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Partiu aos 81 anos, mas sua música
permanece ecoando nas memórias de São José do Rio Preto, ou nas salas do
extinto Conservatório Musical de Mirassol, e claro, no coração de quem teve o
privilégio de aprender com suas mãos calejadas de artista.
Professor, músico e contador de
causas, Manivela não apenas ensinava notas, mas ensinava alma.
Suas aulas eram lições de vida, onde
cada dedilhado carregava um pouco da sabedoria de quem conhecia o ritmo das
coisas simples: o vento no cafezal, o ronco do trem na tarde, o silêncio entre
um verso e outro.
Na escola dirigida por minha mãe
Darci, na cidade vizinha de Mirassol, onde ao lado de nomes como Roberto Farah,
integrou uma geração de mestres que não formavam apenas técnicos, mas poetas do
teclado ou do violão, artesãos da melodia, tive o privilégio de ser seu aluno.
Sua voz e violão hoje se calam, mas
ressoam as histórias. Histórias de um homem que, como um velho cancioneiro,
transformava escalas em sentimentos e desafios em harmonias. Sua morte não
apaga o som de sua viola e ele segue vivo no imaginário de uma cidade que ainda
canta suas modas, nos alunos que carregam seu legado, e no céu do interior
paulista agora com um violeiro a mais para animar as estrelas.
Descanse em paz, Manivela. Que os
anjos afinem suas cordas para você, e que a terra guarde, em seu silêncio, o
eco do seu último tremular de palheta.
"A música não morre. Apenas encontra novos ouvidos."
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