domingo, 21 de novembro de 2021

Redes sociais - desafios para não perder pessoas

Há praticamente dois anos, após uma pesada crise de proporções inesperadas, estou trabalhando para reconstruir uma porção de coisas em minha vida. Dentre elas, meus negócios.
São 35 anos de experiência no Mercado de Seguros, algo nada desprezível e expertise no ramo de franquias desde 1999. Uma junção maravilhosa e que já me rendeu muitas glórias.
Mas os louros do passado não garantem sucesso no presente. Para isso é preciso ter foco, garra, dedicação, atualização constante e sobretudo, agradar ao público que consumirá produtos e serviços oferecidos por mim.
Um dos maiores instrumentos que utilizei na criação e início do auge da marca Maria Brasileira, que fundei com amigos preciosos e que até hoje a administram e muito bem por sinal, foi a internet.  Em especial, o Facebook.
Sim essa rede social ajudou a impulsionar quando tudo era ainda apenas uma ideia. Postagens permanentes atraiam interessados, curiosos, investidores e até concorrentes. Descobri nisso uma prática que me ajudaria por um bom tempo, como mais tarde na expansão da San Martin Corretora de Seguros que atingiu o pico de 330 unidades espalhadas por todo o Brasil.
Nunca abri mão então dessa ferramenta, mais tarde complementada pelo Instagram e Linkedin e recentemente, embora ainda aprendendo, pelo Twitter.
Foi nas redes sociais que também exerci minha militância política com mais contundência, já que o tempo de participar nas ruas e nas reuniões contínuas dos partidos e grupos, ficou escasso e impedido ainda pela pandemia.
Não posso deixar de mencionar que essa plataforma de relacionamento me ajudou a reencontrar amigos e familiares que há muito tempo não via ou dos quais não tinha notícias.
Incorporado nesse hábito diário, consegui desabafar, exercitar a crítica, fazer autocrítica e inclusive aprender coisas novas.  
Postar, repostar, corrigir postagens e comentar em grupos, virou exercício prazeroso, mas também me  custou algumas perdas.
Sim.  O embate político direto em um momento histórico de extremada emoção e dualidade de visões, me faria romper com gente que faz falta e pra piorar, a perder clientes e parceiros de negócios.
Essa é sem dúvidas mais uma lição que ganhei na internet.  
Por isso, me preparando para grandes ações já no início do próximo ano, estou reorganizando já agora, os espaços para expor minha opinião, dividindo minhas falas e posicionamentos em grupos específicos dos quais participam apenas aqueles que comungam dos mesmos ideais.
De longe, isso não quer dizer que mudarei minha forma de ver as coisas sobre um governo acéfalo, corrupto e que está destruindo o Brasil  Menos ainda que deixarei de seguir minhas crenças voltadas a um espiritualismo cada vez mais amplo do que a religião em si.  Continuarei a estudar ufologia, parabsicologia e Marx na minha contraditória busca pelo entendimento das coisas. Serei afetuoso aos queridos e queridas, mesmo quando esses defenderem o indefensável.  Embora não possa prometer que deixarei de dar minhas agulhadas.
Talvez por criação, algum tipo de "gene" de caráter, não consigo ficar omisso.  Me corrói saber que há um abismo ali na frente e alguém possa cair se eu não "gritar".  Mas hoje compreendo que algumas pessoas têm o direito de se jogar de pontes.  Então vou buscar apenas separar uma coisa de outra coisa.
Se vou conseguir, ainda não sei.  Mas vou tentar.
Nos perfis pessoais, divulgar meu trabalho, coisas bonitas, matar saudades, fazer debates amenos acerca da vida. Num grupo político, destilar toda minha fúria quando o tema for sobre um ex-juiz parcial e vendido que provocou a derrocada da empresa e do emprego no país por sua gana de visibilidade e poder. Lá também darei um jeito de carcomer projetos de esvaziamento do Estado defendidos pela direita e combater com todas as forças o fascismo e o terror de suas defesas.
Feita essa divisão, quem sabe assim perca menos amigos, me distancie com segurança dos inimigos e sobretudo reconstrua minha carreira enquanto ainda tenho força e determinação para mostrar o que sei e do que sou capaz.
Esse blog? Bem, aqui continuarei com um pouco de tudo, afinal alguém para perder seu tempo e visitar um lugar tão particular, só pode ter um interesse desmedido em mim e no que penso e portanto, sem filtros.  Do contrário, não se daria ao trabalho.

