Imagem: ICL - Eduardo Moreira visita Paraisópolis para constatar a denúncia |
A cidade de São Paulo, assim como outras
metrópoles brasileiras, tem um histórico de políticas públicas que, em vez de
resolver o problema da população em situação de rua, apenas a desloca, varrendo
a miséria para longe dos olhos do centro expandido.
Essa prática, conhecida como "limpeza
social", não é nova e remonta a estratégias adotadas no Rio de Janeiro
durante a gestão de Carlos Lacerda na década de 60, quando favelas
eram removidas à força para "embelezar" a cidade.
Recentemente, a Prefeitura de São Paulo, sob o
comando de Ricardo Nunes, tem sido acusada de promover operações que transferem
pessoas em situação de rua para abrigos distantes, muitos deles na periferia,
sem oferecer soluções efetivas de moradia ou reinserção social.
Denúncias de transporte coercitivo (com
uso de caminhões ou ônibus) e despejos forçados de áreas
centrais, como a região da Luz e da Sé, ecoam um modelo de gestão urbana que
privilegia a "estética da cidade" em detrimento dos
direitos humanos.
Em 2023, um relatório do Ministério
Público Federal apontou que a Prefeitura de SP estaria adotando medidas de
"revitalização" que, na prática, removiam pessoas vulneráveis sem
garantia de abrigo digno.
No mesmo ano, a Defensoria Pública do
Estado registrou casos de moradores de rua sendo levados para abrigos
em Cidade Tiradentes (a mais de 30 km do centro), onde
faltavam condições básicas de higiene e segurança.
Nos anos 1960, o então governador Carlos
Lacerda da UDN, promoveu uma das maiores remoções de favelas da
história do Rio, sob o discurso de "modernizar" a cidade para
eventos como a transferência da capital para Brasília.
Comunidades como a Favela do Esqueleto (no
atual Maracanã) foram destruídas, e seus moradores, despejados em conjuntos
habitacionais precários em áreas distantes, como Cidade de Deus e Vila
Kennedy.
Lacerda justificava as remoções como uma medida
de "higiene urbana", termo que carregava um claro viés
elitista.
A crítica da época, assim como hoje, apontava
que a política não resolvia a pobreza, apenas a tornava menos visível.
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