domingo, 27 de dezembro de 2020

Nada como um dia(ano) atrás do outro.

Antigamente eu pensava em quais parâmetros, aqueles que dividiram o tempo, se basearam.  Me parecia ilógico um mês possuir apenas 28/29 dias, com tantos meses tendo 30 e outros até 31.  Não poderiam pegar um dia de agosto e um de janeiro, por exemplo e emprestar para fevereiro? Daí ele teria 30 dias durante 3 anos e 31 no quarto, aquele a que chamam de bissexto. No meu mundo de criança isso me parecia bem mais inteligente.

O fato é que não vem ao caso.  Queria mesmo é falar de tempo, de ano, desse nosso ano.

Definitivamente eu não posso me queixar de 2020. Apesar de tudo, até aqui ele me parece um ano muito especial. Precioso. Se feliz, não sei. Com certeza para muita e muita gente, as tristezas e perdas, marcaram muito mais que as alegrias.

Tenho visto muita gente gritando aos quatro cantos pelo fim imediato desse ano, como se fosse uma praga.  Algo ruim.  E claro, eu compreendo.  A pandemia arrasou planos, sonhos, economias, metas, encontros, viagens, aprendizado e sobretudo e mais cruelmente, separou pessoas, aqui no mesmo plano, pelas regras de isolamento, e pior, conduzindo boa parte para um plano inacessível ainda para nós. O "outro lado".

Em muitas famílias, as lembranças desse tempo serão trágicas e levarão muitos outros anos para serem superadas. Se é que serão.

Ao mesmo tempo que vimos cemitérios e UTIs cheios, assistimos comércio fechado, ruas vazias e empresas sólidas e tradicionais fechando as portas definitivamente.  Não sei você, mas eu vi amigos queridos e capacitados perdendo seus empregos.  Outros tantos, hospitalizados.  Mas ainda tem mais. Amazônia e Pantanal em chamas, superando todas as estatísticas mais terríveis que nosso meio ambiente já registrou.  Vimos a volta do Brasil para o mapa da fome da ONU e direitos trabalhistas serem dissolvidos aos poucos com a desculpa de efeito da pandemia. O nosso país foi levado a um patamar de vergonha internacional nunca dantes experimentado. Bagunças administrativas na gestão federal demonstraram incapacidade total dos mandatários e insatisfação grande dos representados.

Em resumo, um arraso total e generalizado causado pela pandemia da COVID 19 e pelo pior governo de todos os nossos 520 anos.  Destaque para o fato de que, em plena crise da saúde, não conseguiu manter vivo seu Ministério.  E perdemos assim a oportunidade valiosa de mostrar nosso valor ao mundo. Ou alguém tem dúvidas que poderíamos, se mantidos investimentos na ciência como há alguns anos e equipe competente na pasta, termos sido os precursores da vacina, ao invés de estarmos na fila para comprá-la? 

Vou deixar de lado o fato de que negacionistas contumazes que se destacaram ao longo desse ano, ainda fazem a campanha antivacina, de certa forma apoiada pelo irracional que chefia a nação.

Se o cenário é esse e esqueci muita coisa, como ouso dizer que "pra mim" o ano foi especial?

É que especial tem duplo sentido.

Olha, eu costumo acreditar nas mudanças como sendo necessárias e representando o fim de um ciclo e início de outro.  E claro, mudanças e reformas são sempre dolorosas, fazem barulho e sujeira. Por vezes a gente se fere durante o processo, quebra coisas.  E para mim, o que estamos vivendo, no meu caso inclusive é uma grande mudança.

No micro, depois de anos com sucesso nos negócios e certa tranquilidade foi necessário desligar pessoas importantes de nossas empresas, devolver o prédio que ocupávamos, distratar diversos parceiros, interromper contratos e enxugar despesas ao limite mínimo. No final, passar uma das marcas adiante.  

Repensar a própria condução da minha vida particular com avaliação de prioridades foi também tarefa difícil, mas sobretudo de muito crescimento interior. E todos à minha volta foram atingidos de algum modo. 2020 foi meu primeiro ano inteiro como divorciado, reaprendendo a ser pai de uma forma mais completa.  Também foi o primeiro ano inteiro com um novo relacionamento, o que me ensinou a doar-me e a estar aberto para receber.  Meus pais passaram a enfrentar com galhardia um grande sufoco pela saúde de meu pai.  Estão lutando tão bravamente que eu e meus filhos vimos reforçados nosso orgulho e admiração por ambos, que aliás já eram grandes.

Passei boa parte da quarentena confinado em casa ao lado dos meus rebentos. Acredito que em todos os anos anteriores, a nossa relação filial/paternal, jamais fora tão próxima. Por meses conversamos e convivemos profundamente. Cada refeição, noite ou dia juntos em casa, representou um momento de muita ligação e afeto. Como os conheci melhor!

Ah e meu irmão e sobrinha vieram de longe para ficar com meus pais em sua casa por quase 4 meses.  Se houve distanciamento por conta da segurança, ouve também muita proximidade e conversa boa em encontros salutares e claro, seguros. 

No geral, com medo, constrangimento e tristeza, vimos pelas janelas pessoas adoecendo e morrendo.  Parte delas se cuidando muito e outras abusando da sorte, negando a gravidade do coronavirus.

Num misto de revolta e "alívio", percebemos passar o tempo sem a alegria das festas, dos encontros, dos passeios. Um filho completou seus 20 anos e o outro atingiu a maioridade e concluiu o 2o grau sem celebrarem com amigos e familiares.  Talvez por isso sobrevivemos até aqui, firmes e fortes, sem resvalar no vírus "do arrebatamento".

E por falar em arrebatamento, para quem passou a infância imaginando como seria o apocalipse, vê-lo se apresentar desse modo, tão silencioso e com o sol brilhando lá fora, foi bem surpreendente.  

Nas ruas, shoppings e supermercados, o mundo caminhando de máscaras e as redes sociais tão odiadas pelos pais e desestimulada por pedagogos e psicólogos, passou a ser alternativa primeira de contato próximo/à distância, até para aulas.  Não é irônico?

Horários bagunçados.  Ninguém mais, no auge do confinamento, sabia direito a que horas deveria dormir, se banhar ou fazer suas refeições.  Não importava, na verdade. Hoje, meio que voltando aos poucos, nossos organismos ainda se rebelam. Em muitas casas, acho que nunca mais haverá regras claras sobre essas coisas.

Nessa minha retrospectiva, além dos diversos incidentes naturais que se abateram sobre o planeta (enchentes, terremotos, secas, vendavais e até praga de gafanhotos), ainda presenciamos o aumento de  feminicídios, racismo e outras formas de violência. Enquanto isso, aqui ao nosso redor, gente próxima valorizando o armamento mais acessível pra todos.  Pode?

Se os itens mencionados desenham esse painel que parece terrível, quem sabe o extrato disso tudo não possa ser a consciência ampliada e a geração da força que necessitávamos para fazer com que o novo tempo fosse diferente?  É nisso que estou apostando.

Falo de transcendência.  Espiritualidade.

Quem nunca ouviu aquela conversa toda sobre a transição planetária que tornaria nosso globo um lugar de regeneração? Parece que ganhou sentido agora.  Afinal, afetados pela trágica incidência da pandemia, todos de algum modo pudemos repensar nossos valores e objetivos de vida, não foi? Por certo um mundo diferente restará de tudo isso.  Nada de novo normal, insisto.  Diferente. Quem sabe governado por forças de luz que dispensarão os intermediários?

Gosto de misturar as coisas. Consola, sabe?

E por falar em governos, a exemplo dos estadunidenses e bolivianos, que recentemente deram um salto nos seus equívocos de há pouco, quiçá o Brasil e toda a Terra recomecem a substituição do modelo divisor, excludente e rancoroso, hoje vigente, pelo do amor, tolerância, inclusão e justiça. 

Para reformar temos que por abaixo. Para mudar temos que sair do conforto, embalar e despachar nossas bagagens. Na minha lógica, é isso que estamos vivendo agora. Então, o que vem por aí só pode ser outra coisa.  Outro tempo. 

Quem viver, verá.



quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

A família e o Natal

"Família, família
Vovô, vovó, sobrinha
Família, família
Janta junto todo dia
Nunca perde essa mania"
(Arnaldo Antunes / Toni Bellotto)

Ronaldinho e Mel deram à luz Amora e Tokoloko (chamado também de Bily). A mãe mal comia enquanto amamentava e chegava a rosnar se alguém se aproximasse de seus rebentos. Até para fazer suas necessidades ela se demorava menos de 5 ou 7 segundos fora do ninho para não deixá-lo sem sua proteção.

Ronaldinho um spitz alemão e Mel uma yorkshire.  Seus filhotes ganharam uma aparência peculiar.  Mas hoje, moram separados dos pais.  


Alguém já parou pra pensar porque animais se desapegam tão fácil de suas crias assim que elas começam a se cuidar sozinhas, enquanto que nós humanos ficamos cada vez mais grudados com os nossos pais e filhos?

Um amigo chegou a me dizer que é questão de cultura.  Ele me falou que nos EUA por exemplo, se um jovem completa a idade de sair de casa e não o faz, seus pais sentem vergonha dos amigos e chegam a esconder o fato. Que frieza!

Já os latino-americanos, quase nos desfazemos em lágrimas quando um filho informa que vai "prestar faculdade" fora.  E tem gente, entre nós, que casa os filhos e insiste que continuem a morar juntos, um hábito cada vez mais usual. 

Eu sou muito apegado.  Quando o trabalho exigia vigem constante e para longe, eu me acabava de tristeza, saudade e consciência pesada, pois a cada lugar bonito ou diferente, me incomodava não estar ali com a família, sobretudo os filhos. Chorei ao assistir o Fantasma da Ópera na Broadway por não estar com os filhos.  Daí os levei e chorei por não estarem lá, os meus pais.

Por causa disso, aliás, acho que não dei voos mais altos.  Como fica evidente, além dos filhos, sou também bastante unido com os pais.  Em 2007 tivemos uma oportunidade fantástica de mudarmos de vez para Portugal, mas a somatória da chegada do filho caçula com os pais entrando na terceira idade, foram fundamentais para desistirmos.

Claro, não me arrependo.

Ficar junto, estar junto, vale qualquer coisa.  Momentos para se guardar na lembrança, no coração, na mente, ou mesmo na carteira e celular em forma de foto. E não importa quanto tempo dure esse estar junto.  Cada minuto, cada domingo ou cada jantar em família é bom demais.  Viver a família, pra quem ama de verdade isso é um hábito que só se aperfeiçoa. 

Me lembro de um tempo em que os natais eram muito esperados principalmente por mim.  Eu amava as luzes, cores, músicas, propagandas na TV e outras alegorias natalinas, mas era o reencontro com os primos que vinham de várias cidades e a noite longa na qual ficávamos juntos em casa de meus avós, o que mais me encantava.

Aquela casa cheia, mesa farta, abraços, orações e trocas de presentes, foi diminuindo com a idade dos avós e a perda de um deles.  Enfim, minha mãe e meu pai, mantiveram a tradição e logo transferiram para nossa casa as ceias.

E foram várias.  Uma maior que a outra.  Casa enfeitada de luzinhas, árvore de natal, mesa de frutas, de presentes, até fogos coloridos já teve.  Tios e tias, primos e primas, agregados de toda parte.  Amigos desprendidos ou distantes de suas próprias famílias a nos adotar como suas. Era tão legal que eu cheguei a pensar que isso não acabaria nunca. Mas sabe, com o tempo, tudo foi ficando muito complicado. Comemorar o natal em família agora é tímido, quase incomum. 

Talvez pelo consumismo desenfreado que foi tomando conta desse período.  Quem sabe ainda pela mistura de costumes e hábitos familiares diversos, em que alguns não celebram natal e outros não valorizam o estar em família. Existe, viu? 

Há também presente, em muita gente, um certo desprendimento da religiosidade que emoldura e reforça a celebração do natal. 

E não vamos descartar o que pode ser o mais fatal: a necessidade ou obrigação de trabalhar duro, cada dia mais, até quase a meia noite da véspera do natal. Quem tem fôlego, para comemorar coisa alguma, depois de um dia inteiro de trabalho pesado, ouvindo e lidando com centenas de pessoas vociferando atrás de um presente ou de um frango congelado?  Não sobra força, nem alegria, nem ânimo, nem fome, menos ainda vontade de sair de casa depois de um dia inteiro, ou muitas vezes, semanas inteiras de trabalho bem mais pesado que o comum.

Atrás de namoradas ou namorados, dividindo-se entre pais e sogros, ou mesmo sem dinheiro para viajar ou fazer festas, ou por ter trabalhado exaustivamente, esse tipo de encontro vem raleando. E agora, em tempos de pandemia, pode ser ainda pior, pois há um outro e forte motivo para não fazer festa. 

Sei lá.  Se não cuidarmos, esse "costume" pode desaparecer mesmo.  Mas a gente não pode deixar isso acabar. Nem que for para trocar mensagens pela internet na hora "H" ou quem sabe, fazer uma ceia no estilo "live".

Justamente por ver a COVID ceifando vidas, separando e destruindo famílias é que não podemos deixar de lado essa preciosa demonstração de afeto.

Com muita responsabilidade e amor, devemos prosseguir na insistência por estarmos próximos.  E auguro mesmo que possamos repensar agora os instantes no passado em que deixamos de estar juntos por conta de caprichos, pequenas brigas ou discussões, que hoje se mostram tão inexpressivos diante da impossibilidade de voltarmos no tempo.  

Enfeitar a casa de gente e perder menos tempo comprando presentes e comida, para gastá-lo melhor conversando ou revendo velhos amigos, familiares ou amores é o verdadeiro sentido do natal e da família em si. E com jeitinho, isso não vai matar ninguém.

Ah e tem mais, falando em matar, a gente é mesmo diferente de bicho.  Tão diferente que sabemos, acreditamos ou sentimos, que mesmo quem não está mais aqui, ainda está junto e sente quando a gente também está junto e sente.


terça-feira, 1 de dezembro de 2020

E se eu bater na sua porta agora?


Cansado e triste, João Pedro tentou muito naquele dia.  Foi a bancos, pois já conhecia o oficio de escriturário, caixa, atendente, mas também foi a lojas.  Achou que conseguiria, em final de ano, uma vaga para vendedor, carregador, empacotador e até mesmo segurança em um estabelecimento qualquer.

Já tinha tentado ser motorista de aplicativo, mas agora, nem carro tem.  Então o que restava?  