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Quero ver você não chorar, não olhar pra trás e nem se arrepender do que faz.


Eu nunca deixei de me emocionar quando chega essa época do ano.

Minha militância política e minha história de vida, muitas vezes me deixam em maus lençóis com relação a certas defesas que faço. Defender os festejos de Natal e as celebrações de final de ano, para alguns de meus mais próximos companheiros é um crime sem perdão. Uma violação ao bom senso e à realidade histórica a que estamos mergulhados. E deixa eu dizer uma coisa. Minhas contradições vão muito além disso.

Só pra ilustrar, desde sempre, no dia 15 de novembro, primeiro na casa de minha avó, depois de minha mãe e então na minha, montamos a árvore de natal e o presépio a anunciar esse tempo.

Já estou maduro. São 53 anos de vida. Mas sim, o espírito de criança às vezes dá sinal de sua presença. E eu acho muito bom. Afinal, perder a infância é distanciar-se do amor e da paternidade de Deus. Quem sendo cristão não se lembra da máxima em que Jesus alerta:

"Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus."

Ao celebrarmos o tempo do Natal, independente das incongruências que o cercam, seja pelas datas incertas do possível nascimento de Jesus, seja por conta das alegorias misturadas à crenças pagãs, nos dispomos a comemorar um sopro de esperança na dura realidade da Terra.

Em suma, um Criador Supremo de todas as coisas, por amor à sua obra, teria enviado seu filho para que a organizasse e redimisse, deixando ensinamentos e mensagens de união, paz, concórdia e salvação.

O que há de ruim nisso? Aliás é tão bom que povos não cristãos, em muitos lugares e casas acabam por sucumbir, entrando no clima das canções e decorações natalinas.

Claro que sabemos que o Natal traz consigo diversas contradições. A dureza do sustento diário, se torna ainda mais cruel quando um pai ou mãe não consegue presentear um filho. Quando alguém distante de quem ama, não será capaz de visitar ou abraçar seu querido ou querida e inclusive quando a ceia for substituída pelo trabalho forçado atrás de horas extras, ou minimamente reforço do orçamento doméstico. Nem falemos aqui dos desempregados e famélicos.

Por outro lado alguns de nós têm o privilégio de reviver nessa fase do ano, momentos inesquecíveis da infância quando as casas se alegravam com parentes distantes reunidos, cheiro de pernil e alecrim e orações antes do jantar em altas horas.

Minha infância foi assim. O tempo de natal significava férias, chegada dos primos, reunir-se na avó e depois de casado, na casa da mamãe, para orarmos, cantarmos e jantarmos em fraterno laço de família. Morador do interior, vivia a novidade do comércio aberto durante a noite, da cidade enfeitada de luzes e estrelas e dos muitos corais e madrigais espalhados por toda parte. Eventos de caridade e confraternizações eram constantes, como diários eram os cartões de natal a bater às portas de casa com lindas poesias. Abrir o cartão a noite, era compromisso de todos na sala. Ainda, propagandas comoventes, que até hoje ressoam em nossa mente, favoreciam o espírito de um tempo mágico, pelo menos para os alienados que não conheciam as agruras da miséria.

Para aqueles, sobravam as cestas de natal, os panetones e vinhos, presenteados por patrões e outros, como a pedir desculpas pelo ano todo de abandono e exploração.

Mas eu pergunto. O que se ganha se então dissermos que devido a esse contraditório, deixaremos também nós de enfeitarmos as casas, enviarmos mensagens ou participarmos de confraternizações?

