Imagem - ICL Notícias |
O que aconteceu na Comissão de
Infraestrutura do Senado não foi um simples debate acalorado. Foi um espetáculo
grotesco de misoginia, racismo, arrogância e autoritarismo. Um ataque não só à
ministra Marina Silva, mas à história de resistência, de dignidade e de
compromisso que ela representa para o Brasil e para o mundo.
Marina não é ministra por acaso. É
filha da floresta, mulher preta, nordestina, seringueira, alfabetizada aos 16
anos, formada em história, ex-senadora, ex-ministra e uma das maiores
referências mundiais na luta ambiental. Está no Ministério não porque alguém
lhe deu esse lugar, mas porque ela construiu, com sua luta, sua coerência e sua
integridade, esse caminho.
Enfrentou madeireiros, grileiros,
criminosos ambientais, enfrentou governos, corporações e agora precisa,
lamentavelmente, enfrentar também senadores que, ao invés de debater com
argumentos, preferem tentar humilhar, intimidar e constranger uma mulher que
nunca se curvou.
Ouvir de um senador que “a mulher
merece respeito, mas a ministra não” não é só violência verbal. É a mais pura
expressão do machismo estrutural, do racismo institucional e do desprezo pelas
causas que defendem a vida, a natureza e os direitos humanos.
Dizer “ponha-se no seu lugar” a uma
mulher como Marina é ignorar que o lugar dela é exatamente onde ela está: no
centro das decisões, no comando da política ambiental de um país que tem a
maior biodiversidade do planeta e que, se não cuidar disso, compromete o futuro
não só dos brasileiros, mas da humanidade inteira.
Marina não se calou. Não se calaria.
Não se cala quem tem a floresta como escola, quem carrega na pele as cicatrizes
da pobreza, do preconceito e da luta. Marina ergueu-se, olhou nos olhos de quem
tentou humilhá-la e disse: “Eu não sou submissa. Meu lugar é onde todas as
mulheres devem estar. E não é um machista, não é um racista, não é um canalha
que vai me tirar daqui.”
É preciso dizer sem rodeios: o que
fizeram com Marina foi um ataque à democracia, ao meio ambiente, às mulheres,
aos povos originários, aos negros e negras deste país. Foi a demonstração
explícita do que ainda há de mais podre na política brasileira. Uma política
que odeia quem pensa, quem resiste, quem tem coragem de ser digno em um mar de
canalhices.
Defender Marina Silva não é só
defender uma mulher, não é só defender uma ministra. É defender um Brasil
que acredita na vida, que escolhe a dignidade, que escolhe o futuro e não o
retrocesso.
Marina não está sozinha. Nunca esteve.
Ela carrega a força da floresta, o suor dos seringueiros, a esperança das
mulheres negras, a luta dos povos indígenas, a memória de Chico Mendes e o
olhar de cada brasileiro e brasileira que sabe que não há desenvolvimento
possível sem respeito à vida.
Marina é resistência. É dignidade. É
Brasil. E quem ataca Marina, ataca cada um de nós que não aceita baixar a
cabeça pra tirania disfarçada de mandato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por contribuir com sua opinião. Nossos apontamentos só tem razão de existir se outros puderem participar.