Imagem - Gazeta de Rio Preto |
Médico, professor, intelectual, político e cronista de espírito inquieto e
coração generoso. Foi-se como quem apenas se recolhe para um breve descanso após
um almoço simples e afetuoso ao lado da esposa. Repousou para a eternidade. Uma
partida serena para uma vida que nunca foi calma.
Tive
o privilégio de conviver um pouco no cenário político e dialogar com Liberato. Principalmente
quando teve por candidato a vice o já falecido Waldemar dos Santos, em
coligação com o PSDB.
Numa
dessas conversas me afirmou que em
Brasília, no Congresso onde esteve enquanto Deputado Federal, conviveu com as
mentes mais iluminadas do Brasil.
As conversas de Liberato, nos meios políticos,
sempre foram um exercício de respeito mútuo, mesmo quando divergia de seus opositores.
Havia
nele uma grandeza rara. A disposição de
ouvir, o dom de argumentar com firmeza sem jamais abrir mão da elegância. Era
um adversário político valente, mas um amigo das ideias e isso faz toda a
diferença.
Formou-se
médico no Rio de Janeiro, doutorou-se na Suécia, lecionou em Goiás e no Rio,
ajudou a formar a Famerp e o Hospital de Base, que hoje são pilares da saúde em
Rio Preto. Foi deputado federal, presidente do PDT em São Paulo e prefeito de
uma cidade que o desafiou tanto quanto ele ousou desafiá-la.
Seu
mandato como prefeito foi turbulento, sim. Enfrentou resistência política e uma
imprensa muitas vezes implacável. Sofreu condenações, perdeu bens, mas não
perdeu a ternura nem o senso de humor. Continuou escrevendo, clinicando,
pensando.
Poliglota,
estudioso, apaixonado por cultura, medicina e política, Liberato era daqueles
homens que pareciam carregados de séculos por dentro. Ciceroneou Bill Clinton
com desenvoltura, era admirador de Pepe Mujica, chorou publicamente a partida
de Divaldo Franco e Dino Vizotto. Agora, é a nossa vez de lamentar sua partida.
Liberato
Caboclo não cabia em siglas, nem em estereótipos. Foi comunista e trabalhista,
gestor e sonhador, rigoroso e poético. Teve erros, sim quem não os tem? Mas
seus acertos foram muitos, profundos e permanentes.
Hoje,
Rio Preto se despede de um de seus maiores filhos adotivos. E eu me despeço de
um homem admirável, que já me atendeu com generosidade e inteligência.
Vai
em paz, companheiro. Que o sono da eternidade te seja leve e que a história,
com o tempo e a justiça que só ela tem, te dê o lugar que mereces.
Liberato
vive. Em seus livros, nos corredores do Hospital de Base, nos bancos da Famerp,
nas páginas que escreveu e na memória de todos que reconhecem a importância de
quem ousou lutar e pensar por conta própria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por contribuir com sua opinião. Nossos apontamentos só tem razão de existir se outros puderem participar.