sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Sob o céu das favelas, a matança: quando a lei vira carnificina.

 

Imagem - ICL Notícias

Sob o céu carregado das favelas do Rio, o barulho dos gritos dos vivos se mistura ao silêncio dos mortos.

A mata ainda guarda o cheiro do medo e do sangue fresco. Documentos revelam que os policiais foram mortos antes mesmo do cerco se fechar, mas a operação seguiu, desgovernada, como se a fúria fosse método e a vingança, política de Estado.

Mais de cento e vinte corpos, número que já perdeu a exatidão, jazem como testemunhas de uma tragédia anunciada. É o eco repetido da guerra que o governo do irresponsável Cláudio Castro insiste em chamar de “sucesso”.

Enquanto o governador se apressa em buscar na Justiça a liberação de uma refinaria suspeita de ligação com o tráfico, as ruas do subúrbio são manchadas por lágrimas de mães e esposas que protestam diante do IML.

Elas não pedem apenas respostas, pedem respeito, pedem que seus mortos voltem a ser gente. A cena é a mesma de sempre: a dor coletiva de uma cidade partida ao meio, onde a parte pobre é sempre o campo de batalha e o Estado, o general distante.

Na Assembleia Legislativa, deputados pedem uma investigação federal. Querem entender como uma operação policial pode deixar um rastro de corpos que ultrapassa, em número e brutalidade, os piores episódios da nossa história recente.

O que se passou não foi segurança pública, foi execução em massa, travestida de política. E não é preciso ser militante para enxergar isso.  Até um deputado de direita, evangélico e conservador, ergueu a voz para dizer o que muitos tentam encobrir: “a finalidade foi executar”.

Mas o que se esconde por trás de tanta morte?

Há quem diga que é o preço do combate ao crime. Outros, que é o retrato de um poder que perdeu o rumo e agora só sabe usar o gatilho como resposta. A verdade, nua e dolorosa, é que a periferia continua a ser o laboratório onde o Estado experimenta sua impunidade. A cada operação, uma chacina.  A cada chacina, um discurso cínico de “vitória contra o mal” com uso eleitoral.

Os números, frios e impessoais, confirmam o que o povo sente na pele.  A letalidade policial no Rio cresceu mais de 30% neste ano. Cresceu junto com o medo, com o descrédito, com a sensação de que viver nas franjas da cidade é existir por empréstimo, à mercê de quem deveria proteger.

A guerra às drogas virou guerra aos pobres, e o inimigo, antes invisível, agora tem cor, endereço e CEP.

Entre as árvores da mata e as vielas da favela, há um país que se nega a morrer e insiste em lutar. As vozes dos que perderam filhos, irmãos e companheiros ecoam contra o barulho ensurdecedor da indiferença.

São as Marias, as Joanas, os Pedros e os Josés que empunham cartazes diante do IML e gritam que seus mortos têm nome, rosto, história. Gritam que a justiça não pode ser apenas a palavra fria de um boletim de ocorrência.

O massacre no Rio não é um caso isolado. É o retrato cruel de um projeto político que prefere exibir força a promover humanidade.

Um governo que chama de “acerto” o que, na verdade, é extermínio. Que confunde autoridade com autoritarismo e acha que o medo é forma legítima de governo.

Mas há uma esperança teimosa correndo no sangue desse povo. Há um país que não se curva ao som dos tiros. Há quem ainda creia, como nós, que segurança pública não se faz com morte, e que o papel do Estado é proteger a vida.  Toda ela, inclusive a vida pobre, preta, periférica, esquecida.

Sob o céu do Rio, entre as sirenes e os helicópteros, ainda há quem plante flores nas janelas. São elas, essas mãos calejadas e firmes, que nos lembram que enquanto houver gente disposta a chorar o outro, a indignar-se, a exigir justiça, o Brasil ainda tem conserto.


quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Nem tudo que vem de fora é submissão e nem tudo que é nosso precisa viver isolado.

 

Todo ano é a mesma ladainha: quando chega o Halloween, surge gente dizendo que celebrar a data é “pagar pau pros Estados Unidos”.

