terça-feira, 27 de maio de 2025

Ataque à educação pública, à gestão democrática e aos direitos do povo.

 

Imagem G1
O que está acontecendo na rede municipal de ensino de São Paulo não é apenas uma medida administrativa, mas é um alerta gravíssimo sobre o futuro da educação pública na cidade.

O afastamento de 30 diretores escolares, sob a justificativa de baixo desempenho no IDEB, escancara uma política autoritária, tecnocrática e profundamente desconectada da realidade das escolas e das comunidades que elas atendem.

A decisão não veio acompanhada de diálogo, transparência ou qualquer construção coletiva. Simplesmente comunicaram aos diretores que estavam fora. E pior, com a desculpa disfarçada de “formação”, enquanto nomeiam novos gestores que, na prática, funcionam como interventores indicados sem participação dos conselhos escolares, das famílias, dos estudantes ou dos próprios trabalhadores da educação.

Trata-se de um ataque frontal à gestão democrática, princípio conquistado a duras penas, com décadas de luta dos educadores e das comunidades.

O que se desenha é um cenário de desmontagem da escola pública, que já convive há anos com terceirizações em setores como limpeza e alimentação, e que agora vê a ameaça se estender diretamente para a gestão pedagógica.

O uso do IDEB como justificativa não se sustenta. Índices educacionais não podem ser tratados como instrumento de punição. Eles são ferramentas de diagnóstico, não de ranking. Quem conhece de perto a realidade das escolas sabe que uma pequena melhora num contexto de vulnerabilidade social já representa um avanço gigante. Penalizar profissionais por não atingirem metas descoladas da realidade é não só injusto, como perverso.

Além disso, os critérios usados são absolutamente questionáveis. Além das notas, consideraram tempo de permanência na escola e até a quantidade de licenças médicas dos diretores, o que, além de desumano, revela uma lógica perversa de gestão que ignora o adoecimento dos servidores e as desigualdades que atravessam a vida escolar.

E não é coincidência. Tudo isso está diretamente ligado à Lei Municipal nº 18.221, aprovada no apagar das luzes de 2024, sem qualquer debate com os educadores, e que abriu caminho para esse modelo de avaliação punitiva, sem considerar as condições socioeconômicas, culturais e estruturais de cada território.

É um projeto que ataca diretamente a estabilidade dos servidores públicos, gera medo, insegurança, desmobiliza e adoece. Diretores com 10, 20 anos de dedicação às suas escolas, profundamente enraizados em suas comunidades, estão sendo sumariamente afastados como se fossem descartáveis.

Diante desse cenário, é mais do que urgente que a sociedade, os movimentos sociais, os sindicatos e todos que defendem a educação pública se levantem. O SINESP, cumprindo seu papel histórico, já ingressou na Justiça contra essa medida arbitrária e está oferecendo suporte jurídico e emocional aos profissionais afetados. Mais do que isso, está articulando uma frente ampla em defesa da escola pública, contra a privatização disfarçada de “gestão por resultado”.

A Prefeitura, em sua nota, tenta dourar a pílula, chamando o afastamento de “capacitação” e “vivência em outras unidades”. Mas a verdade é que isso não passa de um eufemismo para intervenção administrativa e ataque à autonomia escolar.

Quando atacam os diretores, atacam toda a comunidade escolar. E principalmente, atacam o direito das crianças e dos jovens a uma educação pública, gratuita, de qualidade, construída com democracia e participação.

A educação não é mercadoria. E quem defende a escola pública não se cala diante desse retrocesso. É hora de resistência. É hora de luta.


Um comentário:

  1. Infelizmente esse desgoverno de Tarcísio veio para destruir a educação , prejudicando diretores,professores e principalmente os alunos

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