sábado, 13 de abril de 2019

Escola em casa. Da carteira pro sofá.

Claro que me falta embasamento para declarar isso ou aquilo.
Longe de mim ser irresponsável como um desses ministros do atual governo que falam o que pensam, se é que pensam.  Mesmo o próprio presidente e seus filhos, que depois precisam ficar desdizendo as besteiras impensadas que se acumulam desde que estão em ascensão na mídia.
Mas dá, mesmo assim,  pra fazer algumas reflexões em voz alta.
Hoje, em especial, quero meter o bedelho na questão que diz respeito ao ensino em casa.
Em primeiro lugar, o que pregam é que as pessoas teriam a liberdade de tirar os filhos da escola para educá-los em casa e dentro do ritmo de aprendizado de cada um.
Há famílias que já o fazem.  Estima-se que cerca de 3 mil, em todo o Brasil. Eu realmente não sei se isso é verdade. Relato apenas o que registrei de alguma matéria que li sem muita profundidade.
Dentre os motivos que levariam as pessoas a tirarem seus filhos da escola e educá-los em casa, estariam aqueles relacionados as necessidades especiais da criança, dificuldade de adaptação em decorrência de regionalismo, língua, ou ainda a violência nas escolas, problemas religiosos e mesmo limitadores financeiros.  Nesse meio, há também quem afirme que não existe, na lei, qualquer  obrigatoriedade de matricular as crianças e por isso, simplesmente não o fazem.
Não se pode deixar de fora aqueles que defendem, de forma contundente, que o ambiente escolar está impregnado de maus exemplos, mau comportamento e influências nefastas.
Se por um lado conviver o dia todo com a família garante a consolidação dos ensinamentos recebidos dos pais, por outro ter acesso a outras crianças e ao mundo exterior (fora de casa) só contribui para o crescimento intelectual e racional do individuo. Escolhas, por exemplo.
Mesmo que se aprendam palavrões ou se conviva com padrões de comportamento diferentes daqueles pregados em casa, essa mistura tende a ampliar as opções de escolha e consequentemente contribuem para o pensamento e formação da personalidade e do caráter do indivíduo.
Além de tudo isso, quem garante que a família realizará a educação necessária ou suficiente para contribuir para o futuro de seus filhos, preparando-os para o Mercado de Trabalho, para a vida em comunidade e mesmo a integração?
E falando em integração, quem de nós não coleciona as melhores lembranças ou os mais prezados amigos, construídos e vivenciados durante a carreira escolar? Você consegue se imaginar, hoje, sem tudo isso que viveu na escola, arquivado na sua memória?
Eu acho mesmo que só a escola é capaz de fornecer as ferramentas necessárias à amplitude intelectual e mesmo moral de um cidadão adulto.
Livrar-se de encrencas, contribuir na lição dos amigos, dividir material e merenda, experimentar a disciplina das filas e dos horários, inclusive contrair as pequenas doenças que se transformarão em resistência e proteção.  Tudo isso fez de cada um o que somos hoje e privar nossos filhos dessa experiência me parece ser algo extremamente injusto.
Só pra terminar, nem citei o grave problema de que as crianças em geral já ficam quase o dia todo fechadas, em torno de vídeo-games, TVs ou mesmo na cama.  Uma vida virtual sem emoções, desafios ou conquistas.  Distantes de outras crianças e do mundo real.
Tirá-las da escola só fara agravar esse problema que já é causa de muitos danos emocionais.
Nem todos no entanto, irão usufruir desse projeto ou desse modo de educação.  Sempre haverá famílias de menor renda, que ainda precisarão de lugar para deixar seus filhos, alimentá-los e cuidá-los enquanto estão trabalhando fora.
Quem sabe então que, diante de uma multidão de pessoas menos letradas, menos cultas, oriundas desse "sistema" novo, não possa ser justamente entre os menos favorecidos, obrigados à frequência escolar, que surgirão os novos pensadores, cientistas, inventores ou os melhores engenheiros, técnicos e profissionais de sucesso?

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