terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

O mal banalizado

A frase não é minha.  Já falaram muito sobre a banalização do mal e para ilustrar várias situações.  Mas esse título cabe muito bem a esse meu desabafo.
É que, pra mim, tudo não está "justo" nem "perfeito" em meu país.
E a culpa disso parece estar dividida entre os protagonistas diretos do atual governo e aqueles que o permitiram chegar ao comando da nação. Esses últimos, gente que geralmente se afirma ser de bem e de "bons costumes".
Pois é. Isso mesmo.
Há alguns dias viajei por 15 dias para fora do Brasil e enquanto lá pude acompanhar as agruras vividas pelos brasileiros diante de alguns fatos acontecidos por aqui que graças à internet, repercutem por toda parte.
O terrível acidente (crime) de Brumadinho, ainda oriundo da devastadora "privataria tucana"; os escândalos envolvendo um dos filhos do presidente recém empossado com seu motorista, assessores de gabinete, madrasta e outros personagens sombrios; as idiotices produzidas pela boca da ministra (aquela da goiabeira) sobre os holandeses e sua mentira deslavada quanto às diplomações que não possui; o besteirol do ministro da educação que, além de falar "cidadões" na TV, afirmou que as universidades públicas devem ser reservadas para a "elite intelectual do país" e muitas e muitas outras. 
Não bastasse essa coleção de vexames, teve a destacada repercussão da cirurgia do presidente cujo atentado ainda precisa ser elucidado a todos nós; a falta de explicação ao povo sobre os motivos da convocação do exército israelense para ajudar nas buscas das vítimas; a renúncia do deputado Jean Wyllys motivada por ameaças não apuradas que vinha recebendo e denunciando; por fim, o fato repleto de maldade de uma (in) justiça seletiva que não permitiu ao ex-presidente Lula, preso político, enterrar seu irmão falecido por esses dias.
Deve ser por coisas assim que por onde andei (Portugal e Espanha), escutei e vi gente de meu país desabafando contrariada por conta do resultado eleitoral que se verificou no nosso último pleito.  Mas claro.  Que eu não me engane e não minta.  Também fui obrigado a "bater boca" com brasileiros reativos às minhas críticas que não souberam me dar um só argumento de defesa.
O fato é que estou atônito por tudo isso.  Eu esperava desmandos, ações questionáveis, condenáveis, dignas dessa gente.  Mas tudo aconteceu cedo demais. Não dava nem tempo de assimilar um absurdo e chegava outro.
Em meu retorno, antes que eu pudesse desfazer as malas, continuaram desabrochando preciosidades.
De volta aos holofotes, o ministro da educação vai à imprensa e afirma que brasileiros viajando "roubam" coisas de hotel, de avião e até de museus, são desonestos.  Denigre publicamente o povo do meu país que nada faz, nada fala, nada reclama. Eu exijo que esse cara me respeite.  Você não?  Só falta ouvir de alguém que ele tem razão, pois tem vira-latas que é capaz de concordar prontamente.
Indignado, exausto e sem ânimos, postei um desabafo nas minhas redes sociais.  Cansei de ficar digladiando com partidários do "atual regime" que não me dizem nada com nada ao tentar defender essa patuscada. Mas não adiantou muito. Cegos continuam cegos e surdos, ainda sem ouvir direito.  Quando não deseducados, violentos como sempre a xingar, escrever em letra maiúscula suas respostas deselegantes e sempre a lembrar Lula ou PT nas suas rebatidas apáticas e desprovidas de razão.
Se acha pouco, dou mais.
O ministro da "justiça" lançou um projeto bem ao seu estilo de marqueteiro para, "enquanto condena a criminalidade", permitir que a polícia reaja com violência justificada, como se já não ocorresse.
O DEM, partido mais envolvido em casos de corrupção, assume a liderança das duas casas (Câmara Federal e Senado) com apoio do partido do presidente e recebendo sua saudação.
Para eliminar fraudes na previdência, medida provisória do governo arrasa com os trabalhadores do campo e deixa claro que deseja dar controle aos banqueiros dos bilhões que são dos trabalhadores brasileiros.
Ou seja... não pára.  Não vai parar.  É incrível. Uma notícia péssima, atrás da outra.
Cada novo dia, cada nova hora, uma nova agressão ao modo de vida brasileiro.
E o que mais me entristece é que boa parte das pessoas, conforme afirmei acima, "ditas de bem", segue apoiando firmemente tudo isso.  Insistindo em dizer que estamos vivendo uma "nova política".
Talvez seja nova para eles que nunca se interessaram pelo tema.  Nunca se preocuparam com nada além do próprio umbigo.
E agora, pra saber como vai a "vibe" dessa gente, acredite, li nas redes sociais a publicação de uma senhorinha, até simpática na foto, afirmando que "queria que o que aconteceu em Bromadinho (ela escreveu assim), acontecesse no Nordeste e que não sobrasse um".  Pois é, já disse um amigo, os canalhas envelhecem também.
Garanto que a "boa" velhinha vai a igreja rezar de vez em quando, porque canalhas também oram. Mas ela não é nada diferente daqueles que festejaram a partida do Jean, ou comemoraram a "liberação" das armas, a reforma trabalhista que ferrou com os trabalhadores ou qualquer outra atitude contra o povo mais pobre.
Credo!!! Hannah Arendt tinha razão.  O mal está banalizado.






Um comentário:

  1. O mal anda banalizado há muito. A gente é que só o percebe qdo começa a ladear nosso quintal e ameaçar nossa família.

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