quarta-feira, 15 de julho de 2020

Os muitos esforços



Encaro Rio Pr
eto e vejo uma cidade com potencial de fazer a diferença no cenário nacional. 


Quando se trata de opinião política, gosto muito de refletir sobre experiências anteriores para só então externar o que penso.

Por isso, quando olho para os “n” pré-candidatos ao executivo, já dispostos à disputa no próximo pleito, me deparo com o chamado “mais do mesmo”, salvo algumas raríssimas exceções compostas por valorosos militantes das boas lutas de sempre, sobretudo do campo democrático, que podem ser contados por poucos dedos de uma só mão.

A boa parte é formada por aqueles que insistem em tratar nosso município como um lugar sem identidade clara, ou mesmo sem destacar o universo humano por trás do concreto.

Não é a primeira vez que faço essa afirmação.  As pessoas parecem sempre ficar de fora das belíssimas peças de marketing que compõem os planos de governo e propostas dos variados partidos que nos disputam por anos.

Discute-se o prédio escolar, mas não a qualidade real do ensino, da merenda, do convívio.  Fala-se das importantes reformas dos postos de saúde, mas nunca do formato de atendimento e dedicação aos pacientes.

Reformam-se os próprios públicos, mas os servidores permanecem no gueto das prioridades administrativas.

E o cidadão, sempre visto como se morasse e frequentasse diariamente a Alberto Andaló, a Bady Bassit, ou agora as lindas paragens da Zona Sul somente, onde bonitas e bem pavimentadas avenidas, dão a falsa impressão de beleza geral e de uma cidade perfeita e sã.

Claro.  Gestores públicos podem e devem se preocupar com enchentes e praças, mas não devem desatender a real necessidade de cuidados gerais com sua gente. 

Relevantes, vagas em creches não devem ser mais importantes que o tratamento dado lá dentro para as crianças. De igual modo, dezenas incontáveis de loteamentos periféricos merecem tanto ou mais atenção que as lindas vias por onde trafegam as elites.

Trabalhadores são sempre relegados às beiradas da cidade, onde loteadores e “coronéis” ainda faturam dinheiro e votos pelo pouco que conquistam para essas regiões.

Chega, né?

Fé sem obras é morta, já dizia o apóstolo, mas obra sem povo é engodo, o sabemos por experiência constante.

Aceita-se que engenheiros civis e arquitetos sejam prefeitos, mas prefeitos precisam ser mais que apenas engenheiros e arquitetos. 

O que as pessoas realmente querem e precisam?  Quais suas dores e necessidades prementes?

Ando pensando seriamente em não deixar muito barato esse discurso murcho que assisto desde sempre.

A cidade em que vivo, em que gerei minha família e onde trabalho, tem muito mais para oferecer que esses cenários mixurucas que os administradores públicos disputam nas fotos ao longo de nossa história.

 

