Apesar de acreditar
que as redes sociais são um grande mecanismo de transmissão de nossos
pensamentos, tudo aquilo que se escreve está passivo de interpretações, mesmo
lá.
Assim, por mais que eu
deixe claras minhas convicções e a forma respeitosa como as defendo, na questão
política atual, tenho visto e recebido em resposta, desaforados “esculachos” e
acredito que até posso ter perdido alguns valorosos companheiros pelo caminho.
O fato é que tenho
uma vida engajada politicamente. Já participei de inúmeras eleições. Pelas minhas contas, umas 14. Mas nunca, jamais, assisti ou vivi um período
eleitoral tão forte, tão concreto e tão marcado como este.
E esta parece ser
uma constatação geral.
Antigamente, em
cidades muito pequenas do interior, os processos eleitorais dividiam a
população em dois lados. Famílias
ficavam repartidas. Em certas ocasiões
saiam tiros, de tão fortes e definidos os lados.
O que estamos
vivendo hoje, me parece repetir em larga escala este fenômeno e me enxergo num Brasil
que se aparenta a uma pequena cidade, em proporção nacional.
Amigos estão
divididos, filhos e pais separados pela opinião divergente e mais que isso, uma
onda de violência e agressividade se instalou.
Carros adesivados
são depredados, postagens e comentários são grosseiramente respondidos, quase
sempre com afrontas pessoais ou comparações desmerecidas.
Posso até dizer, de
certa forma, de ambos os lados.
Penso que devíamos
nos lembrar que as eleições passarão e nós ficaremos aqui. Uns perante os outros, para convivermos e
trabalharmos. Negociarmos e sofrermos as consequências da escolha, seja ela
qual for.
Ao contrário, aos herdeiros
do poder, sejam eles quem forem, pouco irá importar nossa ira, se for o caso,
posto que jamais se preocuparam com nossa capacidade de mobilização e luta por
direitos, que afinal de contas, não existe e quando se apresenta, termina assim
que surge qualquer festa ou feriado prolongado.
Claro, eu tenho um
lado. Não sou afeito a não ter posição.
E minha posição é clara.
Mas quero externa-la
com o direito de quem o faz em verdade, com argumentos e sem qualquer tipo de
agressão, mentira ou simples ódio.
O ódio que se
verifica é uma grande tristeza, pois não é esse o caminho dos debates. E é o ódio pelo ódio. Sem maiores explicações.
O debate deve servir
para reforçar nossas convicções ou mostrar onde estão os erros de nossas
avaliações.
Uma chuva de
postagens, notícias, fotos e outras provas, verdadeiras ou falsas têm aparecido
nos computadores, programas políticos, manchetes de jornais e revistas. É pelo debate que somos alertados de tudo
isso, cabendo a cada um de nós a investigação e também a propagação daquilo que
for factual.
Porque ganhar as
eleições, não é ver nosso candidato vitorioso... É ver a verdade, a ética, o
progresso, o bem comum... Estes sim vencerem.
E não está difícil,
pois temos duas alternativas muito claras.
De um lado Dilma,
representando os últimos 12 anos de governo federal. De outro, Aécio, representando os anos de
Fernando Henrique e os seus próprios, a frente do Governo do Estado de Minas Gerais.
Então cada um de nós
deve avaliar e defender seu lado, mas sem ficar cego a tudo aquilo que permeia
a candidatura de sua escolha.
Eu, por exemplo, faço
minha avaliação e apesar de identificar motivos para críticas pesadas ao
governo do PT, não aceito o retorno, o retrocesso, a volta de um passado que se
mostrou inadequado. Afinal, mudança
ocorre pra frente, não pra trás.
Dilma tem
aliados. Aliados bons e aliados
ruins. Esta tal de governabilidade é
mesmo uma desgraça. Mas também e por
outro lado, Aécio tem os seus. E os seus
parecem não ter nenhum compromisso com o avanço: Bolsonaro, Levi Fidelix, Pastor
Everaldo e Malafaya, juntam entre si preconceitos dos mais variados. Tem também Marina, a aliada de última hora e
suas contradições já desprezadas por muitos no primeiro turno. Fora os aliados de sempre. Aqueles da privataria, do mensalão tucano, do
PSDB que todo mundo já conhece e está ciente de tantos casos mal explicados. Isso tudo sem falar no seu aliado favorito e
o já escolhido para homem forte, Armínio
Fraga com seus métodos conhecidíssimos de arrocho, juros altos, inflação e
achismos.