Mas não é. É apenas celebrar. É brincar. É participar de uma tradição que atravessou fronteiras, assim como tantas outras atravessaram antes.

O Carnaval, orgulho brasileiro, nasceu em Veneza e chegou aqui pelas mãos dos colonizadores europeus. As festas juninas, que tanto amamos com fogueira e bandeirinha, são herança de Portugal e o boi-bumbá, mistura linda de tradições africanas e indígenas, também nasceu do encontro entre culturas. A própria Oktoberfest, que movimenta cidades do Sul, é uma festa alemã celebrada com chope e alegria brasileira.

Então por que o Halloween seria “traição à pátria”?

A cultura não tem fronteiras, ela é vento, é maré. O que chega de fora, a gente transforma. E é isso que o Brasil faz de melhor.  Mistura, reinventa, tropicaliza.

E mais: pra defender o Saci não é preciso atacar o Halloween.

Podemos e devemos celebrar os dois.
O Saci representa a astúcia, a travessura e a sabedoria popular brasileira. O Halloween, o fascínio universal pelo mistério, pela vida e pela morte.

Um nasceu da mata, o outro do mito celta. Ambos falam sobre o medo e o encantamento.

Quem tem medo do Halloween, no fundo, teme o diálogo entre culturas. Mas o Brasil nunca teve medo disso.  O Brasil é filho do sincretismo.

Defender nossa soberania cultural não é fechar a janela, mas mantê-la aberta e escolher o que entra, do nosso jeito, com o nosso sotaque, com a nossa ginga.

O importante não é de onde vem a festa é o que fazemos dela. E se for pra celebrar a vida, a infância e a imaginação, que venham o Saci e o Halloween dançar juntos sob a mesma lua.

domingo, 26 de outubro de 2025

O improvável encontro e a lição aos que não sabem fazer política

 

Foto - AFP

Enquanto os arautos do ódio ainda digerem o fato de que o mundo não gira em torno das “fake News” do Telegram ou do WhatsAPP, Lula e Donald Trump se sentaram frente a frente na Malásia.

Dois homens que simbolizam projetos antagônicos, estilos de liderança opostos e, ainda assim, capazes de falar, negociar e buscar entendimento, algo que o bolsonarismo jamais compreenderá.

O encontro durou cerca de cinquenta minutos, e não houve troca de tapas nem ameaças de cadeia celestial. Houve diplomacia, essa arte esquecida pelos que acham que política se faz com gritos e ofensas.

O tema principal foi o tarifaço americano de 50% sobre produtos brasileiros, golpe que afetou nosso comércio e acendeu o alerta vermelho em Brasília. Mas que prejudicou sobretudo a economia estadunidense.

Lula, sereno, levou uma pauta ampla. Trump, pragmático, reconheceu a necessidade do diálogo.

Ao final, ambos sinalizaram negociações para rever as tarifas e o chanceler Mauro Vieira saiu satisfeito, descrevendo o encontro como “muito positivo”.

Pode parecer banal, mas há um símbolo poderoso aí, num cenário global tenso, dois líderes que já estiveram em campos opostos se dispuseram a conversar com civilidade.

E é isso que separa um estadista feito Lula de agitadores de WhatsApp.

Enquanto isso, por aqui, a extrema direita esperneia nas redes.

Alguns se dizem “decepcionados” porque Trump não beijou a foto de Bolsonaro. Outros juram que o encontro foi invenção da imprensa “globalista”. Há até os que dizem que foi “traição”, como se o presidente estadunidense devesse fidelidade a um ex-político brasileiro em condição de réu.

Mas a verdade é simples e, para eles, dolorosa: Trump fala com Lula porque Lula é o presidente do Brasil. O mundo respeita o presidente brasileiro e o respeito vem de onde nasce a política. Do diálogo.

Um país soberano não se constrói com idolatrias de porão nem com teorias conspiratórias. Constrói-se com governos que sentam à mesa, mesmo com os diferentes, para defender os interesses do seu povo.
E, nesse sentido, o encontro na Malásia foi mais que diplomático.  Foi pedagógico.

Foi a lembrança de que o Brasil voltou a ter voz, a ser ouvido, a participar do jogo mundial sem precisar bajular ninguém.