Carlos Alexandre

Formado em Administração Pública


domingo, 12 de julho de 2020

A voz do silêncio

            O tempo em que eu dizia que a noite era uma criança, já era... Nessa época eu era ainda um jovem em busca de aventuras ou novidades. Com o decorrer do tempo as características dos acontecimentos foram sofrendo uma metamorfose tão acentuada que as reflexões foram dando lugar a quase uma certeza absoluta de que eu, à noite, era tomado por uma nostalgia que chegava a assustar-me.
            No meu período pós-adolescência eu continuei com hábitos noturnos, agora com objetivos totalmente diferentes, mas que me levavam a me ocupar com as obrigações ou encargos nos horários que deviam estar reservados para o descanso noturno. Lembro-me que as aulas que deviam ser preparadas diariamente, eu as deixava organizadas à noite, assim como, reservava-me o direito de também nesse período, efetuar minhas leituras.
            Inclusive foi também nesse período de minha vida que eu mais escrevi: Três romances, sessenta contos e críticas, aproximadamente umas noventa poesias além de várias frases e pensamentos. 
            Houve um período em que, não bastasse a insonolência, já excessiva que me era imposta por esse hábito arraigado de vários anos, tive de conviver com uma terrível dor de cabeça que, após doze anos de consultas a médicos e idas e vindas a hospitais, me foi diagnosticada como sendo uma tremenda sinusite que após uma receita prescrita por meu vizinho, doutor Palmegiane, foi totalmente debelada e nunca mais me importunou. Isso também me aliviou, pois trouxe a certeza de que eu não era um notívago e sim, que apenas gostava de fazer algumas tarefas e principalmente, gostava de aproveitar esse período de grande silêncio para melhor poder me concentrar em minhas escritas ou leituras.
            Agora, nada me imponho nem é por bel prazer que fico muitas vezes acordado, e sim porque passo horas sem conseguir fazê-lo, permanecendo à espera que se acalme meu físico e me permita cair nos braços de Morfeu que pode ser até que os mantenha abertos, à espera que neles eu me aninhe. Há noites que permaneço totalmente quieto, estático, a observar o meu derredor. O quarto, agora em penumbra, parece totalmente sem vida. Nele, não vejo nenhum animal ou inseto que possa nos dar a ilusão que a vida continua normal e ativa. Procuro enxergar, ainda que através dessa penumbra, alguma barata, talvez. São tão comuns em noites de calor, mas ali não as vejo. Apenas o que sinto e noto são os sons do silêncio. Alias foi aí que descobri que o silêncio tem voz. Auditivamente não sou perfeito, mas tenho certeza de que ouço a voz do silêncio, o que contribui para me enervar por ser a única coisa que parece ter vida nesse ambiente. Ainda que possa parecer um paradoxo, pareço sonhar que em breve, muito breve, estarei ultrapassando todos esses acontecimentos e possa me estirar em meu leito, rolando pelo colchão, sentindo as carícias de meu travesseiro, único ouvinte de meus queixumes de desalento e angústia, sentimentos efêmeros de minhas noites atuais.
            Talvez então, não mais eu venha a ouvir a voz zombeteira do silêncio a me fustigar e provocar e serei eu que o importunarei em vingança a seu atrevimento, exibindo então meu sorriso de escárnio enquanto ele fica relegado à solidão de meu quarto.
            Tudo isso faz com que eu aguarde ansiosamente por esse momento, embora eu esteja consciente de que terei que esperar. Quanto? Não sei. Mas, enquanto eu aguardo, preciso ter em mente que devo ser otimista e confiante de que esse momento chegará. Se não se concretizar fazer o que? O conformismo deverá então ser a minha meta e, resiliente, colocarei nas  mãos de Deus toda a minha sorte e então, aguardarei que ele dite minha futura sorte.

Por: Gomes de Castro
(Carlos Alberto Gomes)

terça-feira, 7 de julho de 2020

Como ou quando?


Parecia tão simples

A gente cresce, amadurece e as coisas começam a ficar muito complicadas.
Eu me lembro, quando criança, tudo parecia muito simples de entender.
Hoje, se não houver explicações muito bem dadas, nada parece claro o suficiente.
O tempo, o espaço, as formas eram naturalmente detectados pelos olhos, pelo tato.  Mas agora, se não forem montadas complexas equações, ninguém dá a menor importância a nada.
É mesmo necessário complicar tanto assim?
Por que tudo tem que ter um fundamento, uma lógica ou um conceito por trás?
Dia, noite, passado, futuro, chão e céu não precisam ser confusos para a gente.
Tangíveis e intangíveis, explicam o que pode ou não ser tocável.  Mas a gente também usa essas mesmas palavras para exemplificar tantas outras coisas.
Fora a enorme confusão que dá nomes dignos a coisas indignas e vice-versa.
Me ponho a pensar que se até um maluco pode se definir filósofo sem o ser de fato, também nós podemos filosofar ao nosso bel prazer.

