Eu me lembro de momentos valiosos da história em que eu estava presente de corpo e alma. Como em março de 84, em pleno aniversário da cidade, eu com 16 anos participando no grande comício em Rio Preto pelas Eleições Diretas na Praça D. José Marcondes. Ou em 1992, marchando pelas ruas do Centro, com os carapintadas, para exigir o impeachment de Fernando Collor. E ainda me lembro, com orgulho maior, de minha participação na famosa Marcha dos 100 mil em Brasília em 1999, onde várias entidades, sindicatos e partidos políticos foram protestar contra os planos privatistas de FHC.
Nessa
última, minha idade era 31 anos. Poderia me dizer ainda bem jovem.
É
disso que quero falar. Da
juventude. Da graça, da força, da garra,
da coragem, da disposição e da ausência de conflitos internos que movem e dão
vigor aos passos e gritos de garotas e garotos que sempre estiveram à frente de
alguma mudança.
Não
que eu esteja velho, menos ainda cansado.
Mas de maneira consciente deposito minha esperança nessa galera. Não me
faltam coragem, ou disposição, mas me curvo diante da força e do viço de quem
verdadeiramente pode tomar pra si o controle do mundo.
Sim
rapazes e moças. Está aí, ao alcance de
vossos punhos que se encontram cerrados, o timão dessa nação. Tomem pra si o que lhes é negado. O que lhes foi tirado. Chacoalhem as estruturas. Baguncem o coreto. Definam sua prioridade e avancem até onde
forem capazes.
Mas
o façam sem perder o que há de mais precioso no espírito juvenil. A paixão, o amor, a solidariedade, o
sentimento de igualdade que só vocês conservam ainda originais.
Não
há contradição no destemor com amar, em se fazer uma revolução com sentimento
fraterno. Na verdade esse é o espírito
que embala uma mudança real.
Os
velhos, como eu, pesam muitas coisas na balança. Titubeiam entre tocar suas vidas pessoais ou
fazer parte integral nas lutas. Deixam se levar pelo rancor, pelos conceitos,
pela posse da razão e da verdade. Por isso nós devemos ficar na retaguarda. A comissão de frente, são vocês. Nos representem, nos encham de honra e de
inveja. Juntem-se, gritem, exijam. Isso
já foi feito antes quando éramos especiais como vocês.
Se
não conservamos, nos perdoem. Não percam o foco nos culpando agora.
Nem
culpando aqueles que, de maneira equivocada e totalmente cega, trouxeram a esse
país, com sua incapacidade de avaliação concreta, a névoa sombria e tóxica do
nazi fascismo, que conseguiu espaço sequestrando outras manifestações e agora insiste
em ficar para sempre enquanto apodrece o ar por onde passa.
Enquanto
os culpamos, não os ganhamos, não os convencemos. Eles foram instrumentos de nossos inimigos,
mas agora são tão vítimas como qualquer outro. “Deixem que os mortos enterrem
seus mortos” enquanto lutamos pelo evidente melhor do mundo.
Estejam
abertos para ampliar.
Não
liguem para a cor das bandeiras. Que
seja colorida a busca pela democracia plena, pelo progressismo, pela
esperança.
Esquerda,
direita, centro... juntos são Brasil e é do país todo o sentimento sufocante
causado pelo que está posto. Depois de
dissipada a praga, que se façam então outras brigas, outras disputas. Mas nesse momento, a urgência, o vital, o
fundamental é dar fim a esse governo.
Estarei
entre vocês. De corpo, alma e
coração. Só que o protagonismo
necessariamente passa pelas vossas mãos úteis e essenciais. Avante camaradas!
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