sábado, 19 de abril de 2025

Asilo Concedido pelo Brasil a Nadine Heredia - Entenda os Motivos

 

Imagem: Diário do Estado GO
O governo brasileiro concedeu asilo político à peruana Nadine Heredia, ex-primeira-dama e figura central em um escândalo de corrupção ligado ao caso Odebrecht no Peru.

A decisão gerou controvérsia, mas está ancorada em tratados internacionais que limitam a discricionariedade do Estado brasileiro em casos como esse.

Nadine Heredia, esposa do ex-presidente Ollanta Humala, foi condenada pelo Judiciário peruano a mais de oito anos de prisão por lavagem de dinheiro e financiamento ilegal de campanhas.

As acusações incluem o recebimento de recursos ilícitos da empreiteira Odebrecht e do governo venezuelano de Hugo Chávez, destinados às campanhas de Humala em 2006 e 2011.

Entre as provas apresentadas estão agendas pessoais de Heredia com anotações sobre encontros com executivos da Odebrecht e referências codificadas a Chávez. O ex-representante da empreiteira no Peru, Jorge Barata, confirmou repasses de US$ 3 milhões para a campanha de 2011. A defesa de Heredia nega as acusações, alegando perseguição política.

A concessão de asilo a Heredia segue a Convenção sobre Asilo Territorial de 1954, da qual Brasil e Peru são signatários. O tratado estabelece que o Estado asilante tem soberania para avaliar os motivos do pedido, sem obrigação de justificar sua decisão. Proíbe a extradição de asilados políticos, salvo em crimes comuns graves não relacionados à perseguição alegada, não cabendo ao país de origem contestar o asilo, uma vez concedido.

Além disso, a Convenção de Havana sobre Asilo reforça que o asilo não pode ser interpretado como ato hostil ao governo do país de origem. Ou seja, a decisão brasileira não implica endosso às ações de Heredia, mas reconhecimento de que ela poderia enfrentar perseguição política no Peru.

Uma vez que o governo brasileiro aceitou o pedido de asilo com base em critérios jurídicos, não caberia negá-lo sem violar os tratados internacionais. A avaliação de risco político é discricionária, e o Peru não pode exigir a reversão da decisão.

Vale lembrar que o asilo não anula a condenação no Peru, mas impede a extradição enquanto Heredia estiver no Brasil.

Caso deixe o território nacional, poderá ser detida por autoridades peruanas ou de outros países com acordos de cooperação jurídica.

A concessão de asilo a Nadine Heredia não reflete posicionamento político do Brasil, mas obediência a normas internacionais que regulam a matéria.

O governo brasileiro não tinha margem para recusar o pedido sem descumprir seus compromissos diplomáticos, ainda que o caso seja controverso.

O asilo, portanto, é uma questão de direito, não de afinidade ideológica.


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