quarta-feira, 30 de abril de 2025

Fusão ou Última Parada?

 

Imagem - informativo da Câmara de Dois Irmãos
Parece cena de filme.  O PSDB, outrora grande força política do país, agora negocia sua fusão com o Podemos em um movimento que parece menos uma estratégia e mais um SOS.

Formado com prestígio por gente séria como Montoro, Ciro Gomes e Covas, o partido de Fernando Henrique, Serra, foi descendo até chegar a Aécio e Dória. Por fim... o fim.

A decisão foi tomada por unanimidade nesta terça, conhecida como ontem, mas a unanimidade talvez diga mais sobre a situação do partido do que sobre seu futuro.

A nova sigla, provisoriamente chamada "PSDB+Podemos", promete ser a sétima maior bancada da Câmara, se todos os deputados ficarem, se não pularem para outros partidos, e se o eleitor não continuar ignorando ambas as legendas nas urnas.

Detalhes como nome, programa e até mascote (um tucano cansado?) ainda serão definidos, mas uma coisa é certa. Essa fusão parece menos um recomeço e mais um último esforço para evitar o irrelevante.

A convenção nacional em junho decidirá o destino dessa união.

Resta saber se será um novo capítulo ou apenas o epílogo de duas trajetórias que, nos últimos anos, têm mais passado vergonha do que feito história.

"PSDB+Podemos: porque às vezes, na política, 1 + 1 não dá 2... às vezes mal dá 1."

 


Quando o Mundo Respirou Aliviado - Fascismo Não Mais

Imagem - Brasil de Fato

Era abril morrendo quando o pesadelo começou a se dissolver. O ar em Berlim cheirava a concreto esfarelado e promessas apodrecidas. Num bunker que mais parecia uma tumba antecipada, o arquiteto do horror.  Aquele que jurara um Reich milenar, preparava seu último ato.

O tiro ecoou no dia 30, mas o mundo só soube no 1º de maio, data irônica dos deuses. Enquanto operários em todo o planeta celebravam suas conquistas, a Rádio Hamburgo tecia a derradeira mentira: falou de "combate", de "último suspiro", de "queda em batalha".

O que morreu naquele bunker não foi um homem, mas um sintoma.
Um sintoma de ódio que se pensou eterno.
De megalomania que quis redesenhar o mundo com sangue e aço.
Do veneno que tentou convencer povos de sua própria superioridade.

Oito décadas depois, suas últimas horas ainda fascinam e repugnam. Como um animal acuado, ditou testamento, casou-se com o eco, envenenou o cachorro. Deixou para trás não glória, mas fotografias de um cadáver carbonizado.  Imagem crua de todos os seus sonhos incendiados.

O mesmo vento que levou o cheiro de pólvora do Führerbunker carregava sementes da reconstrução.
A humanidade, ferida mas não vencida, aprendia de novo que monstros morrem, mas a memória deve viver.

Hoje, quando pisamos nestas mesmas ruas que ele quis transformar em capital do mundo, vemos cafés onde houve escombros, risos onde ecoaram sirenes. A vida insistiu, como sempre insiste contra os projetos de morte.

Que este aniversário não seja sobre ele, mas sobre nós.
Sobre como o mundo cura suas cicatrizes.
Sobre a resistência tenaz da verdade contra os “mitos”.
Sobre o dever sagrado de nunca deixar que outra sombra cresça tanto. Nem lá e nem cá.

Pois há derrotas que são vitórias da humanidade. E há mortes que são partos de um mundo novo.


terça-feira, 29 de abril de 2025

A CBF Inova (e uma parte do Brasil Surta)

 

Imagem - Sportbuzz

Entre memes, teorias da conspiração e torcedores divididos entre "que absurdo" e "onde compro?", uma coisa é certa: o vermelho não é nenhum desconhecido no guarda-roupa da Seleção.

Na verdade, ele já vestiu os jogadores brasileiros em momentos históricos e tudo tinha explicação, nada de revolução comunista ou conspiração globalista.

A primeira aparição do vermelho foi em 1917, durante o Campeonato Sul-Americano. Na época, o Brasil usava camisa branca, mas como Argentina e Chile também jogavam de branco, não tinha como todo mundo sair vestido igual. A solução? Improvisar com o vermelho. Ninguém reclamou, ninguém achou que o país estava abandonando suas raízes, e a vida seguiu.

Depois, em 1936, nova edição do Sul-Americano, novo problema: Brasil e Peru chegaram com o mesmo uniforme branco. Como não dava para decidir no par ou ímpar, a Seleção fez o que qualquer um faria. Pegou emprestado. Só que, dessa vez, as camisas eram do Independiente, time argentino. Isso mesmo.  O Brasil já jogou de vermelho e ainda por cima com roupa de hermano. E adivinha? Ninguém pediu impeachment de dirigente por causa disso.

Agora, a pergunta que não quer calar: a CBF pode fazer isso? Tecnicamente, o estatuto da entidade diz que o uniforme da Seleção deve usar apenas as cores da bandeira (verde, amarelo, azul e branco), mas abre exceção para eventos comemorativos. Foi assim com a camisa preta em homenagem ao Vini Jr. contra o racismo, e agora com o vermelho.

Se depender da criatividade (e das vendas), é capaz de em breve termos uma versão rosa, roxa ou até mesmo listrada , desde que alguém invente uma justificativa comemorativa convincente.  Mas e daí ?  Pra mim eles podem jogar até de pijama, desde que vençam.

