A crise que assola o país e o mundo e que dificulta muito qualquer tipo de empreitada, foi alargada pelos efeitos da COVID 19.
Mas o fato é que nunca foi
fácil. Empreender sempre exigiu coragem, determinação e perseverança.
Por isso sempre que amigos
perguntam em que investir para criar um negócio próprio, indico iniciar por uma
franquia. É mais seguro.
O universo do franchising
no Brasil sempre foi promissor, ou pelo menos a partir do final dos anos 90s
seu crescimento deu-se de maneira contínua.
Minha relação com o Mercado de
Franquias teve início nessa época prestando serviços para uma rede ainda em
início, mas que já mostrava grande ímpeto.
Como professor e depois como
coordenador pedagógico da Unidade Piloto da Microlins, botei os pés num mundo
totalmente novo.
Não demorou e rapidamente eu
tinha minhas 3 unidades próprias. Desde
esse momento, nunca trabalhei sozinho, sempre mantendo sócios.
Aprendi os meandros que
envolvem a relação franqueadora e franqueado dos dois lados do balcão o que me
viria a ser extremamente útil aos próximos passos.
Anos depois de vender minhas
escolas passei rapidamente pela rede concorrente, a Prepara Cursos e mais
adiante pela Dr Resolve, uma rede de micro franquias que iniciava de um jeito ainda
mais arrojado.
Essa experiência tripla me deu
gabarito e logo em seguida eu fundava a World Brasil, onde prestava serviços a
redes de franquias já constituídas ou ajudava empresários na formatação de suas
marcas. Foram muitas as que contaram com nossos préstimos. Vilesoft, PetCursos, Projeta, Mercadão dos
Óculos, Sr Computador e outras em variados ramos e estágios de atuação.
O passo seguinte, foi a
fundação da Maria Brasileira, até hoje um sucesso e logo na sequência a
formatação da San Martin Corretora de Seguros. Essas duas cresceram de maneira
vertiginosa e quase espontânea. Logo se alastraram pelo Brasil adentro.
Minha última atuação como
formatador, foi com a rede Banneg cujo crescimento não foi menos surpreendente.
O relato dessa caminhada é
para dar embasamento ao que vem a seguir. Comentar um pouco sobre esse ramo de
negócios que já deixou muita gente bem e ao mesmo tempo, já frustrou outros
tantos.
A origem do franchising
é controversa, no entanto, apresenta picos destacados como os anos 50s e depois
a década de 80. Os Estados Unidos, com
certeza, foram os precursores do modelo que nos foi apresentado quando os
shoppings explodiram por aqui. Franquias
de alimentação e vestuário desbravaram o Mercado Brasileiro de Franquias.
Em meio a esse contexto, já no
final dos anos 90s, surgem, principalmente no interior do Estado de São Paulo,
com destaque à cidade de São José do Rio Preto, algumas modalidades um tanto
diferentes e avançadas de franquias.
A micro franquia de filtros de
água Hoken cresceu exponencialmente em tempo “mágico”. Quase que na mesma onda, se multiplicava a
rede de cursos de informática Microlins.
Foi essa última, então do empresário José Carlos Semenzato, que
incrementou o suporte conseguindo oferecer aos seus franqueados a satisfação
real ao mesmo tempo que cobrava e acompanhava seus resultados. Uma inovação que
custou caro a outros franqueadores mais pacatos.
Esses dois modelos foram
fundamentais para atrair muitos profissionais que viram a grande oportunidade
de suas vidas sendo-lhes apresentada. Em pouco tempo a cidade reunia advogados,
contabilistas, assessores de imprensa, publicitários e homens de marketing
voltados quase que exclusivamente para o franchising.
Nasceram, ao mesmo tempo, em
torno dessas marcas, experts em sistemas de gestão e controle. Mais adiante, outros tantos voltados a
consultoria e treinamentos. Ou seja, mão
de obra qualificada de A a Z para quem quisesse montar sua própria rede.
Onde há quantidade, há também
qualidade (boa e ruim). Por isso, dentre
tantos, muitos se perderam e fizeram asneiras imperdoáveis, mesmo após um
avassalador crescimento.
Enquanto isso acontecia,
ganhou mais força no Brasil a Associação Brasileira de Franchising – ABF.
Poderia até se supor que a associação
fora criada como uma “agência reguladora” do meio. Mas não é verdade. Ainda que se suponha que a
mesma tente evitar aventureiros no Mercado, não há como prever dentre essa
amplitude de marcas que surgem a todo instante, seu caráter ou intenções.
Bastante interessada em vender
espaços em feiras, publicidade em seu site, a ABF muitas vezes prestigiou
grandes marcas, sem perceber que muitas delas não eram tão leais como
aparentavam.
Fazer parte do quadro
associativo, não garante lisura total de uma determinada rede, só que não
participar gera muitas dúvidas sobre. Melhor então se associar e participar de
maneira ativa para poder garantir sua atuação séria.
Por conta da pandemia, as
feiras estão suspensas e isso não deixa de ser momentaneamente bom, pois
oportuniza que associação e filiados repensem seus formatos.
Nesses eventos, glamorosos
palacetes contrastavam com humildes estandes que muitas vezes ofereciam
oportunidades mais honestas.
Além disso, vendas ocorriam em
plena feira, contrariando o interstício exigido pela legislação entre o contato
do interessado (investidor) com a marca.
O que não se pode negar é que
por meio de cursos, indicações e mesmo equipes de apoio oferecidos pela
associação, muitos investidores e franqueados são ajudados, com destaque ao
grupo que visa levar marcas brasileiras ao exterior. Eu mesmo já estive entre
eles em oportunidades ótimas.
Quando se fala em franquias,
devemos entender fundamentalmente duas coisas: modelo e prática.
Temos franquias que exigem
capital inicial elevado, montagem de lojas amplas, bem equipadas, processos de
atendimento e serviços modernos e de alto padrão. E temos franquias pequenas, ditas baratas,
que exigem investimento módico, podendo até permitir a atuação do franqueado em
casa (home).
São chances de ganhar mais ou
menos e de perder mais ou menos. Por
isso devem ser estudadas com grande atenção.
É para isso que a legislação
prevê o prazo de análise e exige o encaminhamento aos interessados numa
franquia da Circular de Oferta.
Nesse documento é fundamental
que o franqueador expresse os riscos no mesmo grau de destaque que as
oportunidades. Também deve agregar a ele
detalhes como plano de negócios, regras essenciais e outras informações que
permitam uma avaliação completa.
Eu acrescentaria, se pudesse, a
constatação in loco do
investidor na unidade piloto, que também deve ser estudada. Afinal, ela é aquilo que está sendo vendido
de fato.
Depois
disso, a decisão é toda do novo franqueado que deverá então assumir o ônus e o
bônus do que está contraindo ao assinar o contrato.
Não
é incomum que franqueados se arrependam, mas em nenhum momento é dada qualquer
garantia de êxito, pois a execução e operação diária é total do franqueado.
Ao
franqueador caberá sempre a disponibilidade da marca, dos fornecedores, dos
produtos ou serviços e do apoio operacional via indicações, orientações,
fornecimento de treinamentos e outros processos. Mas ganhar ou não dinheiro,
crescer ou não, será sempre uma decisão do investidor.
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