Lula saiu do isolamento que o bolsonarismo tentou impor e mostrou que quem governa com dignidade não teme apertar mãos, mesmo as que já o apontaram com desdém.

E aos que ainda berram nas esquinas virtuais, resta a lição mais dura. Na política real, o mundo gira e os adultos conversam.


domingo, 19 de outubro de 2025

A Revolução Silenciosa da Educação

 

Imagem - ICL Notícias
Quando um presidente se levanta diante de jovens estudantes e diz, sem rodeios, que a educação vale mais que o lucro dos banqueiros, algo profundo se move na alma de um país.

Foi isso que vimos neste sábado, em São Bernardo do Campo. Não era apenas um discurso, mas um chamado histórico, um gesto de rebeldia contra a desigualdade que por séculos negou aos filhos dos pobres o direito de sonhar em pé de igualdade com os filhos dos ricos.

Luiz Inácio Lula da Silva, Lula, um operário que se fez presidente, falou com a convicção de quem conhece a dor de ver portas fechadas. E, de novo, defendeu a educação como a mais poderosa arma de libertação coletiva, mesmo sabendo que “a Faria Lima vai brigar com a gente”.

Ao propor a universalização do Pé-de-Meia, Lula fala de justiça.  A de garantir que nenhuma menina precise abandonar a escola por falta de dinheiro, que nenhum jovem desista do futuro por causa de cinquenta centavos de diferença. E quando ele diz que a “filha da doméstica deve poder fazer o Enem ao lado do filho da patroa”, não é retórica e sim um tapa de dignidade num sistema que ainda insiste em reproduzir castas.

Mas Lula foi além.  Acenou para a América Latina com um sonho de soberania educacional. Uma doutrina própria, feita por latino-americanos e para latino-americanos, que liberte nosso continente do olhar submisso.

Não é bravata nacionalista. É estratégia de dignidade. Um povo educado não se ajoelha.  Dialoga de igual para igual.

Sim, os donos do dinheiro vão reclamar. Já começaram. Porque cada real investido num jovem que sonha é um real a menos no cofre dos que lucram com a ignorância.

Mas educação não é gasto.  É investimento em futuro, em liberdade, em soberania.

E quando ele alerta pra que não desanimem, para que “entrem para a política, porque o político bom está dentro de vocês”, Lula acerta na veia.

A transformação não será feita por anjos descendo dos céus, mas por jovens conscientes, críticos e mobilizados.

Essa é a revolução silenciosa que assusta os poderosos.   Um povo que pensa, questiona e vota com autonomia.

E é por isso que cada escola, cada cursinho popular, cada Pé-de-Meia entregue, cada menina que continua estudando é, na prática, um ato de resistência democrática.

O Brasil já aprendeu uma lição essencial. Que nenhum banqueiro é mais forte do que um povo educado.

E se a Faria Lima vai chiar, que chore de inveja ao ver o país aprender a voar.

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Uma História de Luta Compartilhada pela Democracia e pelo Brasil

Fotos: Murilo Nascimento
Nesta quinta-feira, em Brasília, o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Edinho Silva, marcou presença no 16º Congresso do Partido Comunista do Brasil ao lado do presidente Lula e de lideranças históricas da esquerda brasileira.

Recebido com carinho pela presidenta comunista Luciana Santos, Edinho exaltou a longa caminhada conjunta entre PT e PCdoB, uma aliança forjada nas ruas, nas lutas mais duras e nas conquistas mais luminosas de nossa história recente.

Desde 1989, quando Lula disputou sua primeira eleição presidencial ao lado de PCdoB e PSB, a união entre petistas e comunistas vai muito além de cálculos eleitorais.  É uma aliança de projeto, sustentada por sonhos comuns de justiça social, soberania nacional e democracia popular. Como bem disse Edinho.

Sua fala, no entanto, foi mais do que uma celebração de laços. Foi também um chamado à lucidez e à resistência. Edinho destacou que este congresso ocorre num “momento crucial” em que crises globais e ameaças autoritárias tentam redesenhar o mapa do poder no mundo.