Considerações

O Alexandre era um grande amigo em minha pré adolescência.  Aliás, ainda é um grande amigo nos dias atuais. 
Mas mesmo lá, no primário, eu sabia que era bem mais esperto e inteligente que eu.
Juntos, em nossas tardes, criávamos brincadeiras bem diferentes da turma toda.  Uma delas, batizamos de “considerações”.
A gente reunia livros de nossos pais para leituras em voz alta.  Discutíamos o que líamos em um profundo debate.  E então, registrávamos nossas considerações e tirávamos nossas conclusões.
Acredite se quiser, foi assim que descobrimos como as crianças veem ao mundo.  Lendo livros e enciclopédias aos doze anos de idade nas tardes após a aula e anotando cada detalhe.
O mais legal dessas considerações eram nossas anotações que viravam nosso próprio arquivo de aprendizado.
Falávamos de tudo.  Desde botânica, línguas, até história.
Alexandre tinha um jogo de lentes que ganhou do avô que era fascinante.  De luneta a microscópio.
Naqueles dias, não era preciso estudar física além do comum para descobrir os efeitos do som, da luz ou mesmo do impulso.
Ele era mais afeito a números que eu.  Tanto que eu só viria a gostar de física depois de me tornar um quarentão.
E o fato de gostar, não faz de mim um físico.  Talvez um curioso, que ainda observa e anote as próprias considerações até hoje.
Lá, quando criança, o que mandava era mesmo o experimento.  Um empirismo infantil, fruto da inconsequência.
Eu prossegui anotando tudo.  Desde minha primeira experiência com feijões.

Os vários feijões

Certa feita, a professora de ciências (tínhamos uma matéria chamada “agricultura” no colégio), nos encomendou para botarmos um grão de feijão sobre o algodão, em um potinho vazio de iogurte e molhá-lo, observando ao longo dos dias.
Daí, deveríamos desenhar o broto em seu desenvolvimento diário ou a cada dois dias.
Como crescia rápido.
Logo eu tinha umas sete ou oito imagens diferentes da plantinha.  Meu feijão.
Ao entregar o trabalho à professora, me lembro de ter discordado dela ao tentar explicar cada pé de feijão sobre a cartolina.
_Não são vários pés de feijão – disse ela enfática.  É apenas um em suas múltiplas fases.
Mas eu defendia minha tese com ardor.
_Não professora, são vários pés de feijão.  Pois esse é diferente desse que é diferente do seguinte e assim por diante.
Me parecia tão simples.  Tão claro.  Afinal, cada dia ao olhar o experimento, me deparava com algo diferente.  Como dizer que o embrião era o mesmo broto, depois o galho mais avantajado e por fim aquela folha viçosa?
_Ora menino... a planta cresceu.
_Sim e se transformou.  Diariamente foi deixando pra traz quem era para se tornar outra.  E registrei todas elas.
Não me lembro a nota que tirei desse trabalho, mas com certeza não foi muito boa.  E se foi razoável, foi muito mais pela arte em si que pela minha discussão “irrelevante” sobre o pé de feijão.

Os frascos de shampoo

Morávamos numa casa simples.  Portanto, não existiam banheiros e sim apenas um, ao que chamávamos de “banheiro social”.
Acho que ainda é assim que se referem os corretores de imóveis ao mostrar uma casa ou apartamento para alguém. 
Aliás, os banheiros podem ser iguais e conter as mesmas coisas, mas dependendo de sua posição na construção, ganham também outros nomes.  Lavabo, banheiro da suíte, banheiro social ou banheiro da edícula.  Mesmo quando está em um apartamento, mas faz parte do quartinho dos fundos.
Só que é melhor eu deixar isso de lado para focar no assunto aqui.
Cada um de nós quatro (eu, meu irmão e meus pais), tínhamos um frasco de shampoo diferente.
De vez em quando, com os olhos ardendo ou irritados pela água, ao apanhar o frasco de shampoo eu acabava por pegar o errado.  Então marquei o meu.  Era branco.  Havia um mais puxado pro bege e outro meio areia.
Ah, mas o duro era tomar banho ao entardecer.
Se eu acendesse a luz, as cores ficavam confusas e todos os frascos, até por conta da forte luz amarela das lâmpadas incandescentes de então, se pareciam.
Se eu não acendesse a luz, no entardecer, as cores sofriam alteração e eu pegaria o shampoo de meu irmão no lugar do meu.
Caramba.  Tinha que anotar isso nos meus apontamentos.  Afinal, o mesmo frasco se tornava outros quando impactado pela luminosidade do momento.
Acredito que se eu tivesse relatado a professora de então, ela também me teria contradito. 
_Não vê que é o mesmo frasco, apenas observado em horários e sob iluminação diferente?
E então eu diria que não.  Cada frasco seria diferente do outro.
Ah em dias como hoje nos quais todos temos um celular-câmera fotográfica o tempo todo nas mãos. 
Eu fotografaria o frasco em cada horário diferente para provar minha tese. Haveria fotos de vários frascos diferentes.

