domingo, 2 de maio de 2021

As muitas razões do 1º de Maio

 




*Elder Vieira, 54 anos, é escritor, autor de Os Anos Verdes de Lindaura – crônicas e histórias curtas (Editora Serra Azul), gestor público, e Secretário de Formação e Propaganda do PCdoB-SP.




Dia do Trabalho, ou Dia do Trabalhador? A diferença, aparentemente sutil, é grande, e merece consideração.

A história começa em 1866: a Associação Internacional do Trabalhadores lança a campanha pelas 8 horas de trabalho. À época, um operário trabalhava de 12 a 16 horas por dia, sem descanso remunerado (algo muito parecido com o que acontece hoje com os trabalhadores de aplicativos – Uber, Ifood, etc. Há deles que pedalam 80 km por dia numa jornada extenuante).

Como parte da campanha, nos anos seguintes, greves e manifestações se multiplicam pelos centros urbanos de diferentes países. Em 1886, operários de Chicago decretam, a 1º de Maio, uma poderosa greve, que é reprimida com extrema violência pelo patronato dos Estados Unidos. Líderes são presos, julgados e condenados: cinco, à forca; dois, à prisão perpétua; um, a 15 anos de detenção.

Em 1891, a II Internacional dos Trabalhadores, ou Internacional Socialista, aprova em seu congresso o 1º de Maio como Dia dos Trabalhadores, a ser comemorado em todos os países. Daí, Dia do Trabalhador, ou dos Trabalhadores: dia de lutas e manifestações pelos direitos daqueles que geram as riquezas do mundo e que somente têm de seu a sua força de trabalho.

“Dia do Trabalho” é uma forma que o patronato encontrou para se apropriar da data e descaracterizá-la. Sendo “Dia do Trabalho”, e não do trabalhador, seria dia também do patrão, pois que seria de todos os que supostamente pertenceriam a uma imprecisa “classe produtiva”.

Ocorre que os trabalhadores conscientes de todo o mundo não são bobos: mantiveram, como até hoje mantém, o 1º de Maio como Dia Internacional de Luta do Trabalhadores, e rejeitam parentesco com aqueles que lhes arrancam o couro todos os dias, por saberem que, das horas de jornada que cumprem, trabalham muitas de graça para o patrão.

Por isso é que a principal bandeira do 1º de Maio continua a ser a redução da jornada de trabalho sem redução de salário e direitos. “Trabalhar menos, para valorizar o trabalho e mais gente poder trabalhar” – eis o lema.

E, no Brasil de 2021, por que lutam os trabalhadores? Lutam pela vida e contra um presidente genocida. Querem o retorno de seus direitos roubados pela Reforma Trabalhista. Exigem respeito à democracia, à Constituição e à soberania nacional. Lutam pelo fortalecimento do Sistema Único de Saúde e por vacina para todos. Por isso, será incontornável que neste 1º de Maio proponham uma Frente Ampla pela Vida e pela Democracia, e gritem bem alto: Fora, Bolsonaro! – traidor da Pátria, inimigo da liberdade, carrasco do povo brasileiro.

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