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Nos últimos anos, o Brasil mergulhou num
ambiente de intolerância e polarização que não poupa ninguém. Famílias
rachadas, igrejas politizadas, partidos encastelados em suas bolhas. O resultado é um país esgarçado, onde o
diálogo virou artigo de luxo.
É nesse cenário que surge uma iniciativa
necessária e corajosa. Um curso
promovido pelo Partido dos Trabalhadores com o objetivo de compreender melhor o
universo evangélico e estabelecer pontes de diálogo.
Trata-se de uma ação de maturidade
política e humana, que busca superar os preconceitos, inclusive os internos e
abrir espaço para uma conversa sincera, honesta, respeitosa com esse segmento
tão relevante da sociedade brasileira.
Não se trata de disputar fiéis ou tentar
"converter" ninguém a uma cartilha partidária. Trata-se, ao
contrário, de reconhecer que milhões de brasileiros e brasileiras de fé
evangélica carregam pautas, demandas, angústias e esperanças legítimas.
São trabalhadores, mulheres, jovens,
negros, mães solo, pequenos empreendedores, que não podem ser resumidos a
estereótipos ou carimbados como adversários automáticos.
O levantamento recente do Datafolha
revela uma rejeição crescente ao governo Lula por parte do público evangélico.
Isso é um sinal claro de alerta que pede não apenas análise, mas ação. E a ação
correta, democrática, civilizada, não é a do embate, do preconceito, do
fechamento, mas sim a do entendimento, da escuta, da empatia.
É preciso que o PT, e toda a esquerda
democrática, compreendam que o campo da fé não é um território interditado ao
debate político plural. Aliás, os valores mais profundos do cristianismo, são a
solidariedade, justiça social, amor ao próximo, acolhimento, que dialogam
profundamente com as pautas progressistas.
O erro histórico foi ter abandonado esse
campo, ter deixado o conservadorismo radical pintar a esquerda como inimiga da
fé. O erro agora seria repetir essa omissão.
A iniciativa do curso é um passo na
direção certa: ouvir sem preconceito, debater sem arrogância, entender as
linguagens, os símbolos, os medos e as esperanças que habitam esse universo.
Não para manipular, mas para construir
respeito mútuo, pontes de diálogo real, onde se possa, sim, discordar, mas
sempre enxergando o outro como cidadão, não como inimigo.
Num país plural como o Brasil, quem se
fecha ao diálogo está fadado à irrelevância política e social. Quem aposta na
escuta, no aprendizado, na construção paciente de pontes, abre portas para um
futuro menos violento, menos intolerante, mais democrático.
A esquerda que se propõe a governar para
todos não pode ter medo de conversar com todos. A fé não pode ser usada como
instrumento de guerra cultural, mas como ponte para o entendimento.
Nesse sentido, o curso do PT é mais que
uma estratégia política. É um gesto de humildade democrática.
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