 Enquanto isso, o debate segue acalorado. De um lado, os puristas que acham que o Brasil deve se ater ao amarelo, verde e azul. Do outro, os que lembram que, no fim das contas, o que importa é jogar bem e se for com estilo, melhor ainda. E tem ainda os que só querem saber de comprar a camisa antes que vire peça de colecionador.

No fundo, a moral da história é simples: o futebol brasileiro já passou por mudanças muito mais radicais do que uma camisa vermelha, e o mundo não acabou. Se a taça vier vestindo vermelho, ninguém vai reclamar da cor. E se não vier, a culpa certamente não será do uniforme , mas aí já é outra discussão.

Eu com certeza vou comprar a minha.  O verde e amarelo foi meio que sequestrado por um público que não torce nem por próprio país. Saí as ruas levando bandeiras estadunidenses ou israelitas.  Agora virem com esse papinho de “vermelho é coisa de comunista” não cola, né?


segunda-feira, 28 de abril de 2025

Apagão na Península Ibérica: Um Dia de Caos e Incertezas

 

Imagem - Brasil 247

Era para ser uma segunda-feira comum. Até que, num piscar de olhos, o século XXI desmoronou.

O apagão que engoliu Portugal e Espanha no dia 28 não foi apenas um blecaute técnico.  Foi um espelho. Nele, vimos refletida a ilusão frágil de nosso controle sobre o mundo moderno.

Em Madrid, os semáforos morreram de repente, como se um deus caprichoso tivesse soprado sobre velas de aniversário.

Nas entranhas do metrô, homens e mulheres tropeçavam como sonâmbulos, dedos crispados em celulares que, de repente, já não eram smartphones, mas sim toscas archotes digitais.

A frase “Ninguém sabe de nada,” de uma professora à BBC ecoou como um mantra involuntário pelas ruas.

Ali, num raro momento de democracia brutal, CEOs de ternos caros e garis de uniformes suados compartilhavam o mesmo olhar perdido. Todos igualmente reféns, todos igualmente primitivos, reduzidos ao ato mais antigo de caminhar.

Lisboa não sorriu. Brasileiros espalhados pela cidade, aqueles eternos desbravadores de crises, encontraram-se marchando como peregrinos do século XXI, sob um sol que agora parecia zombar da escuridão elétrica.

Metrô? Fantasma. Táxis? Lendas urbanas. Ônibus? Latas de sardinha humanas que ninguém sabia quando, ou se, chegariam.

Nos supermercados, o surrealismo pintou quadros dignos de Dalí. Carrinhos de compras abandonados como naufrágios em corredores desertos. Caixas registradoras transformadas em peças de museu. E o dinheiro, ah, o dinheiro! Aquele velho inimigo da modernidade, agora rei absoluto. Filas quilométricas diante de caixas eletrônicos como peregrinações ao deus Mamon numa sociedade que jurara tê-lo abandonado.

Nas redes sociais, a tragédia vestiu-se de viral. Chefs transformando smartphones em lamparinas medievais. Pais formando vigílias diante de escolas, como se aguardassem notícias de guerra. E os rádios a pilha, esses dinossauros tecnológicos, ressurgindo como únicas janelas para um mundo exterior que, por algumas horas, deixara de fazer sentido.

E então, o detalhe que fez tantos engolirem seco. O timing. "Isso acontece semanas depois da UE nos mandar preparar 'kits de emergência'", lembrou uma voz nas ruas.

A coincidência pesou como uma ameaça não dita. Nos olhares trocados, a pergunta pairou, não verbalizada mas presente: acidente... ou ensaio?

O governo espanhol nega ciberataques. Mas nas ruas ainda escuras, onde o zumbido elétrico da normalidade ainda não voltou, as garantias soam distantes. Enquanto as luzes piscam de volta à vida, lentamente, como se hesitassem, uma pergunta ronda a Península como um fantasma:

E se amanhã for para valer?

Nesta noite atípica, milhões irão para a cama com lanternas sobre as mesinhas de cabeceira. E no escuro, antes de adormecer, muitos se perguntarão se aquela tarde foi um acidente... ou o primeiro capítulo de um manual que ainda não sabemos ler.

Afinal, como descobrimos hoje, o progresso é apenas uma fina camada de verniz. E por baixo dele, sempre espreita a escuridão.

Leia matéria especial na BBC News Brasil

O Silêncio e o Púrpura: A Política do Sagrado

 

Imagem - BBC

Entre o murmúrio e o divino, os cardeais avançam com vestes rubras como brasas, passos medidos sobre mosaicos seculares.

O conclave não começa na Capela Sistina, mas nos corredores onde se trocam olhares, nos jantares onde se sussurram nomes.

A inspiração celestial, dizem, guia seus votos.  A história, porém, sussurra que até os santos negociam.

Dois terços. Eis o número que separa o consenso do caos.

Entre uma fumaça branca e outra negra, há cardeais que calculam, alianças que se tecem, continentes inteiros esperando por seu representante no trono de Pedro.

A doença do papa antecipou os conchavos, mas não apressará o Espírito Santo.

O púrpura das vestes esconde o jogo humano, mas não o sufoca.

Afinal, até os anjos, quando reunidos, devem lembrar-se da política.

domingo, 27 de abril de 2025

A Ciência Desvenda um Elo Crucial Entre Mielina e Esquizofrenia


Imagem: Getty Images

Em um avanço que pode redefinir o futuro do tratamento psiquiátrico, pesquisadores da Unicamp descobriram como uma simples proteína desempenha um papel fundamental na estabilidade da mielina, a capa protetora dos neurônios e como sua desregulação pode estar ligada ao surgimento da esquizofrenia.

