quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Nem tudo que vem de fora é submissão e nem tudo que é nosso precisa viver isolado.

 

Todo ano é a mesma ladainha: quando chega o Halloween, surge gente dizendo que celebrar a data é “pagar pau pros Estados Unidos”.

Mas não é. É apenas celebrar. É brincar. É participar de uma tradição que atravessou fronteiras, assim como tantas outras atravessaram antes.

O Carnaval, orgulho brasileiro, nasceu em Veneza e chegou aqui pelas mãos dos colonizadores europeus. As festas juninas, que tanto amamos com fogueira e bandeirinha, são herança de Portugal e o boi-bumbá, mistura linda de tradições africanas e indígenas, também nasceu do encontro entre culturas. A própria Oktoberfest, que movimenta cidades do Sul, é uma festa alemã celebrada com chope e alegria brasileira.

Então por que o Halloween seria “traição à pátria”?

A cultura não tem fronteiras, ela é vento, é maré. O que chega de fora, a gente transforma. E é isso que o Brasil faz de melhor.  Mistura, reinventa, tropicaliza.

E mais: pra defender o Saci não é preciso atacar o Halloween.

Podemos e devemos celebrar os dois.
O Saci representa a astúcia, a travessura e a sabedoria popular brasileira. O Halloween, o fascínio universal pelo mistério, pela vida e pela morte.

Um nasceu da mata, o outro do mito celta. Ambos falam sobre o medo e o encantamento.

Quem tem medo do Halloween, no fundo, teme o diálogo entre culturas. Mas o Brasil nunca teve medo disso.  O Brasil é filho do sincretismo.

Defender nossa soberania cultural não é fechar a janela, mas mantê-la aberta e escolher o que entra, do nosso jeito, com o nosso sotaque, com a nossa ginga.

O importante não é de onde vem a festa é o que fazemos dela. E se for pra celebrar a vida, a infância e a imaginação, que venham o Saci e o Halloween dançar juntos sob a mesma lua.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por contribuir com sua opinião. Nossos apontamentos só tem razão de existir se outros puderem participar.

Nem tudo que vem de fora é submissão e nem tudo que é nosso precisa viver isolado.

  Todo ano é a mesma ladainha: quando chega o Halloween, surge gente dizendo que celebrar a data é “pagar pau pros Estados Unidos”. Mas nã...