Imagem: Gazeta de Rio Preto |
A fé é uma força poderosa na vida
das pessoas.
Ela inspira, conforta e une
comunidades em torno de valores como solidariedade, respeito e fraternidade.
A oração, por sua vez, é uma
expressão íntima e coletiva dessa fé, capaz de promover momentos de reflexão e
conexão espiritual.
No entanto, quando falamos de
espaços públicos, como as escolas, é essencial lembrar que esses ambientes
devem ser laicos, ou seja, neutros em relação a questões religiosas, garantindo
que todos se sintam acolhidos e respeitados, independentemente de suas crenças.
Nesse contexto, o projeto de lei
do vereador Luciano Julião, a ser votado hoje na Câmara, que propõe a inclusão da oração do Pai-Nosso no
início das atividades escolares em Rio Preto, gera uma importante reflexão.
Embora a intenção de fortalecer
valores como respeito e solidariedade seja louvável, a proposta esbarra em um
princípio fundamental: a laicidade do Estado e das instituições públicas.
A escola, como espaço plural e
democrático, deve ser um local onde todas as crenças e convicções sejam
respeitadas, sem que nenhuma seja privilegiada ou imposta. Inclusive a não
crença.
O projeto prevê que a participação
na oração não será obrigatória, permitindo que alunos sejam dispensados
mediante declaração dos responsáveis.
No entanto, essa medida pode criar
situações constrangedoras e excludentes, especialmente para crianças e
adolescentes que professam outras religiões ou não seguem nenhuma.
A escola deve ser um ambiente de
inclusão, onde ninguém se sinta diferente ou marginalizado por suas escolhas
religiosas.
Além disso, é importante destacar
que valores como respeito, solidariedade e fraternidade não são exclusivos de
nenhuma religião.
Eles podem e devem ser ensinados
de forma universal, por meio de práticas pedagógicas que promovam o diálogo, a
empatia e o convívio harmonioso entre diferentes culturas e crenças.
A escola já
é, por natureza, um espaço de formação ética e cidadã, e não precisa de
práticas religiosas específicas para cumprir esse papel.
A proposta do vereador também
levanta questões sobre o papel do Estado em relação à religião.
Em um país plural como o Brasil,
onde coexistem diversas tradições religiosas e um número crescente de pessoas
sem filiação religiosa, é fundamental que o poder público mantenha uma postura
neutra, garantindo a liberdade de crença e a igualdade de tratamento para
todos.
A laicidade não é uma afronta à
fé, mas uma garantia de que todas as expressões religiosas possam coexistir em
harmonia.
Por fim, é preciso lembrar que a
escola é um espaço de aprendizado e convívio, onde crianças e jovens devem se
sentir livres para explorar suas identidades e formar suas próprias opiniões.
Introduzir práticas religiosas
específicas nesse ambiente pode comprometer esse processo, criando divisões
desnecessárias e ferindo o princípio da igualdade.
Portanto, embora a fé e a oração
sejam importantes para muitas pessoas, como é pra mim, elas devem ser exercidas
em espaços adequados, como templos, igrejas, mesquitas ou no âmbito familiar.
Melhor ainda, no íntimo de cada indivíduo como pregou o Cristo.
A escola, como instituição pública
e laica, deve permanecer como um lugar de todos, onde a diversidade seja
celebrada e a liberdade de pensamento seja preservada.
Que possamos valorizar a fé das
pessoas sem abrir mão do respeito à pluralidade e à democracia que tanto
lutamos para construir.
ótimo texto e importante reflexão. A liberdade religiosa e a laicidade são obrigações diretas do estado e deveres de nossos cidadãos.
ResponderExcluirJá na imagem da matéria aparece um crucifixo numa reunião da Câmara Municipal; oras, se a Câmara Municipal é um espaço público, então ali NÃO deve existir menção alguma a qualquer religião.
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