Publicado no renomado Journal of Neurochemistry, o estudo revela que essa molécula não só ajuda a formar a bainha de mielina, mas também é essencial para mantê-la íntegra.

Quando falha, ainda durante a gestação, os neurônios perdem sua proteção, e a comunicação entre eles se torna defeituosa, um possível gatilho para o transtorno.

A esquizofrenia é uma doença traiçoeira.  Quando os sintomas aparecem, o cérebro já está alterado há anos. O que a equipe da Unicamp descobriu é que a hnRNP A1 pode ser uma das peças que faltavam no quebra-cabeça, agindo antes mesmo dos primeiros sinais surgirem.

A falha estaria nos oligodendrócitos, células gliais que produzem mielina e carregam essa proteína crucial.

Atualmente, os medicamentos antipsicóticos atuam nos sintomas, mas não na causa. Se futuras terapias conseguirem regular a tal proteína, ou proteger a mielina desde cedo, talvez seja possível impedir o desenvolvimento da doença – ou, ao menos, frear sua progressão.

A descoberta abre caminho para medicamentos mais precisos, que não se limitem a controlar alucinações e delírios, mas que restaurem a arquitetura neural.

A esperança é que, no futuro, a esquizofrenia possa ser prevenida, e não apenas gerenciada.

Enquanto a ciência avança, cada novo estudo como esse ilumina um pouco mais os mistérios do cérebro e, com eles, a possibilidade de um amanhã com mais respostas e menos sofrimento.


sexta-feira, 25 de abril de 2025

Teto, Chão e Futuro

 

Imagem: Ricardo Stuckert

Há quem diga que políticas públicas são apenas números em planilhas, porcentagens em discursos ou promessas esquecidas após as eleições.

Mas há gestos que transcendem a frieza dos dados e tocam o cerne do que significa existir em sociedade.

O anúncio da destinação de 3% das moradias do Minha Casa, Minha Vida para pessoas em situação de rua não é só mais uma medida, mas um ato de poesia urbana, um verso concreto escrito não no papel, mas no chão de quem nunca teve um lar para chamar de seu.

O governo Lula, ao incluir essa população invisibilizada no maior programa habitacional do país, não está apenas distribuindo chaves. Está devolvendo dignidade. Está dizendo, em alto e bom som, que ninguém é descartável, que nenhuma vida é pequena demais para ser protegida. E o faz com a urgência de quem sabe que o Brasil não será justo enquanto houver quem durma sob viadutos enquanto prédios vazios viram especulação.

Não se trata apenas de quatro paredes e um teto, embora isso já fosse revolucionário por si só. O programa prevê o que há de mais avançado em políticas sociais.  O acompanhamento. Inserção no mercado de trabalho, matrícula escolar, acesso a serviços públicos. Ou seja, não é um favor, é um direito. Não é esmola, é reparação.

E quem terá prioridade? Justamente aqueles que a sociedade mais marginaliza. Mães solo, que carregam nos braços o futuro e nas costas o peso da exclusão. Pessoas trans, violentadas diariamente pela intolerância. Indígenas, despojados até de suas terras ancestrais. Idosos e pessoas com deficiência, abandonados à própria sorte nas calçadas do descaso.

São vidas que o mercado ignora, que o preconceito esmaga, mas que o Estado, quando funciona, tem o dever de acolher.

Nenhum governo antes havia ousado incluir oficialmente a população de rua no Minha Casa, Minha Vida. Houve assistencialismo, houve migalhas, mas nunca uma política estruturada de moradia doada, com suporte social integrado.

É fácil fingir que não vê quem está no chão.  Difícil é estender a mão e dizer: "Aqui, esta casa é sua. E você não está mais sozinho."

Claro, haverá os de sempre, os que dirão: "Mas e os trabalhadores que pagam impostos?" Como se a existência de uns anulasse a dor dos outros. Como se um país rico como o nosso não pudesse cuidar de todos.

A verdade é que uma sociedade que nega teto a quem não tem nada é uma sociedade doente e políticas como essa são o remédio.

Enquanto adversários reduzem o presidente a caricaturas, ele faz o que sempre fez de melhor: governar para os últimos. Não com demagogia, mas com ações concretas. Demitiu quem desviou no INSS, mesmo sendo do próprio governo.

Agora, abre as portas do Minha Casa, Minha Vida para quem nunca teve porta alguma.

É isso que define um governo de esquerda de verdade.  Não basta não roubar.  É preciso distribuir. Não basta fiscalizar.  É preciso incluir.

E assim, entre portarias e decretos, escreve-se uma nova história. Não a do Brasil da desigualdade eterna, mas a do país que ousa sonhar mais alto, um lugar onde até quem já perdeu tudo pode recomeçar.

Porque, no fim das contas, moradia não é um privilégio.  É um direito. E direitos, quando negados, viram revolta. Quando garantidos, viram futuro.


quinta-feira, 24 de abril de 2025

Um bronze que vale ouro

 

Imagem - Carta Capital

Enquanto o Brasil se prepara para um fim de semana encharcado, segundo a previsão do tempo que me obriga a cancelar o churrasco de sábado, um outro tipo de clima, o político, esquenta na América do Sul.

