terça-feira, 13 de maio de 2025

A importância do diálogo - o curso do PT para se aproximar dos evangélicos é uma lição de democracia

 

Imagem - Poder 360

Nos últimos anos, o Brasil mergulhou num ambiente de intolerância e polarização que não poupa ninguém. Famílias rachadas, igrejas politizadas, partidos encastelados em suas bolhas.  O resultado é um país esgarçado, onde o diálogo virou artigo de luxo.

É nesse cenário que surge uma iniciativa necessária e corajosa.  Um curso promovido pelo Partido dos Trabalhadores com o objetivo de compreender melhor o universo evangélico e estabelecer pontes de diálogo.

Trata-se de uma ação de maturidade política e humana, que busca superar os preconceitos, inclusive os internos e abrir espaço para uma conversa sincera, honesta, respeitosa com esse segmento tão relevante da sociedade brasileira.

Não se trata de disputar fiéis ou tentar "converter" ninguém a uma cartilha partidária. Trata-se, ao contrário, de reconhecer que milhões de brasileiros e brasileiras de fé evangélica carregam pautas, demandas, angústias e esperanças legítimas.

São trabalhadores, mulheres, jovens, negros, mães solo, pequenos empreendedores, que não podem ser resumidos a estereótipos ou carimbados como adversários automáticos.

O levantamento recente do Datafolha revela uma rejeição crescente ao governo Lula por parte do público evangélico. Isso é um sinal claro de alerta que pede não apenas análise, mas ação. E a ação correta, democrática, civilizada, não é a do embate, do preconceito, do fechamento, mas sim a do entendimento, da escuta, da empatia.

É preciso que o PT, e toda a esquerda democrática, compreendam que o campo da fé não é um território interditado ao debate político plural. Aliás, os valores mais profundos do cristianismo, são a solidariedade, justiça social, amor ao próximo, acolhimento, que dialogam profundamente com as pautas progressistas.

O erro histórico foi ter abandonado esse campo, ter deixado o conservadorismo radical pintar a esquerda como inimiga da fé. O erro agora seria repetir essa omissão.

A iniciativa do curso é um passo na direção certa: ouvir sem preconceito, debater sem arrogância, entender as linguagens, os símbolos, os medos e as esperanças que habitam esse universo.

Não para manipular, mas para construir respeito mútuo, pontes de diálogo real, onde se possa, sim, discordar, mas sempre enxergando o outro como cidadão, não como inimigo.

Num país plural como o Brasil, quem se fecha ao diálogo está fadado à irrelevância política e social. Quem aposta na escuta, no aprendizado, na construção paciente de pontes, abre portas para um futuro menos violento, menos intolerante, mais democrático.

A esquerda que se propõe a governar para todos não pode ter medo de conversar com todos. A fé não pode ser usada como instrumento de guerra cultural, mas como ponte para o entendimento.

Nesse sentido, o curso do PT é mais que uma estratégia política. É um gesto de humildade democrática.


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