domingo, 21 de novembro de 2021
Redes sociais - desafios para não perder pessoas
segunda-feira, 15 de novembro de 2021
Quero ver você não chorar, não olhar pra trás e nem se arrepender do que faz.
Eu nunca deixei de me emocionar quando chega essa época do ano.
Minha militância política e minha história de vida, muitas vezes me deixam em maus lençóis com relação a certas defesas que faço. Defender os festejos de Natal e as celebrações de final de ano, para alguns de meus mais próximos companheiros é um crime sem perdão. Uma violação ao bom senso e à realidade histórica a que estamos mergulhados. E deixa eu dizer uma coisa. Minhas contradições vão muito além disso.
Só pra ilustrar, desde sempre, no dia 15 de novembro, primeiro na casa de minha avó, depois de minha mãe e então na minha, montamos a árvore de natal e o presépio a anunciar esse tempo.
domingo, 14 de novembro de 2021
E o que é viver afinal?
Quando se é criança, brincar com os amigos é o que há de melhor. Seja na rua, na casa da gente, em uma praça, na escola ou em qualquer lugar que seja. Por isso fico tão preocupado com as consequências no emocional da criançada por conta do isolamento necessário vivido nos últimos tempos. Vi de perto meu filho mais novo, minha enteada e sobrinha, sem a saudável convivência com outros de sua idade a não ser pelo celular ou computador. E foram meses intermináveis. Quase dois anos, até.
Frequentando uma escola
virtual que, se por um lado oferece conforto e a alegria de estar em casa (nós
bem que gostaríamos de ter passado por isso), por outro privando-os de colocar
o “papo em dia”, das brincadeiras no pátio e mesmo do necessário contágio de
pequenas doenças a fortalecer nosso sistema imunológico.
Há que se ponderar o que é
pior. O risco de contrair a COVID, que
pode causar essa doença grave e até morte, ou as mazelas permanentes que
ficarão acumuladas em meninos e meninas afastados de seus coleguinhas.
E vai além. Adolescentes e jovens, também privados do encontro
com a “galera”, sofreram bons bocados.
Meu filho do meio completou seus 18 anos sozinho com a família. Passado o susto inicial e aliviada pela
vacinação, agora essa turma quer tirar o atraso de uma só vez, sem se quer
considerar que “o mar ainda não está pra peixe”. Afinal, a Europa recomeça a viver com medo
nesse exato momento.
Ontem eu me encontrei com
amigos que já não via há um bom tempo.
Casais e seus filhos, que sempre me divertiram, animaram e despejaram
seu carinho. Que saudades! Como foi boa e agradável essa noite. O sentimento de acolhimento, as risadas,
piadas, fofocas e abraços fraternos são fundamentais para uma boa saúde, tanto
quanto o é a preservação da mesma pelas medidas de segurança orientadas.
É daí que veio esse meu pensamento. Será que aquelas pessoas que obedeceram a
rigor todo o protocolo de afastamento, de algum modo também não acabaram com
algum prejuízo grave? E se sim, qual a profundidade dessa perda?
Bem, poderíamos dizer que a diferença
consiste em estar ou não vivos. Só que
vivos estamos nós aqui e agora. Eu que estou escrevendo, você quem está lendo e
outros. Mas quanto, em si, perdemos de
vida, posto que a vida é um conjunto de momentos?
Veja, por favor, em nenhum
momento eu torno não perigosa a pandemia.
Também não descreio da ciência e das importantes recomendações para o
uso do álcool em gel, máscaras e distanciamento. Não sou negacionista. Mas reflito se agora, com a vacinação, já não
é mesmo o momento de se permitir que as pessoas se encontrem, vivam e respirem
juntas. Que as crianças não possam voltar às escolas, aos clubes e a brincar na
rua.
Penso sim naqueles pequenos,
no auge de sua infância, deixando de criar brincadeiras, viver fantasias,
trocar impressões e sorrisos e isso me dói pois vivi uma infância
invejável. Aquela de chegar em casa
tarde e com o pescoço marcado de terra.
