quinta-feira, 26 de março de 2020

A COVID e o covarde

Estarrecidos ficamos todos com o pronunciamento irresponsável do despreparado presidente do Brasil sobre a pandemia e as ações promovidas para minimizar o contágio.
Na verdade, ficaríamos mais estupefatos se ele realmente falasse coisa com coisa.  Não é de seu perfil, nem de sua capacidade intelectual.

Já até cansou ouvirmos críticas de toda parte, a respeito dessa desastrosa fala em rede nacional de rádio e televisão. 

Sinceramente só não sei como seus eleitores e alguns apoiadores não sentem vergonha cada vez que ele abre a boca. 

No mínimo devem ter vontade de repetir o velho personagem de Jô Soares que de quando em quando repreendia o sacristão no bordão: "Cale a boca, Batista”.

Mas calar é algo que nem ele e nem alguns de seus generais conseguem.

É bom salientar que nessa crítica não há, de minha parte, qualquer despeito por conta da não eleição de algum candidato que eu tenha preferido.  E olhe que eu preferia qualquer um dos outros, inclusive o Cabo Daciolo.  Mas escolheram votar naquela cadeira vazia dos debates... deu nisso.  

Já tive "n” candidatos não eleitos nas tantas eleições em que votei e só me restou sempre aceitar o resultado e respeitar a vontade da "maioria”. Diferente, por sinal dos eleitores e apoiadores do "bom mocinho” das Minas Gerais, o famigerado playboy Aécinho.

Ao perder as eleições, por meio da influência que detinha (até então), minaram o governo de Dilma impondo-lhe um sangramento diário que culminou no impeachment que prefiro chamar de golpe.

Muito menos ainda se pode dizer que eu não torça pelo meu país. 

Em que pese não ser caso de torcida, mas de se trabalhar incansavelmente para sobreviver, que é o que cada um de nós fazemos de fato e independente de quem é eleito, não torço contra.  Em política sou tudo, menos suicida.

Mas o cara consegue se superar a cada dia.

No episódio de agora, destoa de toda humanidade tentando agradar a uns e outros de seus amigos que, com certeza, estão cobrando-lhe uma posição contra o fechamento das empresas.

Estão incomodados com a quarentena.  Alguns até puseram a cara pra bater como o papagaio da Havan, o almofadinha Justus e os donos daqueles restaurantes que não me verão mais.

Também sou empresário.  Só faltava estar feliz com o fechamento dos negócios.  Colaboradores todos trabalhando em casa e as vendas lá no chão.

Acontece que sei entender as coisas porque não sou infantil.  

Não se trata só de quantidade de contaminados ou quantidade de mortos.  Sobretudo a preocupação é com a velocidade com que o vírus se espalha e causa as mortes.

Em alguns países são 600, 700 óbitos por dia.  E sem falar nas vítimas fatais, tem o volume já exorbitante de atendimentos nos hospitais que não será suportado caso a curva permaneça como prevista.

Com certeza Bolsonaro não se atentou para o fato de que a negligência em 1918 causou, só no Brasil, mais de 30 mil mortos pela Gripe Espanhola (que na verdade nasceu nos Estados Unidos).

O nosso "querido” chefe de Estado também não deve saber que aquela pandemia matou o presidente do Brasil que eleito, não tomou posse.

Será que sabia que os coveiros não davam conta?  Que os corpos ficavam defronte das casas, porque não havia tempo e pessoal suficiente para recolhe-los para os funerais? E estou falando do Rio de Janeiro.

No mundo foram mais de 500 milhões de infectados e se fala de 50 a 100 milhões de mortos, pois a divergência dos números se deve ao excesso de mortos sem registro.

Foi assim... se espalhando rapidamente e contaminando todo mundo, independente de classe social e idade. 

O que os governadores estão fazendo para achatar o avanço, bastante orientados por autoridades da saúde e repetindo o que fazem outros líderes mundiais, está correto.

Se preocupado com os micro e pequenos empresários, resta ao presidente saber que há mecanismos legais para que ele utilize cifras em auxilio como alguns de seus antecessores já fizeram para ajudar banqueiros e usineiros. Só pra ilustrar.

