quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Por que criar um Blog. Qual o sentido disso?


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Criei esse blog para desabafar, refletir e também para extravasar minhas opiniões. Registrar minha autocrítica acerca do que faço, penso ou sou.
Na verdade, acho que fiz isso porque sempre sonhei ser jornalista, mas nunca tive coragem ou competência.
Comecei por duas vezes o curso de Direito. Na segunda vez cursei até o início do quarto ano, mas não terminei. Minha formação acadêmica só se deu muito tempo depois e no curso de Administração Pública, que concluí, com minha mulher, pela Universidade Federal de Ouro Preto, de Minas Gerais.
Sou nascido em São José do Rio Preto, cidade do interior paulista, em janeiro de 1968, precisamente às 20h30 do dia 18, uma quinta-feira.
Embora brasileiro de nascimento, tenho dupla cidadania.
Neto de Antunes pelo lado materno e Gomes de Castro pelo paterno, não me restou alternativas senão buscar a cidadania portuguesa.
Sabe de uma coisa? Não posso reclamar de minhas origens. Uma miscelânea genética e de gênio muito forte herdados desses dois e das avós, uma filha de italianos (Pontalti Pelozo) e outra espanhola legítima (Molina).
Assim, posso me dizer um "vira-latas" no bom sentido, qual seja o de ter raça indefinida.
Sou apaixonado pelo Brasil e ser brasileiro é isso mesmo. Ser fruto de uma grande mistura. E com certeza em meu sangue tem também a força das raças negra e indígena, o que espero.
Reparti cada minuto dos melhores anos da infância com um irmão super companheiro, o Marcelo. Hoje é um brilhante doutor em Ciências Sociais pela UNICAMP.
Perdi uma irmãzinha ainda bebê, a Denise, mas Marcelo e sua mulher Vanessa me deram uma sobrinha linda, a Annia Yeva.
Sou filho de um casal batalhador, o Carlos e a Darci. Minha mãe já foi dona de escola de música em Mirassol, estilista em sua própria confecção, professora do Estado e agora, aposentada é uma fantástica artesã. O meu pai já foi vendedor de livros, corretor de seguros por muito tempo, professor e diretor de escola municipal. Agora aposentado é escritor e poeta. Baita responsabilidade ser filho dessa dupla.
Me casei com Caroline Prosdoskimys Gouvêa, depois também Gomes, sobre quem vou falar em detalhes mais à frente. Desse enlace vieram três filhos, que também vou citar adiante.
Ainda criança colecionei experiências diferentes das outras.
Com amigos preciosos de cabeça muito diferente das crianças e adolescentes que conheço hoje, fundei um clubinho que tinha atas, eleições, boletim informativo e tudo mais. Não sei de onde tiramos essas referências. E funcionava muito bem.  Havia uma parte ritual com velas e oração e outra administrativa.  Semelhante às irmandades que eu viria participar bem mais tarde.  Quem sabe fruto de antigas memórias.
Quase todos tínhamos por volta de 12 a 13 anos. Isso tomava o nosso tempo e preenchia com qualidade nossas tardes. O “clubinho” durou anos. Seus antigos participantes são hoje grandes homens, seja no campo pessoal, quanto profissional. Talvez essa saudável brincadeira nos tenha ajudado um pouco, vai saber. 
O fato é que sempre gostei de grupos, coletivos, fraternidades.
Logo na sequência, já um pouco mais velho, me liguei a jovens religiosos.
O mais importante dos grupos em que atuei foi o JUCA, da Paróquia de São Judas Tadeu, comunidade católica na qual, com uma turma incrível, revolucionamos a arte de participar de movimentos juvenis da Igreja. Ali aprendemos, com os inesquecíveis Missionários Combonianos, a pensar de forma avançada na política e mesmo em como conduzir nossa atuação cristã de maneira a realmente fazer a diferença na sociedade.
