| Foto - AFP |
Enquanto os arautos do ódio ainda digerem o fato de que o mundo não gira em torno das “fake News” do Telegram ou do WhatsAPP, Lula e Donald Trump se sentaram frente a frente na Malásia.
Dois homens que simbolizam projetos antagônicos,
estilos de liderança opostos e, ainda assim, capazes de falar, negociar e
buscar entendimento, algo que o bolsonarismo jamais compreenderá.
O encontro durou cerca de cinquenta minutos, e não
houve troca de tapas nem ameaças de cadeia celestial. Houve diplomacia,
essa arte esquecida pelos que acham que política se faz com gritos e ofensas.
O tema principal foi o tarifaço americano
de 50% sobre produtos brasileiros, golpe que afetou nosso comércio e acendeu o
alerta vermelho em Brasília. Mas que prejudicou sobretudo a economia
estadunidense.
Lula, sereno, levou uma pauta ampla. Trump,
pragmático, reconheceu a necessidade do diálogo.
Ao final, ambos sinalizaram negociações para
rever as tarifas e o chanceler Mauro Vieira saiu satisfeito, descrevendo o
encontro como “muito positivo”.
Pode parecer banal, mas há um símbolo poderoso aí,
num cenário global tenso, dois líderes que já estiveram em campos opostos
se dispuseram a conversar com civilidade.
E é isso que separa um estadista feito Lula
de agitadores de WhatsApp.
Enquanto isso, por aqui, a extrema direita
esperneia nas redes.
Alguns se dizem “decepcionados” porque Trump não
beijou a foto de Bolsonaro. Outros juram que o encontro foi invenção da
imprensa “globalista”. Há até os que dizem que foi “traição”, como se o presidente
estadunidense devesse fidelidade a um ex-político brasileiro em condição de
réu.
Mas a verdade é simples e, para eles, dolorosa: Trump
fala com Lula porque Lula é o presidente do Brasil. O mundo respeita o
presidente brasileiro e o respeito vem de onde nasce a política. Do diálogo.
Um país soberano não se constrói com idolatrias de
porão nem com teorias conspiratórias. Constrói-se com governos que sentam à
mesa, mesmo com os diferentes, para defender os interesses do seu povo.
E, nesse sentido, o encontro na Malásia foi mais que diplomático. Foi pedagógico.
Foi a lembrança de que o Brasil voltou a ter voz,
a ser ouvido, a participar do jogo mundial sem precisar bajular ninguém.
Lula saiu do isolamento que o bolsonarismo tentou
impor e mostrou que quem governa com dignidade não teme apertar mãos, mesmo as
que já o apontaram com desdém.
E aos que ainda berram nas esquinas virtuais,
resta a lição mais dura. Na política real, o mundo gira e os adultos conversam.
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