Tomar banho e voltar a brincar na rua para ter que lavar os pés antes de
dormir.
E ontem, ao me reencontrar com
amigos, me senti uma verdadeira criança, a rir até doer a bochecha. Isso também
é vida. Aliás, isso é vida. E privar-se
disso para garantir a vida (sem isso), faz uma confusão danada na cabeça da
gente.
Que droga de vírus, de
pandemia, de medo da morte. Que droga de
perdas tão grandes e que todos sofremos direta ou indiretamente. Foram dias das mães, sem mães com as mães
ainda vivas. Dias de Natal com ceia
vazia e trabalho remoto, sem o intervalo do cafezinho que garantia falar mal do
patrão.
Sinceramente espero que esteja
no fim. Que o ano que vem nos traga a
libertação para que possamos, em nome da vida, voltar a viver.
quinta-feira, 11 de novembro de 2021
Penso, logo existo.
“Não tenho casa,
não tenho sapatos
Não
tenho dinheiro, não tenho classe
Não
tenho saias, não tenho nenhuma camisola
Não
tenho perfume, não tenho cama
Não
tenho homem”...
Essa é a primeira estrofe da música Ain't Got No /
I Got Life da inesquecível
Nina Simone.
Aprecio demais tanto a
música, quanto sua autora. Ativista anti
racismo, ela canta aqui sobre tudo aquilo de que é despojada pela sua condição.
Adiante na letra inspiradora, ela virá exclamar porquê de estar viva, já que
não tem nada, até que começa a discorrer sobre aquilo que ninguém lhe pode
tirar. Seu cabelo, seus olhos, seu sexo etc.
A música parece perfeita,
mas há uma correção a se fazer.
O cabelo pode lhe ser
raspado. Sua liberdade tolhida, seus
olhos arrancados e sua boca costurada. Basta que seja atacada, agredida,
violada ou torturada.
Há, no entanto, apenas
algo que lhe pertence de fato e pelo que ela pode ter controle absoluto e em
nada depender de ninguém: Ela, eu e você temos o nosso pensamento. Individual,
próprio, pessoal.
É disso que quero tratar.
Nada é totalmente meu de verdade
além do meu pensamento. Eu posso controla-lo,
dividi-lo ou deixa-lo oculto.
Modificá-lo, recusá-lo ou transmuta-lo.
O resto está à mercê de quem é mais forte que eu, de quem tem algum tipo
de ascendência sobre mim ou ainda, depende de condições externas de meu íntimo.
O pensamento não. Eu posso cria-lo e trocá-lo ao bel prazer ou simplesmente
decidindo fazê-lo.
Sendo assim eu pergunto: por
que “diabos” eu penso o que não desejo e me martirizo por alguns desses
pensamentos? Por que penso que vou me atrasar enquanto caminho para um
compromisso? Ou por que penso que algum
acidente pode ter acontecido com aquele amigo que ainda não chegou para o
encontro que tínhamos? Por que penso que
meu empreendimento vai dar errado, que a TV nova vai quebrar ao ser tirada da
caixa ou que meu filho vai abalroar o carro que começou a dirigir?
Sem dúvidas não são
pensamentos que eu queira ter. Então
como estão lá na minha cabeça?
Bem, há uma distância
entre pensar e ter pensamentos. Quando
digo que o pensamento me pertence, falo sobre aquele que eu crio, não o que
surge. O que aparece na mente de repente, a me assustar, desmotivar, preocupar,
entristecer, não nasceu da mim. E por isso pode ser rejeitado, expulso,
apagado imediatamente ao surgir.
Sua origem é um
mistério. Pode ser uma certa memória de
algo ruim que ocorreu comigo ou com alguém e que eu tenha sabido. Uma sementinha que estava lá no subconsciente
só esperando a oportunidade de aflorar. Quem sabe até e de modo extraordinário,
ser algo imposto por uma espécie de mente coletiva? Uma informação etérea
captada pelo nosso receptor cerebral.