Um levantamento argentino da CB Consultoria revela que nosso presidente Lula segue firme no pódio dos líderes mais populares do continente, conquistando um honroso terceiro lugar.

Não é ouro, não é prata, mas é um bronze que, no atual cenário político, brilha mais que previsão de sol em abril.

Parece que Lula está vivendo aquele momento do "não ganha, mas não sai do top 5".

Enquanto alguns colegas presidentes lutam para não aparecerem nas últimas colocações (sim, há quem esteja lá embaixo, mas a gentileza me impede de citar nomes), o petista mantém sua popularidade estável, mesmo com os desafios de governar um país que oscila entre crises e memes no Twitter.

E olha que a concorrência não é fácil. O primeiro lugar continua sendo uma disputa acirrada entre líderes que, digamos, sabem fazer selfies melhores ou têm países com menos notificações do Nubank bloqueadas. Mas o fato é: Lula resiste.

Se fosse uma partida de futebol, já estaríamos gritando "é campeão moral" nas redes sociais.

Enquanto isso, o clima colabora para que o brasileiro médio, eu incluso, fique em casa refletindo sobre a vida e, quem sabe, sobre pesquisas de opinião.

Entre uma previsão de 8,2 mm de chuva na segunda-feira e temperaturas que sobem e descem como ações da Tesla, a popularidade de Lula parece mais estável que o humor de quem esqueceu o guarda-chuva no ônibus.

Apesar dos pesares, ou melhor, das chuvas, o Brasil continua no radar continental.

Se Lula fosse um seriado, já teria sido renovado para mais uma temporada pelos sul-americanos.

Agora, resta saber se a trama dos próximos episódios vai manter a audiência ou se vamos trocar de canal antes do próximo levantamento.

 


Lula envia ao Congresso PEC que reforça combate ao crime organizado e unifica políticas de segurança

 

Imagem - Site do Planalto

O presidente Lula encaminhou oficialmente ao Congresso Nacional, nesta quarta-feira, vulgo ontem, a Proposta de Emenda à Constituição chamada PEC da Segurança Pública, em cerimônia realizada no Palácio do Planalto.

A medida tem como objetivo centralizar e modernizar as ações de combate à criminalidade, respondendo ao aumento da violência e à pressão da sociedade por soluções efetivas.

A emenda constitucional apresentada pelo governo altera dispositivos da Carta Magna de 1988 para ampliar o papel da União na coordenação de políticas nacionais de segurança pública e defesa social, incluindo o sistema prisional, após consulta a estados e municípios.

Também visa redefinir as atribuições da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, adaptando-as aos novos desafios do crime organizado.

A PEC pretende tornar permanentes os fundos nacionais de Segurança Pública e de Política Penitenciária, garantindo recursos estáveis para essas áreas e padronizar procedimentos, sistemas de informação e estatísticas criminais em todo o país.

Por fim, regulamentar as funções das guardas municipais e criar órgãos de controle internos autônomos (corregedorias e ouvidorias) para maior fiscalização.

Estiveram presentes na solenidade, nomes-chave do governo e do Legislativo, como os ministros Gleisi Hoffmann  das Relações Institucionais, Ricardo Lewandowski  da Justiça e Jorge Messias que é da Advocacia-Geral da União, além dos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta.

Lula destacou a urgência da proposta: "Não podemos perder tempo. A população exige ações concretas contra a violência, e essa PEC é um passo decisivo". O presidente também enfatizou a necessidade de cooperação entre União, estados e municípios para que as medidas tenham efeito prático.

A PEC agora depende de aprovação parlamentar para o que serão necessários votos favoráveis de 3/5 dos deputados e senadores, em duas votações em cada Casa.

Mas deverá ser apreciada com a devida agilidade. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou: “O senhor, enquanto presidente da República, tem muita coragem de enfrentar um problema com essa magnitude”.

Se aprovada, a reforma pode significar a maior reestruturação do sistema de segurança pública em décadas, com impactos diretos no combate ao crime organizado e na gestão penitenciária.

O Planalto espera que a tramitação seja concluída ainda esse ano, mas o texto deve enfrentar debates acalorados no Congresso, onde partidos e entidades de segurança pública já sinalizam posições divergentes sobre os detalhes da proposta.


quarta-feira, 23 de abril de 2025

Rio Preto está prestes a escrever um capítulo brilhante de sua história - Ter sua Universidade Federal.

 

Imagem - Jornal DHoje Interior

O novo campus da UFSCar, concretizando uma promessa do Presidente Lula de expandir a educação pública de qualidade, já começa a desenhar seu futuro e com ele, nove cursos surgem como sementes de transformação, prontas para florescer talentos e mudar destinos. 

Este marco histórico se tornou possível com a fundamental articulação política do Vereador João Paulo Rillo e seu gabinete, que durante meses mediou diálogos fundamentais entre a Reitoria da UFSCar e o Poder Público local, além da realização e mediação de audiências públicas.

Com base em uma pesquisa largamente explanada na tarde dessa quarta-feira, dia 23 na Câmara Municipal, o represente da Reitoria da Universidade apresentou os cursos a serem oferecidos na primeira fase.

Dentre eles, o curso de Artes Cênicas que transformará nossa cidade em um grande teatro a céu aberto. Rio Preto, que fervilha e anseia por mais respeito à cultura, verá nascer uma nova geração de artistas capazes de traduzir emoções em performances que ecoarão muito além dos palcos.

