terça-feira, 12 de maio de 2009

O PROCESSO EDUCACIONAL ESTÁ DOENTE


Mais uma contribuição do Professor Antônio Cáprio - Especialista em Educação - Tanabi-SP


A educação é um processo moroso que se inicia nos primeiros momentos da vida de uma pessoa, de um indivíduo e se prolonga por toda sua vida. As fases são naturais e não podem ser ‘puladas’. Não se admite falhas neste processo. Deve ele ser constante, seqüencial e cumulativo.
Houve tempo em que a educação era responsabilidade única do Estado enquanto poder político organizado. Só haviam escolas oficiais, reconhecidas e dotadas de poder absoluto na busca de seu objetivo: transmitir conhecimentos. Ensinar. Preparar o cidadão para o exercício pleno da cidadania.
O tempo, num passeio por um determinado espaço, modifica o ser, os grupos sociais, os estados e até os pensamentos que foram entendidos como imutáveis por serem próprios da essência humana. O indivíduo, em processo de educação, se adapta ao tempo vivido. Absorve as ‘perfumarias’ da época e do meio onde vive. Transforma-se. Transmuta-se de um ser natural em um ser produzido, montado conforme as circunstâncias e o desejo do poder político reinante.
O tempo flui eterna e continuamente. O novo cidadão aflora e, no mesmo processo em que foi gestado continua a produzir novos cidadãos, à sua semelhança e também no mesmo processo de modificação. Esta seqüência se instala continuamente e o produto da educação emerge e comanda novos processos numa interminável seqüência perigosa e contagiante.
Como uma virose, os produtos da nova educação e do implantado processo cultural, se tornam ‘modelos’ e os doutores, mestres e especialistas em educação, numa euforia preocupante, aplaudem a ‘ modernização do ensino’ como que o grande messias que era esperado para a redenção da espécie humana.
Modificam-se grades de ensino, criam-se promoções continuadas, fundem-se disciplinas e criam ‘blocos’ de matérias que são pensadas como soluções aos inúmeros problemas educacionais que enfrentamos no Brasil, em nossos estados e em nossos municípios desde a década de 60 com a famigerada criação de licenciaturas breves e plenas para engordarem as estatísticas frente ao mundo.
Os laboratórios educacionais continuam freneticamente na produção de ‘fórmulas mágicas’ pensando resolver a questão da transmissão do conhecimento, da preservação dos valores culturais, sociais, morais e políticos. Poções mágicas fantasiosas, sem ter o pé no chão e sem reconhecer os métodos utilizados ontem e que deram certo. Tentam apagar o passado com borrachas duras que só rasgam o papel e a nada chegam.
Educar é um processo. Estas ‘invenções’ por meio de injeções venosas são paliativas. Uma vez interrompido, retomá-lo é doloroso. É como um tratamento médico que, defeituoso, precisa se iniciar no zero. As seqüelas destas interrupções no processo educacional são perigosíssimas e incuráveis. As gerações submetidas a estes procedimentos podem ser prejudicadas de forma irrecuperável no tempo e no espaço.
E quem é o responsável por isto tudo? Quem ‘ paga a conta’?
O processo educacional está doente e não a educação. Os gestores deste processo precisam acordar para esta realidade. É preciso baixar as armas e se reiniciar o processo antes que tarde demais.
É bom lembrar que um processo educacional defeituoso reflete em todos os demais segmentos da sociedade humana.
Tanabi, maio de 2009.

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