sábado, 4 de junho de 2016

New York, New York

Visão de Nova York a partir do Central Park
Sede do império?  Terra das oportunidades?
O que existe de falso ou verdadeiro nas muitas visões que criei ou aprendi sobre os Estados Unidos da América?
A liberdade tão propagada é fato?  E quanto ao cenário que serve de fundo para os que defendem a tese da Nova Ordem Mundial?
Bem, por motivos profissionais estive no centro de maior destaque do país: a cidade de Nova York, mais precisamente em seu coração, a ilha de Manhattan.

Não há como não se emocionar ao estar pessoalmente em alguns ambientes, velhos conhecidos desde a infância, nos apresentados pelos filmes de Hollywood, com certeza, o maior propagandista do Tio Sam.
Taxis na Avenida Medison - Nova York
No meu caso, profissional do seguro e do franchising, poder reconhecer grandes ideias de perto, como o Hard Rock Café e experimentar, na sua sede, franquias e produtos conhecidos em todo o planeta, foi muito intrigante.

A viagem, que fiz acompanhado por minha mulher, serviu para quebrar alguns paradigmas que eu mantinha.  Como exemplo, minha crença de que o povo americano não fosse cordial com os visitantes.
É claro que éramos turistas em uma terra que valoriza muito o dinheiro, principalmente o que vem de fora.  Isso é uma peculiaridade de todas as cidades turísticas.  Mas sabemos, aqui mesmo no Brasil, que a cordialidade não é intrínseca a este fato, pois há regiões e mesmo cidades brasileiras, que só não conseguem perder seus visitantes por serem extremamente belas ou oferecerem uma variedade incontável de atrações e maravilhas, que compensam certos desaforos de sua gente.
Protesto contra o candidato Trump
O nova iorquino é cordial, educado e prestativo na sua grande maioria.
Por exemplo, em uma estação de ônibus (sempre fizemos questão de experimentar, ainda que por dias, como vivem os nativos) fomos orientados, acompanhados e encaminhados, por um usuário, desde a compra da passagem à porta do ônibus.  De forma muito afável, diga-se de passagem.
Isto me surpreendeu, pois em terras romanas e parisienses, situações  semelhantes não terminaram muito bem.

Apesar de uma ilha, Manhattan não tem muita beleza natural.  O East River e o Hudson são os rios que a ladeiam e isso garante um pouco de beleza natural.  Mas faltam ares de uma cidade litorânea ou de montanhas que garantiriam um privilégio que algumas importantes metrópoles mundo afora podem exibir sem muito esforço.  A natureza e sua poesia.
Ilha de Manhattan

De qualquer forma a arquitetura é interessante e prédios novos se misturam a construções antigas e exuberantes, como o hotel em que nos hospedamos, um belo exemplar da "art deco".
O Waldorf-Astoria Hotel, na Park Avenue, já foi cenário de vários filmes, dentre eles, Um príncipe em Nova York, protagonizado pelo ator Eddie Murphy.
Ainda, o luxuoso prédio de 47 andares, já foi moradia fixa de gente como Frank Sinatra, Merilyn Monroe e outros famosos.
Inaugurado em 1931, foi considerado por muito tempo o maior do mundo, oferecendo 1500 quartos, 100 suites e o primeiro a incluir o serviço de quartos.
Foi também o primeiro hotel no mundo a aceitar a hospedagem de mulheres desacompanhadas.
Em 2014, dizem, o hotel teria sido vendido para uma seguradora chinesa por uma fortuna em euros.
Recepção do Hotel Waldorf-Astoria
Nossa estadia lá, foi um presente da companhia de seguros Mapfre, pois suas diárias "não são pro meu bico".
Ademais o hotel é palco de shows, jantares de luxo e até casamentos de celebridades.  É ali também que se hospedam todos os presidentes norte-americanos quando na cidade de Nova York e também os chefes de Estado visitantes.