Pensamentos ruins quando
mostram sua “cara”, meio que a dominar o que sentimos, devem ser combatidos com
fogo mortal. E só há um meio de fazê-lo
com eficiência. Substituindo-os por
outros bons, construtivos, diferentes e felizes.
Ah, é muito melhor se
sentir bem do que mal. Estar alegre do
que abatido. Então por que dar vazão a
esses sintomas por permitir que pensamentos implantados, pelo sabe-se lá o que,
perdurem mais que um segundo fazendo seu estrago?
Dias atrás aguardava meu
filho chegar em casa e comecei a me preocupar com a chuva forte. Logo veio o pensamento de uma possível
derrapagem. Mas antes mesmo que a imagem
se formasse em meu cérebro, substituí isso por: “Ele gosta de coxinha. Vou fritar algumas para que chegue com essa
surpresa boa”. E na mesma hora imaginei
sua felicidade refastelando-se num prato de salgados.
Exercícios como esses
tenho repetido sempre que a oportunidade se apresenta. E sabe de uma coisa? Os pensamentos ruins têm diminuído. Meu humor
tem melhorado muito e parece até que as coisas começam a ser melhores.
Eu poderia fazer aqui a
defesa do pensamento positivo, promissor, edificador que tudo muda e cria ou
atrai de bom. Só que não é isso. Faço a defesa do não sofrimento à toa,
desnecessário.
Se posso conceber coisas
boas no meu ideário, por que permitirei as ruins ocuparem todo o espaço? E se
isso servir para melhorar meu astral ou até quem sabe, promover coisas boas, que
mal tem?
Estou praticando e
melhorando a cada nova tentativa. Acho
que vou ficar bom nisso. Quem sabe, de
fato, alguma lição maior nasça?
domingo, 7 de novembro de 2021
Pra ninguém botar defeito.
Os funcionários da São Paulo Railway, empresa que cuidava da estrada de ferro, queriam fundar um clube em São Paulo no bairro do Bom Retiro. Nisso, eram apoiados por diversos, pra não dizer todos os moradores daquela região.
Certa feita, conta-se, cinco deles foram
assistir a um jogo do time inglês Corinthian Team que venceu a
partida. Esses “cabras” então voltaram felizes e
decididos a que o clube a ser fundado no Bom Retiro seria um time de futebol.
O ano era 1910 e mais oito pessoas se
juntaram aos malucos fundando, sob a luz de um lampião, na rua José Paulino, o Sport Corinthians Paulista em
homenagem ao time inglês que não tinha o “s” no nome. As outras
alternativas de nomes apresentadas e vencidas na votação dos treze foram Santos Dumont e Carlos Gomes. (Já pensou eu ser xará do meu time?)
A fundação ocorreu na
residência de Miguel Bataglia, mas o início do sonho nasceu no salão de barbeiro de seu Salvador, o irmão de
Miguel. E foram lá, no salão, as primeiras reuniões do time.
O primeiro jogo do timão se deu no dia 10
de setembro daquele ano contra o União da Lapa que já era conhecido na várzea da cidade. E esse primeiro jogo do clube recém fundado ficou marcado pela derrota de um a zero.
A partida marcante do início do Corinthians ocorreu em 1917 já com uma plateia de dez
mil torcedores e a fama do clube como “time operário”.
Seu hino, como conhecemos hoje, só surgiu em 1950.
Suas conquistas, torcedores ilustres e
grandes dramas, estão presentes em diversas obras literárias e até filmes.
A maior torcida do Estado de São Paulo e a segunda
maior do Brasil é apaixonada pelo seu clube e sua origem,
reunida às grandes lutas abraçadas pelo Corinthians fora do campo, me
fazem ter o orgulho e a honra de ser seu torcedor.
Ganhando ou perdendo, vai Corinthians!!!
Cante com os anjos, pois tenho certeza, também eles apreciam sua música.
Meu estilo musical predileto é o rock. Mas como sou bastante eclético, não “abro mão” de MPB, música clássica e boas trilhas sonoras tidas por inesquecíveis.
