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No mesmo inquérito, Silas Malafaia, o pastor de voz em si
bemol e verbo inflamado, não chegou a ser indiciado, mas foi alvo de busca e
apreensão, teve celular e passaporte recolhidos e aparece como personagem-chave
dessa trama.
O relatório da PF tem 170 páginas e mostra Bolsonaro e
Eduardo como protagonistas de uma rede que ia da tentativa de manipular
julgamentos no Supremo Tribunal Federal até articulações com agentes
estrangeiros.
Está lá, preto no branco.
O ex-presidente, que deveria defender o Brasil, preferiu se alinhar a
Donald Trump, chegou a comemorar as tarifas impostas contra nosso país e até
pedia orientação a advogados ligados à extrema-direita norte-americana para
saber o que escrever em suas notas públicas. Em outras palavras, além de
golpista, entreguista.
Malafaia, por sua vez, surge como o pregador que virou
estrategista.
Segundo a investigação, ele não apenas combinava previamente
ataques contra ministros do STF, mas orientava Bolsonaro sobre o tom e a forma
dos embates. Era um pastor que, em vez de cuidar de almas, ajudava a insuflar a
guerra contra a democracia, pressionando para que a religião se tornasse
instrumento de intimidação política.
Como se não bastasse, os investigadores encontraram
documentos que revelam o planejamento de Bolsonaro para pedir asilo na
Argentina, ainda em 2024.
Não é exagero dizer que ele já ensaiava a fuga do país, como
quem sabe que seu destino natural seria enfrentar a Justiça.
A cada nova revelação, fica claro que o roteiro da chamada
“tempestade golpista” não foi improvisado, mas foi escrito passo a passo, com
apoio de generais, filhos parlamentares e pastores convertidos em assessores de
crise.
O caso agora segue para o STF, onde Alexandre de Moraes deu
48 horas para que Bolsonaro explique seus descumprimentos das medidas
cautelares. O julgamento do processo principal, que trata diretamente da
tentativa de golpe, já tem data. Dia 2
de setembro.
Será o momento em que o país inteiro vai olhar para a Corte e
esperar a resposta definitiva se a democracia será defendida com firmeza ou se
a impunidade seguirá sendo a sombra que nos persegue.
No fim das contas, o que esse indiciamento revela é algo
simples e incômodo. Bolsonaro e seus aliados transformaram o poder em
trincheira, a fé em ferramenta de ataque e a política em campo de sabotagem
contra o próprio Brasil.
Mas há um consolo nesse turbilhão. Por mais que tentem, não
conseguiram calar a democracia. E ela segue resistindo com suas instituições,
com sua gente e com sua verdade.
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