quinta-feira, 21 de agosto de 2025

Golpe, púlpito e família.

 

Imagem - ICL Notícias
O Brasil amanhece com uma notícia que parece ficção, mas é realidade pura. A Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.

No mesmo inquérito, Silas Malafaia, o pastor de voz em si bemol e verbo inflamado, não chegou a ser indiciado, mas foi alvo de busca e apreensão, teve celular e passaporte recolhidos e aparece como personagem-chave dessa trama.

O relatório da PF tem 170 páginas e mostra Bolsonaro e Eduardo como protagonistas de uma rede que ia da tentativa de manipular julgamentos no Supremo Tribunal Federal até articulações com agentes estrangeiros.

Está lá, preto no branco.  O ex-presidente, que deveria defender o Brasil, preferiu se alinhar a Donald Trump, chegou a comemorar as tarifas impostas contra nosso país e até pedia orientação a advogados ligados à extrema-direita norte-americana para saber o que escrever em suas notas públicas. Em outras palavras, além de golpista, entreguista.

Malafaia, por sua vez, surge como o pregador que virou estrategista.

Segundo a investigação, ele não apenas combinava previamente ataques contra ministros do STF, mas orientava Bolsonaro sobre o tom e a forma dos embates. Era um pastor que, em vez de cuidar de almas, ajudava a insuflar a guerra contra a democracia, pressionando para que a religião se tornasse instrumento de intimidação política.

Como se não bastasse, os investigadores encontraram documentos que revelam o planejamento de Bolsonaro para pedir asilo na Argentina, ainda em 2024.

Não é exagero dizer que ele já ensaiava a fuga do país, como quem sabe que seu destino natural seria enfrentar a Justiça.

A cada nova revelação, fica claro que o roteiro da chamada “tempestade golpista” não foi improvisado, mas foi escrito passo a passo, com apoio de generais, filhos parlamentares e pastores convertidos em assessores de crise.

O caso agora segue para o STF, onde Alexandre de Moraes deu 48 horas para que Bolsonaro explique seus descumprimentos das medidas cautelares. O julgamento do processo principal, que trata diretamente da tentativa de golpe, já tem data.  Dia 2 de setembro.

Será o momento em que o país inteiro vai olhar para a Corte e esperar a resposta definitiva se a democracia será defendida com firmeza ou se a impunidade seguirá sendo a sombra que nos persegue.

No fim das contas, o que esse indiciamento revela é algo simples e incômodo. Bolsonaro e seus aliados transformaram o poder em trincheira, a fé em ferramenta de ataque e a política em campo de sabotagem contra o próprio Brasil.

Mas há um consolo nesse turbilhão. Por mais que tentem, não conseguiram calar a democracia. E ela segue resistindo com suas instituições, com sua gente e com sua verdade.

 


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