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No Brasil de hoje, governar é muito mais do que ter a faixa presidencial. É saber navegar num Congresso fragmentado, pragmático e repleto de interesses contraditórios. Por isso, é essencial que a militância e os setores progressistas compreendam com clareza quem são os aliados fiéis, os eventuais e os adversários declarados.
Na base mais sólida do governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva estão Partido dos Trabalhadores (PT), Partido
Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
Essa é a coluna vertebral política da resistência democrática e popular.
Esses partidos, com raríssimas exceções, não votam contra o povo e têm
sido o núcleo de sustentação das pautas sociais e populares no Congresso.
Na sequência, vêm Partido Verde (PV), Rede
Sustentabilidade (REDE) e Partido Socialista Brasileiro (PSB), aliados
importantes, comprometidos com a agenda de governo, e que tendem, em momentos
decisivos, a se alinhar ao núcleo fiel. A chance de transferência de
votos desse campo para o campo mais sólido da base é alta.
Depois, há Partido Democrático Trabalhista
(PDT) e Avante, que orbitam entre o apoio e o pragmatismo. São aliados
intermitentes, que “viram Centrão de quando em quando”, mas que também
podem migrar para o campo da base fiel em votações estratégicas,
especialmente quando o governo mobiliza bem.
Já Solidariedade e Movimento Democrático
Brasileiro (MDB) representam aquele Centrão clássico, que tem
adversários internos, mas também muitos parlamentares eleitos com votos do
eleitorado lulista. São aliados pouco confiáveis, mas sensíveis à pressão
popular e à articulação política.
Na outra ponta, Partido Social Democrático
(PSD), Cidadania e Podemos formam a ala mais pragmática do
Centrão, com forte base no Centro-Sul.
Mais à direita, Republicanos, Progressistas
e União Brasil são adversários do governo que, paradoxalmente, dominam
o eleitorado lulista no Norte e Nordeste. Isso mostra que não basta ganhar
votos. É preciso politizar e disputar
a representação popular.
E, por fim, há os inimigos políticos declarados:
Partido Liberal (PL), Partido Renovador Democrático (PRD), Democracia
Cristã (DC), Partido Novo (NOVO), Partido da Mulher Brasileira
(PMB) e Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Esses atuam de
forma sistemática contra as pautas sociais e populares e constituem o
núcleo ideológico da extrema direita e da velha direita neoliberal.
Entender essa arquitetura política é fundamental
para agir com inteligência estratégica.
Não se trata apenas de saber quem vota a favor ou
contra. Trata-se de mapear onde a pressão popular pode operar, onde se
pode avançar com alianças táticas e onde é preciso endurecer o enfrentamento.
A governabilidade popular não se constrói com
ingenuidade, mas com clareza política, mobilização social e capacidade de
disputar corações e mentes, inclusive entre eleitores que hoje têm seus
representantes em campos adversários.
O bolsonarismo pode dominar certas bancadas, mas é
o povo que decide os rumos do país.
E quando o povo se levanta, até o Centrão balança.
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