Lembrou que a crise de 2008 revelou as entranhas vorazes do capitalismo financeiro, aprofundando desigualdades e reacendendo forças reacionárias que muitos julgavam derrotadas no pós-guerra. Mencionou as ofensivas conservadoras que atravessam a América Latina, como as ações do governo Trump e as constantes agressões ao povo venezuelano, exemplos dolorosos de como a extrema direita internacional opera contra a soberania dos povos.

No cenário nacional, Edinho celebrou a derrota do fascismo nas urnas em 2022, quando o povo brasileiro reconduziu Lula à Presidência, mas advertiu que ainda não “impusemos a derrota final à extrema-direita.”

O episódio de 8 de janeiro de 2023 foi, como ele lembrou, um grito de alerta onde a democracia precisa ser defendida todos os dias, com coragem e organização.

Para Edinho, garantir a reeleição de Lula em 2026 não se trata apenas de disputar um pleito, mas de assegurar a continuidade de um projeto de país, um Brasil justo, igualitário e soberano, que não se curva ao ódio nem ao autoritarismo.

Entre as bandeiras que devem pulsar no coração da esquerda, destacou o enfrentamento à concentração de renda, o fim da jornada 6x1, a tarifa zero pro transporte público, a transição energética para o Brasil sustentável e políticas de segurança pública democráticas, rompendo com a lógica do autoritarismo.

Ao encerrar sua participação, Edinho reafirmou que o PCdoB segue sendo um aliado essencial nessa caminhada, que não é de um partido isolado, mas de um projeto de país.

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

Guardiões da Palavra e Semeadores do Futuro

 

Hoje, 15 de outubro, celebramos o Dia dos Professores, uma data que carrega não apenas um feriado simbólico pra classe, mas um ato de reverência a todos aqueles que dedicam suas vidas à arte mais transformadora que existe, ou seja, ensinar.

A origem desta data no Brasil remonta a 1827, quando o imperador Dom Pedro I assinou a primeira lei que criou escolas de primeiras letras no país. Mas foi apenas em 1963, por meio de um decreto, que o 15 de outubro foi oficializado como o Dia do Professor, marcando a importância dessa profissão na construção da nossa história.

Ensinar sempre foi mais do que transmitir conhecimento é abrir caminhos, acender luzes, soprar ventos de liberdade no coração das pessoas.
Por isso, hoje, além de saudar cada educadora e educador deste país, quero lembrar com amor e gratidão meus pais, Carlos e Darci, professores que dedicaram suas vidas à nobre missão de ensinar. Foram eles que me mostraram, não apenas com palavras, mas com gestos cotidianos, que educar é um ato político, amoroso e profundamente humano.

Professores são tecelões de futuros, trabalham com matéria invisível. A esperança. Enquanto muitos plantam para colher amanhã, eles plantam para que outros colham, muitas vezes, quando já nem estão por perto.

Em um país que tantas vezes desvalorizou quem o sustenta de pé, é dever de todos nós lutar para que ser professor volte a ser sinônimo de respeito, dignidade e reconhecimento. Pois não há nação justa, livre e democrática sem educação pública forte e professores valorizados.

Que hoje não seja apenas um dia de flores e aplausos, mas um compromisso renovado com a valorização real da educação.
A todos os mestres, de ontem, de hoje e de sempre, o meu respeito mais profundo.

sábado, 11 de outubro de 2025

Apreensão máxima

 







Nilson Dalledone 
nilsondalledone@gmail.com



Cerca de 95% de Gaza (Palestina) estão destruídas. Multidões de palestinos surgem retornando para casa. Mas a pergunta é para que casa... Famintos, dilacerados, doentes, ainda que vitoriosos diante de um inimigo estrangeiro impostor, podem esperar o quê? Paz? Os sionistas, interessados em se apropriar de petróleo e gás do oeste da Ásia e de posições estratégicas, não desistiram de seus planos ou, melhor dito, o imperialismo norte-americano ou, mais exatamente, os setores mais agressivos da alta burguesia norte-americana (super ricos) não desistiram de continuar lançando mão da rapina e do roubo, não importa quantos sofram e morram. Para essa minoria canalha morte e sofrimento alheio não importam. Será, talvez, uma breve pausa, resultante de um acordo de cessar fogo efêmero...