Depois, levado por um interesse místico, radicalizei um pouco.  Estudar “bem de leve” ciências ocultas, me encaminhou para movimentos diferentes.
Fui iniciado e me tornei Mestre Conselheiro e em seguida Primeiro Secretário Estadual por São Paulo, da Ordem DeMolay para o Brasil, uma instituição paramaçônica que me apresentou uma forma saudável de contribuir com a coletividade.  Acabou que me aprofundei nos estudos esotéricos. Daí pra adiante minha carreira em fraternidades herméticas foi bem produtiva. Aos 20 anos fui iniciado na Antiga e Mística Ordem Rosacruz (AMORC) e na Tradicional Ordem Martinista, essa última fundada pelo filósofo francês Saint Martin.
Aos 21 anos fui iniciado na Maçonaria, pela Loja Doze de Novembro. Mais tarde, junto com valorosos companheiros, fundamos a Loja Aprendizes do Terceiro Milênio. 
Importante destacar que no meio de tudo isso, quando ainda bastante jovem, precisamente aos 15 anos, iniciei minha militância político partidária.
Nessa área, com certeza, cometi equívocos imperdoáveis, mas foram muitos os acertos também.
Numa caminhada política que reputo como evolutiva, fui simpatizante da juventude do MDB, ainda sem título de eleitor. Depois, ajudei na fundação local do PSDB, que naquele momento se formava de uma dissidência do já então PMDB.
O que me atraiu a essa nova legenda, foram nobres figuras como Franco Montoro, Ciro Gomes e companheiros honrados da luta política na minha cidade. Dentre eles destaco Carlos Feitosa (um de meus mentores políticos) e Waldemar dos Santos.
Saí mais tarde do ninho tucano antes mesmo de vê-lo entregar saudáveis empresas brasileiras no que pode ser considerada a maior devassa privatista da história.
Mal informado e nada formado, fui para o PPS acreditando ser ele o herdeiro do “partidão”. Ledo engano. Contudo, foi que ali encontrei camaradas sérios e dedicados e conquistamos a Prefeitura Municipal de São José do Rio Preto em coligação com o PT.
No Partido dos Trabalhadores estavam grandes companheiros das antigas e justas batalhas comunitárias que abraçávamos.
Enquanto governo municipal mudamos inegavelmente os rumos da Gestão Pública na cidade. Foi a fase em que me uni ainda mais aos velhos combatentes da esquerda, campo do qual não me afastei mais.
Bastante inspirado pelo amigo, camarada e segundo mentor político, Roberto Vasconcelos, o Vasco, atuei com Marcelo (meu irmão), Valter De Lucca, Manoel Messias e outros guerreiros, na reorganização em Rio Preto do PCB (Partido Comunista Brasileiro) quando fundamos, por meio de seu comitê municipal, o Instituto Lúcia Galli para clarear e orientar a militância. 
Minha presença e ação nos partidos políticos sempre se caracterizou pelo cumprimento de tarefas.
Ajudei sempre que pude e sem me importar muito com bandeiras em campanhas eleitorais do campo democrático, onde estão PT, PSOL, PCdoB, PCB e caminhei com figuras importantes para nossas defesas.
Reorganizar, filiar e ajudar no crescimento de partidos da esquerda eram e ainda é, para mim, obrigação.
Sempre defendi e comprei a ideia de que partido não é fim, mas instrumento de luta. Tudo se faz para evitar que sua direção caia em mãos erradas.
O interior de São Paulo, sobretudo, tem no ambiente político peculiaridades que assustam os que se apegam a bótons.  Mas eu prendi que aqui se pode ver muita gente avançada em partidos de centro ou até de direita, enquanto há cidadãos atrasadinhos e rançosos militando na esquerda. Mas claro, não dá pra usar isso como desculpa pra “pular de galho em galho”, ou justificar possíveis deslizes ideológicos.
