Imagem - G1 |
O processo, movido pelo Partido
Novo após um confronto físico entre Braga e um integrante do MBL em 2024,
ignora o contexto de provocação sistemática e reduz a um ato isolado o que foi
uma reação de anos de assédio político.
Enquanto parlamentares que
incitaram violência em 8 de janeiro seguem impunes, a Casa gasta energia para
punir um deputado que, em meio a um embate acalorado, reagiu a uma invasão de
espaço e provocações.
A defesa de Braga alega legítima
defesa, não apenas física, mas política.
Curiosamente, o relator do caso,
deputado Paulo Magalhães, tem ligações comprovadas com Arthur Lira, alvo
frequente das críticas de Braga ao orçamento secreto.
Essa coincidência expõe o caráter
vingativo do processo que não se trata de defender a ética, mas de eliminar
vozes incômodas.
Se a cassação for adiante, a
Câmara enviará uma mensagem perigosa. A de que protestos golpistas são
toleráveis, mas reagir a eles é "quebra de decoro".
O mesmo Congresso que engavetou
117 pedidos de cassação contra bolsonaristas agora se mobiliza para punir um
único parlamentar de esquerda.
Os números comprovam a
seletividade. Em 2024, apenas 3% dos
processos por decoro contra deputados da extrema direita prosperaram, contra
78% dos que visavam a esquerda.
O grupo envolvido no incidente tem
histórico de ações agressivas em plenários, incluindo invasões e interrupções
violentas de sessões (caso da CPI da Covid).
Mas há algo que seus perseguidores
não entenderam: Glauber Braga não é um deputado qualquer. Foi o primeiro a
denunciar Sergio Moro como "juiz ladrão" quando muitos ainda
hesitavam. Tornou-se um dos principais opositores dos desmandos de Arthur Lira.
E enfrenta, sem medo, adversários poderosos.
Sua possível cassação não o
enfraquecerá, mas pelo contrário, transformará esse professor de história em
símbolo da resistência democrática.
A democracia não pode ser um clube
onde só alguns têm direito à defesa e menos ainda à indignação.
Se conseguirem cassá-lo, farão
de Glauber o que sempre tentaram evitar: uma voz ainda mais potente, que ecoará
além dos muros do Congresso, lembrando que há políticos que preferem perder
o mandato a se calar diante da injustiça.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por contribuir com sua opinião. Nossos apontamentos só tem razão de existir se outros puderem participar.