Sempre criativo, já tinha procurado idosos no bairro para oferecer de fazer compras, acompanhar a médicos ou coisa parecida.

Até pensou em fazer jardim, trocar torneiras e lâmpadas, para o que não era preciso ser nenhum expert.

Mas nada tinha dado certo.  Ninguém nunca lhe dera qualquer tipo de oportunidade.  Quando muito, ouviam até o fim seu pedido, sua proposta.

Chegou no bar.  Não ia beber.  Não queria beber.  Não precisava beber.  Mas estava com fome.  Uma coxinha de frango não lhe mataria.  Ainda restavam alguns trocados da última parcela do auxílio desemprego.

Se sentou no banquinho e folheou novamente os classificados que tanto olhou naqueles dias.

Mas sua atenção foi despertada por dois sujeitos que conversavam alto.  E um deles parecia ter todas as respostas para o outro que, mais tímido, tentava argumentar.

_Eu acho que vai ficar muito mais difícil que está agora e nós temos sim que aceitar que se faça alguma coisa pra essa gente.

Era uma quarta-feira, ainda em horário comercial.  João não pode deixar de pensar que aqueles cidadãos, por certo, tinham suas vidas resolvidas já que estavam a tomar uma cerveja gelada aquela altura da tarde.

O interlocutor da conversa, deu um gole com vontade em sua cerveja gelada quase engasgando para responder ao amigo.

_De jeito nenhum. Nunca ninguém me deu nada. Tudo o que eu tenho foi conquistado aqui - disse batendo no braço com força.

O outro argumentou insistente:

_Cara, mas e se não tiver emprego pra todo mundo?  O número de desempregados é enorme.

Chamando o balconista para pedir mais uma cerveja, seu amigo riu alto.

_Ah, conta outra.  Pra quem quer trabalhar, não falta 10 metros de quintal pra limpar. É só bater nas portas por aí.

João não queria encrenca, mas levantou-se gritando com ele.  Um misto de esperança com revolta.

_E se eu bater na sua porta agora.  Você tem quintal pra eu limpar?

O cara olhou pra João meio assustado, mas não se fez de rogado.

_Eu limpo meu próprio quintal.

Mas João persistiu.

_Ora, o senhor tem outras coisas para fazer.  Emprego, lazer, coisas enfim. Enquanto isso estará me dando uma oportunidade.

O cara abaixou a cabeça.  Mas levantando arguiu.

_Por que está fazendo isso?

João não entendeu.

_Fazendo o que?

_Oras, me testando.

João puxou um banquinho perto do cara.  Depois colocou as mãos sobre o ombro dele.

_Não amigo.  Você não entendeu.  Eu estou procurando emprego, trabalho na verdade.

O cara riu e cutucando o amigo falou:

_Veja aí. - apontando para João - Bem vestido, falando bem.  São os esquerdinhas querendo bater boca.

João disse convicto.

_Esquerdista?  Nem sei o que é isso.  Só quero comer amanhã.  Esse salgado que eu ia comer era o resto do meu seguro desemprego.  O finzinho dele.

O cara se levantou.  Enxugou a espuma na boca. 

_E você deixou pra procurar o que fazer no último dia?

João sorriu.

_Não amigo.  Desde o primeiro dia do meu aviso prévio eu estou procurando.  Quando ainda podia pagar meu pós pago.  Só que ninguém tem nada pra mim.  Nem lojas, nem açougues, nem padarias e nem quintal pra limpar.  

Tentando consertar as coisas, o rapaz que havia ficado calado até aquele momento, pediu a conta para o dono do bar e falou aos demais.

_É isso que eu tentava dizer.  Não tem e não vai ter emprego para todo mundo.  

Pagou a conta, puxou o amigo pra fora que não se despediu de ninguém, mas saiu pensativo.  Talvez tentando imaginar como alguém melhor aparentado que ele, estivesse naquela situação.

João ficou vendo-os sair do bar.  O balconista o chamou:

_Rapaz!

João pensou feliz.  "Vou ganhar uma oportunidade no bar".

Mas o balconista prosseguiu:

_Se puder escolher logo seu pedido, eu tenho que fechar daqui a pouco.

 


segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Sobre ganhos e perdas

 

Alguém mal esperou o resultado das eleições desse segundo turno ser divulgado e já foi logo me mandando uma mensagem no WhatsApp.

"Você não ganha uma eleição.  Votou em si mesmo e perdeu seu voto. Agora, pediu votos para Boulos e Manuela.  Nenhum deles venceu. Você precisa repensar suas escolhas."

É difícil tentar explicar algo tão simples a uma mente tão complexa.  Mas eu tentei:

"A gente não ganha votos porque o candidato em quem a gente votou venceu as eleições. A gente ganha votos quando votou em um projeto que nos representa.  O inverso é verdadeiro.  Não perdemos votos quando nosso candidato não foi eleito.  Perdemos votos quando votamos em um projeto prejudicial ou falso, cujo programa que escolhemos ou acreditamos não será aplicado nem com a vitória desse candidato."

O voto que escolhi por acreditar no programa, nas palavras, na proposta enfim, foi o melhor voto. Foi assim quando votei em mim ou quando pedi votos para nomes em quem confio.  Por isso eu saio sempre feliz de todos os pleitos.  Já votei em Lula, já votei em Suplicy, já votei no Orlando, já votei em Feitosa e já votei em Edinho, em Marco e João Paulo Rillo, em Cacau, em Liberato e embora nem sempre meus candidatos foram eleitos, nunca perdi meu voto.  Nunca dei um voto pelo qual tenha me arrependido.

Conviver com política é muito diferente de só debater política. E de 2015 pra cá, vivemos uma realidade um tanto quanto ambígua.  Pessoas que sempre foram alienadas da convivência política, de repente se puseram a comentar, debater, praticar a discussão. Em que pese isso ser sim um avanço, ainda está longe de ser experiência política.

Muita gente ainda "bate-boca" quanto a esquerda e direita sem entendimento algum do que isso significa. E quando vamos para as questões que envolvem socialismo, liberalismo, comunismo etc. imediatamente somos envolvidos em discussões por "especialistas de botequim" que se imaginam grandes  entendedores de pesadíssimas doutrinas apenas por leituras vagas feitas em redes sociais ou mensagens ocasionais de grupos dos quais fazem parte.

Jesus! Como exige paciência esclarecer pontos importantes desses sistemas políticos e econômicos diante de pessoas que, por serem bombardeadas por "fake news" e todo tipo de desinformação, batem em teclas absurdas e sem sentido.

Há ainda quem misture a questão religiosa na defesa do ponto de vista, como se a prática de um ou outro modelo tivesse a ver com a fé ou falta dela.  Sem falar em gente que usa a "família e os bons costumes" como pano de fundo. Foi com isso que elegeram Bolsonaro sem perceber que por trás estava um grande engodo. 

Minhas respostas quando isso ocorre são as mais cautelosas e didáticas possíveis para evitar a agressão ou a ofensa.  Não quero dar impressão de superioridade ou menosprezo. Mas devo confessar que geralmente saio cansado, ofendido e como se tivesse sido derrotado por simplesmente parar e desistir de falar (escrever) tamanha a falta de noção do interlocutor.

Hoje ao analisar o resultado do segundo turno, consigo avaliar coisas boas.  Manuela sai forte do processo no Rio Grande do Sul.  Também sai vitorioso Boulos na capital de São Paulo.  Caramba.  Estamos num cenário em que a extrema direita está no comando e perdendo quase tudo para a direita ou o chamado centro.  Se isso não devolve as forças para a esquerda, pelo menos já demonstra um "repensar" da população na atitude tresloucada de 2018. Um recuo do chamado bolsonarismo ao que foi vigente por 500 anos nesse país. Já já o povo brasileiro lembra que depende de trabalhar todos os dias para sobreviver e que portanto é trabalhador, devendo votar como tal e não como patrão.  Quem sabe? Aos poucos a gente chega lá.  

Eu mesmo, desconhecido total em Rio Preto, embora militante antigo da política por aqui, saí desse processo eleitoral mostrando que tinha (tenho) discurso e programa.  Capacidade e visão progressista.  No universo político, estou agora incluído de vez.

Esses aspectos não são facilmente assimilados por quem vive a política de superfície.  E é por isso que esse pessoal ainda escarneia de resultados como os de hoje, demonstrando seu desconhecimento total do processo que se constrói, eleição após eleição conforme vai amadurecendo a democracia.

Por isso não só não me arrependo, como estou orgulhoso de ter pedido votos para o 65, 50, 13 e até 12 onde foi preciso.  Essa é uma frente que se fortalece e que já vem pronta para 2022.

Como eu sempre digo, quem viver, verá.



quinta-feira, 26 de novembro de 2020

FRANCHISING - Balanço Geral

Edifício Sede da San Martin até 2020
Proprietário hoje da San Martin Corretora de Seguros e da Seleta Franquias, ao lado de meu sócio Edinilson Lopes e nossa diretora administrativa Caroline Gouvêa, estou vivendo um momento novo e inusitado da minha carreira.

Claro que, alargado pelos efeitos da COVID19, o processo de retração de nossos negócios que começou pouco antes, agora assusta, mas também motiva em tempos de anunciado recomeço.

Não posso alegar ingenuidade no tocante ao universo do franchising no Brasil e suas decorrências tendo participado de uma jornada profissional bastante densa nesse importante setor de nossa Economia.

Iniciei minha relação com o mundo das franquias no começo dos anos 2.000 prestando serviços como contratado da Rede Microlins.  Mais tarde fui proprietário de 3 unidades da mesma marca em cidades distintas. Ainda não tinha me desfeito das escolas quando comecei a formatação de uma marca que fundei com Caroline, minha então esposa, a San Martin Corretora de Seguros, na tentativa de expandi-la como unidades franqueadas. Era algo por volta de 2005 e infelizmente foi necessário adiar esse projeto por questões legais e estruturais que imperavam no ramo de seguros naquela altura. 

Chamamento da World Brasil
Mais adiante, já sem minhas escolas, prestei serviços à rede Prepara e por fim fui contratado como um dos diretores da Dr Resolve ainda em fase bem inicial.  A relação com essa marca me deu um cabedal indiscutível no ramo de franquias e também algumas lições poderosas.

Ao sair, imediatamente fundei com sócios não menos experientes, a World Brasil Franquias que  emprestava a expertise dos seus componentes para dezenas de marcas, seja na formatação, vendas de unidades ou mesmo apoio e consultoria aos respectivos franqueados de cada uma.  

Dentre as marcas que atendemos na época, estavam Seyprol (segurança), Minas Blue (suprimentos de informática), Sr. Computador (assistência técnica em informática), Vilesoft (sistemas de informática), Pet Cursos (educação), passando ainda por Projeta (cursos profissionalizantes), Mercadão dos Óculos (óticas), Finnance (intermediação de negócios financeiros) e BelleJu (estética).  

Nem todas seguiram adiante, pois a continuidade ou não era de competência e investimento de seus proprietários e manter o fôlego num mercado de extrema competitividade não era muito fácil.  Aliás, não é.

Folder da World Brasil
Fundamos, eu e meus sócios, a Maria Brasileira, rede de franquias de limpeza e cuidados que rapidamente se espalhou pelo Brasil.  Já não faço mais parte do quadro societário, mas não tenho como deixar de lembrar com orgulho dessa marca inteligente, positiva e de ligação completa com o público.

Ainda com a Maria Brasileira, novamente iniciamos a formatação da San Martin Corretora que então pôde seguir em frente. Em pouquíssimo tempo, chegou aos mais distantes rincões do país e no seu ápice atingiu 330 unidades espalhadas por todo o território nacional.

Na sequência, com um dos sócios, fundei o Banneg, intermediadora de negócios financeiros e a Seleta Franchising para administrar nossas marcas e dar apoio a outras que porventura se interessassem pela ajuda.

Em constante ascensão, geramos serviços inovadores, suporte louvável e fomos convidados, dentre outras coisas, para levar nossas marcas ao exterior. Recebemos diversas premiações nacionais dentre troféus, dinheiro, viagens e reconhecimento.  Mas, havia uma pedra no meio do caminho e é sobre ela que vou me ocupar nesse texto.

Diante dessa história pesada, apresento algumas considerações para reflexão própria, como uma autocrítica e também para elucidar dúvidas e iluminar a pretensão de terceiros que desejem ainda se embrenhar por esse ramo.


A ERA DE OURO DO FRANCHISING NO BRASIL

No final da década de 90 o histórico do franchising no Brasil já era bem motivador.  O sistema de trabalho começou de maneiras diversa e tem uma origem controversa, mas apresenta picos destacados como os anos 50 e depois os anos 80. Os Estados Unidos, com certeza foram os precursores do modelo que nos foi apresentado quando os shoppings explodiram por aqui.  Franquias de alimentação e vestuário foram as grandes desbravadoras do Mercado Brasileiro de franquias.

Estande Dr Resolve para
Feira ABF

No meio desse contexto, embora bem mais tarde, surgem, principalmente no interior de São Paulo, com destaque para a cidade de São José do Rio Preto, algumas modalidades um pouco mais avançadas.  

A micro franquia de filtros de água Hoken cresceu exponencialmente em tempo "mágico".  Quase que na mesma onda, se multiplicava a rede de cursos de informática Microlins. Essa última, incrementando o suporte e conseguindo oferecer aos seus franqueados a satisfação real ao mesmo tempo que cobrava e acompanhava seus resultados.

Esses exemplos seriam fundamentais para arregalar os olhos e atrair muitos profissionais que viram a grande oportunidade de suas vidas sendo-lhes apresentadas. E para tanto, quem não se iniciou em franquias na cidade, pra cá migrou mais adiante.

Em pouco tempo, uma cadeia de profissionais se desenvolveu no em torno dessas franqueadoras a oferecer serviços específicos de publicidade, marketing, sistemas de gestão e controle, treinamento e consultoria de campo, apoio jurídico, contábil e financeiro.  Ou seja, mão de obra qualificada para uma promessa de negócio amplo e financeiramente promissor.

Apresentação da Chama o Seu Zé - franquia
de serviços gerais de emergência
São José do Rio Preto se tornou um oásis em meio a tanta instabilidade.  Esses eram os iniciais anos do século 21, ajudados por uma política de inclusão econômica do primeiro mandato de Lula.

Eu que vinha do ramo de vendas de seguros (do qual nunca larguei) e já ministrava em horas alternativas treinamentos em vendas, telemarketing e outros serviços, fui logo convidado a incorporar, primeiro o quadro de coordenação pedagógica e mais tarde o de expansão da unidade piloto da rede Microlins. Eles estavam ampliando sua atuação para cursos profissionalizantes e de línguas.