Claro que entendo a necessidade de alterarmos as rotas de tudo isso. Defendo enfeitar as casas de sorrisos e abraços, antes mesmo de guirlandas e piscas. Defendo aumentar os lugares à mesa, antes mesmo da quantidade dos sabores nos pratos. Defendo o respeito mútuo e permanente, antes das saudações passageiras do final do ano. Defendo trocar o personagem da Coca-Cola pelo verdadeiro aniversariante.

Contudo, desapegar-se de memórias e não transmitir aos novinhos de hoje as práticas de bom convívio dos bons tempos de nossa infância ou mocidade, não trará nenhum resultado prático.

A prática da concórdia, do perdão, da fraternidade e do amor incondicional, pressupõe sentimentos alimentados pelo espectro de nossa própria vida em família.

Por isso, e não por outro motivo, minha casa continuará a receber familiares e amigos nesta data, abrindo-se para um abraço fraterno e também boas mensagens. E a decoração, em que pese sua aparência nada situacional, me ajuda como incentivo ao retorno de um instante da existência em que, como criança, a sórdida realidade tinha dificuldades em estragar os momentos felizes.

E então, vá lá você também e tire da caixa suas bolas coloridas. Lembre-se da sua infância e se ela não tiver sido como a que ilustrei, dê um jeito para que a de seus filhos, netos ou sobrinhos possam servir-lhes, no futuro, de alento e saudade.

Papai Noel vestido de casaco e botas, pinheiros nativos do hemisfério norte, neve, renas e sinos, distantes de nossa realidade, são menores do que a festa, do que os reais propósitos dela. Mas se você os tiver em casa, use-os. A pandemia, a má política e as mazelas da vida são feias de mais para assumirem o lugar da decoração.

Comemore o natal. Já perdemos infância demais.






domingo, 14 de novembro de 2021

E o que é viver afinal?

 


Quando se é criança, brincar com os amigos é o que há de melhor.  Seja na rua, na casa da gente, em uma praça, na escola ou em qualquer lugar que seja.  Por isso fico tão preocupado com as consequências no emocional da criançada por conta do isolamento necessário vivido nos últimos tempos. Vi de perto meu filho mais novo, minha enteada e sobrinha, sem a saudável convivência com outros de sua idade a não ser pelo celular ou computador.  E foram meses intermináveis. Quase dois anos, até.

Frequentando uma escola virtual que, se por um lado oferece conforto e a alegria de estar em casa (nós bem que gostaríamos de ter passado por isso), por outro privando-os de colocar o “papo em dia”, das brincadeiras no pátio e mesmo do necessário contágio de pequenas doenças a fortalecer nosso sistema imunológico.

Há que se ponderar o que é pior.  O risco de contrair a COVID, que pode causar essa doença grave e até morte, ou as mazelas permanentes que ficarão acumuladas em meninos e meninas afastados de seus coleguinhas.

E vai além.  Adolescentes e jovens, também privados do encontro com a “galera”, sofreram bons bocados.  Meu filho do meio completou seus 18 anos sozinho com a família.  Passado o susto inicial e aliviada pela vacinação, agora essa turma quer tirar o atraso de uma só vez, sem se quer considerar que “o mar ainda não está pra peixe”.  Afinal, a Europa recomeça a viver com medo nesse exato momento.

Ontem eu me encontrei com amigos que já não via há um bom tempo.  Casais e seus filhos, que sempre me divertiram, animaram e despejaram seu carinho.  Que saudades!  Como foi boa e agradável essa noite.  O sentimento de acolhimento, as risadas, piadas, fofocas e abraços fraternos são fundamentais para uma boa saúde, tanto quanto o é a preservação da mesma pelas medidas de segurança orientadas.

É daí que veio esse meu pensamento.  Será que aquelas pessoas que obedeceram a rigor todo o protocolo de afastamento, de algum modo também não acabaram com algum prejuízo grave? E se sim, qual a profundidade dessa perda?

Bem, poderíamos dizer que a diferença consiste em estar ou não vivos.  Só que vivos estamos nós aqui e agora. Eu que estou escrevendo, você quem está lendo e outros.  Mas quanto, em si, perdemos de vida, posto que a vida é um conjunto de momentos?

