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O afastamento de 30 diretores
escolares, sob a justificativa de baixo desempenho no IDEB, escancara uma
política autoritária, tecnocrática e profundamente desconectada da realidade
das escolas e das comunidades que elas atendem.
A decisão não veio acompanhada de
diálogo, transparência ou qualquer construção coletiva. Simplesmente
comunicaram aos diretores que estavam fora. E pior, com a desculpa disfarçada
de “formação”, enquanto nomeiam novos gestores que, na prática, funcionam como interventores
indicados sem participação dos conselhos escolares, das famílias, dos
estudantes ou dos próprios trabalhadores da educação.
Trata-se de um ataque frontal à gestão
democrática, princípio conquistado a duras penas, com décadas de luta dos
educadores e das comunidades.
O que se desenha é um cenário de
desmontagem da escola pública, que já convive há anos com terceirizações em
setores como limpeza e alimentação, e que agora vê a ameaça se estender
diretamente para a gestão pedagógica.
O uso do IDEB como justificativa não
se sustenta. Índices educacionais não podem ser tratados como instrumento de
punição. Eles são ferramentas de diagnóstico, não de ranking. Quem conhece de
perto a realidade das escolas sabe que uma pequena melhora num contexto de
vulnerabilidade social já representa um avanço gigante. Penalizar profissionais
por não atingirem metas descoladas da realidade é não só injusto, como
perverso.
Além disso, os critérios usados são
absolutamente questionáveis. Além das notas, consideraram tempo de permanência
na escola e até a quantidade de licenças médicas dos diretores, o que, além de
desumano, revela uma lógica perversa de gestão que ignora o adoecimento dos
servidores e as desigualdades que atravessam a vida escolar.
E não é coincidência. Tudo isso está
diretamente ligado à Lei Municipal nº 18.221, aprovada no apagar das
luzes de 2024, sem qualquer debate com os educadores, e que abriu caminho para
esse modelo de avaliação punitiva, sem considerar as condições socioeconômicas,
culturais e estruturais de cada território.
É um projeto que ataca diretamente a
estabilidade dos servidores públicos, gera medo, insegurança, desmobiliza e
adoece. Diretores com 10, 20 anos de dedicação às suas escolas, profundamente
enraizados em suas comunidades, estão sendo sumariamente afastados como se
fossem descartáveis.
Diante desse cenário, é mais do que
urgente que a sociedade, os movimentos sociais, os sindicatos e todos que
defendem a educação pública se levantem. O SINESP, cumprindo seu papel
histórico, já ingressou na Justiça contra essa medida arbitrária e está
oferecendo suporte jurídico e emocional aos profissionais afetados. Mais do que
isso, está articulando uma frente ampla em defesa da escola pública, contra a
privatização disfarçada de “gestão por resultado”.
A Prefeitura, em sua nota, tenta
dourar a pílula, chamando o afastamento de “capacitação” e “vivência em outras
unidades”. Mas a verdade é que isso não passa de um eufemismo para intervenção
administrativa e ataque à autonomia escolar.
Quando atacam os diretores, atacam
toda a comunidade escolar. E principalmente, atacam o direito das crianças e
dos jovens a uma educação pública, gratuita, de qualidade, construída com
democracia e participação.
A educação não é mercadoria. E quem
defende a escola pública não se cala diante desse retrocesso. É hora de
resistência. É hora de luta.
Infelizmente esse desgoverno de Tarcísio veio para destruir a educação , prejudicando diretores,professores e principalmente os alunos
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