Com Arquitetura e Urbanismo, mãos jovens redesenharão nossa cidade, misturando técnica e sonho, erguendo não apenas estruturas, mas espaços que acolhem histórias e inspiram futuros, desempenhando um papel social importante.

O Serviço Social chega para formar corações preparados para construir pontes. Porque toda transformação começa com escuta atenta e ação compassiva.

Enquanto alguns cursos falam à alma, outros nos conectam com o amanhã, como Inteligência Artificial e Ciência de Dados que serão nossas ferramentas para decifrar o mundo. Imagine algoritmos criados em Rio Preto solucionando desafios globais.

Engenharia de Manufatura mostrará que a produção industrial pode ser uma verdadeira arte em movimento.

No centro desse ecossistema, o curso de Produção Cultural será o maestro, harmonizando artistas, cientistas e urbanistas num mesmo coro criativo.

Este projeto, que integra o compromisso do Presidente Lula com a educação pública, nasceu de um esforço conjunto. Os nove cursos propostos, ainda em avaliação pelo Conselho Universitário, foram cuidadosamente costurados a partir de diálogos com a sociedade civil, empresas e instituições locais, e sua apresentação é fruto de uma pesquisa que levou em conta demanda de profissionais, não existência de ofertas, além das mais amplas necessidades sociais.

Como bem destacou o professor Danilo Giroldo, coordenador do processo, trata-se de um plano que "fala com as mãos e escuta com os olhos", captando genuinamente as necessidades de cidade. 

A previsão é que as primeiras turmas pisem neste solo fértil já em 2026.

Até lá, cabe a todos nós, moradores, estudantes, sonhadores, nutrir esta semente com esperança e acompanhar seu crescimento.

Porque quando a educação é plantada com cuidado e regada pelo trabalho dedicado de nossos representantes, a colheita se transforma em futuro para todos.


Legitimidade Democrática e Fiscalização Necessária - Em Defesa da CPI

 

Imagem - Estadão
A recente decisão judicial que suspendeu a CPI proposta pelo vereador João Paulo Rillo em São José do Rio Preto merece reflexão à luz da legalidade, da soberania do Legislativo e do interesse público.

A Comissão Parlamentar de Inquérito, instrumento constitucional essencial ao controle democrático, foi validamente constituída, com assinaturas necessárias e formalidades legais cumpridas.

Sua interrupção por meio de ação judicial de um dos próprios signatários não apenas fere o princípio da separação dos Poderes, como desrespeita a vontade política da Câmara Municipal e, sobretudo, o direito da população à transparência.

A Constituição Federal garante aos municípios autonomia para auto-organização, incluindo a competência de suas Câmaras para criar CPIs. A Lei Orgânica de São José do Rio Preto e o Regimento Interno da Câmara estabelecem os requisitos para instalação de uma CPI, entre eles, um terço das assinaturas dos vereadores.

Se esses critérios foram atendidos, como parece ter sido o caso, a CPI nasce com legitimidade jurídica plena.

A Justiça só poderia intervir se houvesse vício formal grave (ex.: fraude em assinaturas) ou desvio de finalidade explícito (ex.: perseguição política sem fundamento).

Se a CPI foi aprovada seguindo todos os trâmites, sua suspensão por ação de um vereador que originalmente a apoiou configura, no mínimo, contradição política e, no pior cenário, obstrução indevida da fiscalização.

CPIs são ferramentas fundamentais para apurar irregularidades na administração pública, especialmente no Executivo municipal. Se há indícios de má gestão, superfaturamento, desvios ou qualquer ato que demande esclarecimento, a CPI é o caminho democrático para a verdade. Impedi-la sem justificativa robusta é negar à sociedade o direito de acesso à informação.

O fato de um vereador ter mudado de posição e judicializado o processo não invalida a vontade majoritária da Casa Legislativa.

Se aceitarmos que um signatário pode, sozinho, paralisar uma CPI já instalada, abrimos precedente perigoso. Qualquer investigação poderá ser sabotada por quem tem interesse em evitar a fiscalização.

O Judiciário tem o dever de fiscalizar excessos, mas não pode substituir-se ao Legislativo no julgamento da conveniência e oportunidade de uma CPI. A menos que haja ilegalidade manifesta, a decisão sobre a criação e continuidade de uma CPI é competência exclusiva dos vereadores, como representantes diretos do povo.

Se a Justiça barrar uma CPI regularmente constituída sem prova de abuso, estará ferindo a Constituição, que veda a interferência indevida de um Poder sobre outro. O Judiciário deve agir com autocontenção em matéria político-administrativa, sob risco de judicializar indevidamente a política local.

A CPI proposta em São José do Rio Preto merece seguir seu curso. Se houve cumprimento das formalidades legais, sua suspensão é um ataque à função fiscalizatória do Legislativo e um desserviço à população.

A sociedade rio-pretense tem o direito de saber se seus recursos estão sendo bem aplicados e se há atos irregulares a serem corrigidos.

Aos vereadores, cabe reafirmar seu compromisso com a ética e a transparência, resistindo a manobras que enfraqueçam o controle público.

À Justiça, espera-se que reavalie a decisão à luz da presunção de legitimidade dos atos legislativos. E aos cidadãos, resta exigir que a democracia não seja barrada por interesses escusos.

A CPI deve continuar. A verdade e o interesse público não podem esperar.


Cardeal Dom Orani - no Conclave.

 

Imagem - Portal do Litoral

Dom Orani João Tempesta, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, é uma figura que transita com naturalidade entre os altares e os asfaltos, entre o silêncio das catedrais e o clamor das ruas.

