domingo, 7 de outubro de 2018

Eu e meu WhatsApp

Reuni algumas perguntas interessantes recebidas por mim diretamente no meu WhatsApp durante essa última semana. Seguem aqui junto com minhas respostas.
Achei legal partilhar, já que muitos amigos podem ter tido problemas parecidos nos seus círculos de convivência.  As redes sociais deixam as pessoas mais corajosas e menos comprometidas com os laços.

Clientes/Parceiros de Negócios:

Pergunta: Você não se preocupa em deixar sua posição assim tão clara na internet?  Não pensa, por exemplo, que alguém pode entender que por defender ladrões, você também seja desonesto?

Resposta: Quem negocia comigo não devia se preocupar pra que time torço, qual a religião que professo ou em que candidatos eu voto.  Devia se preocupar se sou alguém que honra compromissos, cumpre contratos ou se me porto de forma mercantil. Não acho que eu defendo ladrões.  Sempre que alguém é comprovadamente culpado de algum crime, até por ser uma pessoa pública, sou o primeiro a criticar, abandonar ou deixar de apoiar. Nenhum dos candidatos em quem votarei, por exemplo, está respondendo processos, foi condenado ou pairam sobre eles dúvidas.

Pergunta: Por que depois de tudo você continua defendendo candidatos da esquerda?

Resposta: O que é depois de tudo?  Depois de pessoas do PT terem sido presas ou terem sido afastadas por acusações de corrupção?  Fui filiado ao PT por anos e nunca me vali de um real alheio.  Assim como eu, conheço muitas pessoas de valor indispensável no PT e outros partidos de esquerda que jogam na defesa do bom uso do dinheiro público.  Em minha cidade, por exemplo, o vereador petista é o grande guardião da seriedade no legislativo.  Uma pessoa não pode pagar pelos erros de outros.  Quase todos os partidos têm gente envolvida em escândalos. Aliás o PP é o campeão da Lava Jato. Se riscarmos os partidos com gente envolvida em casos de corrupção, não haverá em quem votar.  É preciso escolher, dentro dos partidos, os melhores e separar o joio do trigo.

Pergunta: Se eu fosse seu funcionário, te denunciava por fazer eles gostarem dos seus candidatos e enfiá-los na empresa.

Resposta: Ficou louca?  A melhor forma de fazer um funcionário gostar do seu candidato é você fingir que o odeia.  Como dizia Marx há uma grande incompatibilidade entre patrões e empregados, mesmo que as intenções sejam as melhores.  No campo político principalmente.  Além disso, jamais exigi qualquer voto de alguém. Mas sim, eles conhecem minha preferência, pois não faço segredo. E cada um deles têm as suas.  Podemos até comentar, mas jamais vou exigir.  Não é correto, não tem motivo de eu faze-lo e nem meios para isso. Além do que não é meu perfil.  Já recebi visitas de candidatos no meu escritório.  Recentemente do presidenciável Boulos, que nem é de meu partido.  O máximo que fiz foi convidar quem quisesse para assisti-lo falar e nem todos foram. Todo mundo que trabalha comigo tem liberdade de escolher quem quiser para os representar. Muitas vezes, fico até triste por opiniões que manifestam e que sei que irão prejudicá-los.  Mas não posso influenciar.  Já estão todos bastante crescidinhos.  Já viram as mudanças na legislação trabalhista, estão vendo a possibilidade da reforma previdenciária e correm o risco agora de ter mais direitos diminuídos.  Mas eles é que precisam avaliar.

Familiares/Amigos mais próximos:

Pergunta: Pra que mexer com política?  Você tem uma vida profissional ativa.  Deixa isso pra lá.  Fica se desgastando.

Resposta: De fato tenho uma vida profissional ativa e penso que pouca coisa mudará para mim de imediato se eu dependesse de resultado de eleições.  Minha briga é sempre por aqueles de quem sempre quis estar próximo.  Os assalariados que conheço, os menos favorecidos de minha cidade, os jovens sem oportunidades (estudo, emprego etc.) que são muitos. Por mim, eu realmente poderia ficar quieto, mas e a mania de querer participar na transformação?  Você não tem?  Quem de nós tá errado?

Pergunta: Você não vá desaparecer do Facebook depois dos resultados.  Vai ter que piar fino perante a gente e aguentar.

Resposta: Eu?  Piar fino?  Aguentar o que? Por que?  Sou o marqueteiro de algum candidato?  Sou o responsável pelo que as pessoas em geral escolhem pra si?  Isso não é um jogo, não é uma aposta.  É uma opção e cada um tem a sua.  Escolhi a minha e a defendo, você a sua.  Cada um deve aceitar com tranquilidade o resultado final doa em quem doer.  Você aceita?  Eu aceitarei.  O negócio é seguir em frente. Quem tirou o sarro em mim porque Dilma sofreu o impeachment, hoje está com vergonha. Não se vê um batedor de panelas, né?  Acho melhor esperar sua escolha tomar posse, governar e ver se vai ser melhor ou pior, não acha?

