terça-feira, 1 de abril de 2025

1º DE ABRIL - Quando a Brincadeira Virou Ameaça

 

Imagem: Plano Critico

O Dia da Mentira, celebrado em 1º de abril, sempre foi uma data leve, marcada por pegadinhas inofensivas e notícias absurdas que terminavam em risadas.

No Brasil, a tradição começou em 1828, quando o jornal "A Mentira" anunciou a morte de Dom Pedro I apenas para provocar reações.

A graça estava no desfecho, quando todos descobriam que era apenas uma brincadeira.

Mas nos últimos anos, as mentiras deixaram de ter data marcada e passaram a circular diariamente, com consequências que vão muito além de uma simples zoeira.

As fake news, ou notícias falsas, são o lado sombrio dessa tradição.

Elas se aproveitam do mesmo mecanismo que torna as piadas do 1º de abril eficazes, o elemento surpresa, o absurdo que choca, mas com um objetivo muito diferente: manipular, dividir e até destruir.

Enquanto uma mentira de abril é feita para divertir, as fake news são feitas para causar dano. E o pior é muitas pessoas não percebem a diferença.

O poder das fake news está em sua capacidade de explorar emoções.

Elas não são projetadas para informar, mas para provocar reações imediatas como raiva, medo, indignação.

Foi assim com os boatos que levaram ao linchamento de uma mulher inocente em 2014, acusada de praticar magia negra. Foi assim durante a pandemia, quando mentiras sobre tratamentos ineficazes custaram vidas. E foi assim no 8 de janeiro, quando teorias da conspiração alimentaram um ataque às instituições democráticas.

Enquanto isso, as plataformas de redes sociais, que deveriam ser espaços de informação, muitas vezes funcionam como aceleradoras de mentiras.

O algoritmo privilegia conteúdo polêmico, independentemente de sua veracidade, porque reações, mesmo as negativas, significam engajamento. E engajamento significa lucro. Enquanto não houver responsabilização real, as fake news continuarão a ser um negócio rentável para alguns e um perigo para todos.

O desafio, então, é aprender a rir das mentiras do 1º de abril sem cair nas armadilhas das mentiras que circulam o ano inteiro.

Desconfiar de manchetes bombásticas, checar fontes e pensar antes de compartilhar são pequenos atos de resistência. Afinal, uma democracia saudável depende de cidadãos informados, não de marionetes emocionais.

Neste 1º de abril, a melhor brincadeira que podemos fazer é espalhar a verdade.

Porque, no fim das contas, a única mentira inofensiva é aquela que todo mundo sabe que é mentira. O resto é arma.



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