Monge cisterciense de origem paulista, é um homem de serenidade nos olhos e firmeza no pastoreio, consolidou-se como uma liderança moderada, mas nunca apagada.

Prefere o diálogo à condenação, a escuta ao apedrejamento. No jogo político-eclesiástico, é visto como diplomata hábil, um articulador silencioso que causa desconforto tanto na direita (por recusar fundamentalismos) quanto na esquerda (por sua cautela estratégica, até demais). Mas talvez essa seja sua missão maior: ser ponte em tempos de muros.

Antes de assumir o Rio de Janeiro, Dom Orani já semeava transformações como bispo de São José do Rio Preto onde dirigiu a diocese de 1997 a 2004.

Chegou a uma diocese então adormecida e a despertou com um estilo pastoral único. A doçura monástica aliada à coragem evangélica.

Não era homem de discursos inflamados, mas de portas abertas e mãos estendidas.

Sob sua liderança, a Pastoral Social ganhou força, levando a Igreja para as periferias, não apenas geográficas, mas existenciais.

Ele acreditava que a fé, para ser autêntica, precisava descer do altar e ajoelhar-se no chão da vida, onde as dores e esperanças do povo se encontram.

Foi nesse espírito que nasceu o Grupo de Estudos e Ação Política (GEAPOL), iniciativa da qual tive a honra de participar ativamente, unindo formação política, cidadania e espiritualidade.

Na Vila Maceno, a Paróquia de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento (sob a direção do Padre Valdecir Dezidério) tornou-se GEAPOL, um centro de mobilização, inspirado pela Campanha da Fraternidade e pelo Evangelho vivido nas ruas.

Como coordenador da Pastoral Social ao lado de figuras como o Padre Jarbas Dutra, testemunhei como Dom Orani fez da diocese um espaço de serviço concreto. Sob sua liderança as Semanas Sociais foram devidamente praticadas e o Grito dos Excluídos ganhou as ruas.

Dom Orani nunca buscou holofotes. Sua força estava na coerência, sua coragem na ação discreta. Relativamente jovem para um bispo, ele nos transmitiu, na prática, que fé e transformação social são inseparáveis.

Hoje, no Rio de Janeiro, cidade onde o sagrado e o profano se entrelaçam nos morros e no samba , ele continua sendo costura em tempos de rasgão, tentando construir comunhão num Brasil dividido. E isso, em si, já é um milagre.

Gostaria que Dom Orani fosse ainda mais progressista e se alinhasse mais com as propostas da Igreja Avançada, mas nem imagino como seja a política interna nas altas camadas dessa instituição, apesar de Francisco, ainda lenta e reacionária. 

Mas confio nele e gostaria de vê-lo eleito no Conclave. 

Lembro que se emocionou profundamente ao se despedir do Papa quando de sua visita ao Rio de Janeiro, o que revela certa proximidade de pensamentos entre ambos, até porque foi nomeado cardeal em seu papado.

Gostaria de me encontrar com Dom Orani novamente para fazê-lo recordar sua passagem por Rio Preto. Não por nostalgia. Mas para lembrá-lo de que chamado, é para quem não tem medo da rua nem das missões. Que a revolução muitas vezes começa no silêncio e aceitação de quem serve. O que ele, pelo menos enquanto esteve aqui, provou. 


terça-feira, 22 de abril de 2025

CNPU 2025 e Outras Oportunidades em Concursos Públicos

 

Imagem - Roma News
O Ministério da Gestão e Inovação confirmou que o Concurso Público Nacional Unificado (CNPU), em sua segunda edição, terá seu termo de referência para seleção da banca examinadora divulgado até o final de abril.

As provas estão previstas para o segundo semestre de 2025, com homologação dos resultados até junho de 2026.

Enquanto os detalhes do CNPU ainda não foram totalmente definidos, outros concursos públicos de grande relevância estão com inscrições abertas em diversas regiões do país, oferecendo salários atrativos e oportunidades estáveis.

Principais Concursos em Andamento são Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região, Polícia Militar do Distrito Federal e Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.  Todos com salários em média de até R$ 17.000,00.

Para se preparar, verifique os requisitos específicos de cada concurso (escolaridade, taxas, etapas) e se organize. Alguns prazos são curtos — como o da PM-DF, que encerra em 23/04.

O CNPU promete ser um marco na unificação de concursos federais, com vagas em múltiplos órgãos.

Fique atento ao lançamento do termo de referência (até 30/04) para entender o cronograma completo e as carreiras incluídas.

Enquanto o CNPU se prepara para 2025, os concursos abertos hoje são chances reais de ingressar no serviço público com salários competitivos.

Não perca os prazos e comece sua preparação agora!

Ah, e acompanhe sites oficiais como PCI Concursos ou Gov.br para atualizações em tempo real.


segunda-feira, 21 de abril de 2025

O Legado de Francisco Sob Ameaça: Quem Impedirá a Igreja de Voltar ao Passado?

 

Imagem: Jornal Grande Bahia

Hoje, o mundo acorda mais silencioso. Mais vazio. O céu recebeu um de seus filhos mais fiéis, enquanto a Terra chora a partida de um homem que não foi apenas um líder religioso, mas um farol de esperança, um revolucionário da fé e um defensor incansável dos pobres.

O Papa Francisco I, nome de batismo Jorge Mario Bergoglio, deixou-nos aos 88 anos, após uma vida dedicada não ao poder, mas ao serviço.  Não à riqueza, mas à simplicidade. Não à indiferença, mas ao amor radical.

