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Ex-dirigente do PCdoB, ex-presidente da Câmara dos
Deputados, ex-ministro de Estado em governos progressistas, seu nome parecia
estar atrelado, de maneira incontestável, à luta popular, às causas sociais e
às tradições do campo democrático.
Mas, como a história gosta de ensinar, nem sempre
a biografia resiste ao teste do tempo. E no caso de Aldo Rebelo, o tempo expôs
mais do que rugas. Revelou rachaduras profundas naquilo que, um dia, foi
discurso de compromisso social.
O episódio mais recente protagonizado por ele não
deixa dúvidas.
Chamado a prestar depoimento por indicação do
almirante Almir Garnier, este, acusado de participação direta nos planos
golpistas que ameaçaram o país, Aldo não se limitou a colaborar. Tentou, diante
de uma autoridade judicial, relativizar, desqualificar e, sobretudo, deslegitimar
a própria condução do processo que busca proteger a democracia brasileira.
Diante do ministro Alexandre de Moraes, que tem
sido um verdadeiro bastião da resistência institucional, Aldo quis ensaiar uma
performance que flertava perigosamente com a arrogância dos que se acham acima
das instituições.
Tentou acusar de censura, quis discutir gramática,
questionar a legitimidade do ato, como se estivesse numa mesa de botequim esquecendo
que, ali, não se julgavam palavras, mas os escombros de uma tentativa de golpe
de Estado contra o Brasil.
O ministro, firme, não hesitou em cortar a farsa: "O
senhor não tem condição de avaliar a língua portuguesa. Não admito censura. Se
insistir, será preso."
O recado foi dado e não era apenas a um indivíduo,
mas a toda uma geração de oportunistas que, depois de se alimentarem das
conquistas da luta popular, traíram seu próprio passado, seus próprios
princípios e, sobretudo, o povo brasileiro.
Aldo Rebelo é, hoje, uma caricatura do que um dia
fingiu ser. De comunista a aliado informal de generais, de homem das causas
populares a defensor velado de projetos autoritários, seu percurso é um retrato
doloroso das contradições que habitam certas figuras públicas no Brasil. A
história não o absolverá.
Por outro lado, é preciso destacar sem rodeios o
papel imprescindível de Alexandre de Moraes.
Em tempos de ataques sistemáticos às instituições,
de tentativa de ruptura democrática, de fabricação de mentiras e de manipulação
das massas, o ministro do Supremo Tribunal Federal se colocou como um pilar
intransigente da ordem constitucional, da legalidade e da defesa da democracia.
Seu trabalho não é só técnico é histórico. É o
exercício de uma magistratura que entende que neutralidade, diante do
fascismo, é cumplicidade.
Quando um país é ameaçado por quem conspira no
porão, por quem tenta calar as urnas e rasgar a Constituição, não há espaço
para dissimulações. E se há um mérito inegável neste capítulo da história, é o
de sabermos que, em meio às sombras da traição e da covardia, ainda existem
figuras que honram a toga, a república e o povo brasileiro.
O Brasil está em disputa. E é nesse
cenário que se revela, com todas as cores e todos os contrastes, quem está do
lado da democracia e quem, como Aldo Rebelo, escolheu se perder no labirinto
das suas próprias contradições.
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