Minha viagem incluiu visitas ao Central Park, onde o nova iorquino almoça, descansa, passeia, discute negócios e mesmo se casa em uma manhã de quarta-feira.  Assisti em um quiosque, parte de uma cerimônia onde noivos, ladeados por um padrinho cada um, selaram seu destino.
Vista do Lado no Central Park - Nova York
Vasto, o parque oferece um lago que serve também para passeios de barco ao som de jazz, tocado por pequenos artistas anônimos em busca de trocados.
Uns pintam, outros escrevem, outros fazem piqueniques no gramado e muitos, muitos mesmo, consultam os celulares enquanto desfrutam das sombras e ar puro.
Oferecendo um bosque tranquilo, contrasta com o barulho e trânsito das ruas que o ladeiam, mas não fosse pela vista dos edifícios que superam em altura a vista verde do parque, poderíamos dizer que estamos em um portal para um mundo bucólico, dentro da cidade.
Ali pude ver também um bichinho que não faz parte de nossa fauna, o esquilo.  Simpático e arredio, me parece muito traquinas à medida que consegue roubar um amendoim e subir na mais alta árvore em segundos.
Museu de História Natural de NY

Não podia deixar de visitar também o Museu de História Natural.  Recomendo de maneira a considerar a ausência indesculpável a quem vai até a cidade e não passeie por seus átrios.  Tive a honra de conhecer o Louvre e o Museu do Vaticano, dois monumentos ao conhecimento humano. Mas o Museu de História Natural de Nova York é especial.  Lamento muito por não ter levado meus filhos.  Com certeza, estou obrigado a voltar com eles.
Animais empalhados e ossos pré-históricos se misturam a dados concretos e peças que remontam a evolução das civilizações de forma extremamente pedagógica.

Quase que como complemento ao museu, visitei a Biblioteca Pública.  Ah se em minha carreira escolar eu tivesse vivido um ambiente daquele...  Teria me tornado, por pressão do aconchego, um grande intelectual.  As salas de estudo são verdadeiros escritórios com escrivaninhas e luminárias próprias. Dá pra se sentir um grande advogado enquanto consulta um exemplar de "O Pequeno Príncipe" em uma mesa daquelas.
Minha mulher no Rockefeller Center 

Mas se dei lugar ao vislumbre de coisas assim, também me espantei pelas ruas.  O Capitalismo exala dos bueiros e cai das nuvens como sereno, durante o entardecer.
Lojas como a Apple Store, toda de vidro, ou mesmo a própria 5a Avenida na sua extensão, deixam claro o que norteia o pensamento norte americano.
Sede da ONU?  Não sei, mas o destaque é por conta do comércio vigoroso e dinheiro escorrendo pelo meio fio, dá pra se perceber.
Se corre solto pra todos, ou para um grupo seleto de cidadãos é outra história.
Ao lado de um grande símbolo do capitalismo mundial, o Rockefeller Center, pude fotografar um morador de rua, portando uma plaquinha de pedido de socorro.  Aliás, vi muitos por onde passei.
Estátua da Liberdade 

Os norte-americanos também nutrem um carinho especial pela Estátua da Liberdade, o mundialmente conhecido monumento que foi um presente dos franceses aos americanos em comemoração ao centenário da assinatura da Declaração de Independência dos Estados Unidos.
Seu tom esverdeado, deve-se a atuação do oxigênio e da água no cobre.  Mas cá entre nós, acho que fica melhor de verde mesmo.
Mas devo confessar que, apesar da mística em torno de sua “grandiosidade” e simbologia, não senti uma emoção mais forte ao visita-la.  Diferente de quando visitei a Torre Eiffel, em Paris ou o corcovado, no Rio de Janeiro, por exemplo. 
Cena de O Fantasma da Ópera

Mas emoção de verdade foi assistir, ao vivo e em cores, a peça O Fantasma da Opera, na Broadway.  Emoção, não só pela beleza da obra, mas por pensar nas muitas pessoas desprovidas da possibilidade ou da oportunidade de curtirem trabalhos culturais de peso.  Principalmente no Brasil, país onde o primeiro ato de um político ao tomar posse como “presidente” interino é a dissolução do Ministério da Cultura. Dói na alma.