Mais recentemente fui filiado e membro da executiva municipal do PT – Partido dos Trabalhadores, o maior partido de massas da América Latina e cuja gestão federal deu a este país o melhor governo de sua história até então. Com contradições, gente boa e gente ruim, tenho orgulho de ter pertencido aos seus quadros.
Hoje, no entanto, estou no PCdoB para onde fui com a missão de reestruturá-lo e ajuda-lo a ser salvaguarda da sua mensagem aqui nessa cidade e região. E cumprirei, com meus camaradas, essa tarefa com grande devoção. 
Na atuação política coleciono algumas ações que me orgulham.
Após ser candidato a vereador por duas vezes, fui convidado para contribuir com o Governo que ajudamos a eleger no início dos anos 2000. Exerci na prefeitura as funções de Assessor Especial e Secretário Interino de Governo por três anos. Foi-me possível deixar rastros dessa presença na vida pública, com destaque, a fundação do Fórum de Associações de Moradores (o maior caso de participação popular organizada na história desta cidade) ao lado de Feitosa, Clayton Romano, João Paulo Rillo e outros companheiros.  
Contribuí também na organização popular dos moradores dos mais de 100 loteamentos irregulares que submetia cerca de 22 mil pessoas a um quase abandono público. Iniciei projetos que vingaram e outros que não tiveram sequência após minha saída voluntária, mas que representaram, enquanto ativos, muito e a um bom número de cidadãos envolvidos.
Isso foi fundamental para minha decisão em cursar, mais tarde, Administração Pública. 
Se por um lado havia a militância político partidária, a participação até contraditória na religião e sociedades místicas, em paralelo, me ajudaram no engajamento a outras frentes importantes. Foi assim que tive a honra de participar com gente extremamente avançada, do inesquecível GEAPOL (Grupo de Estudos e Ação Política).
Criado com apoio incondicional dos padres Valdecir Dezidério (Paróquia da Vila Maceno) e Jarbas Dutra (Paróquia da Redentora), o grupo nasceu à luz da Campanha da Fraternidade Fé e Política. Como membro da Pastoral Social Diocesana competia a mim participar de outras ações. E o GEAPOL era uma delas. Foi com este grupo que tumultuamos a vida de uns espertinhos na cidade.
Foi de dentro do GEAPOL que fundamos a Amigos de Rio Preto, um tipo de agremiação de cidadãos que acompanhavam a Câmara Municipal e contribuíam também na fiscalização do Executivo local. Com este mesmo grupo, fundamos a Universidade Aberta em parceria com a UNESP. 
Já no campo pessoal, nunca deixei de correr atrás de minha própria felicidade.
Conheci, namorei por dez anos e finalmente me casei em 1999 com a valente e combativa Caroline Prosdoskimys Gouvêa.
Trabalhadora dedicada, desde tenra idade, me deu três filhos maravilhosos: o Gabriel, o Rafael e o Daniel. Cada um deles com suas qualidades e promessas são o orgulho de toda uma vida. O meu legado definitivo a esse mundo e com certeza minha maior contribuição ao projeto “vida”.
Caroline foi fundamental para muitas de minhas escolhas.  Ficar em Rio Preto quando meus pais estavam na Capital São Paulo.  Assumir a empresa de meu pai e mais tarde fundar a nossa própria corretora.  Estudar, primeiro direito e anos mais tarde, Administração Pública.
Apoiou meus ideais políticos e suportou minhas doenças (primeiro um tumor, vencido em 1999 e dois episódios de AVC).  Enfrentou comigo crises financeiras e mesmo existenciais que vivi ao longo de minha primeira etapa de vida adulta.
Eu havia sido office-boy, professor de cursos profissionalizantes, inspetor de seguradora, consultor de franquias, dono de escolas (informática, inglês e profissionalizantes) sempre contando com sua força e incentivo. E foi também por sua forte sugestão que me habilitei em 1991 como Corretor de Seguros e finalmente fundamos, eu e ela, a San Martin Corretora de Seguros.
