quarta-feira, 16 de abril de 2025

Prefeitura de São Paulo e a Prática de "Expurgar" a Pobreza do Centro para as Periferias

 

Imagem: ICL - Eduardo Moreira visita
Paraisópolis para constatar a denúncia

A cidade de São Paulo, assim como outras metrópoles brasileiras, tem um histórico de políticas públicas que, em vez de resolver o problema da população em situação de rua, apenas a desloca, varrendo a miséria para longe dos olhos do centro expandido.

Essa prática, conhecida como "limpeza social", não é nova e remonta a estratégias adotadas no Rio de Janeiro durante a gestão de Carlos Lacerda na década de 60, quando favelas eram removidas à força para "embelezar" a cidade.

Recentemente, a Prefeitura de São Paulo, sob o comando de Ricardo Nunes, tem sido acusada de promover operações que transferem pessoas em situação de rua para abrigos distantes, muitos deles na periferia, sem oferecer soluções efetivas de moradia ou reinserção social.

Denúncias de transporte coercitivo (com uso de caminhões ou ônibus) e despejos forçados de áreas centrais, como a região da Luz e da Sé, ecoam um modelo de gestão urbana que privilegia a "estética da cidade" em detrimento dos direitos humanos.

Em 2023, um relatório do Ministério Público Federal apontou que a Prefeitura de SP estaria adotando medidas de "revitalização" que, na prática, removiam pessoas vulneráveis sem garantia de abrigo digno.

No mesmo ano, a Defensoria Pública do Estado registrou casos de moradores de rua sendo levados para abrigos em Cidade Tiradentes (a mais de 30 km do centro), onde faltavam condições básicas de higiene e segurança.

Nos anos 1960, o então governador Carlos Lacerda da UDN, promoveu uma das maiores remoções de favelas da história do Rio, sob o discurso de "modernizar" a cidade para eventos como a transferência da capital para Brasília.

Comunidades como a Favela do Esqueleto (no atual Maracanã) foram destruídas, e seus moradores, despejados em conjuntos habitacionais precários em áreas distantes, como Cidade de Deus e Vila Kennedy.

Lacerda justificava as remoções como uma medida de "higiene urbana", termo que carregava um claro viés elitista.

A crítica da época, assim como hoje, apontava que a política não resolvia a pobreza, apenas a tornava menos visível.


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