domingo, 26 de outubro de 2025

O improvável encontro e a lição aos que não sabem fazer política

 

Foto - AFP

Enquanto os arautos do ódio ainda digerem o fato de que o mundo não gira em torno das “fake News” do Telegram ou do WhatsAPP, Lula e Donald Trump se sentaram frente a frente na Malásia.

Dois homens que simbolizam projetos antagônicos, estilos de liderança opostos e, ainda assim, capazes de falar, negociar e buscar entendimento, algo que o bolsonarismo jamais compreenderá.

O encontro durou cerca de cinquenta minutos, e não houve troca de tapas nem ameaças de cadeia celestial. Houve diplomacia, essa arte esquecida pelos que acham que política se faz com gritos e ofensas.

O tema principal foi o tarifaço americano de 50% sobre produtos brasileiros, golpe que afetou nosso comércio e acendeu o alerta vermelho em Brasília. Mas que prejudicou sobretudo a economia estadunidense.

Lula, sereno, levou uma pauta ampla. Trump, pragmático, reconheceu a necessidade do diálogo.

Ao final, ambos sinalizaram negociações para rever as tarifas e o chanceler Mauro Vieira saiu satisfeito, descrevendo o encontro como “muito positivo”.

Pode parecer banal, mas há um símbolo poderoso aí, num cenário global tenso, dois líderes que já estiveram em campos opostos se dispuseram a conversar com civilidade.

E é isso que separa um estadista feito Lula de agitadores de WhatsApp.

Enquanto isso, por aqui, a extrema direita esperneia nas redes.

Alguns se dizem “decepcionados” porque Trump não beijou a foto de Bolsonaro. Outros juram que o encontro foi invenção da imprensa “globalista”. Há até os que dizem que foi “traição”, como se o presidente estadunidense devesse fidelidade a um ex-político brasileiro em condição de réu.

Mas a verdade é simples e, para eles, dolorosa: Trump fala com Lula porque Lula é o presidente do Brasil. O mundo respeita o presidente brasileiro e o respeito vem de onde nasce a política. Do diálogo.

Um país soberano não se constrói com idolatrias de porão nem com teorias conspiratórias. Constrói-se com governos que sentam à mesa, mesmo com os diferentes, para defender os interesses do seu povo.
E, nesse sentido, o encontro na Malásia foi mais que diplomático.  Foi pedagógico.

Foi a lembrança de que o Brasil voltou a ter voz, a ser ouvido, a participar do jogo mundial sem precisar bajular ninguém.

Lula saiu do isolamento que o bolsonarismo tentou impor e mostrou que quem governa com dignidade não teme apertar mãos, mesmo as que já o apontaram com desdém.

E aos que ainda berram nas esquinas virtuais, resta a lição mais dura. Na política real, o mundo gira e os adultos conversam.


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