segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Sobre ganhos e perdas

 

Alguém mal esperou o resultado das eleições desse segundo turno ser divulgado e já foi logo me mandando uma mensagem no WhatsApp.

"Você não ganha uma eleição.  Votou em si mesmo e perdeu seu voto. Agora, pediu votos para Boulos e Manuela.  Nenhum deles venceu. Você precisa repensar suas escolhas."

É difícil tentar explicar algo tão simples a uma mente tão complexa.  Mas eu tentei:

"A gente não ganha votos porque o candidato em quem a gente votou venceu as eleições. A gente ganha votos quando votou em um projeto que nos representa.  O inverso é verdadeiro.  Não perdemos votos quando nosso candidato não foi eleito.  Perdemos votos quando votamos em um projeto prejudicial ou falso, cujo programa que escolhemos ou acreditamos não será aplicado nem com a vitória desse candidato."

O voto que escolhi por acreditar no programa, nas palavras, na proposta enfim, foi o melhor voto. Foi assim quando votei em mim ou quando pedi votos para nomes em quem confio.  Por isso eu saio sempre feliz de todos os pleitos.  Já votei em Lula, já votei em Suplicy, já votei no Orlando, já votei em Feitosa e já votei em Edinho, em Marco e João Paulo Rillo, em Cacau, em Liberato e embora nem sempre meus candidatos foram eleitos, nunca perdi meu voto.  Nunca dei um voto pelo qual tenha me arrependido.

Conviver com política é muito diferente de só debater política. E de 2015 pra cá, vivemos uma realidade um tanto quanto ambígua.  Pessoas que sempre foram alienadas da convivência política, de repente se puseram a comentar, debater, praticar a discussão. Em que pese isso ser sim um avanço, ainda está longe de ser experiência política.

Muita gente ainda "bate-boca" quanto a esquerda e direita sem entendimento algum do que isso significa. E quando vamos para as questões que envolvem socialismo, liberalismo, comunismo etc. imediatamente somos envolvidos em discussões por "especialistas de botequim" que se imaginam grandes  entendedores de pesadíssimas doutrinas apenas por leituras vagas feitas em redes sociais ou mensagens ocasionais de grupos dos quais fazem parte.

Jesus! Como exige paciência esclarecer pontos importantes desses sistemas políticos e econômicos diante de pessoas que, por serem bombardeadas por "fake news" e todo tipo de desinformação, batem em teclas absurdas e sem sentido.

Há ainda quem misture a questão religiosa na defesa do ponto de vista, como se a prática de um ou outro modelo tivesse a ver com a fé ou falta dela.  Sem falar em gente que usa a "família e os bons costumes" como pano de fundo. Foi com isso que elegeram Bolsonaro sem perceber que por trás estava um grande engodo. 

Minhas respostas quando isso ocorre são as mais cautelosas e didáticas possíveis para evitar a agressão ou a ofensa.  Não quero dar impressão de superioridade ou menosprezo. Mas devo confessar que geralmente saio cansado, ofendido e como se tivesse sido derrotado por simplesmente parar e desistir de falar (escrever) tamanha a falta de noção do interlocutor.

Hoje ao analisar o resultado do segundo turno, consigo avaliar coisas boas.  Manuela sai forte do processo no Rio Grande do Sul.  Também sai vitorioso Boulos na capital de São Paulo.  Caramba.  Estamos num cenário em que a extrema direita está no comando e perdendo quase tudo para a direita ou o chamado centro.  Se isso não devolve as forças para a esquerda, pelo menos já demonstra um "repensar" da população na atitude tresloucada de 2018. Um recuo do chamado bolsonarismo ao que foi vigente por 500 anos nesse país. Já já o povo brasileiro lembra que depende de trabalhar todos os dias para sobreviver e que portanto é trabalhador, devendo votar como tal e não como patrão.  Quem sabe? Aos poucos a gente chega lá.  

Eu mesmo, desconhecido total em Rio Preto, embora militante antigo da política por aqui, saí desse processo eleitoral mostrando que tinha (tenho) discurso e programa.  Capacidade e visão progressista.  No universo político, estou agora incluído de vez.

Esses aspectos não são facilmente assimilados por quem vive a política de superfície.  E é por isso que esse pessoal ainda escarneia de resultados como os de hoje, demonstrando seu desconhecimento total do processo que se constrói, eleição após eleição conforme vai amadurecendo a democracia.

Por isso não só não me arrependo, como estou orgulhoso de ter pedido votos para o 65, 50, 13 e até 12 onde foi preciso.  Essa é uma frente que se fortalece e que já vem pronta para 2022.

Como eu sempre digo, quem viver, verá.



3 comentários:

  1. Esquerda levou a maior surra da historia, se bem que a Manuzinha não gosta mesmo de trabalhar , Bolos então kkkkk que piada

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    1. Está aí o exemplo que o próprio texto traz. Discurso carregado de ódio e culpa sem qualquer entendimento do aspecto político no desejo ardente de saber o que falar sobre. Só vem a confirmar o que eu mesmo acabei de escrever acima. E agora é esperar a reação que estou acostumado...

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    2. Ah, claro... e sem assinatura. Escondido sobre o "corajoso" anonimato. Não há qualquer novidade para mim que deixo os comentários em aberto para quem quer que seja.

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