Nenhum brasileiro está
livre da responsabilidade de refletir, investigar a verdade e avaliar bem sua
escolha.
Em nome de implantar
o medo nas pessoas, os oposicionistas acusam o PT de comunista,
bolivariano. Se fosse assim, contariam
com o apoio da esquerda.
A verdadeira
esquerda não está feliz com o governo petista.
Queriam um governo mais avançado.
Mas está aí algum progresso. Os
mais necessitados estão sendo assistidos.
Foram feitos investimentos, antes nunca praticados na saúde, na educação
e em moradias. A ascensão social foi notória
e nossa relação com o exterior caminhou largos passos. Conquistas foram obtidas no campo da
distribuição de renda (mesmo que não ideal) e a redução da miséria elevou o
padrão de tratamento do povo como em mais de 500 anos não se havia visto.
Você pode gostar ou
não do atual governo, mas não se pode negar o que aí está, pra todo mundo ver.
As pessoas são
inteligentes, mas existem os ressonantes da mídia irresponsável. Aqueles que apenas repetem o que os
fabricantes de heróis produzem ao sabor das suas necessidades próprias. Aqueles que não tem compromisso conosco, pois
precisam garantir seus privilégios na forma de contratos assinados por governantes e suas empresas de comunicação,
verdadeiros tesouros para as famílias detentoras.
Há gente séria e
trabalhadora na classe média, mas boa parte é ingrata. Esta gente que hoje estuda os filhos em
universidades, antes inacessíveis para eles.
Faz cursos técnicos, viaja de avião, dirige melhor, come melhor, se
veste melhor e mora melhor. Mas boa
parte destes é incapaz de reconhecer que não foram sozinhos os autores desta
ascensão ou os promotores destas conquistas.
Precisaram de um cenário favorável garantido pelas facilidades de
acesso, de crédito, de atenção que nunca haviam tido.
Não me deterei aqui
ao combate exclusivo das privatizações criminosas, pois cada um dos brasileiros
já sabe o que perdeu com elas. Se não
sabe, deve ter notado, pelo menos, que a cada privatização, milhares de pessoas
vão pra rua, demitidos pelos empresários que só visam lucro.
Existe uma farta
produção, um monte de vídeos, revistas e jornais velhos da própria mídia
irresponsável que não conseguiu esconder isso tudo e que está disponível para
quem quiser confirmar. Existem livros,
contando os bastidores de todo o cenário.
Mas por fim, seria
pelo menos prudente falar de Minas Gerais, um Estado cujos professores e
servidores estão vindo a publico dizer e lastimar como tudo ficou após o
governo do candidato do PSDB. É o que se
tem de mais recente e o mais diretamente ligado ao opositor candidato.
A corrupção,
estampada no dia a dia de todos nós, nunca foi aceita pelas pessoas de bem. Não
seria agora que a poderíamos aceitar.
Mas há que se questionar porque aparece tanto neste momento, e mesmo
assim sendo julgada e tendo seus envolvidos a cumprir pena, enquanto que as
outras tantas e mais pesadas ocorridas no governo do partido de Aécio foram
esquecidas, arquivadas, prescritas e envolvendo gente que está solta e é
candidatíssima.
O projeto que está
aí fazendo oposição ao atual governo é um projeto de quem está alinhado a
interesses outros que não vê com bons olhos nossa presença no BRICS. Que não vê com bons olhos nossa amizade aos
irmãos e vizinhos da América do Sul, pois essa ligação entre Venezuela, Brasil,
Bolívia, Argentina, Uruguai etc., prejudica o controle absoluto daqueles que
sempre brincaram nos quintais da América Latina.
Sabe, podemos
defender nosso ponto de vista. O que não
podemos é perder o brio. O respeito entre nós.
Insisto no
debate. Mesmo que discordemos. Mas tentemos parar com as agressões diretas e
pessoais e partir para o debate sério. Só
assim ganhamos. Só assim ganha o Brasil.
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