terça-feira, 9 de setembro de 2025

STF julga núcleo central do golpe de 2022. Bolsonaro e generais na berlinda.

 

Parlamentares de Esquerda acompanham o STF
Imagem - ICL Notícias
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta terça-feira (9) o terceiro dia do julgamento do “núcleo crucial” da tentativa de golpe de Estado de 2022.

Até aqui, os ministros Alexandre de Moraes (relator) e Flávio Dino já votaram pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos outros sete réus. O placar está 2 a 0 pela condenação.

O julgamento será retomado nesta quarta-feira (10), com os votos de Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.

Além de Bolsonaro, respondem:

  • General Walter Braga Netto
  • General Augusto Heleno
  • General Paulo Sérgio Nogueira
  • Almirante Almir Garnier
  • Deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ)
  • Ex-ministro Anderson Torres
  • Tenente-coronel Mauro Cid

Por mais de cinco horas, Moraes apresentou um voto contundente. Ele rejeitou as manobras da defesa e classificou as alegações contra as delações como “litigância de má-fé”.
Para o relator, não há dúvidas. “Isso tem um nome só: golpe de Estado”, afirmou, destacando que Bolsonaro exerceu o papel de líder de uma organização criminosa que tentou tomar de assalto as instituições.

Moraes alertou que o Brasil esteve a um passo de voltar a uma ditadura. “Uma organização criminosa, liderada por Jair Bolsonaro, não aceitou a alternância de poder, um princípio democrático básico”.

Na parte da tarde, o ministro Flávio Dino acompanhou Moraes. Ressaltou que este não é um julgamento excepcional, mas um processo comum dentro do Estado Democrático de Direito.
Rebateu críticas de Tarcísio de Freitas, que acusara o STF de “tirania”: “É exótico dizer que um tribunal constitucional é tirânico. É exatamente o oposto”, disse Dino.

O ministro também descartou qualquer possibilidade de anistia. “Nunca houve anistia feita em proveito dos altos escalões de poder. Nunca a anistia se prestou a uma espécie de autoanistia”.

Em seu voto, apontou Bolsonaro e Braga Netto como figuras dominantes da trama e adiantou que defenderá penas mais duras para ambos.

A Procuradoria-Geral da República denunciou o grupo por:

  • Organização criminosa armada
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Tentativa de golpe de Estado

Moraes votou ainda pela condenação de sete dos oito réus por dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado, com exceção de Ramagem, por decisão da Câmara dos Deputados. Dino acompanhou integralmente.

O julgamento do núcleo central é um divisor de águas na história recente do Brasil. Ele demonstra que não há espaço para aventuras autoritárias, nem para a impunidade de quem tentou destruir a democracia.
Parlamentares de esquerda acompanharam a sessão, entre eles Ivan Valente (PSOL), Talíria Petrone (PSOL), Rogério Correia (PT) e Jandira Feghali (PCdoB).

A decisão final do STF, prevista para os próximos dias, marcará de forma definitiva se o país dará uma resposta firme aos golpistas ou se abrirá brechas para novos ataques ao Estado Democrático de Direito.


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