Foto: Foto AP/Leo Correa |
Israel lançou, no dia 13 de junho,
a operação “Leão em Ascensão” com ataques aéreos ao território iraniano. Não
foram ataques simbólicos. Foram bombas sobre infraestruturas nucleares,
instalações civis, e alvos humanos: ao menos 20 comandantes militares e seis
cientistas nucleares iranianos foram mortos. A cidade de Natanz, epicentro
do programa nuclear iraniano, foi duramente atingida. Israel iniciou a
guerra.
A resposta iraniana veio em forma
de mísseis e drones. Em Beit Shean, no norte de Israel, um drone atingiu uma
casa. Felizmente, sem vítimas fatais. Mas bastou esse episódio para
reacender o alarme global e a hipocrisia.
Quando Israel ataca civis na
Palestina, destrói campos de refugiados, impede comida e água em Gaza, não há
indignação global. Mas quando o Irã revida um ataque ao seu território
soberano, surgem manchetes com palavras como “terrorismo” e “ameaça global”.
O próprio secretário-geral da ONU,
António Guterres, alertou: estamos “acendendo um fogo que ninguém poderá
controlar”. A Agência Internacional de Energia Atômica teme impactos
nucleares irreversíveis. A escalada pode arrastar os Estados Unidos,
ampliar o conflito e provocar instabilidade global, inclusive econômica.
Os números já são alarmantes: mais
de 240 mortos e milhares de feridos, segundo estimativas oficiais. A maior
parte, como sempre, são civis, gente comum, que paga com sangue as
decisões de generais e fanáticos.
Mas o pano de fundo, mais uma vez,
é o apartheid israelense. É o genocídio permanente na Palestina. É a ocupação
violenta travestida de “defesa”. É a estratégia de empurrar a região ao colapso
para seguir isolando e criminalizando o povo palestino, agora com a desculpa de
um novo inimigo: o Irã.
A pergunta
não é quem atirou primeiro esta semana. A pergunta é: quem ocupa, quem oprime,
quem sufoca um povo há mais de 75 anos?
Não, o Irã não é um modelo de
democracia. Não se trata de passar pano para o autoritarismo teocrático. Mas
entre o que ataca para manter o controle de uma região com sangue e propaganda,
e quem revida após ter seus cientistas assassinados e seu território
bombardeado, há uma diferença ética abismal.
O Brasil se posicionou
corretamente ao condenar o ataque israelense. É hora de ampliar essa postura.
Não podemos continuar tratando agressores como defensores da civilização, nem
vítimas como ameaças globais.
O Oriente Médio grita por paz, mas
não haverá paz sem justiça.
E justiça começa por chamar as coisas pelo nome certo: isso não é conflito.
É genocídio.
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