As caixas d’água

Eu amava ir com meu avô, pelo menos uma vez por semana, em sua chácara.
Ele gostava tanto de reunir a família lá aos domingos, que chamou-a de Chácara dos Netos.  Colocou até uma placa no portão.
Mas o que tinha de diferente é que eu e meu irmão íamos com ele durante a semana, em pelo menos um dos dias.
Meus demais primos só aos domingos.  Isso fazia do lugar, um pouquinho mais nosso.
Meu irmão, bem mais jovem, gostava de bichos e passava o dia caçando ou procurando lagartos, lagartas ou o que o valha.
Já eu me ocupava com as plantas.  E gostava mesmo de ajudar a regar.
Para esse fim, meu avô mantinha uma caixa d’água de amianto, hoje material impróprio (na verdade à época já devia ser, embora de uso comum), com água para a rega.
Não tínhamos medo de mosquito naqueles dias.  Acho inclusive que não dava tempo de juntá-los, pois utilizávamos quase todo o conteúdo cada vez que íamos regar as plantas.
Árvores frutíferas, nos pés das quais ele fazia uma coroa, que eu em seguida com um balde enchia de água.
A cada volta na caixa, me deparava com uma caixa diferente.
À medida que mais vazia, eu conseguia arrastá-la ou virá-la para facilitar a coleta da água.  E quando quase vazia, ele me deixava entrar e limpar lá meus pés.
Eu então gostava dela cheia, pois era aquela que me possibilitaria regar bem as plantas.  Quando mais vazia, me obrigava a movimentos mais difíceis até para alcançar a água.  Até chegar no ponto em que eu adorava.
Cada uma delas, uma caixa diferente a me proporcionar sensações e emoções diferentes.

Os bifes

Todo mundo que experimentou ir ao mercado com fome, gastou além da conta.
Quando criança eu raramente acompanhava minha mãe às compras.  Mas compreendi fácil isso quando em uma noite, ao sentar à mesa para o jantar, olhei com desdém para o bife.
Embora suculento e cheiroso como sempre, naquela noite não tinha pra mim qualquer valor.
Me lembrei que houve situações em que briguei com meu irmão pelo bife mais gordo, ou então pelo mais ao ponto.
Claro.  Um mesmo bife pode ser diferente dependendo de nosso apetite. 
_Você não está bem – falou Maria da Penha.
Mas eu estava.  Apenas não queria o bife aquela noite.
Até que na noite seguinte ela fez apenas um para cada um de nós.  E quando quis repetir ela me lembrou da desfeita na noite anterior.
_Não há nada de diferente no bife de hoje com relação ao de ontem. 
E claro.  Tive que discordar. 
_Sim, há.  O de ontem não me chamou a atenção.  Não me despertou a vontade.  Já o de hoje é diferente.  Seu cheiro, me tortura enquanto não o posso mastigar.
_Ah, menino louco.  O de ontem tinha o mesmo cheiro.
De novo, não era o mesmo cheiro.  Era um cheiro percebido por alguém que não estava com apetite.
Essa incompreensão das pessoas perante minha observação dos fatos, das coisas, ia direto para meu caderninho de considerações.
E então chegava um dia em que eu ia ler os apontamentos.

Apontamentos


Pessoas podem ser como brotos de feijão.  Crescem, evoluem, se aprimoram ou se enchem de manias.  Isso faz delas pessoas diferentes em cada fase de suas vidas, ou em muitos casos, num mesmo dia.
Elas também podem parecer diferentes pelos olhos de quem as percebe, dependendo do momento, do prisma pelo qual são observadas, como os frascos de shampoo.  Até seu humor variam, dependendo de quem as vê e do estado de espírito que o observador está vivendo naquele instante.
O que talvez mais defina, no entanto, as pessoas, mais até do que seu desenvolvimento ou a forma como a observamos parece ser seu conteúdo.  Vazias ou cheias, transbordando generosidade, cortesia ou com ausência total de simpatia, nos causam emoções ou sensações diferentes.
Por fim será nosso amor, nossa vontade ou não de encontrar ou estar com alguém, que fará dessa pessoa alguém que desejamos perto ou longe. 
Tão fácil de entender, sem necessidade alguma de faculdade ou curso equivalente.
Na tosca e infantil análise de situações corriqueiras, eu conseguia formular minhas teorias e compreender melhor o mundo.
Por que cresci? 
Agora se quero compreender algo, tenho dois caminhos.  Estudar muito sobre, ou buscar profissionais que me possam ajudar a fazê-lo.