Veja, por favor, em nenhum momento eu torno não perigosa a pandemia.  Também não descreio da ciência e das importantes recomendações para o uso do álcool em gel, máscaras e distanciamento.  Não sou negacionista.  Mas reflito se agora, com a vacinação, já não é mesmo o momento de se permitir que as pessoas se encontrem, vivam e respirem juntas. Que as crianças não possam voltar às escolas, aos clubes e a brincar na rua.

Penso sim naqueles pequenos, no auge de sua infância, deixando de criar brincadeiras, viver fantasias, trocar impressões e sorrisos e isso me dói pois vivi uma infância invejável.  Aquela de chegar em casa tarde e com o pescoço marcado de terra.  Tomar banho e voltar a brincar na rua para ter que lavar os pés antes de dormir.

E ontem, ao me reencontrar com amigos, me senti uma verdadeira criança, a rir até doer a bochecha. Isso também é vida.  Aliás, isso é vida. E privar-se disso para garantir a vida (sem isso), faz uma confusão danada na cabeça da gente.

Que droga de vírus, de pandemia, de medo da morte.  Que droga de perdas tão grandes e que todos sofremos direta ou indiretamente.  Foram dias das mães, sem mães com as mães ainda vivas.  Dias de Natal com ceia vazia e trabalho remoto, sem o intervalo do cafezinho que garantia falar mal do patrão.

Sinceramente espero que esteja no fim.  Que o ano que vem nos traga a libertação para que possamos, em nome da vida, voltar a viver.

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Penso, logo existo.

 


“Não tenho casa, não tenho sapatos

Não tenho dinheiro, não tenho classe

Não tenho saias, não tenho nenhuma camisola

Não tenho perfume, não tenho cama

Não tenho homem”...




 

Essa é a primeira estrofe da música Ain't Got No / I Got Life da inesquecível Nina Simone.

 

Aprecio demais tanto a música, quanto sua autora.  Ativista anti racismo, ela canta aqui sobre tudo aquilo de que é despojada pela sua condição. Adiante na letra inspiradora, ela virá exclamar porquê de estar viva, já que não tem nada, até que começa a discorrer sobre aquilo que ninguém lhe pode tirar. Seu cabelo, seus olhos, seu sexo etc.

 

A música parece perfeita, mas há uma correção a se fazer. 

 

O cabelo pode lhe ser raspado.  Sua liberdade tolhida, seus olhos arrancados e sua boca costurada. Basta que seja atacada, agredida, violada ou torturada.

 

Há, no entanto, apenas algo que lhe pertence de fato e pelo que ela pode ter controle absoluto e em nada depender de ninguém: Ela, eu e você temos o nosso pensamento. Individual, próprio, pessoal.

 

É disso que quero tratar. 

 

Nada é totalmente meu de verdade além do meu pensamento.  Eu posso controla-lo, dividi-lo ou deixa-lo oculto.  Modificá-lo, recusá-lo ou transmuta-lo.  O resto está à mercê de quem é mais forte que eu, de quem tem algum tipo de ascendência sobre mim ou ainda, depende de condições externas de meu íntimo.

 

O pensamento não.  Eu posso cria-lo e trocá-lo ao bel prazer ou simplesmente decidindo fazê-lo. 

 

Sendo assim eu pergunto: por que “diabos” eu penso o que não desejo e me martirizo por alguns desses pensamentos? Por que penso que vou me atrasar enquanto caminho para um compromisso?  Ou por que penso que algum acidente pode ter acontecido com aquele amigo que ainda não chegou para o encontro que tínhamos?  Por que penso que meu empreendimento vai dar errado, que a TV nova vai quebrar ao ser tirada da caixa ou que meu filho vai abalroar o carro que começou a dirigir?

 

Sem dúvidas não são pensamentos que eu queira ter.  Então como estão lá na minha cabeça?