Com o nome inicial de Confidence, a empresa operou como corretora de seguros convencional por quase 20 anos até entrar (por insistência de Carol) no Mercado de Franquias. 
Em 1913, se tornava realidade esse sonho.  Caroline então se desfez de sua parte no contrato social em prol da entrada de sócios investidores, dentre eles o eterno amigo de ambos, Edinilson Lopes, até hoje sócio nas empresas do grupo.
Com cerca de 300 unidades espalhadas por todo o território nacional, se não nos deixou ricos, a marca transformou nossas vidas e a de muitos outros à nossa volta.
No ano que vem completaremos 25 anos desde a fundação da San Martin Corretora de Seguros.  
Com processo já iniciado, de novo por insistência de Caroline, a empresa estende suas asas e chegará a Portugal com operações programadas para o início de 2020. 
Pouco antes da San Martin se lançar no franchising, eu havia criado, com Edinilson e outros parceiros, a Maria Brasileira, também uma franquia, que conquistou muito sucesso e que ainda hoje, mesmo eu não sendo mais sócio, me enche de orgulho. 
Entre meus negócios atuais, além da San Martin, estão a Seleta Negócios, formatadora de franquias e consultoria, o BANNEG, que com representação de produtos financeiros já ocupa uma boa posição no Mercado de Franquias e por fim a SAMBA, que ainda está em fase inicial, mas promete. 
Com meio século de vida e agora divorciado, sigo motivado e continuarei dividindo meus dias entre a família, o trabalho, minha transcendência espiritual e a atuação política.
No fim dos anos 90s escrevi um livro. Pequeno, na verdade. Apesar do nome, Saindo do Fundo do Poço não é um livro de autoajuda. Fala da relação com a “depressão”. Fruto de minha própria vivência, que aliás me acompanha até hoje.
A modesta obra chegou na sexta edição e foi publicada pela Edições Paulinas. Participou da feira do livro em Frankfurt, na Alemanha.
Vaidoso, adoro falar de mim sem pudores.  Por isso então segue uma última confissão. Sou apaixonado por Ufologia, tendo na matéria um hobby que trago para as minhas noites e horas vagas.
Só pra constar, esse hábito de escrevinhar ou propagar minhas opiniões e feitos, embora seja sim fruto de uma grande vaidade, não deixa de representar um convite a outras pessoas (dentro e fora de meu convívio) para comigo abraçar a esperança em dias melhores.

Engole o Choro

Resultado de imagem para Engole o choroQuando as forças se vão e todo o chão desaparece por sob os pés, mesmo os mais experientes padecem.
Homens choram, mulheres fortes sofrem.
Tudo escurece e aquele tom de cinza cobre o jardim, pinta o céu e passa a fazer parte mesmo das roupas.
Se emagrece ou até se engorda demais. As rugas ficam salientes, destacam-se as olheiras e mesmo os cabelos se tingem.
Uns comem sem vontade e outros não tem a menor vontade de comer.
Tem aquele que só quer ficar na cama, mas há quem passe o dia todo fora, com medo de voltar pra casa.
A isso denominamos tristeza.
E a tristeza existe desde sempre, bem ali, ao ladinho da felicidade.
Alguém pode dizer que hoje a tristeza é maior que antes.  Que mais pessoas são ou estão tristes do que nos tempos idos.  E a depressão, de fato, já passou a ser tratada por todos como se fosse um resfriado, aquele pequeno desconforto que aparece de quando em quando e a todos submete sem distinção.
Pois é.
Crianças, jovens, adultos e idosos, parecem estar sempre cabisbaixos.  Não encontrando muita razão para suas vidas.  Uns por estarem velhos demais, outros porque não crescem nunca.
Nem dá pra jogar a culpa na classe, pois pobres e ricos são tão tristes ou tão felizes quando podem, desprezando o que possuem ou renegando o que jamais possuirão.
Muito magro, muito gorda, desajeitado, tímida.
Ansiedade, pânico, bipolaridade.