Em meu pendrive de músicas, ou em minhas playlists, trago até mesmo canções antigas, algumas das quais até de propagandas de TV.
De minhas práticas esotéricas, autores como Kitaro, Vangelis e
Jarre encontram lugar nos meus álbuns.
Canto gregoriano e música sacra são ouvidas em casa nas tardes solitárias para embalar-me na oração.
Por fim, nada mais adequado que um
churrasco ao som de sertanejo raiz, tendo por isso músicas como Tristeza do Jeca, Riozinho Amigo e o que o valha.
Mas o chamado sertanejo universitário ou sofrência, como dizem, jamais me agradou. Questão de gosto, de preferência, sei lá.
Nunca me deixei levar pelo apelo
comercial das gravadoras e por isso mesmo, nunca gostei do tipo de som imposto
pelas tardes do Faustão, Gugu e outros que divulgados na mídia em excesso, depois seriam tocados diariamente nas rádios até ficarem impregnados, em nós, como gosto por aquilo que não conhecíamos antes.
Assim, na “contra mão” das tendências, lambada, pagode, sertanejo
universitário e funk nunca fizerm parte do meu mundo.
Não culpo e não critico quem aprecia, mas tenho minhas preferências, simplesmente, meu gosto.
Ah e não o imponho. Não sou do tipo que bota
som no porta-malas do carro pra gritar pela cidade afora aquilo que, muitas
vezes, só eu desejo ouvir. Mesmo em
casa, não vou (pelo menos eu) usar um volume que empurre na vizinhança aquilo que só eu gosto de ouvir.
Em nenhuma fase da existência, o respeito saiu de moda. E assim, permitir que cada um faça ou ouça o que quer é o mínimo. Desde que esse ou essa, também respeite aquilo que nós não queremos ouvir.
Nessa sexta-feira, o Brasil perdeu mais
um de seus artistas e não foi pela COVID. Com profunda tristeza, milhares ou talvez
milhões de fãs, viram partir precocemente a cantora
Marília Mendonça.
E eu sempre entendi a comoção
generalizada quando coisas assim acontecem.
Também perdi vultos de minhas
escolhas como Elvis, Michael Jackson, Ayrton Senna e me comovi com mortes
inusitadas como a que levou os Mamonas Assassinas.
No caso de Marília, ainda menina e em pleno sucesso, por certo não seria diferente perante os seus seguidores.
Contudo, eu não a conhecia justamente por não fazer parte do gênero musical seguido por mim.
Na enxurrada de matérias que agora corre por conta da tragédia, músicas, letras e pontos de sua personalidade estão sendo expostos o que me fez ver que algumas letras que me chegaram são boas e músicas até
bonitas. Ainda assim, não são o tipo de músicas que eu escutaria. E ponto.
Só que vá dizer isso a amigos e próximos.
Logo, açoites
violentos são desferidos como se houvesse uma clara obrigação por gostar, ouvir e mesmo conhecer a cantora e sua obra.
Não há como fingir.
Por que ninguém se revolta se alguém nada sabe responder sobre Beethoven ou
apontar sequer uma obra sua? Simples, porque ninguém tem obrigação de conhecê-lo ou gostar dele (ou de sua obra).
Eu acredito mesmo e do fundo do meu coração, que cada coisa tem seu lugar e com sinceridade homenageio quem atinge
êxito no que faz. Quem agrada ao
público sendo quem é ou mostrando seu trabalho. Por isso todo mérito e
homenagens à moça.
O desabafo que ora apresento é mais por conta do espanto, da reprovação e da indignação que minha franca resposta tem causado quando alguém pergunta: .
“Qual musica dela você mais gostava?”
Ao que respondo sempre com:
“Eu não conhecia nenhuma”.
quinta-feira, 4 de novembro de 2021
Breaking Bad
Não sou crítico de cinema, nem entendo tanto da sétima arte. Sou amante de um bom filme, de uma boa distração, seja um drama pesado, uma comédia inteligente ou até mesmo um musical de bom gosto.
