domingo, 9 de março de 2025

Outro Plebiscito para a Monarquia? Tá sobrando tempo ou dinheiro?

 

Imagem: Real Pioneiro

A proposta de um plebiscito em 2026 para restaurar a monarquia parlamentarista no Brasil é, no mínimo, um absurdo que ignora a história, a realidade política do país e os desafios atuais da democracia.

A ideia, que ressurge como uma suposta solução para os problemas do presidencialismo, parece mais um devaneio nostálgico do que uma proposta séria e viável. Afinal, há pouco mais de 30 anos, em 1993, os brasileiros já rejeitaram a monarquia em um plebiscito, optando pela manutenção da república presidencialista.

Os defensores da monarquia argumentam que o sistema seria mais eficiente, citando países como Inglaterra, Espanha e Dinamarca como exemplos de sucesso.

No entanto, essa comparação é simplista e desconsidera as profundas diferenças históricas, culturais e sociais entre essas nações e o Brasil.

A monarquia nesses países está enraizada em séculos de tradição e estabilidade política, algo que não existe no Brasil, onde a república foi consolidada após décadas de instabilidade e conflitos.

Além disso, a ideia de que um sistema monárquico parlamentarista reduziria a corrupção e aumentaria os investimentos públicos é ingênua, ou malandra.

A corrupção não é um problema causado pelo sistema presidencialista, mas sim pela falta de transparência e fortalecimento das instituições democráticas.

Trocar o sistema de governo não resolveria esses desafios estruturais, mas pelo contrário, poderia criar novos problemas, como a concentração de poder nas mãos de um monarca ou de um primeiro-ministro sem o devido controle popular.

Promover um plebiscito para discutir a volta da monarquia é um desperdício de recursos públicos em um momento em que o país enfrenta graves crises econômicas, sociais e sanitárias.

O custo de uma consulta popular dessa magnitude poderia ser investido em áreas prioritárias, como saúde, educação e infraestrutura.

Além disso, a proposta desvia a atenção de debates urgentes, como a reforma política, o combate à desigualdade e a modernização do Estado.

Vale lembrar que, em 1993, os brasileiros já rejeitaram a monarquia de forma categórica.

Naquela ocasião, mais de 66% dos votos foram favoráveis à república presidencialista, enquanto apenas 10% optaram pela monarquia parlamentarista.

Ressuscitar essa discussão três décadas depois parece um retrocesso, especialmente em um momento em que a democracia brasileira precisa ser fortalecida, e não questionada por propostas anacrônicas.

A defesa da monarquia no Brasil muitas vezes é embalada por uma visão romantizada do período imperial, ignorando os graves problemas da época, como a escravidão, a concentração de poder e a exclusão política da maioria da população.

A monarquia brasileira foi marcada por conflitos internos, crises econômicas e uma desconexão entre a elite governante e as necessidades do povo.

Voltar a esse sistema seria um passo atrás na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

Sem definição de “quem seria o monarca” a Comissão presidida pela Senadora Damares Alves (olha ela aí de novo), faz com que a proposta de um plebiscito para restaurar a monarquia parlamentarista no Brasil seja, no mínimo, desconectada da realidade do país.

Em vez de gastar tempo e recursos com discussões que já foram resolvidas há décadas, o Brasil precisa focar em reformas que fortaleçam a democracia, na prisão dos envolvidos na tentativa de Golpe de Estado e criar ações que promovam o desenvolvimento social e econômico.

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