sexta-feira, 25 de abril de 2025

Teto, Chão e Futuro

 

Imagem: Ricardo Stuckert

Há quem diga que políticas públicas são apenas números em planilhas, porcentagens em discursos ou promessas esquecidas após as eleições.

Mas há gestos que transcendem a frieza dos dados e tocam o cerne do que significa existir em sociedade.

O anúncio da destinação de 3% das moradias do Minha Casa, Minha Vida para pessoas em situação de rua não é só mais uma medida, mas um ato de poesia urbana, um verso concreto escrito não no papel, mas no chão de quem nunca teve um lar para chamar de seu.

O governo Lula, ao incluir essa população invisibilizada no maior programa habitacional do país, não está apenas distribuindo chaves. Está devolvendo dignidade. Está dizendo, em alto e bom som, que ninguém é descartável, que nenhuma vida é pequena demais para ser protegida. E o faz com a urgência de quem sabe que o Brasil não será justo enquanto houver quem durma sob viadutos enquanto prédios vazios viram especulação.

Não se trata apenas de quatro paredes e um teto, embora isso já fosse revolucionário por si só. O programa prevê o que há de mais avançado em políticas sociais.  O acompanhamento. Inserção no mercado de trabalho, matrícula escolar, acesso a serviços públicos. Ou seja, não é um favor, é um direito. Não é esmola, é reparação.

E quem terá prioridade? Justamente aqueles que a sociedade mais marginaliza. Mães solo, que carregam nos braços o futuro e nas costas o peso da exclusão. Pessoas trans, violentadas diariamente pela intolerância. Indígenas, despojados até de suas terras ancestrais. Idosos e pessoas com deficiência, abandonados à própria sorte nas calçadas do descaso.

São vidas que o mercado ignora, que o preconceito esmaga, mas que o Estado, quando funciona, tem o dever de acolher.

Nenhum governo antes havia ousado incluir oficialmente a população de rua no Minha Casa, Minha Vida. Houve assistencialismo, houve migalhas, mas nunca uma política estruturada de moradia doada, com suporte social integrado.

É fácil fingir que não vê quem está no chão.  Difícil é estender a mão e dizer: "Aqui, esta casa é sua. E você não está mais sozinho."

Claro, haverá os de sempre, os que dirão: "Mas e os trabalhadores que pagam impostos?" Como se a existência de uns anulasse a dor dos outros. Como se um país rico como o nosso não pudesse cuidar de todos.

A verdade é que uma sociedade que nega teto a quem não tem nada é uma sociedade doente e políticas como essa são o remédio.

Enquanto adversários reduzem o presidente a caricaturas, ele faz o que sempre fez de melhor: governar para os últimos. Não com demagogia, mas com ações concretas. Demitiu quem desviou no INSS, mesmo sendo do próprio governo.

Agora, abre as portas do Minha Casa, Minha Vida para quem nunca teve porta alguma.

É isso que define um governo de esquerda de verdade.  Não basta não roubar.  É preciso distribuir. Não basta fiscalizar.  É preciso incluir.

E assim, entre portarias e decretos, escreve-se uma nova história. Não a do Brasil da desigualdade eterna, mas a do país que ousa sonhar mais alto, um lugar onde até quem já perdeu tudo pode recomeçar.

Porque, no fim das contas, moradia não é um privilégio.  É um direito. E direitos, quando negados, viram revolta. Quando garantidos, viram futuro.


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