sábado, 24 de maio de 2025

Aldo Rebelo é um espelho das contradições brasileiras

 

Imagem - G1
Por muitos anos, Aldo Rebelo foi apresentado como um quadro exemplar da esquerda brasileira.

Ex-dirigente do PCdoB, ex-presidente da Câmara dos Deputados, ex-ministro de Estado em governos progressistas, seu nome parecia estar atrelado, de maneira incontestável, à luta popular, às causas sociais e às tradições do campo democrático.

Mas, como a história gosta de ensinar, nem sempre a biografia resiste ao teste do tempo. E no caso de Aldo Rebelo, o tempo expôs mais do que rugas. Revelou rachaduras profundas naquilo que, um dia, foi discurso de compromisso social.

O episódio mais recente protagonizado por ele não deixa dúvidas.

Chamado a prestar depoimento por indicação do almirante Almir Garnier, este, acusado de participação direta nos planos golpistas que ameaçaram o país, Aldo não se limitou a colaborar. Tentou, diante de uma autoridade judicial, relativizar, desqualificar e, sobretudo, deslegitimar a própria condução do processo que busca proteger a democracia brasileira.

Diante do ministro Alexandre de Moraes, que tem sido um verdadeiro bastião da resistência institucional, Aldo quis ensaiar uma performance que flertava perigosamente com a arrogância dos que se acham acima das instituições.

Tentou acusar de censura, quis discutir gramática, questionar a legitimidade do ato, como se estivesse numa mesa de botequim esquecendo que, ali, não se julgavam palavras, mas os escombros de uma tentativa de golpe de Estado contra o Brasil.

O ministro, firme, não hesitou em cortar a farsa: "O senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa. Não admito censura. Se insistir, será preso."

O recado foi dado e não era apenas a um indivíduo, mas a toda uma geração de oportunistas que, depois de se alimentarem das conquistas da luta popular, traíram seu próprio passado, seus próprios princípios e, sobretudo, o povo brasileiro.

Aldo Rebelo é, hoje, uma caricatura do que um dia fingiu ser. De comunista a aliado informal de generais, de homem das causas populares a defensor velado de projetos autoritários, seu percurso é um retrato doloroso das contradições que habitam certas figuras públicas no Brasil. A história não o absolverá.

Por outro lado, é preciso destacar sem rodeios o papel imprescindível de Alexandre de Moraes.

Em tempos de ataques sistemáticos às instituições, de tentativa de ruptura democrática, de fabricação de mentiras e de manipulação das massas, o ministro do Supremo Tribunal Federal se colocou como um pilar intransigente da ordem constitucional, da legalidade e da defesa da democracia.

Seu trabalho não é só técnico é histórico. É o exercício de uma magistratura que entende que neutralidade, diante do fascismo, é cumplicidade.

Quando um país é ameaçado por quem conspira no porão, por quem tenta calar as urnas e rasgar a Constituição, não há espaço para dissimulações. E se há um mérito inegável neste capítulo da história, é o de sabermos que, em meio às sombras da traição e da covardia, ainda existem figuras que honram a toga, a república e o povo brasileiro.

O Brasil está em disputa. E é nesse cenário que se revela, com todas as cores e todos os contrastes, quem está do lado da democracia e quem, como Aldo Rebelo, escolheu se perder no labirinto das suas próprias contradições.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por contribuir com sua opinião. Nossos apontamentos só tem razão de existir se outros puderem participar.

Trump, a Doutrina do Porrete e a Sombra da Intervenção na América Latina

  Imagem - ICL Notícias O envio de tropas americanas para o Mar do Caribe, por ordem direta de Donald Trump, não é um ato isolado, nem se li...