Escuta-se sobre doenças oportunistas que fisgam os tristonhos.  Fala-se de aumento dos suicídios.
Não parece haver saída pra ninguém.  Uma epidemia de apatia, de desarvoramento.
Ora enche as igrejas e templos de desesperados, ora lançam os acometidos desse "mal" ao descrédito total de qualquer ação divina.
O fato é que tudo isso pode até ser verdade.  Mas em comparação a que?
Como podemos quantificar a dor da tristeza se ela é sentimento?
Saudade de quem partiu, de quem partiu pra outra.  Saudade do que se viveu ou vontade daquilo que não se vai viver. Isso é real.
Então, por que sabemos tanto sobre isso, se não temos um cenário de comparação?
Pior que temos.  O tempo todo a comparação com a enorme felicidade, prosperidade, alegrias, bom humor, festejos, beleza, encantamento nos é exibida pelas telas dos celulares e computadores.
Como são felizes e sorridentes os personagens do Instagram, do Facebook. Como são perfeitas suas famílias, suas viagens, seu trabalho.  Como se divertem todos.  Como vão a festas completas.  A qualquer dia da semana.  Quanto dinheiro. Quanta beleza.  Carrões, lindas roupas. Corpos sarados.  Amigos e "peguetes" ao redor em todas as ocasiões.  Mesas fartas.  Copos na mão.
Esse comparativo é portanto o grande responsável pelo cultivo à tristeza, ao desânimo que enchem os consultórios.
E mesmo esses acometidos, feridos, atingidos, acabam por repetir o processo a ferir e maltratar as almas reais, legítimas de fora das redes sociais, só pra não ficarem por baixo.
Não que não haja a tristeza verdadeira, oriunda de perdas, dores, falta de perspectivas e mesmo incapacidade de busca das realizações pessoais.
Mas a tristeza "crônica" que parece dominar a humanidade em uma enorme crise existencial, provém sim da observação quase que permanente de "felicidade" virtual que acreditamos ser verdadeira e disponível, mas que não atingimos, pelo menos nessa plenitude.
Não seria normal que nos sentíssemos felizes ao ver tanta gente feliz e realizada?
Sim no mundo perfeito.
Quando em excesso, essa "felicidade" que todos fingem estar vivendo, deixa nas demais pessoas a frustração ou a dúvida de que se possa atingir aquele sentimento algum dia.
Por isso, cada vez mais são repetidos os "mise en scene" individuais que querem parecer ou se acreditar felizes e o círculo vicioso se propaga.
Quantos despertam pela manhã sequiosos de verem seus amigos e o que fizeram na noite anterior?
Não pra comungar de suas conquistas, mas para desejá-las com furor.
Há que se entender que a tristeza está na mesma linha da felicidade.  Se oscila para um lado aumenta a felicidade.  Se caminha para o lado inverso, aumenta a tristeza.
Se percebermos a frugalidade de quem posta tudo, desde o prato do almoço que acabou de preencher até o novo sapato comprado naquela tarde, entenderemos que nossas vidas não são tão diferentes assim de qualquer um desses de "sorriso fácil".
Qual o real objetivo de se mostrar em uma balada, em uma reunião, em um aeroporto, que não afirmar-se, de algum modo, completo e vencedor?
Não seria mais interessante curtir os momentos que registrá-los provocando em outros a inveja ou minimante a tristeza?
Cada dia mais profissionais da saúde mental tem dito, que ao abrir mão desse comportamento doentio a que está submetida toda a sociedade, 24 horas por dia olhando para uma tela com a obrigação de preenche-la, bem como à espera de uma outra imagem de vida alheia, então vamos começar a viver tristezas com causa e alegrias mais duradouras e menos fabricadas.
A tristeza com causa, tem fim, quando arrefece o motivo que a gerou.  Como a morte superada, o divórcio encarado, a dor curada etc.
A alegria verdadeira provém de dentro de nós.  Fruto, claro, de nossa decisão de prioridades, de realidades.
