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Os números da última pesquisa Genial/Quaest trouxeram um dado que chamou atenção: 56% dos brasileiros desaprovam o governo Lula, contra 41% de aprovação.
À primeira vista, o cenário parece
preocupante, mas uma análise mais cuidadosa revela que a situação atual ainda é
significativamente melhor do que a enfrentada por Bolsonaro no mesmo período de
seu mandato e que há espaço para uma virada nos próximos meses.
Quando olhamos para julho de 2020,
no governo Bolsonaro, a aprovação era de apenas 34%, com o então presidente já
enfrentando uma crise de imagem agravada pela gestão caótica da pandemia.
Lula, mesmo com os desafios
atuais, mantém uma base de apoio mais sólida, especialmente no Nordeste, onde
sua aprovação chega a 58%.
Essa diferença de 7 pontos
percentuais em relação ao antecessor não é trivial, pois mostra que, apesar das
dificuldades, o governo ainda conta com um capital político considerável para
manobrar.
A economia apresenta sinais
ambíguos, mas com pontos positivos que podem ser explorados.
A inflação acumulada em 12 meses
está no menor patamar desde 2020, e o desemprego segue em queda, já bem abaixo
dos 12% registrados no final do governo anterior.
Programas populares do governo têm
potencial para aquecer setores importantes e melhorar a percepção popular,
desde que comunicados de forma eficiente.
Historicamente, governos
conseguiram se recuperar de momentos ainda mais difíceis.
Em 2005, Lula enfrentou o
escândalo do Mensalão com aprovação em queda, mas conseguiu reverter o quadro
relançando o Bolsa Família e investindo pesado em obras públicas.
FHC, em 1999, superou a crise do
Real com uma combinação de medidas econômicas duras e programas sociais.
O atual governo tem a vantagem
adicional de contar com um Congresso menos hostil do que o enfrentado por Dilma
em 2015, quando ela registrava 38% de aprovação sem qualquer apoio parlamentar.
O caminho para a recuperação
existe, mas exige ajustes.
O governo precisa evitar
auto-sabotagem como declarações inflamadas que desviam a atenção de suas
conquistas e focar em comunicar melhor os mais de 1,3 milhão de empregos
formais gerados em 2024.
As eleições municipais serão um
termômetro importante, mas não uma sentença definitiva. Com uma estratégia
clara e menos dispersão, os 41% atuais podem sim se tornar a base para uma
recuperação nos próximos meses.
A história política brasileira
mostra que governos muitas vezes encontram seu momento de virada nos momentos
mais desafiadores.
Para Lula, essa possibilidade
ainda está aberta. Resta saber se sua
equipe saberá aproveitá-la.
O copo pode não estar cheio, mas
certamente ainda está longe de estar vazio.
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