quinta-feira, 10 de junho de 2021

Lar, doce lar

 

Quase 500 dias se passaram desde que entramos em quarentena por conta da expansão violenta da COVID 19.

Março do ano passado foi quando muitos de nós começamos a deixar os escritórios e passamos a desempenhar, a partir de nossas casas, o que é conhecido por trabalho home.

Aparentemente houve uma imediata adaptação de muita gente e mais ainda de muitas empresas que aprenderam a confiar nos seus funcionários e a controlá-los das mais diversas formas, mesmo a distância.

Na verdade o Brasil do início do novo século já era o terceiro país do mundo em que o home-office mais crescia.

Hoje, não só reuniões de trabalho, mas reuniões de clubes de serviços, sindicatos, associações de bairros, encontros de família e até celebrações religiosas já se fazem por meio remoto.  E essa inovação e prática, antecipadas à forceps pelo afastamento necessário, devem permanecer, em muitos casos, bem depois que a pandemia passar.

Para desempenhar bem suas funções, sem deixar a desejar, o trabalhador em casa precisa seguir alguns critérios.

Desde meados dos anos 90s que, principalmente redes de franquias, começaram a oferecer modalidades home-based para prestadores de serviços ou pequenos representantes comerciais. E traziam consigo um tipo de manual de procedimentos.

As exigências eram então o que se pode recomendar sem medo, mesmo agora.  Um cômodo ou aposento dedicado, com chave para que crianças, visitantes e outras pessoas não entrem de repente a bagunçar ou fazer barulho.  Boa internet, telefone exclusivo, se possível um ar condicionado que permite deixar os vidros fechados a fim de que sons de cachorro latindo, panelas e crianças a brincar não interfiram no diálogo com clientes. Boa iluminação, cadeira e mesa confortáveis e um bom equipamento de informática.

A esses detalhes eu ainda acrescentaria uma certa disciplina.  Há tendência de trabalhar além ou aquem da conta, pois com o escritório dentro de casa, telefonemas e contatos ocorrem a todo horário e não raramente, pode-se deixar para executar tarefas mais chatas em horários alternativos.

Por consequência, família desprezada e abandonada há apenas alguns metros de distância.

Mas o contrário também é fato.  Acordar mais tarde, demorar-se no banho, fazer uma longa sesta, ver o noticiário, receber a visita daquele parente sem compromisso, buscar crianças, fazer compras etc.

O corretíssimo é estabelecer um horário comercial mesmo em casa e não desviar-se da agenda.  E também evitar o excesso de conforto, como roupas relaxadas, cerveja sobre a mesa e por aí vai.  Isso só faz distrair e quebrar, internamente, a seriedade e o comprometimento.

Final da história, menos produtividade, mais insatisfação de todos os lados. O que poderia ser ótimo, fica regular e pode até desmotivar bons profissionais e promover o arrependimento de patrões.

Comportamento é importante sim. O mundo tem assistido o inusitado, desde tribunais até reuniões executivas, em que pessoas despreparadas ou sem noção,  exibem cenários esquisitos ao fundo, enquanto participam de áudios-conferências.

Já se viu até um advogado tomando banho em plena audiência, um político só de cuecas e outro cheirando uma calcinha.  Sem falar no famoso caso do advogado ou promotor com cara de gato. Hilário e trágico de uma só vez.

Seres descabelados, camas desarrumadas e outras imagens ruins, tem feito parte de um bom número desses encontros virtuais. Falta de um mínimo de respeito e atenção.

É sustentável e vantajoso trabalhar em casa.  Ganha-se tempo que era perdido no trânsito, economiza-se dinheiro com comida na rua, transporte e roupas.  Enquanto isso, a empresa evita muitos pontos e aluguéis, economizando, ainda que ajude nas despesas de energia e internet de seus funcionários nas suas residências.

Enfim, parece mesmo um caminho sem volta.

O importante é pegar firme.  Dá pra se trabalhar para outros e para empreender a partir de sua sala ou pequeno escritório doméstico.  Mas você tem que se esforçar para não cair nas tentações.

Nada de despertar sem cuidar de si e do ambiente. 

Arrumar a cama, se barbear e pentear os cabelos, vestir-se de acordo, ainda denotam respeito a clientes, colegas e chefes. Além disso, estabelece um ritual que define seu papel como profissional naquele período específico, mesmo no lar. Inclusive serve como recado para familiares ou convivas do ambiente, que saberão entender e respeitar aqueles momentos.

Uma dica importante também é aprender a lidar com os equipamentos e aplicativos disponíveis para reuniões e outras tarefas. Facilita, agiliza e evita os micos mencionados antes.

Ah e atenção, a venda de produtos é outra grande fazedora de novos e bem sucedidos profissionais.  Não faltam alternativas. Se você está desempregado, eis aqui uma chance.

Não vou me aprofundar na questão que versa sobre direitos trabalhistas, relacionamento interpessoal e convivência (socialização) entre colegas de trabalho.  É uma discussão bem ampla.  Mas ninguém deve deixar de pagar ou receber o que é devido.  Nem tampouco exagerar ou minimizar esforços ou o tempo de trabalho. O que muda é apenas o local, mas não a relação empregatícia. 

No caso de autônomos, a economia de trabalhar home, em boa parte das vezes é maior que a perda por não estar nas ruas, acredite.

Se você está preocupado, ou preocupada com o que fazer ou procurar, ou mesmo com o que criar, pense nisso tudo.  O trabalho home é ideal para os perídos atuais e pós pandemia, tanto para quem quer um emprego, quanto para quem quer empreender. Principalmente se for criar um novo negócio, não despreze essa séria e grande tendência dos tempos modernos.


Texto postado no DLNEWS - 09/06/2021

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