quarta-feira, 28 de maio de 2025

Marina "Morena": uma mulher que carrega a floresta nas veias e a dignidade na alma

 

Imagem - ICL Notícias

O que aconteceu na Comissão de Infraestrutura do Senado não foi um simples debate acalorado. Foi um espetáculo grotesco de misoginia, racismo, arrogância e autoritarismo. Um ataque não só à ministra Marina Silva, mas à história de resistência, de dignidade e de compromisso que ela representa para o Brasil e para o mundo.

Marina não é ministra por acaso. É filha da floresta, mulher preta, nordestina, seringueira, alfabetizada aos 16 anos, formada em história, ex-senadora, ex-ministra e uma das maiores referências mundiais na luta ambiental. Está no Ministério não porque alguém lhe deu esse lugar, mas porque ela construiu, com sua luta, sua coerência e sua integridade, esse caminho.

Enfrentou madeireiros, grileiros, criminosos ambientais, enfrentou governos, corporações e agora precisa, lamentavelmente, enfrentar também senadores que, ao invés de debater com argumentos, preferem tentar humilhar, intimidar e constranger uma mulher que nunca se curvou.

Ouvir de um senador que “a mulher merece respeito, mas a ministra não” não é só violência verbal. É a mais pura expressão do machismo estrutural, do racismo institucional e do desprezo pelas causas que defendem a vida, a natureza e os direitos humanos.

Dizer “ponha-se no seu lugar” a uma mulher como Marina é ignorar que o lugar dela é exatamente onde ela está: no centro das decisões, no comando da política ambiental de um país que tem a maior biodiversidade do planeta e que, se não cuidar disso, compromete o futuro não só dos brasileiros, mas da humanidade inteira.

Marina não se calou. Não se calaria. Não se cala quem tem a floresta como escola, quem carrega na pele as cicatrizes da pobreza, do preconceito e da luta. Marina ergueu-se, olhou nos olhos de quem tentou humilhá-la e disse: “Eu não sou submissa. Meu lugar é onde todas as mulheres devem estar. E não é um machista, não é um racista, não é um canalha que vai me tirar daqui.”

É preciso dizer sem rodeios: o que fizeram com Marina foi um ataque à democracia, ao meio ambiente, às mulheres, aos povos originários, aos negros e negras deste país. Foi a demonstração explícita do que ainda há de mais podre na política brasileira. Uma política que odeia quem pensa, quem resiste, quem tem coragem de ser digno em um mar de canalhices.

Defender Marina Silva não é só defender uma mulher, não é só defender uma ministra. É defender um Brasil que acredita na vida, que escolhe a dignidade, que escolhe o futuro e não o retrocesso.

Marina não está sozinha. Nunca esteve. Ela carrega a força da floresta, o suor dos seringueiros, a esperança das mulheres negras, a luta dos povos indígenas, a memória de Chico Mendes e o olhar de cada brasileiro e brasileira que sabe que não há desenvolvimento possível sem respeito à vida.

Marina é resistência. É dignidade. É Brasil. E quem ataca Marina, ataca cada um de nós que não aceita baixar a cabeça pra tirania disfarçada de mandato.


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