 

Bem, há uma distância entre pensar e ter pensamentos.  Quando digo que o pensamento me pertence, falo sobre aquele que eu crio, não o que surge. O que aparece na mente de repente, a me assustar, desmotivar, preocupar, entristecer, não nasceu da mim.  E por isso pode ser rejeitado, expulso, apagado imediatamente ao surgir.

 

Sua origem é um mistério.  Pode ser uma certa memória de algo ruim que ocorreu comigo ou com alguém e que eu tenha sabido.  Uma sementinha que estava lá no subconsciente só esperando a oportunidade de aflorar. Quem sabe até e de modo extraordinário, ser algo imposto por uma espécie de mente coletiva? Uma informação etérea captada pelo nosso receptor cerebral.

 

Pensamentos ruins quando mostram sua “cara”, meio que a dominar o que sentimos, devem ser combatidos com fogo mortal.  E só há um meio de fazê-lo com eficiência.  Substituindo-os por outros bons, construtivos, diferentes e felizes.

 

Ah, é muito melhor se sentir bem do que mal.  Estar alegre do que abatido.  Então por que dar vazão a esses sintomas por permitir que pensamentos implantados, pelo sabe-se lá o que, perdurem mais que um segundo fazendo seu estrago?

 

Dias atrás aguardava meu filho chegar em casa e comecei a me preocupar com a chuva forte.  Logo veio o pensamento de uma possível derrapagem.  Mas antes mesmo que a imagem se formasse em meu cérebro, substituí isso por: “Ele gosta de coxinha.  Vou fritar algumas para que chegue com essa surpresa boa”.  E na mesma hora imaginei sua felicidade refastelando-se num prato de salgados.

 

Exercícios como esses tenho repetido sempre que a oportunidade se apresenta.  E sabe de uma coisa?  Os pensamentos ruins têm diminuído. Meu humor tem melhorado muito e parece até que as coisas começam a ser melhores.

 

Eu poderia fazer aqui a defesa do pensamento positivo, promissor, edificador que tudo muda e cria ou atrai de bom.  Só que não é isso.  Faço a defesa do não sofrimento à toa, desnecessário.

 

Se posso conceber coisas boas no meu ideário, por que permitirei as ruins ocuparem todo o espaço? E se isso servir para melhorar meu astral ou até quem sabe, promover coisas boas, que mal tem?

 

Estou praticando e melhorando a cada nova tentativa.  Acho que vou ficar bom nisso.  Quem sabe, de fato, alguma lição maior nasça?

domingo, 7 de novembro de 2021

Pra ninguém botar defeito.

 

Os funcionários da São Paulo Railway, empresa que cuidava da estrada de ferro, queriam fundar um clube em São Paulo no bairro do Bom Retiro. Nisso, eram apoiados por diversos, pra não dizer todos os moradores daquela região.

Certa feita, conta-se, cinco deles foram assistir a um jogo do time inglês Corinthian Team que venceu a partida.  Esses cabras então voltaram felizes e decididos a que o clube a ser fundado no Bom Retiro seria um time de futebol.

O ano era 1910 e mais oito pessoas se juntaram aos malucos fundando, sob a luz de um lampião, na rua José Paulino, o Sport Corinthians Paulista em homenagem ao time inglês que não tinha o s no nome.  As outras alternativas de nomes apresentadas e vencidas na votação dos treze foram Santos Dumont e Carlos Gomes. (Já pensou eu ser xará do meu time?)

A fundação ocorreu na residência de Miguel Bataglia, mas o início do sonho nasceu no salão de barbeiro de seu Salvador, o irmão de Miguel.  E foram lá, no salão, as primeiras reuniões do time.

O primeiro jogo do timão se deu no dia 10 de setembro daquele ano contra o União da Lapa que já era conhecido na várzea da cidade.  E esse primeiro jogo do clube recém fundado ficou marcado pela derrota de um a zero.

A partida marcante do início do Corinthians ocorreu em 1917 já com uma plateia de dez mil torcedores e a fama do clube como time operário.

Seu hino, como conhecemos hoje, só surgiu em 1950.