Aliás, há dinheiro suficiente para garantir a cada família uma renda mínima que lhes possibilite a subsistência durante esse processo de isolamento. E não precisa sair do salário de servidores.  Isso é balela e terrorismo barato. Quem disser o contrário está mentindo.
Não seria três vezes legal o representante da extrema direita promover distribuição de renda nesse país?

Vejo colegas do comércio caindo nessa conversinha mole do sr. taokey, sem qualquer objetividade, como se fosse simplesmente apertar um botão e botar a economia toda para rodar de uma vez.

Acabou. Esse ano já era.  Não tem crescimento e se o governo não agir da forma acima, vamos todos passar muito apuro.  E em paralelo, a pandemia estará dando sequência ao seu ciclo.

O que está em nossas mãos é fazer com que esse ciclo seja breve ou esticado.  Só isso.

Esse enfrentamento, no entanto, ficaria muito mais fácil com um líder de verdade, inteligente e CORAJOSO a nos conduzir. 

Mas não será dessa vez.

Texto publicado no DL NEWS - 26/03/2020

segunda-feira, 23 de março de 2020

Ainda sobre o agora e depois.

Para que não haja qualquer confusão ou equivoco com relação ao que escrevi anteriormente, preciso esclarecer alguns pontos.
O confinamento é tão desigual quanto o dia a dia normal das pessoas.  Claro, em uma sociedade desigual como a nossa.
Ou seja, há uma grande diferença entre ficar em uma casa de 400 metros quadrados e em um barraco de 70 metros.  Principalmente porque geralmente quem mora em barracos tem mais filhos que quem mora em casas grandes.
Outra diferença gritante consiste na despensa de uma e outra casa.  Os itens, as quantidades e a qualidade do conteúdo ou a inexistência desse.
Não falei em entretenimento, conforto ou o que o valha, ainda.
Até a distância entre vizinhos implica nos resultados do isolamento. 
Mas a mais cruel diferença está na receita mensal de cada cidadão.
Quem é rico tem poupança, patrimônio e por isso, findo o período de quarentena, continuará rico.  Já quem é pobre, assalariado, poderá perder seu emprego e alguns autônomos ou "se virantes" sequer terão o que comer já de imediato.
Assim, a minha preocupação não está no tédio, na falta de paciência em ficar em casa ou na invasão e esvaziamento dos supermercados.  Está sim na falta de ganho dessa gente toda agora e no porvir quando tudo terminar.
No meu texto, em que falo sim de algumas mudanças de conceitos, na adaptação da experiência de ficar em casa e não sair para a rua, encerro reivindicando a justa manutenção dos menos assistidos por uma "pensão", uma bolsa de sobrevivência fornecida pelo governo. 
Nada parecido, no entanto, com o medíocre "favor" mensal que tanto incomodava as elites e que batizaram de "bolsa família". 
É preciso realmente uma manutenção que dê para alimentar e acalmar essas pessoas sem cortar luz, água e gás.  Sem negar-lhes o acesso à saúde e ao socorro, ao mesmo tempo em que se cuida da fome.
Só faltava eu "achar" que é tudo igual.
Imagine a diferença entre a epidemia em um condomínio fechado e naquele morro onde as casas se confundem, as pessoas se trombam o tempo todo e onde não há entregadores de água ou "de pizza" e ainda que houvesse, não haveria dinheiro para pagar.
Portanto, não me falta sensibilidade, nem clareza da situação.  Mas uma coisa é falar sobre uma decisão governamental correta e necessária (confinamento) enquanto classe média ou rica e a outra é falar do mesmo tema enquanto assalariado, desempregado ou profissional informal.
A sociedade é interdependente.  Resguardar e proteger uns e não outros, tratar da manutenção social de uns e não de outros, respingará em todo mundo e isso é fato.
Espero ter esclarecido.

domingo, 22 de março de 2020

E durante? E depois?

