Imagem: Ricardo Stuckert |
Há quem diga que políticas públicas são
apenas números em planilhas, porcentagens em discursos ou promessas esquecidas
após as eleições.
Mas há gestos que transcendem a frieza
dos dados e tocam o cerne do que significa existir em sociedade.
O anúncio da destinação de 3% das
moradias do Minha Casa, Minha Vida para pessoas em situação de rua
não é só mais uma medida, mas um ato de poesia urbana, um verso concreto
escrito não no papel, mas no chão de quem nunca teve um lar para chamar de seu.
O governo Lula, ao incluir essa
população invisibilizada no maior programa habitacional do país, não está
apenas distribuindo chaves. Está devolvendo dignidade. Está dizendo, em alto e
bom som, que ninguém é descartável, que nenhuma vida é pequena demais para ser
protegida. E o faz com a urgência de quem sabe que o Brasil não será justo
enquanto houver quem durma sob viadutos enquanto prédios vazios viram
especulação.
Não se trata apenas de quatro paredes e
um teto, embora isso já fosse revolucionário por si só. O programa prevê o que
há de mais avançado em políticas sociais.
O acompanhamento. Inserção no mercado de trabalho, matrícula
escolar, acesso a serviços públicos. Ou seja, não é um favor, é um direito. Não é esmola, é reparação.
E quem terá prioridade? Justamente
aqueles que a sociedade mais marginaliza. Mães solo, que carregam nos braços o
futuro e nas costas o peso da exclusão. Pessoas trans, violentadas diariamente
pela intolerância. Indígenas, despojados até de suas terras ancestrais. Idosos
e pessoas com deficiência, abandonados à própria sorte nas calçadas do descaso.
São vidas que o mercado ignora, que o
preconceito esmaga, mas que o Estado, quando funciona, tem o dever de
acolher.
Nenhum governo antes havia ousado
incluir oficialmente a população de rua no Minha Casa, Minha Vida. Houve
assistencialismo, houve migalhas, mas nunca uma política estruturada de
moradia doada, com suporte social integrado.
É fácil fingir que não vê quem está no
chão. Difícil é estender a mão e
dizer: "Aqui, esta casa é sua. E você não está mais sozinho."
Claro, haverá os de sempre, os que
dirão: "Mas e os trabalhadores que pagam impostos?" Como se
a existência de uns anulasse a dor dos outros. Como se um país rico como o
nosso não pudesse cuidar de todos.
A verdade é que uma sociedade que nega
teto a quem não tem nada é uma sociedade doente e políticas como essa são o
remédio.
Enquanto
adversários reduzem o presidente a caricaturas, ele faz o que sempre fez de
melhor: governar para os últimos. Não com demagogia, mas com ações concretas. Demitiu
quem desviou no INSS, mesmo sendo do próprio governo.
Agora, abre as portas do Minha
Casa, Minha Vida para quem nunca teve porta alguma.
É isso que define um governo de esquerda
de verdade. Não basta não roubar. É preciso distribuir. Não basta
fiscalizar. É preciso incluir.
E assim, entre portarias e decretos,
escreve-se uma nova história. Não a do Brasil da desigualdade eterna, mas a do
país que ousa sonhar mais alto, um lugar onde até quem já perdeu tudo pode
recomeçar.
Porque, no fim das contas, moradia não é um
privilégio. É um direito. E direitos,
quando negados, viram revolta. Quando garantidos, viram futuro.
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