Ao contrário do que querem fazer crer alguns, ter uma franquia já era e continua muito bom pois economiza ao empreendedor uma série de processos e tropeços inevitáveis no desbravar de um empreendimento.  E justamente por isso, não demorou para eu querer ter minhas próprias unidades franqueadas e fazê-las crescer a olhos vistos. Saí da Microlins onde atendia clientes e franqueados para minhas próprias unidades da rede.

Mas sim, há armadilhas, crises, defeitos, problemas e perigos no "game".  Só o tempo é capaz de mostrar e desenvolver a vacina de que o investidor precisa para não perder dinheiro, tempo e motivação. 

A legislação ainda vigente dava orientações sobre direitos e deveres de franqueadores e franqueados nessa relação.  Mas fundamentalmente o franqueador que cede o uso da marca e sistema de trabalho, deve também oferecer o treinamento para tal.  Não era incomum encontrar marcas que ao negociarem uma unidade, entregavam ao seu novo parceiro o contrato de franquia juntamente com um manual escrito de como proceder.  Quando muito, disponibilizava um consultor que visitaria esse franqueado no período de pré montagem das instalações e posteriormente para averiguar o cumprimento e observância do padrão.  Ou seja, uma relação de mão única, já que competia à franqueadora exigir e ao franqueado cumprir as exigências.

A novidade apresentada a partir do crescimento dos novos modelos que citei, estava justamente na ampliação desse apoio por parte de quem detém a marca.  A franqueadora então passava a oferecer um suporte mais próximo, permanente e de resultados na operação do franqueado.

Se por um lado isso garantia mais satisfação e possibilidades de êxito do investidor, por outro gerava também mais responsabilidades e um custo que precisava se adequar sob pena de não fechar a conta no final. E aconteceu muito isso, a saber, marcas que não duraram mais de 2 ou 3 anos.

Mais exigentes e menos compreensivos, compradores de franquias passaram a selecionar com mais critérios e franqueadores inescrupulosos a oferecer, mesmo sem condições, uma prestação de serviços por vezes ilusória.

Com isso, alguns formatos ficaram mais difíceis que outros e o crescimento das micro franquias se acelerou fazendo surgir de tudo.  Dava-se a entender que tudo poderia ser franqueado, de salão de beleza, a agências de viagens.  De lojas de animais a clínicas odontológicas. Ampliando-se o franchising na máxima potência, previa-se um colapso, que deu na verdade origem a um outro negócio.  Se de um lado estavam franqueadores e de outro franqueados, agora surgiam os "consultores" ou formatadores de franquias.  Um novo setor, dentro do setor de franchising.

Enormes consultorias com especialistas diversificados se criaram em todo o país.  Alguns dos quais enriqueceram rapidamente.  Se tornaram "verdadeiras autoridades" no assunto e passaram a vender a preço de ouro suas horas e atendimento.

Como em toda parte há gente boa e ruim, gente séria e malandra, ali também não foi diferente e em pouquíssimo tempo, espertalhões espalhavam as sementes de ilusão, levando indivíduos com suas empresas familiares bem constituídas a investir o que não tinham para se adequar a um plano de negócios inviável.  Nem tudo era replicável, mas "consultores" ávidos por dinheiro, enchiam de sonhos a cabeça de alguns empreendedores que viam suas pequenas fábricas ou mini lojas sendo espalhadas pelo mundo afora, o que depois não aconteceria.


A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FRANCHISING

Poderia se supor que a ABF não permitisse o aparecimento de aventureiros.  Mas a Associação criada por franqueadores e donos de grandes marcas não tinha o papel de "agência reguladora".  Por isso trabalhava e ainda trabalha sob a égide de um "código de ética" pelo qual se prescrevem algumas normas a serem seguidas por quem deseja fazer parte do grupo.

Caroline durante o processo
de internacionalização
Bastante interessada em vender espaços nas feiras de franquias ou mesmo publicidade em seu site, a Associação já foi bastante importante oferecendo verdadeira consultoria e orientação tanto a franqueadores quanto a franqueados.  Mas já teve também em seu quadro associativo e quem sabe dirigente, figuras de atuação duvidosa no mercado como os que mencionei anteriormente.

O fato é que fazer parte da ABF não garante lisura total ou qualquer que seja o aval que poderiam definir quem é ou não correto, viável etc.  Mas não participar, gera sim uma certa dúvida, sobretudo no público comprador de franquias.

Com minhas marcas participei muitos anos como associado.  No final, acabei por desistir, tendo como derrocada uma situação em que concorrentes agiram de forma desleal e foram apenas notificados pela Associação a se desculpar.  De qualquer modo, eu jamais deixaria de sugerir, a quem quer que seja, que se filiasse ao quadro de associados. Como no dito popular: "Se não faz bem, mal não fará".

As feiras de franquias sempre foram um momento relevante na exposição das marcas.  Mas também foi sempre crucial ter dinheiro para participar.  Colocar-se em um estande mínimo ao lado de enormes "catedrais", além de humilhante e constrangedor, faz com que arrastemos ainda mais credibilidade para esses concorrentes. O cliente nos visita, recebe atenção e informações, depois descansa no conforto e no drink oferecido pelos poderosos onde seduzidos, fecham contrato.

Determinar um padrão ou pelo menos um teto para essa exaltação de poder econômico, poderia ajudar aos associados, ao invés de distanciá-los e criar uma elite dentro do próprio grupo.  O mesmo se verifica com relação à participação nos congressos, palestras, eventos e publicidades oferecidas pela associação. Nem todos podem usufruir de todos os benefícios e por isso, ao invés de ganharmos com a participação, acabamos por perder, quando comparados que somos a outros.

E ainda há um outro fator que sempre incomodou.  Enquanto divulgamos um plano de negócios próximo do real, outras marcas apresentavam um fantasioso "reino encantado" de ganhos ilimitados sem qualquer análise ou comprovação por parte da associação.  Sem falar nas marcas que divulgavam uma infinidade de unidades jamais confirmadas quando as buscávamos pelo site, ou ainda quando recebíamos a informação segura de franqueados nossos que "tal concorrente" não existia na sua cidade como alardeado e publicado pela franqueadora em questão no própria site da ABF.

Por tudo isso ficou evidente que a Associação ainda tinha muito a se estruturar afim de merecer nosso mais dedicado vínculo.


AS MICRO FRANQUIAS

Folder da San Martin Corretora no início
Micro franquias são aquelas cujo investimento total, desde a aquisição da marca até sua implantação, não atinge determinado valor.  Por isso elas não expõem os investidores em risco e não causam danos graves aos seus compradores caso não haja êxito. Geralmente são aquelas cujo próprio franqueado está "com a barriga no balcão", ou seja, ele administra e toca o negócio atendendo ao público ele mesmo.

O investimento é bem menor, os riscos são bem menores, mas em contra partida, a responsabilidade pelo êxito é quase total dos próprios franqueados.  E o entendimento disso é o maior complicador, tanto por parte do investidor que adquire o negócio, quanto de quem irá julgar, no final, se o dinheiro foi mal empregado pela inabilidade e falta de empenho do franqueado, ou por falta de suporte da franqueadora.

Em uma franquia de prestação de serviços em que o investidor deve conquistar uma carteira de clientes, por exemplo, cumpre a ele o papel de faze-lo já que a marca proporcionará o produto, os valores e as condições comerciais para negociação.  Claro, com treinamento para que o franqueado possa estabelecer a relação necessária com clientes e parceiros. Mas se no final, não se estabelece essa carteira, não há que se cobrar qualquer ônus do franqueador.

A maioria dos negócios nos quais me envolvi em todo esse tempo no ramo, tinha essa característica.  Portanto, eu fui um contundente treinador.  Mesmo enquanto diretor de operações do grupo Resolve, até tornar-me fundador e proprietário de marcas próprias, atuei em quase 100% dos treinamentos de novos franqueados, sobretudo no primeiro dia, explicando como o negócio funcionava e deixando claro que, se a franquia não prosperasse, era acima de 80% a responsabilidade do franqueado.  Os outros 20% vinham na forma de preço, fornecedor, produto, formato comercial, apoio de marketing e outras orientações que aí sim, competiam a franqueadora.

Quem realmente me ouviu, ou abraçou pra valer seu contrato e não se encontrou confiante, antes mesmo de dispender dinheiro ou energias inúteis, entregou-se à desistência.  Me lembro de um franqueado que imediatamente após o primeiro dia de treinamento procurou-me na sala para dizer que o que buscava era algo para ser dono, não pra trabalhar.

Outro, queria colocar nossa unidade, dimensionada para no máximo 50 metros quadrados, em um local que antes fora alugado a um banco na cidade de Campinas.  Dá pra imaginar uma unidade maior que toda a franqueadora e com um custo a jamais ser coberto pelo business plan do negócio?

Essa é a forma como enxergamos a ética. Detalhar, informar, amenizar aquela empolgação inicial gerada pelo responsável pela expansão, dando ao investidor a real dimensão de seu papel.

Ressalto em um parênteses que além das micro franquias se fala em nano franquias, que às vezes se compõem de uma mala de produtos, um celular, onde o franqueado vende, negocia, explica, testa, entrega e dá suporte ao produto oferecido.  Ou seja, ou ele faz ou o negócio não se viabiliza. E isso existe e cresce a olhos vistos.

Dividido entre o sonho de ser um empresário a comandar uma equipe de colaboradores e a tomar decisões pesadas, o proprietário de uma micro franquia muitas vezes vai estar sozinho ou com mais uma pessoa tendo que angariar clientes, resolver conflitos, receber e fazer pagamentos, abrir e fechar o escritório, além de outras tarefas que talvez não lhe deem tempo de crescer.  Por isso é importante pensar bem e entender o que lhe está sendo oferecido.

Mas que fique claro.  Seja grande ou pequena, não há garantia de sucesso numa franquia.  Já vimos marcas famosas e poderosas fechando, se dissolvendo.  Principalmente quando carregam a sazonalidade ou a "novidade" como características principais.

Certas modas passam, conceitos também e nem tudo o que serve para o verão, se adequa ao inverno.  E por aí vai, complicando na hora da decisão. Todo cuidado e atenção são poucos para colocar dinheiro em alguma coisa.


ERROS E ACERTOS

Primeira Convenção Nacional
San Martin
Embora divida os louros com quem sempre esteve comigo, algumas coisas continuarei usando o "eu" para destacar. Acertei muito até aqui, mas errei bastante também.  E quando digo "eu", estou colocando comigo sócios, diretores, gerentes, colaboradores, franqueados e máster franqueados. Ninguém constrói um barraco ou um castelo sozinho. Mas quando me ponho a fazer autocrítica, gosto de usar a mim mesmo como exemplo, para o bem ou para o mal.

Afirmo sem medo que algumas coisas que criei foram inovadoras, mas por vezes ambíguas, já que trouxeram ganhos e perdas ao mesmo tempo.

Vou começar por coisas boas e que me enchem de orgulho.  Como quando fundamos a Maria Brasileira.  Em um momento de ascensão dos direitos trabalhistas, muitas empregadas domésticas estavam sendo demitidas ou tendo seu tempo de trabalho reduzido por patroas insensíveis, com medo da carga de impostos a ser gerada pela formalização do contrato de trabalho.

Conseguimos resolver isso com bom gosto e simpatia.  As profissionais oferecidas para trabalharem nas casas, iam em momentos específicos, para serviços específicos, uniformizadas e com atestados de bons antecedentes, treinamento e cordialidade a toda prova.  Como cereja do bolo, em muitas ocasiões deixavam presentes às residências visitadas, compostos por amostras grátis de produtos de limpeza, ornamentação e outros, oferecidos por marcas parceiras.

As cores em verde e amarelo da logomarca e dos uniformes, davam o toque de brasilidade em voga no momento.  Depois ainda, veio a fase do patriotismo vibrante com a copa do mundo e as olimpíadas, ambas no Brasil.

Ao franquear uma Corretora de Seguros e espalhá-la pelo Brasil, encontramos lugares desse imenso território onde o corretor de seguros inexistia sendo o produto comercializado apenas por bancos, sem qualquer comprometimento com a informação adequada, avaliação de necessidades de seus clientes ou pós atendimento.  Além desse serviço qualificado que oferecíamos para os clientes, eles também passaram a conhecer o "seguro" como deve ser de fato vivenciado.  Pudemos formar profissionais nessa área inexplorada por muitos que, saídos do ramo bancário, financeiro, contábil, jurídico e outros, viam uma grande oportunidade de fazer dinheiro sem por dinheiro. Não há em nosso modelo a necessidade de se investir em estoque e a prática do home office já era natural para nossas unidades iniciais que recentemente voltaram a experimentá-lo por conta da pandemia.  Contribuímos de maneira indelével ao Mercado de Seguros brasileiro.

Acertamos também com a criação das TVs corporativas em nossas marcas, gerando filminhos para a divulgação de produtos em redes sociais e outras ferramentas de longo alcance. Não cobrando a conhecida "verba de marketing" em uso no franchising realizávamos essa maneira alternativa de publicidade a serviço de nossos franqueados, substituindo a televisão convencional aberta pela expansiva abrangência da internet.

A Universidade Corporativa viria se compor depois num centro avançado de treinamento EAD permanente que dá ao franqueado a segurança necessária para oferecer o produto, principalmente quando cheio de especificidades como o seguro. Além de tudo, promove a atualização constante das condições gerais dos produtos. 

Nos mudamos para uma grande sede que nos servia de atestado de "saúde administrativa" onde além de abrigar nossos colaboradores em todas as áreas de suporte, mantinha um auditório para treinamentos constantes e presenciais.

Despertamos o interesse no mercado exterior e discutimos várias vezes parcerias na Europa, Estados Unidos e países da América Latina.  Estávamos bem encaminhados para isso antes da crise que nos atordoou e exigiu a interrupção de sistemas ampliados, aplicativos inovadores e outros projetos agora suspensos. Mas acreditamos que ainda somos bem vistos e esperados em alguns lugares onde as tratativas avançavam.

Outro acerto, mas esse com duas faces, foi o do acesso direto. Com meus Skype, telefone e WhatsApp abertos e acessíveis a franqueados, desenvolvi um modo particular de manter contato direto e permanente com a rede.  Fora repreendido e desestimulado por todos os colegas do ramo, mas insisti muito.  Mais tarde, no entanto, esse comportamento viria a apresentar seus efeitos colaterais irreversíveis e complicados. O desrespeito, a intimidade, a falta de hierarquia, a acomodação, a confusão das coisas, passou a vicejar. Mas durante muito tempo foi destaque de credibilidade e diferencial.