Pergunta: Você garante tanto que as coisas vão ficar piores, porque não vai pras ruas?  Você vai brigar?

Resposta: Olha, eu acredito que o Brasil não tenha muito esse perfil revolucionário.  Se tivesse, não teria deixado seu "líder" ser preso.  Houve um processo de impeachment sem qualquer embasamento e as pessoas ditas de esquerda se limitaram às redes sociais.  Manifestações ou passeatas já deixaram de assustar qualquer um.  Então, não dá nem pra pensar em brigar sozinho.  Vou continuar militando que é o que sei fazer. Trabalhar dentro de minha comunidade.

Pergunta: Fascismo?  Você acredita mesmo nisso?  Não é melhor fascismo que comunismo?

Resposta: Não dá pra responder uma pergunta dessa de forma tão simples.  Fascismo e comunismo não são meras palavras com significados.  Tem a ver com conceitos econômicos, políticos, que envolvem propriedade dos meios de produção, resvalam em liberdades e outras tantas defesas. O que me perturba é que vocês tem discutido isso de qualquer jeito sem buscar conhecer melhor. Daí falam um monte de abobrinhas sem sentido e defendem sem saber.  Eu, particularmente acredito o fascismo bem pior.  Já o vimos no mundo.

Pergunta: Diz que é de Deus e apoia comunistas... Seja coerente.

Resposta: Não digo que sou de Deus.  Ele é quem irá me escolher ou não como seu filho.  Creio em Deus e busco viver, com todos os meus defeitos, uma vida próxima dos preceitos cristãos.  E claro, não sou santo e nem perfeito. E nem tenho essa pretensão. Mas me diga o que tem uma coisa a ver com outra?  As defesas do Cristo são muito mais próximas do comunismo do que de qualquer outra proposta.  Falam de partilha, da ausência de amos, de igualdade.  Ou estou enganado?

Pergunta: Se a direita vencer, sua vida vai virar uma merda.  Você vai ter que ir embora do Brasil.  Não pensou nisso antes de ficar aí mexendo com os outros?

Resposta:  Meu Deus.  Em que postar no meu perfil mexe com os outros?  Os outros é que são incheridos e vêm postar no meu perfil.  Outra coisa, a direita comandou esse país por quase 500 anos com algumas pequenas folgas.  E mesmo quando a esquerda esteve no comando, surpreendeu com muitas ações "direitistas".  Então o que é que vai mudar pra mim?  Sempre tive que me virar, nunca dependi das ações do governo pra sobreviver.  Lamento por quem depende de escola pública, hospital público, quem está desempregado etc.  Pois pra esses fica mais difícil sempre.  Eu teria que ir embora do país se sentisse que a extrema direita ou extrema esquerda governariam.  São os extremos o problema.  Desses, a extrema direita é ainda pior, pois onde governou no planeta não poupou negros, religiosos, homossexuais ou qualquer um que tenha pensado diferente.  Lembra da frase do atual candidato?  As minorias vão ter que se enquadrar ou deixar de existir (ou coisa parecida)?  Olha, você sabe que eu sou brasileiro e português.  Só que eu amo o Brasil e é aqui que que estão minha família e meus negócios.  No entanto, se eu precisasse mudar para Portugal, tenho minha cidadania e parentes por lá.  Mas nem penso nisso.  Por que é que eu teria que fugir de qualquer um, que não entendi?

Contatos/Estranhos:

Pergunta: Você não lê?  Vá se informar?

Resposta: Eu?  Vem cá, eu te conheço?  Eu leio.  Aliás, sou fissurado em leitura.  E você?  Mas não estou falando de Veja, Isto É, Estadão ou Ti ti ti.  Tô falando de filosofia, economia, política ou história.

Réplica: Vá se f...

Tréplica: Eu sabia.  Sem argumentos para a continuidade da discussão, vem então o argumentum ad hominem.  

Pergunta: Sabia que eu tenho uma grande admiração por você e pelo que escreve nesse grupo.  Mas cara, o que você defende é imoral.  Um presidiário, o aborto, a Venezuela... Isso decepciona.

Resposta: Começo agradecendo seu elogio.  Depois devo lhe dizer que não vivo para decepcionar ninguém.  Se você se decepcionou comigo é porque depositou em mim defesas que não me pertencem.  Outra coisa, para mim, até provarem em contrário, Lula é um preso político.  Não sou só eu quem digo isso, mas dezenas de juristas do Brasil e do exterior.  Um Nobel da Paz, líderes mundiais, emissário do Papa, intelectuais e outros já o visitaram. Por que eu tenho que carregar a culpa de único defensor de Lula?  Por que você não inclui todos esses no seu desapontamento?  O aborto então, não conheço ninguém que defenda.  Defender sua descriminalização não tem nada com defendê-lo.  Muito pelo contrário. Em países nos quais não é crime, é menos praticado, pois profissionais da saúde e psicólogos auxiliam as mães.Venezuela?  Eu defendo?  Não, penso que eu defendo a soberania a que ela tem direito.  Como a da Siria e qualquer outra.  Quem deu a um país o direito de decidir sobre o outro?

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