Suas conquistas, torcedores ilustres e grandes dramas, estão presentes em diversas obras literárias e até filmes.  A maior torcida do Estado de São Paulo e a segunda maior do Brasil é apaixonada pelo seu clube e sua origem, reunida às grandes lutas abraçadas pelo Corinthians fora do campo, me fazem ter o orgulho e a honra de ser seu torcedor.

Ganhando ou perdendo, vai Corinthians!!!

Cante com os anjos, pois tenho certeza, também eles apreciam sua música.

 

Meu estilo musical predileto é o rock. Mas como sou bastante eclético, não abro mão de MPB, música clássica e boas trilhas sonoras tidas por inesquecíveis.

Em meu pendrive de músicas, ou em minhas playlists, trago até mesmo canções antigas, algumas das quais até de propagandas de TV.

De minhas práticas esotéricas, autores como Kitaro, Vangelis e Jarre encontram lugar nos meus álbuns.

Canto gregoriano e música sacra são ouvidas em casa nas tardes solitárias para embalar-me na oração.

Por fim, nada mais adequado que um churrasco ao som de sertanejo raiz, tendo por isso músicas como Tristeza do Jeca, Riozinho Amigo e o que o valha.

Mas o chamado sertanejo universitário ou sofrência, como dizem, jamais me agradou.  Questão de gosto, de preferência, sei lá.

Nunca me deixei levar pelo apelo comercial das gravadoras e por isso mesmo, nunca gostei do tipo de som imposto pelas tardes do Faustão, Gugu e outros que divulgados na mídia em excesso, depois seriam tocados diariamente nas rádios até ficarem impregnados, em nós, como gosto por aquilo que não conhecíamos antes.

Assim, na contra mão das tendências, lambada, pagode, sertanejo universitário e funk nunca fizerm parte do meu mundo.

Não culpo e não critico quem aprecia, mas tenho minhas preferências, simplesmente, meu gosto.

Ah e não o imponho.  Não sou do tipo que bota som no porta-malas do carro pra gritar pela cidade afora aquilo que, muitas vezes, só eu desejo ouvir.  Mesmo em casa, não vou (pelo menos eu) usar um volume que empurre na vizinhança aquilo que só eu gosto de ouvir.

Em nenhuma fase da existência, o respeito saiu de moda. E assim, permitir que cada um faça ou ouça o que quer é o mínimo. Desde que esse ou essa, também respeite aquilo que nós não queremos ouvir.

Nessa sexta-feira, o Brasil perdeu mais um de seus artistas e não foi pela COVID.  Com profunda tristeza, milhares ou talvez milhões de fãs, viram partir precocemente a cantora Marília Mendonça.  E eu sempre entendi a comoção generalizada quando coisas assim acontecem.

Também perdi vultos de minhas escolhas como Elvis, Michael Jackson, Ayrton Senna e me comovi com mortes inusitadas como a que levou os Mamonas Assassinas.

No caso de Marília, ainda menina e em pleno sucesso, por certo não seria diferente perante os seus seguidores. 

Contudo, eu não a conhecia justamente por não fazer parte do gênero musical seguido por mim.

Na enxurrada de matérias que agora corre por conta da tragédia, músicas, letras e pontos de sua personalidade estão sendo expostos o que me fez ver que algumas letras que me chegaram são boas e músicas até bonitas.  Ainda assim, não são o tipo de músicas que eu escutaria.  E ponto.

Só que vá dizer isso a amigos e próximos. 

Logo, açoites violentos são desferidos como se houvesse uma clara obrigação por gostar, ouvir e mesmo conhecer a cantora e sua obra.

Não há como fingir. 

Por que ninguém se revolta se alguém nada sabe responder sobre Beethoven ou apontar sequer uma obra sua? Simples, porque ninguém tem obrigação de conhecê-lo ou gostar dele (ou de sua obra).

Eu acredito mesmo e do fundo do meu coração, que cada coisa tem seu lugar e com sinceridade homenageio quem atinge êxito no que faz.  Quem agrada ao público sendo quem é ou mostrando seu trabalho. Por isso todo mérito e homenagens à moça. 