A quadrilha de Benjamin Netanyahu, por meio da Rússia, solicitou que se avisasse o governo iraniano de que não planejam nenhuma agressão contra o Irã. Quem acredita? O Irã está aguardando os agressores e se preparando para o pior, porque não há muita diferença entre o que se diz em Washington e Tel-Aviv.

Ao mesmo tempo, a Venezuela está se fortalecendo ao máximo à espera do ataque norte-americano. Querem o petróleo, o ouro, as terras raras e tudo que puderem levar e até premiaram a chefe da quinta coluna com um prêmio Nobel...

Na Ucrânia, entretanto, o Império norte-americano está sofrendo uma derrota estratégica de grande magnitude, enquanto China Popular, Rússia, Irã, Coréia Democrática, BRICS, OSC e assim por diante cerram fileiras, para conter os acessos de loucura de um Império acuado.

Não há como prever a próxima hora...

Pode ser sempre a última e derradeira hora do planeta Terra...


quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Entender a correlação de forças é lutar com inteligência

Imagem - O GLOBO


No Brasil de hoje, governar é muito mais do que ter a faixa presidencial.  É saber navegar num Congresso fragmentado, pragmático e repleto de interesses contraditórios. Por isso, é essencial que a militância e os setores progressistas compreendam com clareza quem são os aliados fiéis, os eventuais e os adversários declarados.

Na base mais sólida do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Essa é a coluna vertebral política da resistência democrática e popular. Esses partidos, com raríssimas exceções, não votam contra o povo e têm sido o núcleo de sustentação das pautas sociais e populares no Congresso.

Na sequência, vêm Partido Verde (PV), Rede Sustentabilidade (REDE) e Partido Socialista Brasileiro (PSB), aliados importantes, comprometidos com a agenda de governo, e que tendem, em momentos decisivos, a se alinhar ao núcleo fiel. A chance de transferência de votos desse campo para o campo mais sólido da base é alta.

Depois, há Partido Democrático Trabalhista (PDT) e Avante, que orbitam entre o apoio e o pragmatismo. São aliados intermitentes, que “viram Centrão de quando em quando”, mas que também podem migrar para o campo da base fiel em votações estratégicas, especialmente quando o governo mobiliza bem.

Solidariedade e Movimento Democrático Brasileiro (MDB) representam aquele Centrão clássico, que tem adversários internos, mas também muitos parlamentares eleitos com votos do eleitorado lulista. São aliados pouco confiáveis, mas sensíveis à pressão popular e à articulação política.

Na outra ponta, Partido Social Democrático (PSD), Cidadania e Podemos formam a ala mais pragmática do Centrão, com forte base no Centro-Sul.

Mais à direita, Republicanos, Progressistas e União Brasil são adversários do governo que, paradoxalmente, dominam o eleitorado lulista no Norte e Nordeste. Isso mostra que não basta ganhar votos.  É preciso politizar e disputar a representação popular.

E, por fim, há os inimigos políticos declarados: Partido Liberal (PL), Partido Renovador Democrático (PRD), Democracia Cristã (DC), Partido Novo (NOVO), Partido da Mulher Brasileira (PMB) e Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Esses atuam de forma sistemática contra as pautas sociais e populares e constituem o núcleo ideológico da extrema direita e da velha direita neoliberal.

Entender essa arquitetura política é fundamental para agir com inteligência estratégica.

Não se trata apenas de saber quem vota a favor ou contra. Trata-se de mapear onde a pressão popular pode operar, onde se pode avançar com alianças táticas e onde é preciso endurecer o enfrentamento.

A governabilidade popular não se constrói com ingenuidade, mas com clareza política, mobilização social e capacidade de disputar corações e mentes, inclusive entre eleitores que hoje têm seus representantes em campos adversários.

O bolsonarismo pode dominar certas bancadas, mas é o povo que decide os rumos do país.

E quando o povo se levanta, até o Centrão balança.


Fiat Iustitia - Bolsonaro Preso

  Pois é, minha gente.   Acordamos neste sábado e o Brasil, finalmente, parece ter endireitado a coluna. Antes de tudo, é preciso dizer co...