Nesse domingo, enquanto computamos 25 mortos pelo novo vírus só no Brasil, um amigo me ligou, no horário do almoço, para me dizer uma porção de lindas palavras.
Segundo ele, escolhera o dia de hoje para fazer, enquanto na quarentena, contatos com velhos amigos a transmitir mensagens de paz, esperança e alegria.
Foi sensacional ouvi-lo.
Motivado, mas sem polianismo, o amigo cujo nome não mencionarei sob a preocupação de desagradá-lo, alertou-me para a necessidade de proliferar bons pensamentos, até para amenizar o impacto da solidão ou do isolamento a que alguns não estão acostumados.
Diante do caos da pandemia, não sei se é errado dizer que até de uma situação como essa, podemos tirar proveito.  O fato é que realmente há coisas que precisam ser levadas em conta.
Se por um lado não vamos a festas, velórios, casamentos ou encontros sociais, reuniões políticas ou de trabalho, por outro baixamos a poluição ao não emitirmos tanto CO2, seja pela utilização de veículos ou pelo uso exagerado do ar condicionado e luzes nas empresas.
Ainda, paramos de banalizar visitas a médicos, dentistas ou supermercados, deixando para irmos a esses lugares quando realmente precisamos. Economizamos combustíveis e ganhamos tempo para outras tarefas mais agradáveis e inclusivas. Também limitamos a visita a salões de beleza, farmácias, padarias ou docerias.  E se por um lado isso abala a economia, por outro preserva o consumo exagerado e muitas vezes supérfluo que nos tiraria o descanso logo mais, impondo-nos trabalhar em dobro para tapar os pequenos rombos no orçamento familiar que essas ações contínuas e irrefletidas ocasionam.
Ficar em casa por longo período, parecia ser o sonho de muitos.  Bastam, no entanto, dois ou três dias seguidos, para começarmos a reclamar do tédio e lamentarmos por não ter que ir trabalhar ou os filhos não irem para a escola.
É aí que precisamos reaprender algumas coisas.  Ou então, aprender novas.
Inventar programas incríveis em casa, estão a se tornar um novo aprendizado para nós.  Mães de família se voltam para a cozinha afim de caprichar mais e alguns pais passaram a explorar seus dotes culinários.
Jogos de tabuleiro, são a opção na hora de esfriar o vídeo game.
Fazer faxina também em grupo está a se tornar uma nova rotina.  Arrumar armários em disputa com os filhos, passou a ser um novo e interessante passatempo.
O WhatsApp tão usado para fechamento de negócios ou fofocas, passa a ser veículo também de transmissão de mensagens de esperança e os grupos de família, já dispensam os atuais "bom dia" e "boa noite" trocando-os por "se cuide" e em alguns casos, já se pode ler um "eu te amo".
Sim, preocupa-me o resultado econômico de tudo isso.  Se bem que não há que se pensar em outra coisa, no momento, que não na saúde e segurança de todos.
Porém, já se prevê a maior recessão de toda a história.
Comércio fechado, empresas sem receber e o que dizer dos diaristas e autônomos de toda espécie?
Temo pelo desemprego em massa, pela fome que essa paradeira pode legar e que talvez seja tão cruel quanto a própria epidemia.
Mas a "mão do Estado" precisa pousar sobre nós em momentos como esses.
E desta feita resta-nos, enquanto nos cuidamos obedientes às restrições impostas, exigir dos governantes que cuidem de todos.  Seja pelo fortalecimento de verbas para a área da saúde, seja pela adoção de medidas de contenção de falências, ajuda real e solidária aos trabalhadores em geral, no  que seria uma mesada que vá muito além do pífio donativo de programas sociais atuais, mas que realmente aplaquem a fome, permitam a manutenção do lar o que precisa incluir o perdão geral para contas de água, energia e gás.  Subvenção de aluguéis e cesta básica decente.
É o que qualquer país socialista faria e vai fazer. Ou o que qualquer governante decente, nem pensaria em não fazer por sua gente.

domingo, 15 de março de 2020

Portugal, turismo e corona vírus.