Sua morte não é apenas o fim de um pontificado, mas o fechamento de um capítulo transformador na história da Igreja Católica. 

Francisco foi o primeiro papa latino-americano, o primeiro jesuíta a assumir o trono de Pedro e, acima de tudo, o primeiro em muitas décadas a desafiar as estruturas de uma instituição milenar com um discurso que ecoava os ensinamentos mais puros de Cristo: "Ide e cuidai dos últimos".

Nascido na Argentina, filho de imigrantes italianos, Bergoglio carregou consigo a sensibilidade de quem conhecia a dor dos marginalizados.

Como papa, abraçou os refugiados, lavou os pés de detentos, condenou o capitalismo selvagem e desafiou os tradicionalistas ao afirmar que a Igreja deveria ser "um hospital de campanha", acolhendo feridos, não julgando pecados.

Suas palavras eram como bálsamo para os rejeitados: "Quem sou eu para julgar?", disse certa vez, referindo-se à homossexualidade, numa declaração que abalou conservadores e renovou a fé de milhões.

Nos últimos anos, seu físico traiu seu espírito incansável. Pneumonias, cirurgias, dores crônicas, mas nada o impediu de seguir trabalhando, mesmo quando a respiração faltava e os joelhos já não sustentavam seus passos.

Sua resistência era um testamento silencioso de sua missão: servir até o último suspiro. E assim o fez. Mesmo hospitalizado, gravou mensagens de gratidão, preocupando-se mais com os fiéis do que consigo mesmo.

Francisco não foi um papa conveniente. Desafiou o clericalismo, enfrentou escândalos de abusos, abriu diálogos com muçulmanos e ateus, e colocou a ecologia no centro da doutrina católica com a encíclica Laudato Si'.

Para alguns, foi um herói. Para outros, um provocador. Mas para os esquecidos, os pobres, os imigrantes, os doentes, ele foi simplesmente o padre que os olhava nos olhos e lhes dizia: "Você importa".

Agora, resta o vazio. O Vaticano está em luto, mas também o está a mãe que ele consolou em uma favela, o refugiado que ele abraçou em Lesbos, o jovem que duvidava da fé até ouvi-lo dizer que "Deus não cansa de perdoar".

Restam suas palavras, suas ações, seu exemplo.

O mundo perdeu um gigante. O céu ganhou um santo.

Descansa em paz, Francisco. A tua revolução de amor não termina aqui.


domingo, 20 de abril de 2025

O Acordo Histórico da OMS e os Desafios da Equidade Global no Enfrentamento de Pandemias

 

Imagem: O Globo
Em um momento marcado por divisões geopolíticas e crises de financiamento, a Organização Mundial da Saúde alcançou um acordo histórico sobre um novo marco global para preparação e resposta a futuras pandemias.

O pacto, juridicamente vinculante, estabelece diretrizes para que o mundo enfrente futuras emergências sanitárias de forma mais coordenada e justa. No entanto, o caminho até essa conquista foi permeado por tensões, especialmente em torno de um dos pontos mais sensíveis: a distribuição equitativa de medicamentos e vacinas entre países ricos e pobres.

A negociação revelou um abismo persistente entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento.

Enquanto países de alta renda defendiam mecanismos de mercado para acesso a tratamentos, nações mais pobres pressionavam por garantias concretas de que ficariam com pelo menos 20% de suprimentos essenciais, como vacinas e antivirais, em futuras pandemias.

O temor de repetir o "apartheid vacinal" visto durante a COVID-19 — quando nações africanas e latino-americanas ficaram para trás na imunização foi um motivador central.

Outro debate acalorado girou em torno da transferência de tecnologia.

Países em desenvolvimento argumentavam que, sem acesso a patentes e know-how para produzir localmente, continuariam dependentes de doações e iniciativas filantrópicas.

Já a indústria farmacêutica e governos de economias avançadas resistiam a flexibilizações que, em sua visão, poderiam desincentivar a inovação.

O acordo é visto como uma rara vitória para a OMS e o sistema multilateral em um contexto de fragilização dessas instituições.

Nos últimos anos, a agência enfrentou cortes drásticos no financiamento como os promovidos pelos Estados Unidos durante a gestão Trump e críticas sobre sua eficácia.

O pacto não apenas reforça o papel central da OMS em crises sanitárias, mas também cria obrigações legais para os países membros, como o compartilhamento rápido de dados sobre patógenos com potencial pandêmico; o fortalecimento de sistemas nacionais de vigilância e as contribuições financeiras previsíveis para um fundo global de preparação.

Apesar do avanço, desafios permanecem. O texto final teve trechos diluídos para garantir consenso como metas menos rígidas para doações de vacinas.

Além disso, a implementação dependerá da vontade política dos Estados-membros, muitos ainda relutantes em ceder soberania em questões de saúde.

Outro ponto crítico é o financiamento.  Sem recursos adicionais, países pobres não terão capacidade de cumprir as novas regras.

A proposta de um "tributo pandêmico" sobre grandes indústrias farmacêuticas foi descartada, deixando a solução desse problema para negociações futuras.

O acordo da OMS é um marco importante, mas seu sucesso dependerá de como as promessas se traduzirão em ações.

Enquanto a equidade não for tratada como prioridade e não apenas como um discurso, o mundo continuará vulnerável a ciclos de nacionalismo e desigualdade em futuras pandemias.

