravadoras e por isso mesmo, nunca gostei do tipo de som imposto pelas tardes do Faustão, Gugu e outros que divulgados na mídia em excesso, depois seriam tocados diariamente nas rádios até ficarem impregnados, em nós, como gosto por aquilo que não conhecíamos antes.

Assim, na contra mão das tendências, lambada, pagode, sertanejo universitário e funk nunca fizerm parte do meu mundo.

Não culpo e não critico quem aprecia, mas tenho minhas preferências, simplesmente, meu gosto.

Ah e não o imponho.  Não sou do tipo que bota som no porta-malas do carro pra gritar pela cidade afora aquilo que, muitas vezes, só eu desejo ouvir.  Mesmo em casa, não vou (pelo menos eu) usar um volume que empurre na vizinhança aquilo que só eu gosto de ouvir.

Em nenhuma fase da existência, o respeito saiu de moda. E assim, permitir que cada um faça ou ouça o que quer é o mínimo. Desde que esse ou essa, também respeite aquilo que nós não queremos ouvir.

Nessa sexta-feira, o Brasil perdeu mais um de seus artistas e não foi pela COVID.  Com profunda tristeza, milhares ou talvez milhões de fãs, viram partir precocemente a cantora Marília Mendonça.  E eu sempre entendi a comoção generalizada quando coisas assim acontecem.

Também perdi vultos de minhas escolhas como Elvis, Michael Jackson, Ayrton Senna e me comovi com mortes inusitadas como a que levou os Mamonas Assassinas.

No caso de Marília, ainda menina e em pleno sucesso, por certo não seria diferente perante os seus seguidores. 

Contudo, eu não a conhecia justamente por não fazer parte do gênero musical seguido por mim.

Na enxurrada de matérias que agora corre por conta da tragédia, músicas, letras e pontos de sua personalidade estão sendo expostos o que me fez ver que algumas letras que me chegaram são boas e músicas até bonitas.  Ainda assim, não são o tipo de músicas que eu escutaria.  E ponto.

Só que vá dizer isso a amigos e próximos. 

Logo, açoites violentos são desferidos como se houvesse uma clara obrigação por gostar, ouvir e mesmo conhecer a cantora e sua obra.

Não há como fingir. 

Por que ninguém se revolta se alguém nada sabe responder sobre Beethoven ou apontar sequer uma obra sua? Simples, porque ninguém tem obrigação de conhecê-lo ou gostar dele (ou de sua obra).

Eu acredito mesmo e do fundo do meu coração, que cada coisa tem seu lugar e com sinceridade homenageio quem atinge êxito no que faz.  Quem agrada ao público sendo quem é ou mostrando seu trabalho. Por isso todo mérito e homenagens à moça. 

O desabafo que ora apresento é mais por conta do espanto, da reprovação e da indignação que minha franca resposta tem causado quando alguém pergunta: .

Qual musica dela você mais gostava? 

Ao que respondo sempre com:

Eu não conhecia nenhuma.

Brasil da Esperança, Rio Preto da Esperança.

É na eleição municipal que a democracia fica mais evidente, pois é nas cidades que os cidadãos de um país podem se manifestar de maneira mai...