quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Direita ou Esquerda


Quero só deixar claro que atualmente sou bem diferente daquele “esquerdista” de outrora, equivocado, sem bases teóricas, que achava que tinha que defender tudo o que estava relacionado aos pensamentos de “esquerda” sem questioná-los.
Por conta disto, vez ou outra, apresento com minhas opiniões, contradições imperdoáveis perante amigos que hoje são como eu era. E também perante quadros altamente qualificados do pensamento libertário.
Não sei se evoluí ou decaí. O negócio é que não estou defendendo a posição do Brasil no caso Honduras apenas e simplesmente pelo fato de ter havido um golpe militar no país. Há uma série de questionamentos por trás de minha posição.
Sim... não queria nem de longe um representante como Zelaya no nosso país. Graças a Deus ele é hondurenho e por lá deve ficar. A nós, já nos basta os daqui.
Mas para garantir o cumprimento rigoroso das leis políticas do país que ele queria burlar, não era necessário este artifício ultrapassado e truculento usado por Miqueleti. Já conhecemos como estas coisas terminam. Quem não se lembra mais, precisa visitar o site: www.memoriasreveladas.gov.br e refrescar a memória.
Com relação ao envolvimento do Brasil na questão, existe uma outra somatória de fatores. Como exemplo principal, a constante tentativa de setores da mídia e da própria política em desmerecer a excelente campanha internacional do governo e do próprio ministro Celso Amorin, evidenciados pela nossa imagem no mundo exterior. E nada a ver com a escolha do Brasil para as Olimpíadas de 2016.
Sem nenhum discurso acadêmico ou intelectual, fica aqui um pedido muito sério para que todas as questões sejam acompanhadas pelos seus vários aspectos e não só com base na anti-propaganda que vingou durante os anos 50 e 60 e que tão mal fizeram ao mundo de então.
Tenho debatido com amigos, nos últimos dias, o comportamento, por exemplo, da revista Veja que exerce alguma importância no cotidiano de quem lê notícias. Seu papel tem sido claro. Um medidor de preferências é capaz de chegar a pontos extravagantes de posição clara em torno deste ou daquele assunto, numa demonstração de parcialidade já sabida, mas “tolerada” até então.
Um exemplo clássico está na edição desta semana, em que há uma matéria nas “folhas amarelas” sobre Cuba. Amigos meus que por lá estiveram em caráter de pura pesquisa ou mero turismo, pessoas de lá com quem tive oportunidade de conversar via e-mail, carta ou mesmo assistindo a conferências aqui no Brasil, já me disseram tudo o que preciso saber sobre a ilha e o regime.
Não há nada de ruim em Cuba que não tenha sido produzido pela campanha anti-cubana norte americana. E isto, apesar das mudanças que aquele país tem sofrido, continua a ser embalado por setores reacionários no Brasil.
Pra piorar, tenho conhecidos que nunca viajaram ou leram além de Veja e Estadão, debatendo com profundidade este assunto.
Não quero continuar correndo risco de ser ridículo. Mas como garantia Fernando Pessoa, isto é impossível. Só que também não quero me transformar num mero espectador. Que sejam criticados os retrocessos e apoiados os avanços, sejam de esquerda, direita, centro ou desta salada ideológica que existe no Brasil.
Na pior das hipóteses, que além de lidas ou assistidas, as questões políticas sejam pelo menos debatidas. É a isto que me proponho.

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