Como disse um diplomata africano durante as negociações: "Sem justiça, não há preparação. E sem solidariedade, não há segurança sanitária."


sábado, 19 de abril de 2025

Asilo Concedido pelo Brasil a Nadine Heredia - Entenda os Motivos

 

Imagem: Diário do Estado GO
O governo brasileiro concedeu asilo político à peruana Nadine Heredia, ex-primeira-dama e figura central em um escândalo de corrupção ligado ao caso Odebrecht no Peru.

A decisão gerou controvérsia, mas está ancorada em tratados internacionais que limitam a discricionariedade do Estado brasileiro em casos como esse.

Nadine Heredia, esposa do ex-presidente Ollanta Humala, foi condenada pelo Judiciário peruano a mais de oito anos de prisão por lavagem de dinheiro e financiamento ilegal de campanhas.

As acusações incluem o recebimento de recursos ilícitos da empreiteira Odebrecht e do governo venezuelano de Hugo Chávez, destinados às campanhas de Humala em 2006 e 2011.

Entre as provas apresentadas estão agendas pessoais de Heredia com anotações sobre encontros com executivos da Odebrecht e referências codificadas a Chávez. O ex-representante da empreiteira no Peru, Jorge Barata, confirmou repasses de US$ 3 milhões para a campanha de 2011. A defesa de Heredia nega as acusações, alegando perseguição política.

A concessão de asilo a Heredia segue a Convenção sobre Asilo Territorial de 1954, da qual Brasil e Peru são signatários. O tratado estabelece que o Estado asilante tem soberania para avaliar os motivos do pedido, sem obrigação de justificar sua decisão. Proíbe a extradição de asilados políticos, salvo em crimes comuns graves não relacionados à perseguição alegada, não cabendo ao país de origem contestar o asilo, uma vez concedido.

Além disso, a Convenção de Havana sobre Asilo reforça que o asilo não pode ser interpretado como ato hostil ao governo do país de origem. Ou seja, a decisão brasileira não implica endosso às ações de Heredia, mas reconhecimento de que ela poderia enfrentar perseguição política no Peru.

Uma vez que o governo brasileiro aceitou o pedido de asilo com base em critérios jurídicos, não caberia negá-lo sem violar os tratados internacionais. A avaliação de risco político é discricionária, e o Peru não pode exigir a reversão da decisão.

Vale lembrar que o asilo não anula a condenação no Peru, mas impede a extradição enquanto Heredia estiver no Brasil.

Caso deixe o território nacional, poderá ser detida por autoridades peruanas ou de outros países com acordos de cooperação jurídica.

A concessão de asilo a Nadine Heredia não reflete posicionamento político do Brasil, mas obediência a normas internacionais que regulam a matéria.

O governo brasileiro não tinha margem para recusar o pedido sem descumprir seus compromissos diplomáticos, ainda que o caso seja controverso.

O asilo, portanto, é uma questão de direito, não de afinidade ideológica.


sexta-feira, 18 de abril de 2025

Brasil Rumo à Soberania Alimentar

 

Imagem: Pão da Sophie
A Companhia Nacional de Abastecimento retoma seu papel estratégico como um dos principais instrumentos do governo federal no combate à fome e na garantia da segurança alimentar do Brasil e do mundo.

Com a maior safra de grãos da história do país, estimada em 330 milhões de toneladas, um crescimento de quase 11% em relação ao ano anterior, o Brasil consolida sua capacidade de produzir alimentos em escala recorde.

O avanço é resultado de políticas públicas robustas, como o Plano Safra 2025, que conta com investimentos históricos, em contraste com o desmonte promovido pelo governo anterior, que chegou a ameaçar a extinção da Conab.

A área cultivada também cresceu, com um aumento de mais de 2% em comparação a 2024.

Não há dúvidas da importância da reativação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, extinto no governo Bolsonaro, e vale destacar os avanços alcançados durante os governos Lula e Dilma, quando o Brasil atingiu a marca de 200 milhões de toneladas de grãos em 2015.

Na época, programas como o Mais Alimentos que oferecia crédito com juros subsidiados de 2% ao ano foram fundamentais para modernizar a agricultura familiar e impulsionar o agronegócio brasileiro.

Durante o governo Bolsonaro, muitos agricultores familiares enfrentaram dificuldades para se manter no campo, já que produzir alimentos deixou de ser economicamente viável.

Agora, com a retomada de políticas de incentivo, como crédito acessível e garantia de compra, o cenário mudou.

Uma das medidas mais importantes é a determinação de que pelo menos 30% das compras públicas de alimentos realizadas por órgãos como as Forças Armadas, hospitais universitários e instituições federais sejam provenientes da agricultura familiar.

Além disso, produtores de arroz e feijão contam com juros de apenas 3% ao ano, que caem para 2% no caso de cultivos agroecológicos.

O aumento da produção de grãos como o arroz, que saltou de 10,5 milhões para 12 milhões de toneladas, e o feijão, com crescimento de 9%, desde o retorno de Lula, beneficia diretamente o consumidor, com preços mais justos e estoques regulados pela Conab.

A companhia tem papel fundamental nesse processo, adquirindo produtos quando os preços estão baixos e liberando estoques quando há alta, garantindo estabilidade no abastecimento.

Com essa estratégia, o Brasil não apenas fortalece sua soberania alimentar, mas também se consolida como um dos principais fornecedores de alimentos para o mundo, mostrando que é possível conciliar desenvolvimento agrícola, inclusão social e sustentabilidade.


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