O desabafo que ora apresento é mais por conta do espanto, da reprovação e da indignação que minha franca resposta tem causado quando alguém pergunta: .

Qual musica dela você mais gostava? 

Ao que respondo sempre com:

Eu não conhecia nenhuma.

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Breaking Bad

 

Não sou crítico de cinema, nem entendo tanto da sétima arte.  Sou amante de um bom filme, de uma boa distração, seja um drama pesado, uma comédia inteligente ou até mesmo um musical de bom gosto.

Assisto de tudo, até mesmo animações e acho bem divertidas, por sinal.

Já as franquias também dependem de sua qualidade.  Star Wars, Harry Potter, Indiana Jones e Matrix, quem sabe.

Oriundo de uma época em que séries eram mania como Perdidos no Espaço, Viagem ao Fundo do Mar, Terra de Gigantes e outras tantas, hoje para acompanhar uma sou um pouco exigente.

As épicas prendem minha atenção como Versailles, Crown e mesmo fantásticas como Game of Thrones.

Mas recentemente, primeiro por insistência de meus filhos e agora a revi por vontade própria, Breaking Bad mexeu comigo.

O drama não é muito complexo.  Um professor de química se descobre doente e passa a buscar uma renda extra.  Usando sua vasta experiência em química, decide cozinhar metanfetamina com um ex-aluno.

O desenrolar é a costumeira moral do “crime não compensa”, mas até lá o enredo é rico em detalhes, a fotografia sensacional, a trilha sonora especial e os diálogos bem escritos.

O produtor Vince Gilligan é um velho conhecido do público, pois foi diretor de Arquivo X.

Em Breaking Bad, rodada no Novo México, o que mais chama a atenção são os personagens fortes e ambíguos que prendem a atenção, nos fazem torcer, admirar e até ter raiva.

Recomendo, mas claro, tire as crianças da sala.

terça-feira, 2 de novembro de 2021

Uma rosa para Lídia


Que papel desempenha uma avó na vida de alguém? 

Essa é uma questão bem difícil, pois as avós, como qualquer outra pessoa, antes são seres humanos e como tal, plenos de virtudes e defeitos, cometendo ao longo de suas vidas, infinitos acertos e erros.

Assim, para uns a avó com certeza está em altíssimo grau de afeto.  Para outros ela pode representar amarguras, seja por sua ausência, seja pela forma como educou a mãe ou o pai que agora e por consequência, deixam em nós os resultados dessa criação.

Felicito sempre meus filhos por ainda terem vivos (encarnados) os quatro avós.  Ressalto que os aproveitem e curtam sua presença. E com essa afirmação deixo claro que não há mais ou menos importância em uma avó do que em um avô.

As duas figuras juntas são uma única e marcante presença na vida dos netos. Pelo menos em geral é assim.

Mas me permito aqui destacar a avó, seja pela sua maternidade, seja pela sua condição de mais carinhosa à medida que seus cuidados incluem aquela comidinha de tempero inesquecível, quando não os afagos de uma mulher duas vezes mãe.

No meu caso, sobretudo, recordo de minha avó materna porque enquanto escrevo essas linhas, o faço em memória dela que ontem, Dia de Todos os Santos, completou seu décimo oitavo ano de partida.

Sempre presente em minha vida, bem como na vida dos demais netos, minha avó nunca deixou de se preocupar e se ocupar com nossa criação.  

Enquanto meus pais trabalhavam duro, por exemplo, ela supervisionava nossa situação em casa, trazendo bolo, ajudando nas orientações de quem cuidava de nós, quando não cumprindo, ela mesma, essa tarefa.

Falar de suas virtudes seria correr sérios riscos de deixar de lado algumas, ressaltando só as que me dizem respeito e portanto não vou arriscar.