Don Alexandrino

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Que Rio Preto você quer? Já se perguntou?

Só perguntando, perguntando e perguntando mais para saber.
Eu nasci e fui criado aqui, em São José do Rio Preto.  
Também foi aqui que estudei e trabalhei.

Construí meu negócio próprio, constituí família e portanto, foi aqui que nasceram meus filhos.

O fato é que aqui desejo morar sempre. Pretendo deixar aqui as raízes do meu nome e os fundamentos que herdei de meus pais e cultivo até hoje.

Justamente por isso eu me pergunto: Qual Rio Preto eu quero ver?  Em qual Rio Preto eu quero viver? Qual a Rio Preto que quero para os meus filhos e netos?

Por que será que não é essa a pergunta que os candidatos nos fazem nos períodos eleitorais? Ao contrário, chegam com plataformas prontas, bonitas, quase sempre escritas por bons marqueteiros.  

Trazem promessas e oferecem coisas que nem sempre nos dizem respeito. Muitas vezes, sequer passam perto do que realmente acreditamos importante.

Será mesmo que todo mundo está preocupado com inundação, com o trem que corta a cidade, ou com a qualidade do asfaltamento?
Veja.  Nada disso é desimportante.  Mas será o principal?

São essas obviedades que deveriam constar dos chamados "planos de governo”, ou será que esse "caderninho de metas” deveria trazer sim, as ações a serem tomadas em prol das pessoas?

E mesmo que trouxessem, teriam sido fruto do debate?  Do questionamento?  Da participação plena dos cidadãos e cidadãs?
Uma cidade vai além de seus problemas aparentes.  Há mais que só concreto e paisagismos.  Nem tudo é questão de arquitetura.

O prefeito não deve ser meramente um mestre de obras.  Sua sensibilidade precisa estar presente em cada ato seu. Uma cidade de verdade, valoriza o emocional, passa pelo sentimental. Atinge em cheio os corações. É feita pra pessoas. Pra gente.

Quando eu vejo um pequenino sendo cuidado por seu irmão ou irmã de mais idade, mas mesmo assim jovem o bastante para dever estar na escola, há um problema que não se conserta com construção de creches, apenas.

Quando uma mãe pede ao diretor da escola primária que permita que seu filho suspenso possa ir ao colégio, pelo menos merendar, há mais que apenas a necessidade de uma política de inclusão escolar.

Quando jovens desejam sair a qualquer custo de casa, para viver em outros lugares, não estão só buscando aventuras, mas talvez alguma perspectiva de futuro que não lhes foi ofertada por aqui.

A Rio Preto que eu queria habitar, deveria sim ter emprego, comércio vigoroso, praças e avenidas bem iluminadas.  Mas ela teria sobretudo pessoas completas, realizadas e seguras.  Seguras em todos os sentidos.

Eu fico sempre assim quando se aproximam os pleitos municipais. 

É porque sei que a vida da gente começa na cidade.  É aqui que as coisas acontecem, ou então não.

E me assusta imaginar que veremos mais do mesmo.  Ou então que não participaremos, de novo, o suficiente.  Que não daremos a contribuição que todo bom gestor deveria aceitar de bom grado, qual seja, a de uma política participativa.  

Utopia? Quem sabe.  Só se pode confirmar, se for tentado. E sempre é possível quando se há vontade.  

Fala a verdade. Não faz falta um prefeito que fica menos no gabinete e mais nas ruas, nos bairros, nas periferias? Não seria fantástico um camarada que se dispusesse a debater com associações de moradores, movimentos sociais, conselhos e munícipes em geral, coletivos enfim, os rumos, as decisões e as soluções?

Faz muito mais sentido.

É essa a cidade que eu sonho.  E eu penso que é preciso dar um jeito nisso pra ontem?

Artigo publicado em 26/06/2020 - DL News

Ser uma nova versão.

Muitas vezes eu me ponho a aconselhar pessoas.   Desde os filhos, companheira, amigos e até quem não pede conselho algum. Feio isso, né? A...