A tenra idade ao conhecer alguns mistérios me proporcionou
trafegar lá e cá e por conta disso, investir muito na busca incessante por
informações que, por não serem totalmente científicas, podem conotar fruto de mera
especulação, próprio da juventude.
O fato é que realmente “ há mais mistérios entre o céu e a terra
do que a vã filosofia dos homens possa imaginar” como afirmou Shakespeare.
Nesse clima, fui levado aos 19 anos a invadir um mundo novo e fascinante,
pelo menos para mim, que então era simplesmente um adolescente crescido. Fui iniciado na Ordem Rosacruz em 1988 e logo
em seguida, cerca de um ano depois, na Maçonaria, que abandonei há 15 anos.
O que me atraiu na primeira irmandade foram os estudos
esotéricos, a força dos símbolos e a busca a que me propunha naquela fase. Já na maçonaria, o que me atraiu foi o
pensamento libertário que me parecia, na oportunidade, bastante concreto.
O apoio à Revolução Francesa e a outros levantes históricos,
sempre foram atribuídos a essa agremiação de homens “livres e de bons costumes”. E comprei essa versão.
Claro que não tive a oportunidade de vê-la atuando em questões
de tamanha grandeza, em nossos tempos atuais.
Afinal, a abolição dos escravos e a Inconfidência Mineira já não estão
mais na pauta. No máximo, abundaram os
serviços de assistência e socorro a flagelados, recuperação e manutenção de
instituições locais, o que demonstra que a caridade tem sido praticada com
afinco e determinação.
Mas há algo que sempre me encantou nos templos. O espírito de unidade, que embora primasse
pela conduta fraterna, nunca foi maior do que a liberdade de manifestação
concedida a seus membros. Eu mesmo
jamais deixei de abusar da oportunidade de falar e refletir em voz alta.
No entanto, a exemplo do que se configura hoje na sociedade em
geral, sinto maçons envergonhados ou tímidos em relação à sua postura por
compreenderem que a manifestação de suas opiniões publicamente possa acarretar-lhes
problemas de convivência e julgamentos de conduta.
Ora, mas não é liberdade um dos pressupostos fundamentais da
condição de ser maçom?
E não é justamente o ato de filosofar que deveria encantar o
iniciado?
Não há liberdade e menos ainda filosofia com ideias
predefinidas. O maçom tem um compromisso
pessoal com seu próprio espírito, qual seja o de promove-lo pela busca
incessante de conhecimentos e ampliação de sua consciência.
Não há que se falar em posição fechada em nome da “ordem”
maçônica. Não há partidos ou candidatos,
bandeiras ou hinos que estejam acima do livre pensamento, da pátria (onde convivem
os diferentes) e da convicção de que o Homem é senhor de si mesmo.
Negar isso é pressupor que a consonância é factível o que destrói,
por si só, qualquer conceito de filosofia ou busca da verdade, colunas mestras
do mundo maçônico.
Não há uma só corrente ideológica entre os “irmãos” e desejar
isso, combatendo a diversidade de pensamentos, não é praticar os corolários de
uma das mais antigas irmandades presentes no planeta.
Hoje estou de fora dos portões e muros das lojas, mas não se
apagou a chama que brotou na minha cerimônia de iniciação, o que ainda me
permite dirigir-lhes essa fala. E fico a
lamentar, caso algum “pedreiro livre” não perceba, que defender uma única
posição nesse cenário político atual é justamente desproteger o que tem mantido
vivas as suas oficinas.
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