Prefiro resumir sua história na mãe que perdeu um filho ainda jovem, aos dezessete anos, no mais trágico acidente de ônibus dessas paragens.  A história dos estudantes mortos no rio Turvo é de conhecimento geral por aqui. O sofrimento que ela viveu, antes de derrubá-la, a fez mulher forte e devotada ainda mais à família.

Também devo dizer que deu a seus filhos todos uma educação bastante sólida.  

Minha mãe, a única filha, foi sempre educada com todo esmero, daí tornar-se uma mulher inteligente e dotada de tantos talentos incentivados por minha avó, dentre eles o piano. Artista de diversas aptidões, minha mãe, uma dama, foi criada com o espírito empreendedor que caracterizou sua casa.

Um dos filhos de minha avó, o mais velho, dedicou-se aos estudos e consequentemente a uma profissão bastante séria como servidor público, desempenhando relevantes posições junto ao fisco federal.

O segundo se tornou um grande construtor na cidade seguindo os passos do pai.  São deles alguns dos edifícios mais nobres de São José do Rio Preto, principalmente os que carregam nomes de estrelas. Um de seus empreendimentos mais conhecidos é o Cemitério Jardim da Paz.

Juracy, o terceiro e que nos deixou recentemente vítima da COVID, era o mais próximo de todos. Trabalhador dedicado, sempre foi o elo de união, jamais deixando de estar presente nas vidas de seus irmãos e irmã.

Com essa segurança de uma mulher multi responsável e presente, meu avô esteve livre para escrever sua história de imigrante que saiu de Portugal "com uma mão na frente e outra atrás", edificando família e nome de grande respeito.

Eu poderia dizer também tais coisas de minha avó paterna, pois dela, dona Amor, sei bastante.  Sua grande devoção pela família, não deixa dúvidas de merecer a mesma consideração.  Até porque vivendo com meu pai, seu filho, tenho constante mostra, indiscutivelmente, de como foi sua criação. Mas com ela não tive a alegria da convivência, posto que nos deixou com sua inesperada morte, nos primeiros meses de minha chegada.

Talvez até por isso, minha convivência única com apenas uma avó faz com que eu tenha por ela o carinho reservado a duas.

O fato é que vó Lídia sempre nos dedicou um amor extremamente maior que qualquer um de nós pudesse retribuir.

Pouco antes de sua morte, eu já adulto, trabalhando na Prefeitura, recebia dela, no meio da tarde, uma ligação para me informar que um pudim recém cozido estava a minha espera.

Seus papos alentadores foram e serão sempre um lenitivo para minhas mais duras provas, pois além das conversas demoradas, bilhetes com anotações para eu não me esquecer de seus importantes conselhos, me eram dedicados num português que talvez pouca gente além de mim conseguiria traduzir.

Minha avó é daquele tempo em que as mulheres deviam trabalhar e por isso não estudou, o que jamais fez falta a sua imensa sabedoria.

Eram dela, para todos os comensais, os conselhos nas ceias de natal.  Eram também dela as mais fortes lições e muitas vezes puxões de orelhas de um jeito indelicado, mas contundente e eficaz.

Não é à toa que os costumes deixados em nós (todos os netos tem hábitos muito parecidos), estão até hoje presentes.

Sua sempre franca opinião, arranhava às vezes, mas sempre era seguida de um suave bálsamo de amor incondicional. E quando não, bolinhos de chuva, sagu, porpetas e outras iguarias, serviam de consolo.

Minha mãe tem se esforçado bastante para ser, aos meus filhos e minha sobrinha, a avó que sua mãe foi.  E tem se saído muito bem.

Mas também isso, por certo, só é possível por que teve em sua mãe o exemplo perfeito.

Assim dedico com grande gratidão essas linhas à memória de minha doce Lídia e peço a Deus que, onde e como quer que ela esteja, a abençoe, ilumine, renove e sobretudo afague como ela sempre fez com a gente.

Proletarier aller Länder, vereinigt Euch!

FOTO - BRASIL DE FATO Nilson Dalleldone nilsondalledone@gmail.com   Edição do riso A OTAN caiu numa armadilha... Divirta-se! A Rússia ridicu...