domingo, 13 de julho de 2025

Bolsa Família não é muleta. É dignidade.

 

Imagem - Agência Brasil
Li o artigo do deputado Danilo Campetti, publicado no Diário da Região de hoje (13/07), sobre o programa SuperAção, recém-lançado pelo governo Tarcísio em São Paulo.

É curioso notar como, na ânsia de exaltar o novo programa estadual, o deputado não perde a chance de atacar o Bolsa Família, insinuando que ele “perpetua dependência” e que o SuperAção seria uma “superação”.

Primeiro, é preciso refrescar a memória de quem prefere distorcer os fatos: o Bolsa Família, desde que foi criado em 2003, é reconhecido mundialmente como um dos maiores programas de transferência de renda condicionada do planeta, exemplo citado pela ONU e referência para políticas semelhantes em dezenas de países.

Foi o Bolsa Família, esse “programa ultrapassado”, segundo Campetti, que tirou milhões de brasileiros da fome extrema, manteve crianças na escola, reduziu mortalidade infantil e fortaleceu a economia de centenas de cidades do interior, onde o comércio local gira com o dinheiro que chega à mesa do povo.

É também mentira dizer que o Bolsa Família não promove autonomia: ao contrário, condiciona o recebimento a frequência escolar, vacinação em dia, pré-natal e acompanhamento social, abrindo portas para políticas complementares de qualificação e inserção no mercado de trabalho.

Não é muleta, mas dignidade, é direito, é base para um futuro possível para quem antes só via miséria.

É positivo que o governo paulista amplie programas de transferência de renda, afinal, quanto mais gente amparada, melhor. Mas dizer que é “superação” de algo que não se pretende superar, mas sim ampliar e complementar, é puro marketing eleitoral.

O próprio SuperAção, com “apoio psicossocial” e “orientação profissional”, nada mais faz que repetir diretrizes que o Bolsa Família e o CadÚnico já conectam há anos com os CRAS, o CREAS, os SENACs, os cursos do PRONATEC, as frentes de qualificação e o Microcrédito do CREDIAMIGO, muitos dos quais foram desmontados pelos mesmos que agora fingem inventar a roda.

No mais, se o governo paulista quer falar em “superar a dependência”, deveria também garantir emprego decente, salário digno, tarifa de transporte justa, energia barata, investimento em educação técnica e universidade pública, ao invés de só vender radar, pedágio e privatização de água. Isso sim dá autonomia.


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