Essa partilha com as falsas realidades do mundo virtual, se assemelham, olha só, ao psique de quem, vendo uma novela todos os dias, já se imagina pertencente ao roteiro, amigo dos protagonistas e até mesmo do diretor.
Só a convivência real é capaz de fazer surgir em nós a luz que dissipa as sombras que cobrem as almas.  As chamas que aquecem o coração e faz derreter a espessa camada de gelo que o cobre.
É assim que recobramos a razão e sentimos eclodir a primavera, florescer os campos e colorir nossas paisagens.
No abraço sentido, consentido e por que não dizer, inchado de sentimentos, nossa história volta a fazer sentido.  Até porque é nossa e não mais aquela que procuramos nos outros. Nos completos e felizes cenários da internet.
Demorou.  Foi difícil, mas estou finalmente redescobrindo a alegria.  Compreendo que felicidade é mais completa e duradoura. Talvez seja, como diz a canção, "brinquedo que não tem".
Mas a alegria já me basta por enquanto, posto que é capaz de expulsar, com fúria, a ameaça da tristeza sem sentido que corrói a tudo que encontra pelo caminho.
Já não comparo mais.  O que não se pode tocar de verdade é só imagem.  Pixels.
Estou ciente dos vazios d'alma que povoam e emolduram as publicações quase todas.  E acordado para isso, finalmente entendi que não mais adormece, quem de fato desperta.



quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Amor, I love you.


Palavras ditas sem muito critério, começam a cair na insignificância.
Não seria nunca o caso de “eu te amo”, se não fosse tão banalizada como ultimamente.  Dita quase em toda parte, por vezes desprovida de verdade, de sentimento real.
A riqueza de nossa língua apresenta alguns detalhes no uso de palavras e expressões. E isso precisa ser valorizado. Por exemplo, no meu entendimento, amar algo é mais que gostar. 
A gente gosta de suco de laranja, mas ama a mulher da gente.
A gente quer bem a um amigo, mas ama a um filho.
Sim, podemos amar o suco de laranja e o amigo, mas amar pressupõem aquele sentimento muito forte que o gostar e querer bem, talvez não exprimam tanto. 
Podemos dizer que amar ao próximo é uma lei.  Não só cristã.  Está presente em muitas religiões e na própria condição humana.
Amar os da própria espécie, devia ser mesmo regra e não exceção. E lembremos, tem gente que ama até os de outra, como quem cultiva um carinho extra especial pelo cãozinho ou gato.
Há quem ame a matéria.  O carro, o dinheiro, o vestido.  Mas acho que aí é aquela situação em que falta entendimento ou do significado da palavra, ou do que é realmente o amor.
Poderia ficar aqui nessa discussão filosófica, infrutífera e muito pessoal.  Mas o fato é que só a produzi para tentar entender a colocação de Bolsonaro.  Equivocada ou real?  Será que ele queria dizer mesmo isso?
Se sim, o que explica o estranho amor de nosso presidente, aliás nosso não, pois não é meu, com relação ao presidente Trump e de certo modo, a tudo que cheire Estados Unidos?
Em mais uma das suas risíveis atitudes, Bolsonaro após esperar por longo tempo o presidente americano na sala G4-200 no prédio das Nações Unidas, teve com ele uma conversa que não superou os 3 minutos.
Mas foi suficiente para marcar.
A Trump, o brasileiro declarou: “I love you”.  Talvez por ser a única frase inteira que conheça em inglês.  Mas talvez, por amar mesmo.  Alguém já pensou nisso?
Já o outro respondeu apenas: “Nice to see you again”.
Realize a cena. 
Uma garota ou garoto dos seus sonhos se aproxima e você com uma produção específica para o encontro, se declara abertamente: Eu te amo.
Como resposta, a insensível paquera solta a fria frase: Bom te ver de novo.
