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Foi um movimento estratégico no
tabuleiro delicado da geopolítica global.
Ao se encontrar com Xi Jinping e sua comitiva,
Lula não apenas reforçou os laços comerciais já sólidos entre Brasil e China, que
hoje é nosso maior parceiro econômico, mas sinalizou ao mundo que o Brasil
deseja se posicionar de forma soberana, inteligente e pragmática diante do
conflito comercial que opõe as duas maiores potências do planeta: Estados
Unidos e China.
Nesse cenário, o Brasil enxerga, com olhos
atentos, a brecha deixada pela guerra tarifária entre Washington e Pequim. Com
a imposição de tarifas de até 145% sobre produtos chineses pelos EUA, e a
retaliação chinesa de 125% sobre produtos americanos, incluindo a suspensão de
licenças de frigoríficos dos EUA, abre-se uma janela de oportunidade histórica
para o agronegócio brasileiro ocupar espaços antes restritos às empresas
estadunidenses.
Lula, com a astúcia de quem conhece os labirintos
do comércio global, sabe que o momento exige mais que discursos.
A comitiva robusta, composta por ministros
estratégicos, autoridades e empresários, desembarcou em solo chinês com a
missão de transformar as boas intenções em acordos concretos.
Não à toa, o seminário com empresários brasileiros
e chineses, promovido pela ApexBrasil, carrega como mote a ampliação e
diversificação das relações comerciais.
Mais que soja, minério e carne, o
Brasil busca agora avançar em setores de alto valor agregado, biotecnologia,
energias renováveis e infraestrutura.
A visita também mira destravar entraves
burocráticos para a exportação de produtos biotecnológicos brasileiros, um
passo importante para elevar o patamar das exportações.
Além da frente econômica, há o gesto político de
Lula ao dialogar diretamente com Xi Jinping e participar de encontros
multilaterais, como o previsto com representantes da Celac.
Trata-se de reforçar a imagem do Brasil como ator
relevante, que aposta em uma ordem mundial multipolar, onde o Sul Global
precisa ser protagonista e não apenas espectador.
A escala anterior na Rússia, com nuances ainda
mais delicadas devido à guerra na Ucrânia, mostra que o governo brasileiro
busca manter abertos todos os canais de diálogo, sem submissão a blocos
fechados. É a velha máxima da diplomacia ativa e altiva, marca dos governos
Lula, que volta a vigorar com força.
No fundo, a viagem é a reafirmação de uma política
externa que compreende que o futuro do Brasil passa, inevitavelmente, por um
mundo em transição. E que nesse novo cenário, o Brasil precisa sentar-se à
mesa, não como coadjuvante, mas como articulador de pontes entre o Ocidente e o
Oriente, entre o Norte e o Sul.
Lula, ao olhar para a China e para a
Rússia, não dá as costas aos Estados Unidos. Pelo contrário, faz o que a
diplomacia pede: diversifica parcerias, protege os interesses nacionais e
posiciona o Brasil como uma peça-chave no novo jogo global.
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