Hoje, no entanto, algumas coisas eu não faria se estivesse começando a franquear.

* Deixaria mais evidente a responsabilidade do franqueado no êxito de sua franquia e ressaltaria suas obrigações ao invés de manter um corpo numeroso de colaboradores da franqueadora. Os custos operacionais são terrivelmente altos e não se pagam quando há inadimplência de royalties.  Vinha cobrando menos de um salário mínimo para manter profissionais de várias áreas a atender um único franqueado.  Ou seja, por menos do salário de um profissional, o franqueado acabava recebendo atendimento múltiplo e alguns inclusive bastante completos, como se nada mais restasse à unidade ficando tudo ao encargo da franqueadora;

* Jamais praticaria o modelo de máster franquias. Em todo o mundo, o máster é aquele que adquire uma região específica e por ela se responsabiliza, devendo realizar a expansão da marca, incentivar, acompanhar e promover a produtividade dos franqueados sob sua orientação. É bem verdade que recebe percentuais de tudo isso, mas não antes de pagar o correspondente e cumprir um mínimo de atendimento, suporte e estrutura que substitui os investimentos que a franqueadora precisa ali fazer;

* Não manteria contato direto com franqueados salvo em circunstâncias específicas, talvez uma áudio conferência trimestral ou congressos bienais. Não raramente eles usam o acesso ao franqueador como forma de reclamar pequenas questões, descarregar a culpa de seus poucos resultados, solicitar descontos e perdão de dívidas, ou ainda desestruturar a relação com o resto da rede, denunciar colaboradores ou deles se esquivar;

* Evitaria contratos complexos como os que exigem participação em convenções, ou ainda os que definem obrigação da franqueadora em manter sistemas custeados por ela.  Garantir sistema é complicado, pois não foram poucas as vezes que foi necessário mudar de fornecedor, renegociar preços e mesmo sofrer por problemas técnicos.  No final, fica para a franqueadora receber dos franqueados a carga total de insatisfação e sanar os problemas gerados por falhas que não são nossas;

* Promoveria uma avaliação mais apurada do perfil ético e profissional do franqueado antes de seu ingresso.  Sofremos muito tendo com a falta de fidelidade de boa parte da rede, que desviando produção ou se aliando a concorrentes, diminuiu nossa força no Mercado.  Alguns ainda, acabaram por estabelecer marca própria a concorrer diretamente conosco já que detinham a mesma expertise por nós amealhada com o tempo;

* Não permitiria colaboradores de gestão ou cargos similares terem acesso a informações sigilosas como valores de produção, receitas, despesas, que depois acabam sendo socializadas entre franqueados, funcionários, fornecedores e mesmo concorrentes, tornando muito complicada a relação política que é estratégica para o bom andamento do negócio.

Essa foi, sem dúvidas, uma somatória complicada de erros que carregarei comigo. Há outros como contratações equivocadas, delegação de tarefas a inexperientes, não checagem completa do "modus operandi" dos franqueados, além da não execução, quando devida, de ações jurídicas contra maus elementos internos ou externos do negócio em questão.


CENÁRIO ATUAL

Assusta um pouco olhar pra frente.  Mas sempre foi instigante imaginar ou tentar desenhar um trajeto novo no horizonte.  Estamos a reestruturar bastante nossas marcas, que ao longo de 2020 precisou se recriar, adaptar ou mesmo envergar.  O importante é que no "frigir dos ovos" também foi possível separar o joio do trigo, ou saber enfim, quem está ou não no jogo.

A postura mais adequada a seguir deve ser a do ganho.  Franqueados e franqueadora devem ganhar.  Para sanar feridas do passado, evitar problemas atuais e principalmente gerar resultados que é o que definem um negócio vencedor.

O ramo de seguros ainda é muito forte e o não investimento em estoque, reafirmo, dá uma dinâmica especial, pois só resta ganhar. 

Já outros mercados precisam se adaptar também às novas condições.  O trabalho home, mesmo da equipe de back office da franqueadora é unanimidade. A utilização da inteligência artificial é pra ontem.  A maximização de vendas, o reuso dos leads e outras estratégias de "guerra" são emergentes.

Estou dedicando meu tempo recente em estudos profundos nas novas promessas ao franchising, inclusive tomando ciência de que há um sério risco de a curva há anos ascendente começar a se virar para baixo.

Por isso decidi rascunhar essa auto avaliação e partilhar com pessoas de algum modo ligadas a esse mundo.  Vamos pensar juntos.  

Independente do produto, o modelo de negócios agora é que precisa ser avaliardo.


sábado, 21 de novembro de 2020

Crepúsculo

Luzes douradas, meio avermelhadas sugerindo a glória do combate em um céu que ainda conserva o azul da tranquilidade.  Assim se compõe um crepúsculo.  Seja para anunciar a aurora de um novo dia, seja na expectativa de uma noite fresca, talvez escura e sem luar, mas sempre vibrante. Essa surpresa por ele esperada é o que o torna tão lindo e admirável para nós.


Esse parece-me ter sido o ano de 2020.  Um crepúsculo.  Mas já que estamos no seu termo, pergunto o que virá pela frente?  A noite ou o amanhecer?

O mundo viveu assustado, bagunçado, atordoado durante o ano todo diante da pandemia da COVID19.  Cidades vazias, comércios fechados, economia decadente, pessoas doentes e morrendo todos os dias. Governos confusos, autoridades desencontradas. Cientistas ora eufóricos, ora decepcionados.

Claro, ninguém saiu ileso.  Crianças fora da escola, professores se adaptando a uma nova regra para ensinar. Viagens proibidas, agendas canceladas por toda parte. Fronteiras fechadas.  Jovens completando sua adolescência afastados dos amigos e baladas. Adultos tendo que trabalhar de casa enquanto assistem o crescente desemprego, disfarçado pelas mentirosas estatísticas que querem confundir propositalmente o subemprego e a semiescravidão com trabalho de verdade. Idosos reclusos longe dos netos, dos filhos, das praças. Hospitais lotados, cemitérios com valas escancaradas e agentes de saúde exaustos.

A mim que já tive filhos, escrevi um livro e plantei muitas árvores, parecia não restar mais nada a experimentar.  Mas esse foi, sem dúvidas, um ano de muitas novidades.

Particularmente eu as vivi intensamente.  Recém saído de um relacionamento de 30 anos, vi ao mesmo tempo minhas empresas, uma delas de 25 anos, iniciarem o enfrentamento de uma crise sem precedentes, até ter que abrir mão de uma delas e já preparar mudanças drásticas para não perder as outras duas. Iniciei um novo relacionamento, apesar de no início eu achar que conseguiria ficar sozinho.  Me fechei em casa com meus filhos na fase mais dura da quarentena, sem sair para quase nada.  Vi meu pai no começo de uma batalha contra o câncer pra manter sua saúde, com apoio de minha mãe e meu irmão, que deixou seus afazeres no sul para ficar o outono inteiro recluso a cuidar deles. Enterrei alguns amigos e por fim, protagonizei um processo eleitoral pesado como candidato a prefeito de minha cidade, na coroação de uma militância política de longa data. 

Será que para mim ou para o resto do mundo sobraram emoções para o ano que vem? Com certeza sim.

Creio que em 2021 vamos vencer finalmente o vírus e presenciar o início da recuperação econômica  em todo o globo.  Vamos continuar, pelo menos no Brasil, a luta contra o fascismo e autoritarismo disfarçados que se instauraram no país aos poucos a partir de 2015, até seu auge em 2018. As urnas demonstraram que as pessoas estão acordando para esse grande perigo do qual vamos, sem dúvidas, nos livrar em 2022.

Nas minhas questões pessoais já estou renovando as forças para o que sempre fiz de melhor: recomeçar. Tenho planos e projetos audaciosos não só no universo profissional, como também político, que no fim dão quase no mesmo já que minha formação acadêmica é Administração Pública. Mas pra isso, tenho que pensar bem nesse cenário diferente. O fundamental, seja macro ou micro, está na forma como vamos começar a viver essa nova década.

A pandemia antecipou o futuro.  Profissões novas batem às portas.  Outras estão simplesmente se dissolvendo.  Já se vive a realidade sem volta do home office. As compras pela internet cresceram tanto que devem, por consequência, diminuir os clientes e tamanhos das lojas físicas.  Os shoppings deverão se transformar em áreas de várias outras ocupações que não somente o comércio.

Os serviços públicos deverão se tornar mais ágeis, completos, inclusivos, abrangentes e inteligentes. E mesmo a prestação de serviços privados, será ampliada com uso cada vez mais comum do bot (inteligência artificial). 

Aulas remotas devem continuar ainda por um bom tempo e mais pessoas realizarão "lives", reuniões pelas telas do computador e celulares, o que indica que o 5G deve chegar com tudo.

Os cuidados permanecem na ordem do dia e em muitos lugares as festas já estão canceladas.  Pelo jeito viveremos em um mundo provisoriamente sem natal, ano novo e carnaval.

Quem quiser se manter vivo terá que usar permanentemente máscaras que além de temáticas, devem ser confortáveis e antialérgicas. As aglomerações continuarão impedidas e as salas de danças, espetáculos e reuniões, para garantir o "não extermínio" de boa parte de nós, deverão se adaptar pra valer.  A segunda onda chegou.  Já é inconteste realidade e pode ser devastadora se não dermos a devida importância.

Como se vê, estamos diante de impasses e possibilidades para o bem ou para o mal ao mesmo tempo.  É por isso difícil definir se o crepúsculo que vivemos agora anuncia a luz do amanhecer, ou as sombras da noite.

Quem viver, verá.'


segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Friozinho na barriga

Uma sova na vaidade e na arrogância de se pensar com o melhor projeto ou por acreditar que bastava ser formado em Administração Pública.
Com praticamente a metade da votação que tive quando fui candidato a vereador há 20 anos, vi encerrada a apuração de ontem da eleição municipal, agora como candidato a prefeito de Rio Preto.

Foram apenas 526 dos votos válidos que aprovaram e preferiram o projeto “Rio Preto Pra Valer” que defendi com ardor durante toda a campanha. Ou seja só 0,26% dos eleitores da cidade. Uma inexpressiva votação, para não dizer vergonhosa.

Eu poderia ficar triste ou decepcionado, o que me consolaria, só que não tenho esse direito. 

Como milito politicamente há mais de 35 anos, já devia estar ciente de alguns pontos no universo eleitoral rio-pretense e com isso preparado para tal cenário.

Vou até discorrer sobre eles, mas nada substituirá em seguida uma fortíssima e necessária autocrítica que preciso fazer acerca de meus próprios procedimentos durante a campanha. 

Vamos primeiro aos fatos que com certeza foram determinantes nesse resultado:

1º - A cidade tem mais de 70% de seus habitantes na Classe Média.  E essa faixa é aquela que se acredita “bem de vida”. Boa parte dela até é, mas a outra sonha em ficar, e por isso tem dificuldades em se ver como componente da Classe Trabalhadora se esquecendo que precisa trabalhar todo dia pra se manter.  Não quer ser vista como tal e, portanto, se recusa a apoiar qualquer projeto que venha da esquerda;

2º - Essa mesma composição social porque se confunde com relação ao seu pertencimento de classe, aceita com facilidade o discurso da direita e em certos casos, vai além, apoiando inclusive projetos perigosos para sua sobrevivência como o de privatizar tudo, o que a levará a pagar pelos serviços públicos. E ainda por cima acha chique isso;

3º - Diante desse quadro, a união da esquerda se fazia necessária, senão para ganhar as eleições, para manter um coletivo coeso, com mais tempo de TV, chapa mais forte e verba reunida, tudo colocado em prol da eleição de vereadores.  Até tentei ou tentamos, Deus o sabe, mas o final e detalhes, todo mundo conhece. Somados, no entanto, os votos dos três principais partidos da esquerda foram mínimos;

4º - Dez concorriam, dentre os quais, o prefeito atual que ocupou a prefeitura por três mandatos.  Quatro outros defendiam projetos da direita conservadora, disputando Bolsonaro como aliado, o que agrada uma parcela, felizmente cada vez menor, do eleitorado acima mencionado.

Ora, como eu poderia pensar que o resultado seria diferente pra mim?  Entre os concorrentes da esquerda, meu partido era o menor, menos representativo e na cidade, menos organizado já que até pouco tempo jazia desestruturado, abandonado que foi pelos dirigentes anteriores.

Isso sem falar no seu nome, “assustador” para certas pessoas que, sem sequer saber por quê, trazem nas costas o anti-comunismo cravado.

Perdi a conta de quantas vezes tive que responder a questionamentos sobre comunismo pra gente que não sabe nem o que é capitalismo, socialismo ou liberalismo.

Feita essa preliminar, vou agora ao mea-culpa, ou a parte que me cabe diretamente nisso tudo. Não por justificativa, repito, mas como autocrítica.

Comecei a pré-campanha em agosto, ainda sem chapa de vereadores constituída e com o partido em reconstrução. Candidatos a prefeito se cercam de cabos eleitorais de primeira linha, a saber os candidatos a vereador, que irão pedir votos para si e para seus majoritários com ajuda de seus familiares e amigos. 

Ainda, ciente do pequeno espaço no horário eleitoral, deixei para o final os impulsionamentos na internet enquanto todo mundo fez isso no início, chegando rápido a maioria dos lares e celulares. 

Compus um núcleo duro de campanha com gente firme e competente. Mas a estrutura nunca foi suficiente.  Trabalhamos como doidos, por meses, sem qualquer orçamento, pois todo ele seria composto unicamente pela verba eleitoral que só chegaria mais no final, em meados de outubro. Comparados aos milhões de outras campanhas, nossos pouco mais de R$ 35 mil reais acabaram fazendo milagre.

Sabendo da força do eleitorado da Zona Norte, cumpri as regras de controle da pandemia e deixei para o final da campanha a ida às ruas. Não estava de todo errado, mas sendo um completo desconhecido eu devia ter aparecido mais por lá.

De um modo inesperado, a imprensa nos deu muitas oportunidades e foi galante o tempo todo minimizando a falta de visibilidade pelos meios naturais. Aproveitei cada espaço sem titubear. Também não me faltaram elogios, mas não me assoberbei com eles. Vieram apoios honrosos, mas não me encostei por isso.