Nem foi ótimo, que bom, excelente, maravilhoso, incrível. Foi apenas bom.  Como puro ato de cordialidade. Bom te ver de novo.
Será que Bolsonaro não se cansa de lamber as botas desses caras?  Será que não entendeu que nosso país precisa de trabalho, realizações contundentes, boas relações com o resto do planeta todo e não só com a Hollywood que ele aprendeu a gostar de tanto ver filmes do Jerry Lewis no passado?
Não está acordado para ver o despencar permanente de sua credibilidade perante seu próprio povo?
Será que não podia ter estudado melhor antes de ler um discurso tão tacanho, tão desprovido de geopolítica, de raciocínio fraterno e coletivo?
Não.  Não podia e não pode.  Goiabeiras não dão maçãs.  Dão goiabas.  E o que ele tem pra oferecer é isso aí.  E sempre foi.  Quem votou nele soube, sabe. Só falta reconhecer.
Temos que aturar vergonha atrás de vergonha, como a que produziu seu filho, logo em seguida, com as mentiras e boatos que espalhou contra a ativista adolescente Greta Thunberg.
Já não temos mais onde enfiar a cara.
Pensa que foi só isso?  Não, teve a apresentação da falsa representante das comunidades indígenas.  Sem falar em todas as críticas dos líderes mundiais desferidas contra nosso descaso ao meio ambiente.
Desde 1947, a partir de Oswaldo Aranha, o Brasil conquistou o mérito e a honra de abrir todas as Assembleias da ONU. 
A Organização das Nações Unidas e seus 193 países membros, talvez nunca imaginou que por conta dessa tradição teria que ouvir uma abertura tão pífia e tão indigna.
Com frases como: “Foro de São Paulo, organização criminosa”. “A Amazônia está praticamente intocada”.  “Líderes indígenas como Raoni são manobra de governos estrangeiros”.  Dentre outras pérolas, o presidente brasileiro demonstrou seu profundo desprezo à verdade e ao bom relacionamento mundial.
É, presidente.  Melhor declarar o amor não correspondido a Trump mesmo. 
Com isso ninguém mais presta a atenção no resto.  Se ocupa em se divertir com mais essa brincadeira de mal gosto e deixa de lado o que de fato devia importar.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Liberdade recusada voluntariamente. O preço de se entregar de graça.

Em 1563 foi publicada a obra Discurso da Servidão Voluntária de Étienne de La Boêtie.
No livro, o autor fala da obediência consentida dos oprimidos.
Alerta que o súdito de um rei perverso e tirano é quem, na verdade, concede a ele seu poder.
Reis fracos, franzinos, com moral questionável, muitas vezes, dominavam com crueldade homens aos montes pelo poder de sua "imagem" e não por sua força física ou efetiva.
Um poder que lhe era atribuído de maneira integralmente voluntária pelos servos. Seja por costumes, seja por "magia" revelada por histórias passadas de pais para filhos, seja por influência religiosa.
O autor questiona de onde um só conseguia poder de controlar todo o resto. 
Até que então afirma, de forma categórica, que é possível resistir à opressão, mesmo sem violência, bastando aos indivíduos se recusarem a consentir sua própria escravidão a esse ditador.
Muito bem.
Recentemente escrevinhei um texto em que questionava o estranho poder da internet, cuja força destruía famílias, conceitos, padrões, comportamentos e criava, ao mesmo tempo, tudo de novo, ao seu jeito e ao seu modo, com intensidade e objetivos bastante estranhos, pra não dizer malignos.
Por favor, note-se sempre que não há qualquer intenção de se destruir a visão de modernidade, de avanço, de tecnologia nova e abundante, componentes necessários do tão sonhado futuro e liberdade do Homem.
Mas num paralelo, o que desejo aqui é mostrar que também essa ferramenta de ascensão humana, pode ser tornada em uma criatura severa, tirana e ditatorial a nos comandar e usar ao seu bel prazer.
E de forma muito ruim, por concessão voluntária de todos nós.