Assisto de tudo, até mesmo animações e acho bem divertidas,
por sinal.
Já as franquias também dependem de sua qualidade. Star Wars, Harry Potter, Indiana Jones e
Matrix, quem sabe.
Oriundo de uma época em que séries eram mania como Perdidos
no Espaço, Viagem ao Fundo do Mar, Terra de Gigantes e outras tantas, hoje para
acompanhar uma sou um pouco exigente.
As épicas prendem minha atenção como Versailles, Crown e
mesmo fantásticas como Game of Thrones.
Mas recentemente, primeiro por insistência de meus filhos e
agora a revi por vontade própria, Breaking Bad mexeu comigo.
O drama não é muito complexo.
Um professor de química se descobre doente e passa a buscar uma renda
extra. Usando sua vasta experiência em
química, decide cozinhar metanfetamina com um ex-aluno.
O desenrolar é a costumeira moral do “crime não compensa”,
mas até lá o enredo é rico em detalhes, a fotografia sensacional, a trilha
sonora especial e os diálogos bem escritos.
O produtor Vince Gilligan é um velho conhecido do público,
pois foi diretor de Arquivo X.
Em Breaking Bad, rodada no Novo México, o que mais chama a
atenção são os personagens fortes e ambíguos que prendem a atenção, nos fazem
torcer, admirar e até ter raiva.
Recomendo, mas claro, tire as crianças da sala.
terça-feira, 2 de novembro de 2021
Uma rosa para Lídia
Essa é uma questão bem
difícil, pois as avós, como qualquer outra pessoa, antes são seres humanos e
como tal, plenos de virtudes e defeitos, cometendo ao longo de suas vidas,
infinitos acertos e erros.
Assim, para uns a avó com
certeza está em altíssimo grau de afeto.
Para outros ela pode representar amarguras, seja por sua ausência, seja
pela forma como educou a mãe ou o pai que agora e por consequência, deixam em
nós os resultados dessa criação.
Felicito sempre meus filhos
por ainda terem vivos (encarnados) os quatro avós. Ressalto que os aproveitem e curtam sua
presença. E com essa afirmação deixo claro que não há mais ou menos importância
em uma avó do que em um avô.
As duas figuras juntas são uma
única e marcante presença na vida dos netos. Pelo menos em geral é assim.
Mas me permito aqui destacar a
avó, seja pela sua maternidade, seja pela sua condição de mais carinhosa à
medida que seus cuidados incluem aquela comidinha de tempero inesquecível,
quando não os afagos de uma mulher duas vezes mãe.
No meu caso, sobretudo, recordo
de minha avó materna porque enquanto escrevo essas linhas, o faço em memória dela
que ontem, Dia de Todos os Santos, completou seu décimo oitavo ano de partida.
Sempre presente em minha vida, bem como na vida dos demais netos, minha avó nunca deixou de se preocupar e se ocupar com nossa criação.
Enquanto meus
pais trabalhavam duro, por exemplo, ela supervisionava nossa situação em casa, trazendo
bolo, ajudando nas orientações de quem cuidava de nós, quando não cumprindo, ela
mesma, essa tarefa.
Falar de suas virtudes seria
correr sérios riscos de deixar de lado algumas, ressaltando só as que me dizem
respeito e portanto não vou arriscar.
Prefiro resumir sua história
na mãe que perdeu um filho ainda jovem, aos dezessete anos, no mais trágico
acidente de ônibus dessas paragens. A
história dos estudantes mortos no rio Turvo é de conhecimento geral por aqui. O
sofrimento que ela viveu, antes de derrubá-la, a fez mulher forte e devotada
ainda mais à família.
Também devo dizer que deu a seus filhos todos uma educação bastante sólida.
Minha mãe, a única filha, foi sempre educada com todo esmero, daí
tornar-se uma mulher inteligente e dotada de tantos talentos incentivados por
minha avó, dentre eles o piano. Artista de diversas aptidões, minha mãe, uma
dama, foi criada com o espírito empreendedor que caracterizou sua casa.
