terça-feira, 4 de setembro de 2012

História - Verdades e Mentiras


Eu me lembro que em 1985 estudava em um colégio estadual na minha São José do Rio Preto, quando tudo que havia aprendido sobre a história do Brasil, até então, voou pela janela.
Minha professora de história que não me chamava muito a atenção, apesar de eu ter gostado de história em toda a minha trajetória escolar, naquele momento me ganhou para sempre.


Após a eleição presidencial de Tancredo Neves, frustradas as campanhas pelas eleições diretas, o mesmo adoeceu, vindo a falecer e em seu lugar tomou posse um "não eleito", seu vice José Sarney.  O fato é que este episódio terminava com 21 anos de um governo de militares.
Tancredo Neves representava o fim da Ditadura Militar no Brasil.  Não por Tancredo em si, mas por um grande movimento que com sua ascensão ao poder, passava a ter a certeza disso.


Daí pra diante, minhas aulas de história se tornaram bastante interessantes.
Num ato simbólico, a professora nos sugeriu lançar fora os livros escolares que levávamos pro colégio.  Segundo ela, passaria a partir de então a ensinar a história de verdade, como ela mesma havia descoberto e aprendido, por trás daquela que era uma grande mentira, pregada para desenvolver em todos, patriotismo, subserviência e adoração a alguns símbolos.  Fomos à janela e atiramos os livros com a farra peculiar de alunos nada "caxias".


Me lembro que desmistificou pra mim o fato da descoberta do Brasil logo de cara.  
Eu sempre pensei que se Pedro Cabral tivesse mesmo se enganado com relação à direção a seguir, ainda mais no “tamanho” do engano, deveria ser conhecido como o mais estúpido dos portugueses.  Talvez até por causa dele, piadas e anedotas pintassem os lusitanos como "burros" ou inocentes.  Mas daí a professora alargou meu ponto de vista.

Falar que ele tentou traçar um novo curso para tentar dar volta ao mundo e atingir as Índias, também não corresponde, pois este papel houvera sido de outro navegador.
O navegador português veio cumprir tabela e garantir à Coroa Portuguesa o seu quinhão no novo mundo "invadido" pelos espanhóis.  E ela contou isso com riqueza de detalhes e informações.

E que descobrimento nada.  Já havia gente por aqui, como havia por todo o continente. O que faz de Colombo e Vespúcio, tão invasores quanto qualquer outro que por aqui aportou, pondo fim em nações inteiras.


E as farsas históricas não param por aí...
Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, ou resumindo, D. Pedro I, declarou a Independência do Brasil e depois foi ser Rei de Portugal ?  Esta era outra inconsistência que não me entrava na cabeça. 


Pensa no enredo: Declaro guerra a um país e depois de não me dar muito bem no comando do meu próprio país, volto para ser rei do outro país que “derrotei” na batalha.  E que grito que nada. 
A verdade que a independência com relação a Portugal nos custou muito caro e até multa pesada tivemos que pagar.  Ah e pra piorar, a famosa cena do “Grito do Ipiranga” retratada pelo pintor Pedro Américo, precisava de alguns retoques.


Consta que D. Pedro viajava em uma mula e não naquele pomposo cavalo.  Era necessário um símbolo.  Um ato heroico para se contar aos filhos e aos filhos dos filhos.  Daí uma independência com grito e tudo.
E por aí vai.  Você tem certeza de que Duque de Caxias foi um herói?  E Tiradentes?  Enfim, tudo fora remodelado para que nossos livros de história nos emocionassem e nos fizessem melhores brasileiros.  Do contrário, como seguiríamos o famoso preceito do Ame-o ou deixe-o propagado lema do Regime Militar?


Hoje, teoricamente, a história pode ser contada de fato.  Mas ainda não vejo isso acontecendo.  A antiga e recente história do Brasil continuam sendo agredidas.  Meus filhos ainda aprenderam o mesmo "lero" do descobrimento.  E os meios de comunicação, substituindo as cartilhas do antigo regime, preservam a arte da manipulação e do "invensionismo".
Quando nossas crianças aprenderão de verdade o que representou para nós o governo de Getúlio? A história correta de JK e sua morte, bem como a morte de Jango? Quando serão esclarecidos, para os jovens da atualidade os reais motivos da queda de Collor? E quando meus netos tiverem que aprender sobre o impeachment de Dilma e as entranhas deste novo golpe?


O mais importante é discutirmos já o papel irresponsável que a mídia desempenha, utilizando-se inclusive de jornalismo com notícias e fatos fabricados em nome de interesses de grupos econômicos e elites governantes.  E isso não é censura. 
Quem fará justiça aos verdadeiros heróis que nunca foram patronos disso ou daquilo, nem nome de praças e avenidas?


Quem cuidará de tirar, das rodovias e outras obras feitas com dinheiro do povo, os nomes de governantes cruéis e ditadores financiados pelo Tio Sam, Bandeirantes e outros assassinos de inocentes?
Sonho com este tempo em que todas as incorreções serão de fato realizadas em prol da verdade e da justiça histórica.  Mas não sei se chegarei a vê-lo.

2 comentários:

  1. Muito correto camarada Carlos Alexandre, você pontuou corretamente os grandes erros históricos. Para ficarmos apenas na obra de Pedro Américo.
    Dom Pedro montava um cavalo imponente e estava com as roupas impecáveis, como se espera de alguém com o seu posto.
    As margens do Riacho do Ipiranga foram desviadas para integrar à paisagem
    A comitiva de Dom Pedro era numerosa, visto que ele vinha de uma viagem longa e importante.
    Dom Pedro aparece declarando a independência em Petrópolis.

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  2. Carlinhos! Queda de Collor, Mensalão...é tudo muito grave! Aliás PC farias foi cachorro pequeno perto desses da atualidade!
    Ale

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