Se por um lado estudei Rio Preto e cumpri com rigor a ritualística completa de uma campanha, pois não faltei a debates, não recusei entrevistas, não deixei de participar de encontros, de assinar documentos, de realizar áudios-conferências com grupos de apoiadores.  Por outro admito que não fui o candidato do povo.  Não parti para agressões gratuitas aos adversários, não exibi o riso fácil que me faria populista. Nos horários gratuitos do rádio e TV, fui pragmático na apresentação dos eixos do meu Programa de Governo, sempre falei com vigor e rapidez, sem representar o cara sereno e simpático que todos “iriam querer” abraçar. Não estive no calçadão aos sábados, só fui ao terminal rodoviário uma vez, nem compareci às feiras livres todos os dias. 

Basta ver quantos votos brancos e nulos deixei de conquistar, pois esses nitidamente desaprovaram todos os projetos, seja por não concordar com eles ou desconhecê-los, o que é mais provável no meu caso.

Já vivi campanhas demais, embora nunca para mim mesmo.  Mas não podia ter sido tão amador. Com isso tudo comprometi o que acreditei ser o mais avançado Programa de Governo que vi apresentado na minha cidade. As urnas são e pra mim foram implacáveis.

E agora?  

Tem tanta coisa pra fazer.  Tem loteamentos irregulares no em torno da cidade para organizar, regularizar, levar serviços e atendimento básico.  Tem escolas para preparar para o pós pandemia, pra equipar e dar dignidade aos professores.  Tem empresas limpas e da área da tecnologia para trazermos para cá fortalecendo a economia e gerando vagas de empregos.  Tem enfrentamentos importantíssimos e urgentes para evitar novos racionamentos de água.  Tem a saúde preventiva para fazermos de fato com apoio das faculdades da área da saúde.  A Cidade Inteligente para implantarmos com urgência. A ampliação da Cultura e do Esporte como mecanismos de inclusão e promoção social.

Pior que eu não queria submeter meus apoiadores e eleitores à impressão de que nosso projeto fosse ruim. Posto que ninguém o quis, até eu fico a pensar em tal hipótese. O pior, para ficar em último lugar, eu sei que não é.  

Na verdade eu queria vê-lo, ainda que em parte, aproveitado, corrigido, implantado, comentado, exibido ou qualquer coisa que não fosse aposentado, engavetado ou descartado. Só isso me aborrece agora.  Mas fazer o que.  Essa é a face exposta da Democracia.  Não sou eu quem decide o quando ou o como, mas sim é a maioria dos cidadãos.  Cabe-me o cumprimento resignado desse papel, qual seja o de aceitar a derrota sem prostração.

E assim fico, embora faça um apelo aos cidadãos e cidadãs rio-pretenses para que juntos tentemos avançar um cadinho nesse projeto que aprovaram com inegável imensa maioria dos votos. Dá pra gente fazer isso juntos se organizados e reunidos, mas só se quiserem, sem imposição minha ou de quem quer que seja.

Claro, não poderia ser de outro modo, vou estar a postos com meu livrinho-programa.  E com certeza também a Merli, o Darok, a Marcella e o Sr. Dirceu. Os camaradas todos do PCdoB.  Acredito, já que subscreveram nosso Programa, que concordam comigo. 

Essa luta, que chamei de bom combate parafraseando São Paulo, tem que ter valido à pena. 

Enquanto isso, cumprimento com respeito o prefeito eleito pela sua vitória, sinal de aprovação pela grande maioria de nossa gente, e sigo minha jornada como cidadão, que apesar de levemente abatido, agora carrega consigo aquele friozinho na barriga, sensação preciosa e indelével de dever cumprido. 

Por hoje é o que quero repartir com cada um daqueles 526. 

domingo, 8 de novembro de 2020

7 dias - 10 na disputa - 4 anos

Sete dias é o tempo que nos separa do entendimento de como o meu povo de Rio Preto avalia seu presente, seu passado e seu futuro.

São dez os candidatos a desfilar seus programas, discursos, imagens e contradições perante a população.

Não há pressão.  Não há que se decidir entre o vermelho e o azul, entre o bonito e o feio, entre o certo e o errado, entre esquerda e direita.

Na última vez que essa escolha se fez, na eleição de 2018, optaram pelo vácuo.  Parecia e fazia-se crer que qualquer coisa era melhor que as opções existentes.  Moral da história, optaram pela cadeira vazia nos debates.

Votaram e escolheram a não proposta.  O não programa. 

Não se avaliou o passado inócuo, vazio, desprovido de qualidade, de 30 anos do candidato no poder como deputado sem projetos para seu Estado.

Não se avaliou o presente assustador nos discursos de ódio, racismo, preconceitos variados, piadas sem graça, atitudes de mal gosto que ele repetia durante a campanha, ainda como paciente internado por conta de uma “facada”.

E fomos para as urnas.  A maioria também sem avaliar o futuro.  Pensando que não teria como piorar, os milhões de desiludidos da política, jogaram a história de um dos mais lindos, fortes e promissores países do mundo, no cesto de roupas sujas.

Aqui em São José do Rio Preto, agora, não precisa ser assim.

Vou repetir.  São 10 os candidatos, os projetos, os programas, as figuras, as histórias de vida, os serviços prestados, a militância e prática política, o preparo acadêmico. Dá pra escolher com calma, tranquilidade, serenidade, sabedoria e responsabilidade.

Por mim, por meus filhos, por meus pais, pelos seus filhos e pais, por você... escolha com muita atenção.

Seu voto respinga em todo mundo.  Seu não voto também. 

A vida das pessoas acontece nas cidades, por isso a eleição municipal é ainda mais importante do que a federal, posto que as consequências são imediatas em nosso cotidiano.

E se você ainda não se decidiu, preste atenção.  Tem tudo nas redes sociais, televisão, entrevistas, material gráfico e principalmente debates.

Nos debates não tem marqueteiro.  O tempo é igual pra todo mundo.  Não tem super produção e o valor gasto pelos candidatos não faz, ali diferença.

Os debates que já aconteceram, já estão gravados.  Tenho postado todos em minhas redes sociais para você conferir. 

Como no Facebook:

https://www.facebook.com/umanovariopreto/?ref=your_pages

https://www.facebook.com/carlosalexandreMov65/

https://www.facebook.com/carlosalexandre.gomes.125/

https://www.facebook.com/pcdob.sjrp

Também no Instagram:

https://www.instagram.com/carlos.alexandre.65/

No Twitter:

@carlosalex_sjrp

No Youtube:

Movimento 65 Rio Preto

No blog:

http://fazendoautocritica.blogspot.com/

Assim é só assistir, comentar, criticar, compartilhar, acrescentar. Ajudar a construir uma cidade diferente, feliz de verdade. Feliz Pra Valer.

Temos feito uma campanha que é Programa de Governo do começo ao fim.  Em que tudo que é proposta tem origem e é factível, explicável.

Nele, abordamos o cidadão da concepção à terceira idade.  Falamos da Pobreza escondida dos olhares de nossa classe média e como combate-la.  Discutimos com peso e credenciais o Desenvolvimento Sustentável que vai preparar as pessoas para a Cidade Inteligente que ainda não praticamos.  E por fim, falamos das formas inovadoras de administrar e da inovação como conceito geral de um projeto de futuro para o presente.

Mostramos como valorizamos a Cultura, o Esporte, a Ciência, a Saúde, a Educação, o Trabalho, a Habitação, a Segurança, a Mobilidade Urbana, a Juventude, o relacionamento entre os poderes, o Meio Ambiente, a Economia, o trato com os animais, com as populações carentes e vulneráveis.

Isso é administrar com competência.  Administrar é diferente de comandar uma tropa.  A autoridade não vem da obediência, mas da certeza de se seguir uma diretiva segura.

Administrar não é replicar no município, os desacertos de uma administração federal questionável, ou de uma administração estadual de mais de 25 anos que estagnou o desenvolvimento do maior e mais rico estado do país.

Administrar não é entregar tudo para a iniciativa privada.  O discurso das privatizações desmedidas é um perigo. 

Para se administrar alia-se a competência política da força que consegue unir e organizar as pluralidades, com a competência acadêmica de uma formação específica.

Minha militância é antiga. E sou formado em Administração Pública.  Essa credencial carrego com orgulho e tranquilidade.

Estou acompanhado da professora e advogada Merli Diniz, que entende as relações democráticas dos Conselhos, Secretarias, do Consumidor.  Que vivencia a Educação e tem nas veias a força da mulher.

Somamos uma chapa de vereadores comprometidos com suas causas especiais.

Darok Viana é servidor público, presidente do Conselho Afro e fazedor de Cultura.

Marcella Trovão é psicóloga, presidente da UJS e mulher combativa nas suas lutas feministas.

Dirceu Rizzi é líder comunitário e vive o dia a dia dos moradores dos muitos loteamentos que circundam a cidade.

Nosso partido histórico na luta democrática, tem lideranças expressivas no cenário nacional e contabiliza as ações do melhor governador do Brasil que é Flávio Dino do Maranhão.

E se você ainda não se questionou, não comparou para sua decisão, o tempo urge.

Por isso essa matéria. Para pedir como cidadão, que também sou, o exercício pleno e cauteloso de sua cidadania na escolha de nosso futuro prefeito.

Não há eleição ganha antes do dia do voto.  Nem eleição perdida.

Por isso sua atitude pode sim resolver a questão.  Liquidar a fatura, como dizem por aí.

Multiplicar sua decisão por 5, por 10 e pedir a esses que façam o mesmo é forma eficiente de mudar tudo.

Seja protagonista dessa revolução da paz, do desenvolvimento, da vigilância anti corrupção, anti desperdício, anti corporativismo.

Decida governar.  Arregaçar suas mangas, parar de reclamar, de lamentar, e passar a resolver.

Eu quero o seu voto.  Mas se você quiser.  Se você entender que é por aí.

Mas só há uma for de você saber isso.  Conhecendo o que temos feito e convidar seu grupo, o universo em torno de você, a fazer parte disso tudo.

Carlos Alexandre – Prefeito - 65

domingo, 1 de novembro de 2020

Uma Rio Preto Pra Valer - Programa de Governo

Priorizando as pessoas e levando a cabo um projeto destinado a construir a Rio Preto que se quer de verdade, lançamos Rio Preto Pra Valer.  Uma campanha com candidato à Prefeitura e Câmara Municipal afim de efetivamente qualificar o debate eleitoral.

Nesse projeto escolhemos um formato diferente, vanguardista e completo, que abraça a cidade a partir dos seus cidadãos e segue no enfrentamento dos mais imediatos desafios.

Promover o Combate à Pobreza, o Desenvolvimento Sustentável e uma administração com Inovação.

Conheça aqui a íntegra do documento que apresenta a análise e os caminhos da gestão que propomos realizar a partir de 2021.

PROGRAMA DE GOVERNO - RIO PRETO PRA VALER

Introdução

Discutir um projeto para ser executado durante o mandato, além de representar uma métrica, uma organização mínima que pressupõe ordenação de ideias e prioridades é explicitamente uma carta proposta.
Sim, a proposta de um candidato para um governo que pretende ser aceito, aprovado e sobretudo que tenha credibilidade.
O que buscamos é principalmente a provocação. Isso mesmo. A provocação para que os munícipes integrem a composição da obra com seus saberes e opiniões. Ou seja, contribuam, no decorrer da campanha, com acréscimos ou substituições que representem não só suas necessidades prementes, mas sobretudo seus desejos.
Afinal, um governo municipal não deve só corrigir erros, consertar coisas, construir pontes e viadutos. Do povo e para o povo, como prefigura a Constituição Cidadã do Brasil, um mandato deve ser a expressão máxima, a concretização, dos sonhos coletivos, sob a perspectiva do cidadão. E, nesta jornada específica, do eleitor.
Aqui vale um parágrafo sobre a atual situação do Mundo e particularmente a de Rio Preto, na perspectiva da forte necessidade de entender a realidade premente que estamos vivendo, para tomar atitudes que enfrentem efetivamente os desafios apresentados. Nunca foi tão urgente dar realidade para nossos sonhos, pegar nas mãos as vicissitudes geradas pela Pandemia e criar soluções objetivas para resolvê-las. É urgente o isolamento social, os serviços de saúde geral, não só os de UTI, mas o de evitar que as pessoas fiquem doentes, acreditar na Ciência e nos especialistas, principalmente os da nossa cidade, municiar as pessoas para a sobrevivência, entender os parâmetros da pandemia e ter outro procedimento nas soluções, com foco nas pessoas, não só na Economia. Entender a grande contribuição engendrada pela nanotecnologia, as recentes e inéditas transformações sociais, políticas e de comportamento, encontrar soluções tão criativas quanto plausíveis e enfrentar com energia as ações que possam realizar um governo eficaz, sob o comando da Ética, da Democracia e da Justiça para todos, em sintonia com a sociedade organizada participando nos Conselhos Municipais.
Assim se consubstancia esse documento: Programa de Governo Rio Preto Pra Valer. Um convite à provocação para que as pessoas venham contribuir decisivamente e subscrevê-lo, cada um e cada uma dos rio-pretenses.
Somos um grupo de cidadãos que se oferecem aos cargos majoritários e proporcionais, organizados em um partido de compromissos históricos e ativo no cenário nacional, apto a demonstrar e realizar suas propostas para uma Rio Preto melhor, uma cidade que enfrente com inteligência e criatividade os desígnios propostos pelo século 21.
Nosso objetivo, não é só atender demandas. Muito menos fazer mais do mesmo. O que nos move é antes a clara certeza de podermos fazer a diferença, para melhor, na vida das pessoas e realizar a transformação articulada dos ambientes nos quais estamos inseridos.
Queremos uma Rio Preto Pra Valer, inclusiva, igualitária, responsável, dinâmica, futurista, plena e feliz. E a teremos. E pra isso, queremos, pra valer, estar efetivamente juntos. E unidos.

