Eu me lembro que
em 1985 estudava em um colégio estadual na minha São José do Rio Preto, quando tudo que havia aprendido sobre a história do Brasil, até então, voou pela janela.
Minha professora de história que não me chamava muito a atenção, apesar
de eu ter gostado de história em toda a minha trajetória escolar, naquele momento me ganhou para sempre.
Após a eleição presidencial de Tancredo Neves, frustradas as campanhas pelas eleições diretas, o mesmo adoeceu, vindo a falecer e em seu lugar tomou posse um "não eleito", seu vice José Sarney. O fato é que este episódio terminava com 21 anos de um governo de militares.
Tancredo Neves
representava o fim da Ditadura Militar no Brasil. Não por Tancredo em si, mas por um grande
movimento que com sua ascensão ao poder, passava a ter a certeza disso.
Daí pra diante,
minhas aulas de história se tornaram bastante interessantes.
Num ato simbólico,
a professora nos sugeriu lançar fora os livros escolares que levávamos pro
colégio. Segundo ela, passaria a partir
de então a ensinar a história de verdade, como ela mesma havia descoberto e
aprendido, por trás daquela que era uma grande mentira, pregada para
desenvolver em todos, patriotismo, subserviência e adoração a alguns símbolos. Fomos à janela e atiramos os livros com a farra peculiar de alunos nada "caxias".
Me lembro que
desmistificou pra mim o fato da descoberta do Brasil logo de cara.
Eu sempre pensei
que se Pedro Cabral tivesse mesmo se enganado com relação à direção
a seguir, ainda mais no “tamanho” do engano, deveria ser conhecido como o mais estúpido dos portugueses. Talvez até por causa dele, piadas e anedotas pintassem os lusitanos como "burros" ou inocentes. Mas daí a professora alargou meu ponto de vista.
Falar que ele
tentou traçar um novo curso para tentar dar volta ao mundo e atingir as Índias,
também não corresponde, pois este papel houvera sido de outro navegador.
O navegador português veio cumprir tabela e garantir à Coroa Portuguesa o seu quinhão no novo mundo "invadido" pelos espanhóis. E ela contou isso com riqueza de detalhes e
informações.E que descobrimento nada. Já havia gente por aqui, como havia por todo o continente. O que faz de Colombo e Vespúcio, tão invasores quanto qualquer outro que por aqui aportou, pondo fim em nações inteiras.
E as farsas
históricas não param por aí...
Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier
de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de
Bragança e Bourbon, ou resumindo, D. Pedro I, declarou a Independência do
Brasil e depois foi ser Rei de Portugal ?
Esta era outra inconsistência que não me entrava na cabeça.
Pensa no enredo: Declaro guerra a um país e depois de
não me dar muito bem no comando do meu próprio país, volto para ser rei do outro país
que “derrotei” na batalha. E que grito que nada.
A verdade que a independência com relação a Portugal nos
custou muito caro e até multa pesada tivemos que pagar. Ah e pra piorar, a famosa cena do “Grito do
Ipiranga” retratada pelo pintor Pedro Américo, precisava de alguns retoques.
Consta que D. Pedro viajava em uma mula e não naquele
pomposo cavalo. Era necessário um
símbolo. Um ato heroico para se contar
aos filhos e aos filhos dos filhos. Daí
uma independência com grito e tudo.
E por aí vai.
Você tem certeza de que Duque de Caxias foi um herói? E Tiradentes?
Enfim, tudo fora remodelado para que nossos livros de história nos
emocionassem e nos fizessem melhores brasileiros. Do contrário, como seguiríamos o famoso
preceito do Ame-o ou deixe-o propagado
lema do Regime Militar?
Hoje, teoricamente, a história pode ser contada de fato. Mas ainda não vejo isso acontecendo. A antiga e recente história do Brasil continuam sendo agredidas. Meus filhos ainda aprenderam o mesmo "lero" do descobrimento. E os meios de comunicação, substituindo as cartilhas do antigo regime, preservam a arte da manipulação e do "invensionismo".
Quando nossas crianças aprenderão de verdade o que
representou para nós o governo de Getúlio? A história correta de JK e sua morte, bem como a morte de Jango? Quando serão esclarecidos, para os jovens da atualidade os reais motivos
da queda de Collor? E quando meus netos tiverem que aprender sobre o impeachment de Dilma e as entranhas deste novo golpe?
O mais importante é discutirmos já o papel irresponsável que a mídia desempenha, utilizando-se inclusive de jornalismo com notícias e fatos
fabricados em nome de interesses de grupos econômicos e elites governantes. E isso não é censura.
Quem fará justiça
aos verdadeiros heróis que nunca foram patronos disso ou daquilo, nem nome de
praças e avenidas?
Quem cuidará de
tirar, das rodovias e outras obras feitas com dinheiro do povo, os nomes de
governantes cruéis e ditadores financiados pelo Tio Sam, Bandeirantes e outros
assassinos de inocentes?
Sonho com este
tempo em que todas as incorreções serão de fato realizadas em prol da verdade e
da justiça histórica. Mas não sei se chegarei a vê-lo.
Muito correto camarada Carlos Alexandre, você pontuou corretamente os grandes erros históricos. Para ficarmos apenas na obra de Pedro Américo.
ResponderExcluirDom Pedro montava um cavalo imponente e estava com as roupas impecáveis, como se espera de alguém com o seu posto.
As margens do Riacho do Ipiranga foram desviadas para integrar à paisagem
A comitiva de Dom Pedro era numerosa, visto que ele vinha de uma viagem longa e importante.
Dom Pedro aparece declarando a independência em Petrópolis.
Carlinhos! Queda de Collor, Mensalão...é tudo muito grave! Aliás PC farias foi cachorro pequeno perto desses da atualidade!
ResponderExcluirAle