Aplicativos os mais diversos são disponibilizados gratuitamente com o único objetivo de penetrarem nossos micros, celulares e dados.  A controlar informações e criar algorítimos que nos tornarão escravos de vícios (até mesmo sexuais, pois tornam seus dependentes mais acessíveis), comércios e sobretudo, controle social e político.
Nem me cabe condenar ninguém, sem antes confessar minha total submissão às redes sociais e mecanismos de comunicação eletrônica. Uso Blog, Facebook, Instagram, Linkedin, WhatsApp e o que mais tiverem paciência de me ensinar.
Não me orgulho.  Temo.  Estou tentando enfrentar sem fazer parecer uma "briga de brancaleone".
Esse texto é prova disso.  Levar-me, bem como quem o quiser, a uma reflexão profunda.
Se agora mesmo visito o Google para descobrir onde fica uma determinada cidade em Portugal, meu PC, meu IPed e meu celular passam a me enviar o tempo todo passagens aéreas, hotéis, aluguéis de carro, restaurantes etc. sobre o lugar ou suas imediações.
Se visito um site qualquer, tudo o que ele oferece, a partir de então, me fará visitas constantes, seja de forma direta, via lembretes eletrônicos na tela, seja por mensagens estranhas no meu SMS ou outro veículo.
Aplicativos variados, mesmo aqueles mais populares ou tidos por necessários, que permitem o relacionamento entre pessoas, são componentes de confecção de perfil que gradativamente são despejados no íntimo de grandes programas.
Para ilustrar com imagens claras, nada melhor que o filme que conta a história de Snowden. Sugiro que seja assistido pelos mais céticos.
Hoje conseguem nos ver no banheiro, na sala ou no quarto. Se quiserem, ligam sem que percebamos nossas câmeras, microfones.  São ainda capazes de saber que mensagens enviamos, pra quem, a que horas, de que modo.
Só não as utilizam todas, por falta ainda de espaço, tempo ou pouco interesse em nossas singelas existências.  Mas usam as principais. Para nos empurrarem coisas, produtos, manias, ideias. E se a pessoa consegue algum destaque, muito em breve, estará comendo nas mãos de alguém.
Não é à toa que figuras conhecedoras do mundo digital como Mark Zuckerberg ou Elon Musk, se recusam a usar a maioria dos aplicativos e cobrem seus equipamentos com adesivos nas lentes.
E porque faço essa ligação com a obra de La Boêtie.  Porque assim como ele afirma que nossa escravidão é voluntária, ele também nos diz que podemos interrompe-la.  Vencer essa tirania, bastando não mais nos entregarmos à rotina ridícula de nos fazemos mercadoria.
Parece simples, mas experimente viver à distância de tudo isso.  Não ter um WhatsApp ativo.  Não procurar pessoas em chats.  Não fazer conexões. 
Será tido por louco, eremita, fanático ou besta. Ficará ainda a parte do Mercado e terá dificuldades para crescer no mundo corporativo.
E esse será o preço da sua liberdade.
Agora mesmo, estou encaminhando essas palavras para amigos e familiares via web.  Que logo, por respeito ou consideração a mim, estarão lendo.  Alguns dizendo: "Puxa é mesmo".  Outros avaliando: "E daí?  O que pode acontecer de mal?".  E por fim aqueles que sequer se darão ao trabalho de pensar no assunto, pois estarão lendo ao mesmo tempo em que consultam seus recados ou mensagens.
Só que o fato é que as partículas terão entrando em cada componente eletrônico que quase 100% das pessoas que conheço possui.  Todas elas, como eu, escravos voluntários desse BigBrother poderosíssimo que vende caro nossos segredos e informações, conseguidos absolutamente de graça por nosso mais doce e devotado consentimento.

Ser uma nova versão.

Muitas vezes eu me ponho a aconselhar pessoas.   Desde os filhos, companheira, amigos e até quem não pede conselho algum. Feio isso, né? A...