Um dos filhos de minha avó, o mais velho,
dedicou-se aos estudos e consequentemente a uma profissão bastante séria como
servidor público, desempenhando relevantes posições junto ao fisco federal.
O segundo se tornou um
grande construtor na cidade seguindo os passos do pai. São deles alguns dos edifícios mais nobres de
São José do Rio Preto, principalmente os que carregam nomes de estrelas. Um de seus empreendimentos mais conhecidos é o Cemitério Jardim da Paz.
Juracy, o terceiro e que nos deixou
recentemente vítima da COVID, era o mais próximo de todos. Trabalhador
dedicado, sempre foi o elo de união, jamais deixando de estar presente nas
vidas de seus irmãos e irmã.
Com essa segurança de uma
mulher multi responsável e presente, meu avô esteve livre para escrever sua
história de imigrante que saiu de Portugal "com uma mão na frente e outra atrás",
edificando família e nome de grande respeito.
Eu poderia dizer também tais
coisas de minha avó paterna, pois dela, dona Amor, sei bastante. Sua grande devoção pela família, não deixa
dúvidas de merecer a mesma consideração.
Até porque vivendo com meu pai, seu filho, tenho constante mostra,
indiscutivelmente, de como foi sua criação. Mas com ela não tive a alegria da
convivência, posto que nos deixou com sua inesperada morte, nos primeiros meses
de minha chegada.
Talvez até por isso, minha
convivência única com apenas uma avó faz com que eu tenha por ela o carinho
reservado a duas.
O fato é que vó Lídia sempre
nos dedicou um amor extremamente maior que qualquer um de nós
pudesse retribuir.
Pouco antes de sua morte, eu já adulto, trabalhando na
Prefeitura, recebia dela, no meio da tarde, uma ligação para me informar que um pudim recém
cozido estava a minha espera.
Seus papos alentadores foram
e serão sempre um lenitivo para minhas mais duras provas, pois além das
conversas demoradas, bilhetes com anotações para eu não me esquecer de seus
importantes conselhos, me eram dedicados num português que talvez pouca gente
além de mim conseguiria traduzir.
Minha avó é daquele tempo em
que as mulheres deviam trabalhar e por isso não estudou, o que jamais fez falta
a sua imensa sabedoria.
Eram dela, para todos os
comensais, os conselhos nas ceias de natal.
Eram também dela as mais fortes lições e muitas vezes puxões de orelhas de um
jeito indelicado, mas contundente e eficaz.
Não é à toa que os costumes
deixados em nós (todos os netos tem hábitos muito parecidos), estão até hoje
presentes.
Sua sempre franca opinião, arranhava às vezes, mas sempre era seguida de um suave bálsamo de amor incondicional. E quando não, bolinhos de chuva, sagu, porpetas e outras iguarias, serviam de consolo.
Minha mãe tem se esforçado
bastante para ser, aos meus filhos e minha sobrinha, a avó que sua mãe
foi. E tem se saído muito bem.
Mas também isso, por certo, só
é possível por que teve em sua mãe o exemplo perfeito.
Assim dedico com grande
gratidão essas linhas à memória de minha doce Lídia e peço a Deus que, onde e
como quer que ela esteja, a abençoe, ilumine, renove e sobretudo afague como
ela sempre fez com a gente.
Proletarier aller Länder, vereinigt Euch!
FOTO - BRASIL DE FATO Nilson Dalleldone nilsondalledone@gmail.com Edição do riso A OTAN caiu numa armadilha... Divirta-se! A Rússia ridicu...
-
Não sei se o autor autoriza eu usar seu texto, mas vou citar a fonte. Seus textos são tão convidativos à leitura e promotores de reflexão, ...
-
Em todas as eleições, sobretudo ao conversar com algumas pessoas nas ruas sobre as opções de votos, não é raro ouvirmos frases como: “Co...
-
Se tem uma coisa que eu não posso negar é a presença da Graça sobre minha vida. Sempre. Do meu nascimento até hoje, não houve um só inst...