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Ainda que o Brasil não esteja incluído
neste primeiro momento, a pressão de Washington já se faz sentir. A pergunta
dirigida a Brasília sobre por que não classificar o PCC como organização
terrorista é mais que curiosidade: é um teste para medir até onde vai a adesão
do governo brasileiro à lógica norte-americana de “guerra ao inimigo interno”,
conceito que historicamente abre espaço para arbitrariedades, violações de
soberania e repressão ampliada.
Trump, que voltou à Casa Branca
anunciando uma cruzada contra cartéis, utiliza a retórica da “segurança” para
justificar um aumento da presença militar na região. Mas, como tantas vezes na
história, a questão real é geopolítica.
Controlar rotas, influenciar governos e reafirmar a hegemonia dos EUA
sobre o hemisfério.
O México, sob Claudia Sheinbaum, já se
apressou em minimizar a medida, mas as sombras de incursões unilaterais
permanecem, especialmente diante de uma ordem presidencial emitida em segredo e
apenas revelada por denúncias na imprensa.
O risco é duplo. De um lado, a possibilidade concreta de
mortes de civis e instabilidade política nos países-alvo. De outro, a normalização da ideia de que
forças armadas estrangeiras possam atuar livremente em território
latino-americano sob justificativas amplas e pouco transparentes.
Ao transformar problemas de segurança
pública em pretexto para ações militares transnacionais, Trump reforça uma
agenda de controle que historicamente serve mais aos interesses de Washington
do que à soberania e à paz na região.
O continente já conhece o resultado
dessa receita.
O desafio agora é que governos e
sociedades latino-americanas resistam à tentação de terceirizar sua segurança à
potência do norte porque, como ensina a própria história, quem cede território
e autoridade dificilmente recupera a independência perdida.
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