PROGRAMA DE GOVERNO RIO PRETO PRA VALER

Primeira parte – Os Quatro Eixos

Desde sempre, os programas de governo convencionais oferecem uma discussão conhecida. Candidatos e escrevinhadores de programas de governo dão o tom para que seja evidenciado o que de fato é evidente: Saúde, Educação, Segurança, Geração de Empregos, Habitação, Cultura, Meio Ambiente etc.
Qual a novidade? Não será por isso que a gente quase nunca evolui na gestão pública? O quê será suficiente para avançarmos rumo às soluções de tantas graves questões hoje propostas para a Administração Pública? Qual é o foco principal para uma gestão alinhada com a Cidadania?
Nosso partido, o PCdoB, tem ideias bem avançadas do que seja o Brasil e consequentemente do que sejam as cidades, já que é aqui, na cidade, que a vida das pessoas acontece de fato. Para um entendimento mais prático e atual, estamos justamente discutindo tudo o que sempre se debate, mas olhando concretamente, com uma pegada diferente, para cada etapa em que tais itens se encaixam.
Apresentamos agora nosso Programa de Governo estruturado em 4 eixos:
INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE COMBATE À POBREZA DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL INOVAÇÃO

Eixo 1 – INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE

Esse é nosso primeiro tema, ou um dos eixos centrais da proposta de uma Rio Preto Pra Valer.
Vamos considerar aqui, que Infância, Adolescência e Juventude são as fases que englobam da gestação até os primeiros vinte e nove anos de vida de uma pessoa.
O artigo segundo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz que: Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”.
Já o Estatuto da Juventude, promulgado em 2013 pelo Congresso Nacional, depois de quase 10 anos de obstinada tramitação, em seu artigo primeiro traz a definição de jovem: “Para os efeitos desta Lei, são consideradas jovens as pessoas com idade entre quinze e vinte e nove anos de idade”.
Quando discutimos essa faixa etária, falamos de tudo o que a envolve. Saúde, alimentação, proteção, ação dos pais, educação, assistência social para a família, emprego, renda, ambiente favorável no lar, no bairro, na cidade. E sobre esse eixo, movimentamos uma série de fatores importantíssimos para a cidade poder evoluir com qualidade de vida para todos.
Por exemplo, a geração de empregos está contemplada aqui. Afinal, sem emprego para os pais, não se pode sustentar essas pessoas, nem garantir que elas sejam protegidas e que possam progredir para as demais fases de suas vidas usufruindo da verdadeira Cidadania. E teremos ainda que oferecer condições para Estágios e Primeiro Emprego, principalmente aos estudantes de cursos profissionalizantes. Outra proposta é criar um Centro de Referência Vocacional para os jovens egressos do Ensino Médio, vestibulandos e pré-universitários, colaborando para que eles possam escolher com maior conhecimento e identidade, suas vocações profissionais.
Ao falar de Infância, Adolescência e Juventude, estamos tratando das bases de uma cidade que deve sim pensar desde o recém-nascido até a terceira idade, pois todos são componentes da estrutura social, ou seja, são cidadãos que gozam de direitos garantidos pela Constituição. Neste eixo apresentamos, de uma só vez, perspectivas para os pais, os filhos e os demais integrantes de sua casa, a família e agregados. A relação das pessoas umas com as outras, a partir do núcleo familiar, extrapola para o conjunto da sociedade.
Acreditamos piamente que não exista uma só pauta que possa ficar de fora da análise sobre os vetores das primeiras fases de vida de um ser humano. Pois para debater Saúde, Educação, Cultura, Segurança, Geração de Empregos, Meio Ambiente e todas as outras questões é preciso assegurar que os bairros ofereçam condições infra estruturais como postos de saúde, hospitais, transporte urbano, serviços de assistência social, creches, escolas, locais e equipamentos para a prática de cultura e esporte, convivência e lazer, limpeza pública, gestão dos serviços elementares como água, luz, saneamento básico, manutenção de ruas, bueiros e galerias pluviais e todos os outros. É importante ainda garantir que o cidadão tenha acesso à Informação e ao sistema de Comunicação Social. Esta é a responsabilidade do Gestor Público.
Vamos dar Atenção Integral para as seguintes necessidades primárias: conforme, inclusive, ressalta o artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis”.
Essa Declaração foi proclamada pela Assembleia Geral da ONU, em Paris, aos 10 de dezembro de 1948, no pós-guerra, há 72 anos. Você sabe, são quase 200 países que integram as Nações Unidas, muitas das quais têm aplicado no todo ou em partes, esse importante conceito que visa a dar atenção primária e dignidade a todos. Mas em muitos lugares, inclusive aqui no Brasil, pouca coisa foi realizada, e há portanto muito ainda a ser assegurado pra nossa gente.
A fome e a miséria na África são mostradas na televisão todos os dias pelos Médicos Sem Fronteira. A TV exibe também, todo os dias, a vergonha das guerras com o sofrimento das populações civis de quase todos os continentes. E aqui em Rio Preto, tem gente que ainda está aguardando alguém que enfrente essa situação, afinal com toda a sua elegância e pujança, a nossa cidade mantém contradições imperdoáveis que nos levam a considerar essas questões aqui no Programa de Governo. Esse artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos é muito mais amplo e está contemplado aqui na sua integridade.
Fases do Eixo 1:
Gestação, Parto e Primeiro Ano de Vida:
· prioridade para a atenção primária em Saúde;
· pré-natal e os cuidados com a parturiente (controle de riscos na gravidez, aborto, nutrição e alimentação adequadas, acompanhamento ginecológico, atendimento psicológico e outras orientações);
· política de humanização do parto: parto natural, normal, cesariana, de risco, pré-maturo, atendimento obstétrico;
· esforço para garantir que o médico do pré-natal seja o mesmo que realiza o parto;
· primeiros cuidados com o bebê: acompanhamento com pediatra, aleitamento materno, garantia de enxoval (fraldas, roupas, mamadeiras etc), vacinas, exames médicos continuados, remédios e alimentação adequada para a mãe, banco de leite materno;
· ampliação da oferta de creches e melhorias no atendimento (berçário);
De 1 a 5 anos:
Educação Infantil
· creche e educação infantil, com opção para atendimento em período parcial e opção de horário estendido;
· ênfase para a sociabilização da criança;
· garantia de fornecimento de uniformes, vestimentas, materiais escolares, alimentação adequada, brinquedos, transporte escolar, passeios significativos, culturais e de reconhecimento de sua cidade;
· cuidados com a família: moradia adequada, emprego e renda para os pais (cursos profissionalizantes, balcão de empregos), cuidado com avós e idosos, acompanhamento com o médico de família e cuidados médicos (consultas, remédios, medicina preventiva, vacinas);
· cuidados com as crianças às crianças com deficiências;
· orientação e prevenção: combate ao racismo e à violência familiar (geral, sexual), combate ao alcoolismo e uso de drogas, prevenção de acidentes, cuidados com a higiene pessoal, limpeza e asseio dos ambientes de convivência (dengue, coronavírus, gripes etc);
De 6 a 14 anos:
Ensino Fundamental – ciclo com duração de 9 anos, divididos em duas fases: a primeira de 5 anos para alunos com idade entre 6 e 10 anos e outra de 4 anos, para alunos entre 11 a 14 anos
· fornecer equipamentos digitais de qualidade (computadores, celulares, tablets) para as unidades escolares, para favorecer o conhecimento e o acesso à tecnologia digital, tanto aos alunos quanto aos professores e funcionários, preparando-os para a Cidade Inteligente;
· modernizar os equipamentos escolares como notebooks plugados em TV para as salas de aula;
· oferecer cursos regulares para que os alunos aprendam a manipular telefone celular, computadores, internet, email, whatsapp, aplicativos e instrumentos afins;
· fornecer uniformes, materiais escolares de qualidade e adequados à contemporaneidade, materiais esportivos, alimentação balanceada, transporte escolar, cuidados médicos, odontológicos e psicológicos;
· oferecer educação sexual para prevenção à DST, orientação em gestação não planejada, cuidados íntimos para meninas e meninos (Papanicolau, fimose), combate à discriminação de gêneros;
· cuidados com os adolescentes com necessidades especiais;
· estimular atividades extra curriculares como a frequência aos equipamentos públicos disponíveis para exibição de cinema, teatro, música e outras Artes;
· promover visitas aos museus, à Cidade da Criança, ao Zoológico, ao CIECC (Complexo Integrado de Educação, Ciências e Cultura), passeios de reconhecimento do município, visita a outros municípios (projeto Interior na Praia), viabilização de campeonatos interescolares de esportes;
· combater a prática do bullyng, a violência, o uso de drogas;
· desenvolver projeto municipal de prevenção ao suicídio;
· estimular o protagonismo e a formação cidadã conforme indicado pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente);
· viabilizar a produção cultural nas escolas (realização de audiovisuais, teatro, artes plásticas, dança, música, literatura);
· estabelecer parcerias com as universidades, com a iniciativa privada e organizações não governamentais para colaborar no financiamento e promoção da escola pública;
· fomento às praticas culturais entre os professores, funcionários e pais;
· manter pelo menos um professor de Educação Física exclusivo para cada unidade escolar;
· incentivar a criação e manutenção de Grêmios Estudantis em toda a rede escolar;
· incentivar a gestão democrática através de APMs (Associação de Pais e Mestres - LDB art. 14)
De 15 a 17 anos
Ensino Médio - três anos de duração
Considerando que o Ensino Médio é competência estadual, não municipal, se faz importante planejar e oferecer ações e cuidados para com os cidadãos da faixa etária entre 15 e 17 anos, que estão se preparando para uma especial etapa de suas vidas: o vestibular, a universidade, o sair de casa, o encontrar outras realidades existenciais. Para isso é fundamental estabelecer parcerias com a Secretaria Estadual da Educação.
· oferecer orientação especial e campanhas de Saúde: cuidados elementares de rotina, medicina preventiva, prevenção de gravidez precoce, cuidados ginecológicos, educação sexual (DST, gestação não planejada, violência, discriminação de gêneros), vacinas (HPV, antigripal etc), apoio psicológico, combate ao consumo de drogas;
· cuidados com as pessoas com necessidades especiais,
· fortalecer o ensino profissionalizante;
· criar um centro de referência vocacional: análise do mercado de trabalho, conhecimentos sobre as áreas profissionais disponíveis na sociedade, ressaltar as profissões de prestígio na atualidade (robótica, criador e desenvolvedor de games, novas profissões), levar ao conhecimento opções profissionais raras ou sofisticadas (exemplo: arqueologia, astronomia, física nuclear, genética agrícola etc);
· fortalecer a Escola de Tecnologia da Informação e Robótica para desenvolvimento dos cidadão dessa faixa etária;
· fortalecer o aprendizado de idiomas de parceiros comerciais do Brasil como inglês, espanhol, árabe, mandarim, francês, alemão, línguas africanas etc;
· incentivar a criação e manutenção de Grêmios Estudantis em toda a rede escolar;
De 18 a 29 anos
Juventude
Aproveitando as considerações sobre Infância e Adolescência, precisamos também focar nas questões da Juventude. É entre 18 e 29 anos que o jovem se torna adulto, portador dos direitos e deveres de cidadão da República, se forma profissionalmente, se torna independente e com condições de se sustentar, prestar vestibular, ingressar na universidade, sair de casa para morar sozinho ou com amigos, casar e constituir família e encontrar outras realidades existenciais. É preciso que a sociedade tenha um olhar mais aprofundado e veja o jovem como o sujeito de direitos que é, em toda a sua diversidade.
Historicamente, a juventude sempre foi marcada pela omissão do Estado brasileiro na promoção de Políticas Públicas. Somente em 1990, com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente, uma parte da população jovem foi beneficiada. Mas com o advento do Estatuto da Juventude, em 2013, é que toda a juventude foi contemplada, tendo acesso a seus direitos e garantias individuais.
Políticas Públicas de Juventude são ações do governo como meio de solucionar os problemas inerentes à juventude. Promover saúde e educação de qualidade, gerar empregos, fomentar a qualificação profissional, facilitar o acesso à cultura, esporte, lazer e cidadania são tarefas que o Governo Municipal deve praticar para que seja eficiente a promoção de Políticas Públicas de Juventude. Para todos.
Desde as décadas de 1980 e 90 surge um cruel paradigma: a juventude marginalizada se revela violenta, se destaca na sociedade ocupando toda a mídia. E a violência urbana se avoluma, a pobreza dos jovens se torna o foco, a polícia reage com violência ainda maior. Em consequência, a sociedade assustada começa a exigir a redução da maioridade penal para 16 anos, os jovens passam a ser estigmatizados, discriminados, e a sofrer desenfreado preconceito até entre seus pares. Cada vez mais jovens desamparados e sem perspectivas são empurrados para fora da escola, para o subemprego, pro tráfico de drogas e pra criminalidade. Ou sofrer extermínio nas chacinas, ser enterrado nas valas comuns, ou, com alguma sorte, pra morar entre as grades dos sistemas correcionais.
Só com o advento do Estatuto da Juventude, promulgado em 2013, regulamentado pela Lei 12.852/13, depois de amargar 10 longos anos de discussão no Congresso Nacional, os jovens finalmente conquistam um mecanismo legal para defender seus interesses de forma integral. Através desse Estatuto, o jovem pode cobrar do governo, aproveitando apoio dos movimentos sociais organizados, ações concretas e medidas resolutivas para seus problemas sociais. Cuidar da Juventude de nossa cidade deve ser uma das ações prioritárias da Gestão Municipal. É tão imperativo que a Prefeitura Municipal de Rio Preto garanta os direitos constitucionais dos quase cem mil jovens da nossa cidade, que propomos aqui neste Programa de Governo, o fortalecimento do CMDA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e a criação da Secretaria Municipal da Juventude.

