sábado, 25 de março de 2017

Da invasão à invasão.

Conta a história que quando os europeus chegaram nas praias brasileiras (em 1500), os índios não reagiram agressivamente.  Pelo contrário, um dia depois de os portugueses aportarem na hoje denominada Baía Cabrália, Nicolau Coelho pegou um bote e foi até a praia fazendo contato amigável com 18 nativos tupiniquins que lá estavam curiosos.
No dia 25, ou seja, 3 dias depois do descobrimento (invasão), Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho, acompanhados de Pero Vaz de Caminha, desembarcaram em outra praia, 70 km acima para darem presentes (besteirinhas) aos índios dóceis e cordatos espalhados por lá.
Já no dia seguinte, só com 4 dias em nossas terras, o capitão da esquadra, Frei Henrique de Coimbra, celebrou a primeira missa em terra "com a presença de indígenas silenciosos.
Sem batalhas, sem tiros ou flechadas, as terras tinham novos donos.
Ou seja, está no nosso DNA esta condescendência.
Condescendência que acaba de assistir a mais uma interferência em nossa terra e em nossa liberdade, sem qualquer resistência.
Incomodadas com a ascensão dos mais pobres, que lhes dava acessos a faculdades, aeroportos e restaurantes, as elites, capitaneadas por parte da classe média que não conhece seu lugar na classificação social do Brasil, fez papel de "inocente útil" e bateu panelas, abrindo caminho para o "start" de uma guerra semelhante a invasão portuguesa.  Sem qualquer tiro, o país foi novamente dominado e controlado.
Cumprindo ordens, a mídia, um pedaço do judiciário e outros polos obedientes na Câmara e Senado, formalizarem o golpe com o respaldo das ruas.
Em dois anos vimos, rapidamente, acontecer o estupro de nossas instituições, a detonação de nossa constituição e a desvalorização de nosso grande orgulho, a Petrobrás.  Desvalorização provocada unicamente para permitir a invasão de acionistas por preço baixo.
Vimos ainda a retomada do governo por agentes ultrapassados, por meio de um golpe, que devolveu o controle da nação aos mandatários de sempre.  E depois, em cascata, vimos e estamos vendo a aprovação dos ajustes que reduziram investimentos na saúde e educação e agora seguem, por largas passarelas, a reforma da previdência e a terceirização a acabar de vez com direitos já parcos da classe trabalhadora.
Como os índios da obra de Victor Meirelles, a população brasileira, em especial o trabalhador em geral, parece estar em paz, vendo com atenção esta celebração de entrega de seus destinos ao algoz.
Será que, quase 520 anos depois, ainda não somos capazes de perder esta permissividade tupiniquim?   

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