terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Carnaval


Eu já gostei muito de carnaval. Jà até passei dos limites, um pouquinho.
Lembro de um, no qual bebi um pouco além da conta e provavelmente dei vexame no clube. Era muito novo, talvez uns vinte aninhos... Tudo era perdoável. Encontrei por lá alguns amigos de meus pais, maçons (eu era DeMolay), clientes do escritório onde trabalhava, pessoas da Igreja (eu ministrava catequese)...
Contradições que já carregamos desde a juventude.
Mas hoje não consigo mais gostar das festividades carnavalescas.
Talvez o excesso provocado pela propaganda da Globeleza que já começa no dia 2 de janeiro. As constantes apresentações das escolas de Samba na TV meses antes, dando um brinde do que será seu enredo.
Ou então e simplesmente, pelo aproveitamento das pessoas em empurrar tudo com a barriga para "depois do carnaval". Funciona assim com meus clientes: "Não Carlos, vamos deixar para depois do Carnaval".
Um outro e muito forte motivo para eu não gostar da festa de Momo, talvez ainda seja o fim das marchinhas. No último baile de carnaval que fui com minha mulher, há uns 6 ou 7 anos, não ouvimos uma sequer. Axé, pagodes e funks definitivamente não são música de carnaval. Admite-se o frevo, um pouco pelo menos, mas nunca todo o resto em substituição às velhas e tradicionais marchinhas que vão de "Oh jardineira..." à "Mamãe eu quero...".
Não bastasse isso, vi com outros associados, o fim de meu velho clube de adolescência. Meu pai tinha um título super antigo, cujo número pequeno me orgulhava. O Palestra, ícone dos carnavais que atraía meus primos da capital com ótimas bandas, também era o "tcham" de amigos do Automóvel e do Monte Líbano, que pelo menos uma das noites queriam "pular" comigo no "maior carnaval da cidade". Idos tempos... Quantos convites não ajudei a vender para permiti-lo.
Pode ser que eu esteja fantasiando tudo isso. Quando a gente envelhece, acaba por idealizar coisas que nunca existiram, como: os políticos de antes eram honestos, os alunos prestavam atenção às aulas, os jovens respeitavam os idosos, ninguém jogava papel nas ruas etc.
E é triste ver que a festa é popular, ganha as ruas e as multidões do mundo todo e eu, aqui mesmo, na capital do samba, sequer ligo a TV convencional para ver o desfile do que seriam minhas escolas preferidas, a Gaviões da Fiel em São Paulo e a Beija Flor do Rio que conheci quando menino em desfile quase exclusivo na cidade vizinha de Mirassol e mais tarde pude rever no Barra Shopping no próprio Rio de Janeiro, quando lá estive.
É quem sabe, gostar de novo, só no outro carnaval.

2 comentários:

  1. Caro Carlinhos
    Se você viu eu também falei da minha visão de carnaval. Ou seja eu voa avenida pra ver o que, cadê o clima de canaval nas lojas, cadê o a cidade enfeitada,cadê os concursos de marchinhas anuais como havia, cadê um programa de rádio como do Magrinho eletrico Joel Silveira da Bandeirante que trabalha todas as questões do Carnaval o Ano todo. E cadê o clima de Carnaval. A festa popular, que reunia as pessoas simples, num cordão, num bloco, ou até mesmo numa charanga, desapareceu, tudo era mais romântico. E hoje há um mercantilismo imenso.Em São José do Rio Preto, todos os sindicatos tinham bailes de Momos. A idéia era outra. A cidade de São José do Rio Preto-SP, recebia uma verba da Secretaria de Turismo e o nosso carnaval era o carnaval turístico do interior.Se hoje recebe o dinheiro é bem desviado. Pois a festa popular reduziu-se a um bailinho de fundo de quintal. O carnaval é uma esculhambação e geralmente as pessoas envolvidas como secretários, prefeitos, digas de passagem, ao invés de lembrar, lembra-se do OUt-Door,da Avenida Andaló...rsrsrs, não precisa nem explicar são os ratinhos roendo sacos de dinheiros. E ninguém falou nada.

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  2. Carlinhos, como não lembrar desses bons carnavais, chegamos até a ir ao Palestra juntos: eu, a Carol, vc e mais alguns amigos do colégio. Realmente era muito bom mesmo, me lembro até da Ana Paula Arósio num dos dias de carnaval no Palestra com um primo meu...Tenros anos...e Deus me livre do carnaval de hoje, com esses funks horrorosos...fico muito triste de nossos filhos não conhecerem o carnaval que vimos, sim porque o carnaval que pulamos ainda não era tão diferente dos carnavais de nossos pais...
    Um abraço
    Ale Pantoja

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