Eixo 2 - COMBATE À POBREZA

O fato de vivermos em uma cidade com ótimo IDH não significa que não tenhamos problemas relativos à miséria ou pobreza em nosso município. Quando o assunto é pobreza e miséria, não basta remediar, é preciso erradicar a pobreza de verdade e pra isso é preciso também acompanhar e cuidar sistematicamente para evitar o retrocesso.
Vejam só, o índice Firjan de desenvolvimento municipal, da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro, é um estudo anual criado para acompanhar o desenvolvimento humano, econômico e social dos municípios do Brasil, com base exclusivamente em estatísticas oficiais. Em 2011, Rio Preto apresentava o índice Firjan de 0,93 o que significava a posição de melhor município do Brasil e também o primeiro lugar do Estado de São Paulo. Mas em 2019 esse índice caiu para 0,79, rebaixando Rio Preto para o 280 lugar entre os municípios do estado, mostrando que Rio Preto, no lugar de evoluir, regrediu. É assim que o enorme abismo entre ricos e pobres do Brasil, se repete também aqui e precisa ser combatido. Principalmente no cenário de pós pandemia, quando essas feridas estarão muito mais expostas.
Rio Preto possui hoje mais de 110 mil pessoas vivendo na linha de pobreza, sendo que a maioria delas mora em loteamentos irregulares, sem condições sanitárias e de saneamento básico, sem condições adequadas de moradia, sem condições dignas da vida humana (escolas, creches, postos de saúde, coleta de lixo, transporte urbano, asfalto, água, energia elétrica). São pessoas apartadas geográfica e politicamente do centro das decisões. Quase esquecidas pelo poder público, abandonadas à própria sorte, ao desatino da solidão, muito próximas do desalento, do desespero, da impotência.
Essa gente precisa de socorro! Gente que tem fome, tem pressa. Mas a política de assistência social deve ir além de “dar comida”. Devemos cuidar com urgência do cidadão em todas as suas necessidades prementes e que se revestem em falta de dignidade (falta de emprego, falta de escola, falta de saúde, moradia, acesso a informação, sem cidadania). Há que se dar ênfase em projetos de capacitação profissional, de geração de empregos e renda. E atenção, não é suficiente profissionalizar o indivíduo só do pescoço pra baixo; há que se pensar no profissional que pensa, que cria, que tem atitudes proativas, que deve ser o protagonista de suas ações no ambiente de trabalho e não só burro de carga a serviço do lucro.
E ainda precisamos enfrentar a redução de danos, sobretudo em relação a criar alternativas para combater o consumo de drogas, a violência em todas as suas formas e o desrespeito aos semelhantes. Devolver ao cidadão carente a condição de dignidade, mediante o seu retorno à vida social, até como consumidor que ele de fato tem direito de ser, inclusive ajudando-o na recuperação de sua documentação e crédito pessoal.
Sabemos que o Governo Federal, alegando falta de dinheiro, tem controlado a entrada de novas famílias no programa Bolsa Família deixando mais de 1 milhão e meio de pessoas na fila de espera, justamente num Brasil com o cenário de aumento da pobreza e da extrema pobreza.
A aplicação da PEC do teto de gastos em 2016, reduziu investimentos em todas as áreas sociais de forma bastante grave. Nos últimos 4 anos, aqueles cidadãos em estado de miséria tornaram-se mais numerosos, atingindo a soma de 13,5 milhões de pessoas já em fevereiro último. Com o agravamento da crise econômica, o Brasil passa a figurar como responsável por 30% de todos os pobres da América Latina.
E a própria pandemia revelou um exército de desempregados abandonados pelo Auxílio Emergencial, que, além de tudo, agora será reduzido pelo presidente para apenas R$300,00, ou seja, reduzido pela metade. Sem falar do contingente de famílias pobres que não conseguem acessar o auxílio por falta de conhecimento das caixas eletrônicas e seus cartões.
É por isso tudo que precisamos analisar a “linha da pobreza” observando outros fatores que não só a fome propriamente dita. Isso ajuda também a enfrentar e combater com maior clareza e efetividade, as carências da população.
Ou seja, além de avaliar as questões de alimentação e renda, avaliar também o que a linha da pobreza demanda nas áreas da educação, saúde, cultura, comunicações, meio ambiente, para criar as estratégias de superação dessas deficiências.
Essa população acessa a escola com a mesma frequência dos demais cidadãos? Goza de atendimento em saúde preventiva? Frequenta teatro, cinema, casas de espetáculos? E o que dizer das tecnologias digitais e outras vantagens? O Poder Público Municipal pode e deve se ocupar disso. Para tanto, cumpre assegurar investimentos direcionados aos pobres buscando recursos nos inúmeros projetos e mecanismos de financiamento disponíveis no Brasil e no Mundo, com envolvimento da sociedade e do empresariado, principalmente do terceiro setor (OSs, ONGs, OSCIPs, cooperativas, associações, sindicatos). Porque os mais pobres merecem e precisam participar do desenvolvimento econômico do município e dele usufruir como qualquer outro cidadão, inclusive no que tange ao consumo.
Não podemos deixar de ressaltar que a pobreza é ampliada, ainda, pelo machismo e pelo racismo, pois como se diz com acertada visão, a pobreza em nosso país tem gênero e cor. Negros e mulheres ganham menos que brancos e homens, no exercício das mesmas funções, com a conivência e consciência de todos nós.
Não bastasse essa multidão de cidadãos em situação precária, claramente se percebe, na Rio Preto de hoje, o grande número de moradores de rua perambulando por toda a cidade. E em que pese a necessidade de envidar esforços para resolver as causas desse problema, sejam elas quaisquer que sejam, faz-se urgente atender e tratar o morador de rua com a dignidade que todo ser humano merece. A despeito de albergues, dar a todos lugar para dormir, cuidar do asseio pessoal e abrigar-se, cadastrando essa população, acompanhando sua rotina e mediando com tratamento médico e psicológico, mitigando a violência ou a proliferação de doenças e o agravamento da condição de miséria caracterizadas pelo abandono.
Se queremos uma Rio Preto mais justa e mais humana, com menos desigualdade e miséria, devemos adotar ações concretas com urgência, levando em conta, com consciência, que seu orçamento anual ultrapassa os dois bilhões de reais.
· priorizar o atendimento à Primeira Infância;
· dar atenção especial a população idosa;
· criar um balcão de atendimento para auxiliar pessoas a se inscreverem e operarem os sistemas digitais de proteção (auxílio emergencial, Bolsa Família);
· garantir acesso a serviços públicos essenciais para as camadas mais vulneráveis da população;
· organizar um cadastro municipal das pessoas mais vulneráveis, oferecendo políticas de saúde aos que apresentem dependência química ou transtorno mental e fortalecer parcerias com entidades que já cuidam desse público;
· triar, cadastrar e atender cidadãos em situação de risco em programas habitacionais regulares, dando prioridade às famílias com crianças e idosos;
· priorizar projetos habitacionais em espaços urbanos vazios para aproveitar infraestrutura pública já existente;
· desenvolver política de ocupação de imóveis ociosos em toda a cidade;
· fortalecer o balcão de empregos municipal em parceria com as associações empresariais, tanto para o primeiro emprego quanto para a recolocação de profissionais desempregados;
· criar a BEM - Bolsa Emergência Municipal, para cidadãos em situação de extrema pobreza (podemos priorizar 1,5% de recursos do orçamento para oferecer 10.000 bolsas durante seis meses, e ainda contar com recursos emergenciais de programas internacionais, federal, estadual).
Como já definido acima, longe de ser apenas falta de dinheiro ou condição de vida, pobreza é também a falta de autonomia das pessoas em poderem fazer suas próprias escolhas ou de criarem mudanças para si mesmas. A ActionAid, uma organização internacional que trabalha por justiça social, faz essa pregação e nós concordamos. Por isso defendemos que combater a pobreza é oferecer essa autonomia de escolhas e de mudanças para o indivíduo. É então fundamental fortalecer, criar ou manter políticas públicas já existentes, ou ainda necessárias, com intensiva adaptação a nossa realidade atual e com foco nos próximos dois anos, pelo menos, tempos que exigirão atenção redobrada nos efeitos da Pandemia.
Por isso devemos ter em conta que, além da crise, decisões erradas dos governantes pioraram a realidade de nossa gente mais pobre e somente a vontade política e o enfrentamento sincero podem mitigar o empobrecimento “crônico” que já se verifica em andamento. Ao afrontar vigorosamente a situação de fome, de vulnerabilidade e abandono, resolvendo necessidades básicas e outras questões, transformamos o cenário por inteiro.
Em nosso Programa de Governo propomos ações que farão efeito direto nas causas da pobreza. Mas precisamos estar alertas em combater a pobreza, não as pessoas, com foco nas causas, não só nas consequências. Ao propor uma Rio Preto feliz e justa, não queremos mais maquiar a miséria, mas acabar com ela.

Eixo 3 - DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Originado na Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU no ano de 1983, o conceito de Desenvolvimento Sustentável se caracteriza como aquele que prevê o crescimento econômico sem o esgotamento dos recursos naturais e sociais para as futuras gerações. Decorridos 37 anos dessa decisão tomada por quase 200 países que compõem a Organização das Nações Unidas, ainda não vemos o Desenvolvimento Sustentável ser praticado com eficiência. E no Brasil isso fica muito mais evidente, quando percebemos que o próprio Ministério do Meio Ambiente é conivente com o desmatamento, com a exploração do garimpo ilegal, com o extermínio da população indígena, com as queimadas na Amazônia, no Pantanal, no Cerrado, na Mata Atlântica e mesmo nos canaviais, matas ciliares que chegam até às beiras de nossas estradas mais próximas. E ainda o desprezo pela água, que embora pretensamente abundante em nossa região, já desperta preocupações com o possível desabastecimento gerado pelo desperdício e pela exploração irresponsável que a contamina. É necessário barrar o consumo desenfreado de tudo aquilo que demora milênios para se recompor.
O Desenvolvimento Sustentável trata do desenvolvimento ambiental como um todo, ou seja, considera ao mesmo tempo meio ambiente, desenvolvimento econômico e desenvolvimento social. E nesse sentido, propõe e discute um processo de mudanças no qual a exploração dos recursos, o direcionamento de investimentos, o desenvolvimento tecnológico e todas as mudanças institucionais estão em harmonia. Se escrevêssemos uma equação para o Desenvolvimento Sustentável, ela seria: Desenvolvimento Sustentável é a soma do Desenvolvimento Social, Desenvolvimento Ambiental e Desenvolvimento Econômico. Uma Cidade Sustentável precisa, ao projetar seu Plano Diretor, levar em consideração todos esses parâmetros, sob pena de tornar ineficaz qualquer ação de desenvolvimento.
Mais recentemente, em 2015, foram definidos os objetivos do Desenvolvimento Sustentável que devem orientar as políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional até 2030. Eles levam em conta esses três fatores e propõem 17 objetivos:
1. Erradicar a pobreza em todas as suas formas e lugares;
2. Acabar com a fome e garantir a segurança alimentar;
3. Oferecer e garantir saúde de qualidade para todas as idades;
4. Oferecer e garantir educação de qualidade inclusiva e ao longo da vida das pessoas;
5. Praticar a igualdade de gênero e empoderar as mulheres de todas as idades;
6. Oferecer e garantir o fornecimento de água potável e saneamento;
7. Promover e praticar a aplicação de energias renováveis e acessíveis a todos;
8. Proporcionar trabalho digno e promover o crescimento econômico para que todos desfrutem de seus resultados;
9. Trabalhar tecnologias especiais para a indústria, fomentando a inovação e infraestruturas resilientes;
10. Reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles;
11. Criar as cidades e comunidades sustentáveis e seguras para todos;
12. Incentivar o consumo e produção responsáveis;
13. Agir com urgência para conter a mudança global do clima e seus impactos;
14. Cuidar da vida nas águas (oceanos, mares, aquíferos, lagos e rios);
15. Cuidar da vida terrestre combatendo a desertificação, deter a degradação da terra, recuperar o ecossistema, proteger as florestas e as biodiversidades;
16. Promover e garantir a paz, a justiça e manter as instituições eficazes em todos os níveis;
17. Realizar parcerias e meios de implementação desses objetivos para garantir o Desenvolvimento Sustentável.
No Brasil, durante a ECO 92 realizada no Rio de Janeiro, foi assinado um documento denominado Agenda 21, cujo principal lema é: PENSAR GLOBALMENTE E AGIR LOCALMENTE. Todos os signatários reforçaram esse compromisso de pensar no Planeta, mas atuar em suas diferentes realidades. Daí o surgimento do conceito da Cidades Inteligentes, mundialmente conhecidas como smart cities que deverão utilizar infraestrutura e serviços de informação e comunicação avançados, para dar respostas a todas as necessidades sociais e econômicas da sociedade atual. O que já parecia um enorme desafio foi amplificado e tornado urgente pela Pandemia do COVID 19. Por isso precisamos colocar em prática, imediatamente, a ideia de Cidade Inteligente, principalmente se considerarmos a iminência da Região Metropolitana de Rio Preto.
Smart Cities são sistemas de pessoas interagindo e usando energia, materiais, serviços e financiamento para catalisar o desenvolvimento econômico e a melhoria da qualidade de vida. Esses fluxos de interação são considerados inteligentes por fazerem uso estratégico de infraestrutura, serviços, de informação e comunicação com planejamento e gestão urbana para dar resposta às necessidades sociais e econômicas da sociedade. Várias dimensões indicam o nível de inteligência de uma cidade: governança, administração pública, planejamento urbano, liderança regional, conexões internacionais, tecnologia, meio-ambiente, coesão social, capital humano e economia.
A Cidade Inteligente não permite desigualdades de nenhuma espécie. Ela deve ser justa para todos os cidadãos, independente de sua crença, gênero, orientação sexual, cor ou condição social. Todos precisam gozar de serviço público de qualidade dentro e fora de suas casas. Água potável nas torneiras, atendimento médico, saneamento, eletricidade, telefonia, internet, transporte, segurança, moradia. Enfim, tudo isso que é previsto pela Constituição Federal deve encontrar na Prefeitura Municipal seu agente mais responsável, ou seja, aquele que terá o privilégio de realizar efetivamente essa missão. O governo de um gestor moderno de verdade, pensa nas pessoas em primeiríssimo lugar. Por isso, é crucial fortalecer os trabalhadores, o pequeno e médio empresário, fortalecer a indústria, o comércio e a prestação de serviços. Unir consumo responsável com desenvolvimento econômico e permitir que todas as pessoas se beneficiem deles. E, ao mesmo tempo, ensinar que não precisamos ser predatórios, para crescer. Temos que preservar o futuro também. Temos obrigação de pensar, entender, praticar a Cidade Inteligente e entrega-la para as pessoas. Portanto, o enfoque atual é na cidade criativa e sustentável, que faz uso da Ciência e da Tecnologia em seu processo de planejamento com a participação de cientistas e dos cidadãos, organizados em conselhos e associações para o exercício do Orçamento Participativo.
Em todas as fases do primeiro eixo deste Programa de Governo reforçamos a importância do aprendizado da Informática e Sistemas de Comunicação com seus inumeráveis aplicativos, para que os cidadãos, desde cedo, consigam aprender a viver nessa Cidade Digital e possam usufruir de todas as suas facilidades. E ninguém pode ficar de fora: estudantes, professores, profissionais liberais, funcionários públicos, agentes de segurança, de saúde, atendentes em geral, centros comunitários, centros de vivência, clubes de serviços, igrejas, gente de todas as idades, um contribuindo com o outro num verdadeiro esforço de democratização do conhecimento, desenvolvendo a Cultura do Compartilhamento.
Já sabemos que o objetivo do Desenvolvimento Sustentável colocado em primeiro lugar é o Combate à Pobreza. Sem dúvidas, uma prioridade, que está contemplado em todo o segundo eixo deste Programa de Governo.
Lembremos que o cenário pós-pandemia, resultado do isolamento social precário, aumentou as desigualdades entre os cidadãos, penalizando principalmente os mais vulneráveis: pobres, pretos, idosos, trabalhadores ambulantes. Isso também pode ser aferido pela grande quantidade desses cidadãos entre os milhões de infectados e os milhares de mortos pelo coronavírus; ou pelos percentuais de meninas e meninos que não conseguiram manter a aprendizagem em casa via Internet, sem falar no aumento gritante dos desempregados e dos subempregados, no fechamento de milhares de empresas de todos os setores, abalando a Economia e ampliando o já imenso número de pessoas na linha da miséria. Diante da crise provocada pela COVID-19, os esforços para o cumprimento das metas estabelecidas pela ONU são ainda mais necessários.
Criar ou repor postos de trabalho, será uma tarefa urgente. E para criar novos empregos não é justo diminuir ou afrouxar direitos trabalhistas, cortar aposentadorias ou reduzir auxílio emergencial. Não adianta maquiar o desemprego com estatísticas fraudulentas que incluem subempregados e semiescravos como se estivessem protegidos. Não adianta confortar a opinião pública. Para aplacar o índice assustador de desocupados ou pessoas sem renda, o Poder Público deve atuar para promover a qualificação do trabalhador e do trabalho, implementando políticas objetivas de inclusão, capacitação e disponibilização das novas tecnologias já existentes. É fundamental para a sociedade o trabalhador desenvolver seu processo criativo, ampliar o alcance de suas potencialidades e melhorar o seu padrão de vida. Quando robôs, drones, inteligência artificial e demais tecnologias avançadas que dinamizam o processo produtivo forem empregadas em todos os níveis, o ser humano poderá desfrutar de sua liberdade real e exercer de forma plena sua cidadania, vivendo com mais felicidade e alegria, praticando sua Cultura e a elevação do espírito. Mas isso só será possível com o auxílio luxuoso da Ciência.
A atração de indústrias, tecnologias e outras alternativas de sustentação dos cidadãos deve estar na pauta do Desenvolvimento Sustentável. Trazer empresas dos mais diversos formatos e tamanhos que possam gerar emprego, produção e renda, e que desenvolvam a engrenagem da economia, é tarefa do Poder Público Municipal. Sabendo histórica a vocação de Rio Preto pelo comércio e prestação de serviços, a cidade precisa evoluir atraindo indústrias limpas, que trazem consigo o aumento do PIB local e maior arrecadação de impostos, porém de forma comprometida com a preservação ambiental, a redução de resíduos, menor custo de produção, baixo risco de acidentes e mais segurança para os trabalhadores e empresários. Propomos, portanto, fortalecer o Parque Tecnológico ampliando sua atuação e abrangência, afim de que abra espaço para empresas e negócios da vanguarda industrial, incrementando também a recuperação e modernização das empresas atingidas pela crise da COVID19. O gestor público que quer implantar o Desenvolvimento Sustentável em Rio Preto, deve trabalhar com ações corajosas que alterem os paradigmas empresariais e conquistem qualidade e crescimento permanentes para a cidade.
No quesito Saúde, somos referência nacional. Rio Preto é favorecida por uma excelente rede hospitalar e faculdades de medicina, enfermagem e psicologia, que propiciam o desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde. Conviver com uma realidade em que parte da população ainda sofra com a precariedade do atendimento médico, é inaceitável. Diariamente nos deparamos com a população mais carente enfrentando filas, agendamento demorado, aguardando por exames, quando não, sofrendo pela falta de medicamentos ou profissionais nas UBS. Sabemos todos que a saúde preventiva é o melhor modo de se evitar doenças, o colapso do atendimento médico nos postos de saúde e a economia de recursos. Por isso insistimos que deve existir a visitação de agentes de saúde aos domicílios sim. Convidar estudantes em fase avançada em seus cursos para colaborar nessas visitações e promover a chamada “saúde preventiva” torna-se benéfico para escola, para os alunos e para a população em geral. Ação acompanhada pela orientação e comunicação adequadas, que devem reforçar a importância de cuidados, asseios, vacinas e outras obrigações inerentes ao próprio cidadão.
A preservação do Meio Ambiente, um dos principais objetivos do Desenvolvimento Sustentável, a partir desse programa, será tomada pela ótica do compromisso assumido pelos povos na ONU, diante da Agenda 2030. Empregar energias renováveis, cuidar do solo, da água, do ecossistema, deverá ser feito também em nossa comunidade, dentro do espaço urbano, onde passamos a maior parte de nossas vidas, exercemos nossas atividades, existimos. Onde estão nossas casas, ruas, avenidas, parques, represas e praças. Ao entender, por exemplo, que uma praça nos pertence, o primeiro pensamento deve ser o da sua preservação, pois somos os maiores beneficiários do lazer e convivência que ela proporciona, do ar mais oxigenado, da temperatura refrescada, do uso cultural disponibilizado, enfim, de sua existência. Esse é o pensamento que deve permear a consciência da população, como é comum nas maiores metrópoles do mundo. É assim que por lá encontramos belas cidades, sem lixo nas ruas, com arborização ampla, nenhuma prática danosa como queimadas, abuso de poços artesianos e outras negligências que ferem o Meio Ambiente. E também o gestor municipal deve se imbuir dessa consciência. Ao pensar a cidade, deve se lembrar de que suas obras serão atemporais, ou seja, permanentes, para outras gerações. Por isso é preciso fazer com que essas obras sigam critérios e orientações consequentes. Estamos fartos de rios sendo canalizados para que carros passem por cima deles, ou do assoreamento provocados em nossas represas pela indisciplina de loteadores irresponsáveis e descaso da fiscalização pública, resultando em enchentes frequentes e outras trágicas ocorrências que vivem a justificar obras caras, intermináveis e ineficazes.
Por fim, abrir espaço para as nossas próprias manifestações artísticas e culturais, permite um avanço no alcance da Cultura que vai além da realização de eventos. E melhorar a mobilidade urbana, completar a oferta de habitação por meio da ocupação de imóveis ociosos, principalmente os mais centrais e próximos dos postos de trabalhos, incrementar o turismo, desenvolver a prática de esportes, é dar realidade à Cidade Inteligente, relacionando as atribuições do Desenvolvimento Econômico com o desenvolvimento da Educação, da Saúde, do Emprego, da Assistência Social, da Cultura, do Esporte, Lazer e Turismo, sem deixar nada para trás. A Cidade Inteligente se preocupa com tudo isso. E ao cuidar das praças até as matas, dos rios até a caixa d’água do cidadão, do emprego até sua educação e saúde, da sua prática esportiva e cultural ao uso de tecnologias avançadas, proporcionaremos mais Paz e tranquilidade em nossos bairros, evitando que a criminalidade acabe por instalar um governo paralelo que se aproveita do vácuo deixado por uma má administração.