Mas a viagem foi assim, com direito a espreitar as ruas e suas peculiaridades, bem como as cores iluminadas da Time Square, lugar que encanta de verdade.  Neste lugar a gente pode ver as pessoas passeando, de dia ou de noite, sendo bombardeadas, mas de forma muito inteligente, pela mídia que impulsiona o consumismo.  Mas dá vontade de parar e admirar com calma.
Foi o que fiz em uma praça onde aposentados, espalhados por diversas mesinhas, jogavam xadrez.  Parecem-se um pouco com os daqui, mas os nossos velhinhos preferem o jogo de damas.
Rua de Nova York - presença de Judeus

Judeus, muçulmanos e outras culturas e raças, se misturam por toda parte e nas diversas regiões da cidade.  E se fosse possível parar e gravar alguma coisa nas ruas, ou só ouvir com atenção, ficaríamos impressionados com a variedade de línguas faladas ao mesmo tempo.
Sem falar nos pequenos países dentro da cidade.  Visitei a Little Italy, um bairro do Bexiga muito mais ampliado.  Foi lá que vi cantinas, padarias e os pequenos elevadores que se abrem nas calçadas para trazerem pra fora o lixo dos bares e lojas.  Pensei que eram “coisas” de filmes, mas são reais e atuais.
O passeio que fiz andando, rumo à Ponte do Brooklyn, também me fez passar por Chinatown, uma região que inclui uma grande concentração de chineses fora da China. 

Não longe dali fica Wall Street e seu touro, cujos turistas se acotovelam buscando se aproximar para uma foto, ou mesmo tocar a "imagem" que, segundo alguns, dá sorte financeira.
Touro de Wall Street - Símbolo do poder da bolsa de valores

Cidade cosmopolita, não dá pra vê-la como “capital do império”, pois na verdade o que parece é que temos ali um destes “postos” que servem como paradas nas estradas, onde param os viajantes à procura de fôlego, para depois seguirem seus destinos.  Cada um trajando suas experiências, histórias, frustrações e alegrias enquanto caminham por um mundo que pertence a todos os povos.

Devo confessar que alguma coisa está mexida dentro de mim. 
Não... não dá pra vestir uma camiseta com a inscrição I ♥ NY.  Não chego a tanto.  Mas é preciso entender que nem todas as pessoas carregam a culpa pelo que fazem seus governantes ou dominadores.
Biblioteca Pública de Nova York
O povo americano me pareceu meio como um extrato da sociedade mundial.  Vítimas como todos nós, de um sistema econômico que separa os Homens.   Uma amostra de cada povo, de cada cultura.

Agora, claro... como Brasileiro consciente que sou, não dá pra me esquecer da influência americana sobre o Golpe de 64.  Sobre sua forte atuação em prol das  várias ditaduras na América Latina.  Não dá pra apagar as ações militares e os ataques, as invasões e as guerras sob a desculpa da defesa da paz e da liberdade dos povos. 

Na verdade, passo a pensar que os EUA é um ótimo lugar, mas que têm um problema sério.  A sua política internacional.  

Um comentário:

  1. Caro Carlos depois comentarei com calma as suas opiniões sobre NYC, que é uma cidade diferente inclusive dentro dos EUA. Mas você não consegue tirar de NYC uma imagem do que seja o 'american way of life". Outra vez que for procure além de NYC estar em outras cidades e, terá outra imagem. Quanto à política o americano pensa um pouco diferente de nós, seu governo é mais relatado no mundo do que nos EUA. O governo praticamente não tem influência alguma em questões internas, caso resolvesse ter o pau comeria. No final do mês estarei em SJRP depois lhe passo dicas de várias cidades interessantes de se conhecer dos EUA. Quanto aos homeless infelizmente aumenta a cada dia em qualquer metrópole mundial. De Buenos Aires, passando por Paris, Londres ou NYC, desde a década de 70 que vejo essas cidades sem exceção decaírem em seu padrão de vida.

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