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Imagem: Real Pioneiro |
A proposta de um plebiscito em 2026 para restaurar
a monarquia parlamentarista no Brasil é, no mínimo, um absurdo que ignora a
história, a realidade política do país e os desafios atuais da democracia.
A ideia, que ressurge como uma suposta solução
para os problemas do presidencialismo, parece mais um devaneio nostálgico do
que uma proposta séria e viável. Afinal, há pouco mais de 30 anos, em 1993, os
brasileiros já rejeitaram a monarquia em um plebiscito, optando pela manutenção
da república presidencialista.
Os defensores da monarquia argumentam que o
sistema seria mais eficiente, citando países como Inglaterra, Espanha e
Dinamarca como exemplos de sucesso.
No entanto, essa comparação é simplista e
desconsidera as profundas diferenças históricas, culturais e sociais entre
essas nações e o Brasil.
A monarquia nesses países está enraizada em
séculos de tradição e estabilidade política, algo que não existe no Brasil,
onde a república foi consolidada após décadas de instabilidade e conflitos.
Além disso, a ideia de que um sistema monárquico
parlamentarista reduziria a corrupção e aumentaria os investimentos públicos é
ingênua, ou malandra.
A corrupção não é um problema causado pelo sistema
presidencialista, mas sim pela falta de transparência e fortalecimento das
instituições democráticas.
Trocar o sistema de governo não resolveria esses
desafios estruturais, mas pelo contrário, poderia criar novos problemas, como a
concentração de poder nas mãos de um monarca ou de um primeiro-ministro sem o
devido controle popular.
Promover um plebiscito para discutir a volta da
monarquia é um desperdício de recursos públicos em um momento em que o país
enfrenta graves crises econômicas, sociais e sanitárias.
O custo de uma consulta popular dessa magnitude
poderia ser investido em áreas prioritárias, como saúde, educação e
infraestrutura.
Além disso, a proposta desvia a atenção de debates
urgentes, como a reforma política, o combate à desigualdade e a modernização do
Estado.
Vale lembrar que, em 1993, os brasileiros já
rejeitaram a monarquia de forma categórica.
Naquela ocasião, mais de 66% dos votos foram
favoráveis à república presidencialista, enquanto apenas 10% optaram pela
monarquia parlamentarista.
Ressuscitar essa discussão três décadas depois
parece um retrocesso, especialmente em um momento em que a democracia
brasileira precisa ser fortalecida, e não questionada por propostas
anacrônicas.
A defesa da monarquia no Brasil muitas vezes é
embalada por uma visão romantizada do período imperial, ignorando os graves
problemas da época, como a escravidão, a concentração de poder e a exclusão
política da maioria da população.
A monarquia brasileira foi marcada por conflitos
internos, crises econômicas e uma desconexão entre a elite governante e as
necessidades do povo.
Voltar a esse sistema seria um passo atrás na luta
por uma sociedade mais justa e igualitária.
Sem definição de “quem seria o monarca” a Comissão
presidida pela Senadora Damares Alves (olha ela aí de novo), faz com que a
proposta de um plebiscito para restaurar a monarquia parlamentarista no Brasil seja,
no mínimo, desconectada da realidade do país.
Em vez de gastar tempo e recursos com discussões
que já foram resolvidas há décadas, o Brasil precisa focar em reformas que
fortaleçam a democracia, na prisão dos envolvidos na tentativa de Golpe de Estado
e criar ações que promovam o desenvolvimento social e econômico.