Eixo 4 - INOVAÇÃO

Inovação significa criar algo novo. Refere-se a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores. Inovação inclui atividades técnicas, concepções, desenvolvimento, gestão e resulta na primeira utilização de novos produtos ou processos. Pode ser também definida como “fazer mais com menos recursos”, por permitir diferentes gamas de eficiência nos processos, quer produtivos, quer administrativos, quer financeiros ou na prestação de serviços. Inovação é também um processo transformador, que promove a mudança de modelos já cristalizados, impactando positivamente na qualidade de vida e no desenvolvimento. É a introdução de algo novo em qualquer atividade humana, a fim de mudar para melhor, dar um outro aspecto, consertar, corrigir, adaptar a novas condições, algo que já está superado, inadequado, obsoleto.
Essa diversidade de significados de Inovação dá-se pela abrangência de sua aplicação, como elemento de desenvolvimento humano e melhoria da qualidade de vida. Há hoje um consenso de que inovações precisam ser implementadas nas gestões municipais para que os serviços públicos de qualidade possam chegar com igualdade e eficiência a todos os cidadãos. Entretanto, há também um dissenso a respeito de quais inovações estamos falando e quais os impactos e transformações que elas podem gerar nessa relação entre os gestores e a sociedade.
Para nós, a inovação hoje, mais do que nunca, engloba o uso inteligente e eficaz das mais avançadas tecnologias, mas não pode prescindir da criatividade na utilização e otimização dos processos já praticados pelos serviços públicos de Rio Preto. No mundo tecnológico atual, em constante mudanças e com sede de inovação, é preciso diferenciar entre o que é antiquado e precisa ser trocado porque está ultrapassado e o que é tradicional mas precisa ser protegido porque é histórico ou essencial.
No mundo pós pandemia, outra realidade deverá ser administrada. Não podemos acreditar que haverá um novo normal como se propaga por aí. O que teremos é um outro mundo, repleto de transformações estruturais, e por conseguinte, uma nova cidade e uma nova forma de viver na cidade.
Pra administrar essa outra realidade, todos os avanços e tecnologias disponíveis precisam ser colocados à disposição e em prática. Vamos construir um governo participativo, abrangente e sobretudo moderno. O serviço público precisa se preparar para efetuar essas mudanças e a sociedade precisa se convencer de que soluções inovadoras são benéficas e ela precisa se engajar urgentemente nesse processo para o exercício e a consolidação da Democracia de forma sustentável.
A partir de agosto de 2014, quando aprovada a Lei 13.019, conhecida como Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, ficou possível para a sociedade se organizar em relação ao Terceiro Setor (Organizações Não Governamentais, Organizações Sociais, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público). Essa lei estabelece e regula dentro do âmbito jurídico as parcerias entre a Administração Pública e essas Organizações da Sociedade Civil para trabalharem em cooperação mútua em busca de interesse público e recíproco. Antes disso, por anos, a transparência nas relações era muitas vezes comprometida, pois não havia qualidade nem lisura na prestação de contas dessas entidades para com a Administração Pública. Atualmente, as entidades do Terceiro Setor se ajustaram perfeitamente ao contexto do Estado Democrático de Direito, o que tornou a operacionalidade dessas parcerias mais sólida, sincera e eficiente.
A expressão Terceiro Setor é resultado de uma divisão criada, em que o primeiro setor é constituído pelo Estado, o segundo setor pelos entes privados que buscam fins lucrativos (o mercado) e o terceiro setor formado pelas organizações privadas sem fins lucrativos. É importante ressaltar que essa divisão não deve transmitir uma ideia equivocada: a de que o primeiro setor teria mais importância que o segundo, e de que o segundo mais que o terceiro.
Terceiro Setor é o conjunto de atividades voluntárias desenvolvidas em favor da sociedade, por organizações privadas não governamentais e sem o objetivo de lucro, independentemente do Estado e do mercado, embora com eles possa firmar parcerias e deles possa receber investimentos públicos e privados. Bons exemplos de organização do Terceiro Setor são projetos como o de implantação de programas ambientais realizados pela SOS Mata Atlântica; o projeto de auxílio a empresas que buscam uma gestão socialmente responsável, realizado pelo Instituto Ethos; a Organização Médicos Sem Fronteiras, que leva cuidados de saúde para pessoas afetadas por graves crises humanitárias; os projetos de educação realizados pela Instituto Ayrton Senna; e projetos culturais desenvolvidos pela Associação de Amigos do Projeto Guri.
Ao longo da história, é possível perceber que nem a intervenção máxima do Estado, característica do totalitarismo, nem a intervenção mínima, como funciona no Estado liberal, são eficazes para garantir as demandas sociais. A ideia de que o Mercado sozinho é capaz de orientar a Economia é falsa. Isso ficou ainda mais evidente sob os efeitos da Pandemia, em que os governos de todo o mundo foram pressionados e se obrigaram a proteger seus cidadãos e suas economias. No Brasil, o despreparo do governo federal levou milhares de empresas a uma situação precária e fez com que milhões de trabalhadores e outros cidadãos, já empobrecidos, fossem jogados na linha da miséria. Já os liberais “correram” pedir socorro financeiro ao Estado. Enfraquecido pelo governo atual, nosso Estado não conseguiu socorrer nem um nem outro.
Conclusão: Estado forte e Sociedade organizada juntos, são capazes de resolver todas as suas demandas. A inclusão do Terceiro Setor é a Inovação que possibilita essa junção, de forma prática, eficiente e avançada.
Trazendo para a nossa realidade, município que promove e entidades que propõem, realizam e fiscalizam em nome dos cidadãos, torna factível a cidade democrática e moderna que estamos propondo aqui: uma Rio Preto Pra Valer.
EPÍLOGO
Rio Preto Pra Valer é o nome de um projeto, assinado pelos candidatos a prefeito, vice, vereadores e toda a coordenação que compôs esse sonho real de uma cidade do futuro já pra agora e inspirado pelos modelos de administração vanguardista do PCdoB, partido com cem anos de história no Brasil. Foram muitas mãos e cabeças, mas sobretudo corações, que geraram esse programa a ser trabalhado ao longo da campanha, do mandato e no decorrer da própria história de São José do Rio Preto.
Na pertinência deste Programa de Governo, ganha destaque a formação acadêmica do candidato a prefeito, Carlos Alexandre, em Administração Pública pela Universidade Federal de Ouro Preto. Nessa faculdade ele se especializou não só em criar e monitorar processos e garantir lisura às licitações públicas, mas também em administrar as demais peculiaridades da gestão municipal. Inclusive se preparando para a liderança democrática dos funcionários públicos, a convivência harmoniosa com as demais esferas de poder no Município, Estado e Federação e sobretudo no relacionamento com os cidadãos.
Essa formação favorece com seus aspectos inovadores a tomada de atitudes de maneira mais rápida e assertiva, mesmo diante de situações urgentes, o que será inevitável nos próximos anos, impactados pelos efeitos da Pandemia que ainda não terminou.
Enfim, esse Programa de Governo propõe realizar uma administração competente que toma suas decisões sem prescindir do respaldo assegurado por cientistas, especialistas e universitários, ouvindo sempre com esmerada atenção, toda a sociedade, de forma a conduzir a Administração Municipal democraticamente.
Redatores: Carlos Alexandre / Reinaldo Volpato
Colaboração:Ademir Rodrigues / Clenira Sarkis / Darok Viana /  Demis Aleixo / Dirceu Rizzi / Marcella Trovão / Merli Diniz /  Mônica Galindo / Tânis Sarckis
E centenas de pessoas que participaram com suas ideias, sugestões, reflexões, opiniões e perguntas.

Ser uma nova versão.

Muitas vezes eu me ponho a aconselhar pessoas.   Desde os filhos, companheira, amigos e até quem não pede conselho algum. Feio isso, né? A...