segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Empreender não é doce. Doce é permanecer empreendedor.


Aconselhar as pessoas sempre foi muito fácil.
Mas o ideal sempre é partilhar experiências, pois elas sim são um testemunho vivo do que a gente prega.
Fui chamado para falar de empreendedorismo a uma plateia em uma faculdade de Administração.  O que dizer a sequiosos estudantes prestes a começar suas vidas profissionais?
No mundo dos negócios, por exemplo, já fui uma pessoa de várias faces.
Já fui office boy, assistente de departamento pessoal, assistente de departamento financeiro, conciliador contábil, inspetor de produção de uma seguradora, corretor de seguros, gestor de uma loja de roupas femininas da família em shopping, proprietário de escolas profissionalizantes, professor de cursos, palestrante, consultor de franquias em empresas outras, dono e fundador de franqueadoras, além de viver uma intensa vida como militante político.
Fui casado, sou pai de 3 filhos e vi em 2019 muita coisa mudar na minha vida “de novo”.
O que esses 52 anos de existência me permitiram aprender até o momento?
Que é preciso dividir as coisas muito bem. Cada uma no seu lugar.
Os papéis, como dizem psicólogos, devem ser vividos individualmente.
Pai quando se é pai, filho quando se é filho, marido quando nessa condição, militante político nas lutas justas e empreendedor quando nos negócios.
Em cada papel, 100% de dedicação e foco.  Acho que consigo fazer isso.  Nunca tive problema de desvio de atenção quando estou mergulhado numa solução ou ideia.
No quesito negócios, por exemplo, posso me considerar um homem bem sucedido, embora tenha enfrentado diversos perrengues.
Mas foram justamente diante desses percalços que dei a volta por cima, encontrando ou criando soluções mirabolantes e definidoras para o “próximo capítulo”.
Sempre pude contar com a confiança de pessoas próximas e sobretudo, com a ajuda de cada um.
Trabalhar com família e amigos é importante.  É verdadeiramente bom.  Mas há que se considerar que amizades nascidas do dia a dia de um empreendimento são fortalecidas pelo objetivo comum de vencer, muito mais do que quando cerramos fileiras com algum querido.
Afinal, temos o hábito de exercer a complacência, exageramos no carinho, não só perdoando deslizes, como buscando não desagradar com atitudes que seriam drásticas em determinados cenários, mas fundamentais.
Para dar saltos, a compreensão dos outros nem sempre é manifestada. Como quando precisei desistir de sonhos que eram bons.  Abandonar projetos promissores e até simpáticos, para poder dedicar forças em coisas maiores, melhores ou com resultados mais interessantes.
Isso nunca foi problema para mim.
As constantes mudanças, substituições de pessoas ou ações, revitalizam.  Fortalecem.
Sou o cara que, quando muda de ambiente, roupa ou parceiros, também muda por dentro.
Afinal, tudo está em constante mudança no universo.  Nada é estático, desde a nuvem até os reflexos econômicos.  Se adequar ou se adaptar a essas variações são o que garante a sobrevivência do negócio.
Também não resisto a loucuras. Tão logo surge a oportunidade, me enfio em uma.
Investir quando a crise assusta, ousar quando todo mundo se segura, me dá adrenalina e vantagem perante a concorrência.
Variavelmente, sobretudo nessas condições de pressão, se pode fazer cálculos errados. O problema nunca será gastar muito, investir muito, mas sim ganhar pouco, faturar pouco.  Isso deve ser digno de atenção.
Em jogadas arriscadas, já ganhei muito dinheiro e fiz gente que estava ao meu lado, ganhar também.
“Em Roma, faça como os romanos”, alerta o dito popular.  Pois bem, num país capitalista, pense como um, mesmo que isso agrida um pouco sua ideologia política.  Afinal, antes de mudar o mundo é preciso estar vivo.
Nessa toada segui tentando fazer a diferença.  E foi assim, a cada virada de chave, a cada novo milagre nos negócios que angariei mais credibilidade e forças.  Pois quando desafiamos as impossibilidades, nos tornamos imbatíveis e somos respeitados até por quem não nos favorece.
Não tenho dúvidas que, vez ou outra, alguém pode ter pensado que eu não era “aquela coca cola toda”.  Sim.  Por certo já fui visto como “pouco esforçado”, ou no vulgo, “braço curto”.  O fato é que, quando estamos atolados de tarefas, pouco nos sobra para pensar, criar e montar boas estratégias.
Não foram poucas as vezes em que me recolhi.  Em uma chácara na qual morei, cavando a terra e plantando flores em meio a uma tarde normal de semana.  Não foram poucas as vezes que tirei o dia a passear ou ficar com os filhos.
Refrigérios para a mente.  Lenitivos para o coração. Energia para o espírito.
Egocêntrico, egoísta, vaidoso... já não sei mais qual o pior dos meus defeitos.  É que tenho a mania de pensar que nasci para algo muito especial.  Então, criar coisas, fatos, negócios e situações, parece ser obrigação e quando tudo está calmo ou perfeito demais, sinal que está na hora de agitar.
A luta, a batalha, a guerra, vai com certeza terminar um dia.  Seja porque acabou o motivo da briga, seja por alcançar o objetivo, sei lá.  No entanto, não será hoje ainda.  E perseverar na lida, na busca pelo sucesso empresarial, precisa ser a qualidade máxima de uma pessoa empreendedora.
Não temo repartir os louros, o comando, as decisões.  Por vezes me apresento arrogante, mas é típico de quem precisava ter “apanhado mais da vida”.  Acho que é melhor “comer pudim em grupo do que pão seco sozinho”.
Todas as boas ideias partilhei com sócios, outros empreendedores.  E ainda hoje, busco fazer isso.  Quem trabalha comigo, quem vem comigo, ou é sócio no contrato social ou fraqueado de alguma de minhas ideias.
Naufragamos juntos ou voamos juntos.  Voar é sempre melhor. E quem está na nave, não a quer ver despedaçada.  Diferente de quem assiste do lado de fora.
Gosto disso.  De pessoas que acreditam em mim.  Mas gosto mais de gente que acredita em si mesmo e que reúne praticamente as mesmas qualidades que eu. 
Nisso consiste o amálgama do sucesso.  Lutar junto. Até o fim e tendo por fim, a nova empreendida.  Costumo repetir os parceiros, salvo quando não querem, quando não são leais ou quando não estão dispostos a “entrar junto no lago”.
Cotidianamente acordo com ideias novas.  Com soluções novas para os problemas novos.  Muitas vezes seria mais fácil permanecer em inércia ou até, em situações mais sérias, desistir.  Mas não para mim.  Se a questão é grave ou séria, atitudes graves e sérias.  Isso fará toda a diferença.
Tenho que fazer isso.  Tenho que jogar limpo. 
Ninguém consegue vencer no mundo dos negócios sem ser e parecer honesto, corajoso, dinâmico. 
O leão ruge porque precisa mostrar que está vivo, no controle e ser temido, muitas vezes, pelo menos nesse campo, ainda é bem mais necessário que ser amado.

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