Aldeia de Óbidos  - Portugal
Tenho familiares e amigos em Portugal.  Agora mesmo, nesse instante.
As coisas não parecem muito bem por lá, justamente por conta da epidemia de vírus que assola o mundo e os noticiários com pessimismo e bastante alvoroço.
Com a Espanha, sua vizinha, Portugal já tem um acordo de fechamento de fronteiras antevendo a grande circulação por conta dos feriados da Páscoa.
Nos próximos dias, pode ser decretado o estado de emergência pelo qual aulas são suspensas e os trabalhadores que puderem são convidados a trabalhar de suas casas.
Mas o que castiga mesmo a Europa como um todo é a suspensão de viagens, fechamento de museus, o que atinge, diretamente, o turismo.
Itália fechada e lugares vazios em Portugal e Espanha, estão dando pena.
A linda terra lusitana, da qual sou cidadão também vinha atraindo turistas de toda parte, principalmente brasileiros.
O que consta é que em 2019 a terra de Cabral teria batido todos os recordes de visitantes.  Foram cerca de 26 milhões.
Só em Lisboa, lugares como Príncipe Real, o Chiado e Belém, são destino certo para nossa gente.
Do Bairro Alto, pode-se ter uma bela vista da cidade.
Mas visitar Portugal vai muito além de ver igrejas e museus.  A culinária é especial, os castelos são fantásticos e lugares como a Universidade de Coimbra e a livraria Lello na cidade do Porto, são roteiro obrigatório para quem atravessa o país de norte a sul.
Mas o que dizer dos que trabalham em Portugal?
Me lembro que em 2011 quando em plena crise, lá estive, vi lugares bastante apáticos.  Agora, 9 anos depois, já se tem notícias de restaurantes e outros comércios fechados, ainda que temporariamente, por conta da pandemia do COVID19.
E se continuar?  Haverá fechamento de vagas?
O que irá acontecer com o enorme público de brasileiros por lá?
Convém mesmo, nesse momento, torcermos para que tudo passe muito rapidamente.
Já está difícil demais conviver com diversos outros problemas sem termos que nos preocupar com um surto que pode inclusive matar, mas antes deixar marcas profundas na Economia de quase todos os povos.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Louco varrido, varrendo o que?


O presidente desse país, em visita aos Estados Unidos, se manifestou perante o mundo afirmando que "está varrendo a esquerda do Brasil”.
A pergunta que me faço é quanto ao fato de ele ter que governar para todos os brasileiros.

Embora esse bocó não me represente, de maneira alguma, ele deve governar também para mim e para todos os demais cidadãos dessa nação.

Mas não. De forma bastante autoritária, beirando o pior de um ditador, afirma categoricamente que uma parcela da sociedade está sendo "varrida” do país.  Ou seja, não governa para esse grupo, não pensa nesse grupo e quer "exterminar” esse grupo.

E o mais cruel é assistir aos partidos ditos de esquerda se calarem para isso como que ocupados demais pensando nas chapas eleitorais para vereadores e prefeitos dos municípios.

Ninguém protocola um pedido de impeachment, ninguém se manifesta contra essa atrocidade. Não defendem sequer sua militância de base que sofre nas cidades, nos botequins e nos almoços dominicais em família.

Não se atentaram ainda para o fato de que um louco, esse sim varrido, está mandando e desmanando, fazendo chacotas, destruindo a economia, o meio ambiente, a educação e tudo o mais, quase que inviabilizando o futuro de nossa gente e ainda por cima se vangloriando por declarar-se inimigo das instituições nacionais.

Ou caso tenham percebido isso, o que é óbvio, estão noutra "vibe”, para garantir coeficientes e vagas.

Talvez eu esperasse muito. Romantismo era meu forte. Mas acabou. E não posso ser conivente com isso.

Deputados estaduais e federais, senadores e governadores, já deveriam ter feito o que podem com seus mandatos para mostrar que há limites até para a mediocridade. 
Senado, Câmara e Supremo precisavam estar de dedo em riste contra essa "volúpia” que o Bozo tem em menosprezar a democracia.

A defesa das instituições da República precisa sim ser feita pela população em geral, mas é anormal que as próprias instituições não se defendam.

Essa convocação para o dia 15 é uma afronta a todos nós.  À liberdade e ao próprio senso de brasilidade.

Compreender que alguns caiam na farofa que o bolsonarismo apregoa, tudo bem. Há gente e gosto para tudo.

Mas aceitar que os demais poderes se curvem a um só, que atualmente anda desatinado, já é demais.

Não dá para seguir em frente dessa forma.

Cansei das cenas do aloucado "babando ovos” ao chefe do império.  Será que só eu acho estranha e freudiana essa admiração toda de Bolsonaro por Trump?

Até aí dava para aceitar. Fazer o que?

Só que afirmar publicamente e diante do resto do planeta que ele está "varrendo” um certo montante da sociedade, não pode ficar impune.

Texto publicado no DL News em 11/03/2020

FEDERAÇÃO

  Diferente, até para os mais experientes militantes da política, o modelo da Federação Partidária, aprovado pelo Congresso em 2021, autoriz...